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ANÁLISE DO MERCADO PRODUTIVO CATARINENSE COM FOCO PARA

4 O COMÉRCIO EXTERIOR E A INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA

4.4 ANÁLISE DO MERCADO PRODUTIVO CATARINENSE COM FOCO PARA

Como pontuado, a essência da movimentação dos portos catarinenses baseia-se nas operações de importação e exportação de produtos vindos ou destinados ao comércio exterior, que participam, direta e/ou indiretamente, de boa parcela da economia de Santa Catarina, a oitava do Brasil em termos de PIB, calculado em 2009. Dados mostram que, nesta época, o setor de serviços representava, sozinho, 59% do PIB de R$129,8 bilhões, enquanto o restante dividia-se em 32,8% para o setor secundário e 8,2% para o primário. (FIESC, 2012).

Uma das principais características da economia catarinense se assenta sobre a concentração industrial nos polos e regiões, fornecendo ao Estado um desenvolvimento equilibrado em diversos setores econômicos. Exemplo disso é a divisão de produção que encontra-se em cada parte do Estado: Oeste com foco para a produção alimentar, Norte voltado para o mobiliário, a metalurgia e automobilística no Nordeste, têxtil e vestuário no Vale do Itajaí, o Planalto Serrano com a produção de madeira e celulose, o Sul com forte produção de cerâmica, e a Região da Grande Florianópolis com destaque em tecnologia e serviços (vide tópico 2.3).

É por conta desta alta gama de produção de insumos, tanto de produtos básicos (como a madeira), como de produtos com maior valor agregado (setor de autopeças), e de serviços (como as trading companies responsáveis pelas operações de importação e exportação), que Santa Catarina se destaca em panorama nacional e internacional. Vale ressaltar aqui que o Estado é líder na América Latina em produção de elementos de fixação (parafusos, porcas, etc.) e de blocos de motores, assim como líder nacional, também, na fabricação de cerâmica para revestimentos e produção de suínos. (FIESC, 2012).

Com tamanho setor industrial, justifica-se a propensão do Estado em buscar as exportações como forma de escoar sua produção. Parcerias com outras Nações e Blocos Econômicos, como Mercosul e União Europeia, mostram-se eficazes na absorção das mercadorias catarinenses. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC, 2012), o Mercosul é responsável por 11% da participação das exportações, enquanto Ásia e União Europeia beiram 20% e 25% respectivamente, em 2011. Individualizando-se por países, os maiores compradores são os Estados Unidos, com 10,96%, e o Japão, com 7,56% das mercadorias exportadas no mesmo ano.

Apesar de o fumo e os componentes automobilísticos figurarem entre os produtos mais exportados (com 8,6% e 5,2%, respectivamente, de participação das exportações totais

catarinenses em 2011), é a agroindústria quem vem “roubando” a cena. A carne de frango destaca-se como o produto mais exportado com 16,7% do valor total em 2011. (MDIC, 2012). Já a produção de carne suína, apesar de aparecer em quinto lugar com 4,54% do valor total exportado em 2011, busca firmar-se após momentos de crise com o aumento dos preços das matérias-primas, como o milho e a soja, e a criação de barreiras de alguns países, como a Argentina que era destino de cerca de 3 mil toneladas por mês mas, hoje, importa apenas 94 toneladas. A solução para recuperar-se figura na possibilidade de entrar no cobiçado mercado japonês nos próximos meses que poderá garantir novos ares para a produção, pois estima-se exportações de 10 mil toneladas e um incremento de US$ 50 milhões de faturamento mensal, e novos destinos no enorme mercado consumidor asiático, como Coréia do Sul e Vietnã. O exemplo a ser seguido é o de exportação de carne de frango, que domina 90% do mercado japonês apenas com a produção catarinense. (CAVALLI, MDIC, 2012).

Assim como a exportação, a importação também está entre os elementos fundamentais para o desenvolvimento econômico do Estado. A participação desta operação de comércio se dá pela necessidade que a indústria nacional, e regional, têm para continuar sua evolução. A matéria-prima e os produtos semimanufaturados são peças chave para o contínuo crescimento da indústria, que as utilizam, em sua essência, para agregar valor e servir o mercado consumidor nacional e do exterior. Em 2011, o valor total de importação de Santa Catarina chegou a US$14,8 bilhões, sendo o quinto maior importador do país no ano. (MDIC, 2012).

Para toda essa produção movimentar-se pelo Estado, faz-se necessário uma extensa malha de logística e infraestrutura, com coordenação e integração de todos os modais de transporte. Por isso, Santa Catarina conta com rodovias, ferrovias, portos e aeroportos que distribuem-se por todas as regiões, buscando interliga-las. O maior problema é que, com o grande crescimento econômico que todo o país vive, a quantidade de mercadorias que circulam aumenta cada vez mais, e a infraestrutura do transporte não consegue acompanhar, permanecendo saturada. Atualmente, estima-se que, para superar os gargalos, faz-se necessário um investimento de cerca de R$70 bilhões na região Sul do país, da qual Santa Catarina está integrado. (BENETTI, 2012).

Dentre as obras de infraestrutura prioritárias a serem implantadas estão o investimento nas rodovias e portos do Estado e a construção de uma ferrovia que ligue a cidade de Chapecó e outros municípios, no Oeste de Santa Catarina, às regiões produtoras de grãos do Centro-Oeste (Mato Grosso), e também as regiões consumidoras (litoral e portos).

Isso, além de facilitar no trânsito das mercadorias que são exportadas e importadas do litoral para o interior, baratearia os custos de frete, baixando o valor total da produção significativamente. Ainda, com a viabilização destas obras, ocorreria o desenvolvimento do interior, “evitando o contínuo adensamento populacional litorâneo que acarreta implicações no emprego, segurança pública, e outros setores.” (NETO, 2012).

Outro fator de cuidado para os operadores nos portos catarinenses refere-se à suscetibilidade e dependência que possuem frente aos órgãos de fiscalização estatal, tais como Receita Federal e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que, se não estiverem bem estruturados para atender o aumento de demanda, quer de importação quanto de exportação, pode acarretar que as mercadorias fiquem paradas nos portos, causando grandes prejuízos, não apenas aos setores, mas à economia como um todo. Estima-se que o prejuízo, em Santa Catarina, com as recentes greves nacionais ocorridas nos meses de junho a agosto tenha chego à soma de R$1 bilhão. (DIÁRIO CATARINENSE, 15/08/2012).

Para se ter uma ideia, fábricas do setor da Agroindústria tiveram de parar sua produção por conta da falta de espaço para armazenagem. O prejuízo para o setor chega a US$5 milhões por dia causando caos aos produtores. (CAVALLI, 2012).

5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS PORTOS CATARINENSES PARA O