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VANTAGENS DOS PORTOS CATARINENSES EM RELAÇÃO AOS SEUS

5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS PORTOS CATARINENSES PARA

5.2 VANTAGENS DOS PORTOS CATARINENSES EM RELAÇÃO AOS SEUS

Viu-se, nos tópicos 4.3 e 4.4, que os portos de Santa Catarina possuem papel de destaque, em âmbito nacional, nas operações de comércio exterior. Exemplo de tal afirmação encontramos no fato de suas infraestruturas contarem com vantagens competitivas que alavancam seus potenciais, os tornando visados por todos os atores envolvidos com suas logísticas, como trading companies, importadores ou exportadores. Tais características mostram-se essenciais na competição entre os portos.

De acordo com artigo do BNDES (FERREIRA; TOVAR, 2006), a concorrência interportos ocorre em relação aos fatores de vantagens competitivas, que podem ser divididas entre dois blocos: facilidades marítimas e terrestres, e administração portuária. A Tabela 7 demonstra-os.

Tabela 7 - Competição entre Portos: Vantagens Comparativas

Facilidades Marítimas e Terrestres Administração Portuária

profundidade (calado) número de berços

especialização dos berços (terminais) áreas de estocagem

fatores de produção adequados custos operacionais

acessos terrestres adequados

estruturas enxutas

estruturas voltadas para o cliente portuário atuação comercial

forte marketing

preservação do meio ambiente parcerias privadas

interfaces adequadas (autoridades e sociedade) Fonte: FERREIRA; TOVAR, 2006

Elaborado pelo autor

Analisando-se, primeiramente, as vantagens competitivas das facilidades marítimas e terrestres, é possível ver que os principais portos catarinenses - Itajaí, Navegantes, Imbituba e São Francisco do Sul (responsáveis pela maior parte da movimentação de cargas no Estado (FIESC, 2012)) - possuem, dentre suas instalações, um mínimo de três berços para atracação, cada um especializado para a movimentação de determinadas cargas (como especificados no capítulo 4.3 ao tratar-se sobre suas infraestruturas), áreas para estocagem e com apoio de armazéns estruturados, custos operacionais baixos (graças ao alto grau de tecnologia empregado principalmente nos portos

de Itajaí e Navegantes), mão-de-obra qualificada e amplos canais de acesso, contando com conexões rodoviárias diretas e malhas ferroviárias.

Apesar de ainda possuírem muitos pontos que devem ser melhorados, como por exemplo os calados e berços, essas vantagens citadas já auxiliam na escolha dos portos catarinenses por constituírem facilidades no manuseio e armazenagem das cargas, assim como por oferecerem amplas possibilidades de lidarem com todos os tipos possíveis de mercadorias, contando com infraestrutura para tal. A agilidade das operações, aliada com segurança e o baixo custo, permite manuseio rápido e eficiente das cargas, aumentando o fluxo da logística interna. Exemplo disso é o porto de Itapoá que obteve uma média de movimentação por hora de 75 contêineres nos últimos meses, número elevado em comparação a outros portos.

Apesar disso, a principal característica que coloca os portos de Santa Catarina entre as primeiras escolhas, como de destaque nacional, consiste em sua proximidade com comércios internacionais, como no caso da relação com os países do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), seu fácil acesso às regiões produtivas, justificada na integração que os portos possuem com todas as áreas produtivas do Estado e de outras partes do Brasil, e também pela política tarifária estadual vigente até este ano, que auxilia os importadores através de benefícios fiscais, tornando as operações em Santa Catarina mais vantajosas.7

Com relação à administração portuária, suas vantagens ficam muito mais bem definidas, visto que em Santa Catarina ocorre uma forte procura pela relação entre as administrações portuárias e parcerias privadas, assim como o zelo pelo meio ambiente e a constante preocupação na união dos portos com as cidades. Como exemplo de tal menciona- se a integração que o Porto de Itajaí vem construindo com a cidade. Segue trecho de análise de Monié e Vidal (2006, p. 985) sobre esta questão.

Nos últimos anos, as cidades portuárias de parte da Europa e alguns portos em via de reestruturação como Gênova, Barcelona ou Valência, por exemplo, dotaram-se de parques logísticos que objetivam agregar valor aos fluxos das mercadorias destinadas aos mercados de consumo regionais. No Brasil, somente a cidade de Itajaí (Santa Catarina) parece ter optado por uma estratégia semelhante usando as oportunidades oferecidas pela municipalização do porto e a vitalidade da economia regional. Mesmo com o ineditismo da experiência, a mesma poderia ser referência para outros portos.

7 O assunto dos benefícios fiscais será abordado novamente no próximo capítulo por conta das mudanças

Outra questão são as compensações para o meio ambiente, ministradas pelo terminal de Itapoá (PORTO ITAPOÁ, 2012), através de investimentos em cinco unidades de conservação da região, definidos em conformidade com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. (IBAMA). Esta preocupação deve ser sempre levadas em consideração por todos os que se relacionam aos portos, direta ou indiretamente, pois não tratam apenas de suas operações, e sim de todo o ambiente a sua volta, afetando populações e a natureza.

Por fim, a segurança no controle alfandegário também está entre as principais características da infraestrutura portuária catarinense. Com o crescente número de importações que vem ocorrendo no Brasil, faz-se fundamental o aumento da participação dos órgãos fiscalizadores sobre as mercadorias importadas ao país. Por conta disso, a Receita Federal no porto de Itajaí está aumentando de 16% para 25% seu índice de verificação nas alfândegas, como forma de aumentar o cerco às fraudes nas operações. De acordo com o inspetor chefe alfandegário do porto, José Carlos de Araújo: “A importação desenfreada compete de maneira desigual e desleal com os produtos produzidos no Brasil. Isto gera desemprego.”. (DIÁRIO CATARINENSE, 19/03/2012).