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A análise documental objectivou a compilação e análise de todos os documentos internos da escola: projecto curricular de escola, projectos curriculares de turma, processos individuais dos alunos, boletins de matrícula e de transferência, registos de avaliação/informação periódicos para os encarregados de educação, actas mensais dos conselhos de docentes, actas das reuniões de avaliação, actas das reuniões de encarregados de educação, relatórios (de professores, professores de apoio, psicólogos), informações à coordenadora da escola e aos órgãos de gestão do agrupamento, correspondência enviada à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, à Santa Casa da Misericórdia, enquanto representante da assistência de solidariedade social, à Polícia de Segurança Pública, aos encarregados de educação, dossiers dos apoios educativo, cadernos dos alunos, os textos escritos pelos professores intervenientes neste estudo que tinham por objectivo caracterizar os alunos e as suas famílias, textos esses que foram integrados pelos professores nas caracterizações das turmas e por último os documentos criados e cedidos pela Junta de Freguesia (prospectos e jornais mensais) e que pelo facto de querermos continuar a garantir o anonimato desta investigação, aos mesmos não fazemos referência nos dados bibliográficos no trabalho que apresentamos. A recolha de informação através desta análise documental justifica-se pela importância que assume na caracterização quer dos alunos-caso seleccionados para esta investigação, como do contexto educativo e socio-demográfico envolvente.

Ao processo de recolha desta informação, foi dedicado todo o primeiro período do ano lectivo, estendendo-se o mesmo até à interrupção lectiva das férias do Carnaval. Contudo durante toda a investigação e sempre que se revelou necessária, foi actualizado o corpus

documental, justificando-se tal procedimento, pelo facto do processo educativo dos alunos ser

considerado activo e sempre em construção.

Para que fosse possível uma coerente observação às fontes documentais, esta foi sistematizada segundo a elaboração de um quadro de análise (quadro V) dividido em cinco categorias: Caracterização do aluno; vivências escolares: relações interpessoais; percurso escolar: actuação da escola e dos professores; vivências familiares: relações interpessoais e vivências na comunidade: risco para a integridade física, psíquica e moral.

Durante a investigação, mais concretamente no segundo período do ano lectivo, foi pedido aos alunos a realização de duas composições: a primeira com o tema “O que quero ser

quando for mais crescido!” e que foi redigida por todos alunos das turmas onde se

integravam os as crianças referenciadas neste estudo e a segunda com o tema “A minha escola

e a minha/meu professora/professor” realizada pelos alunos nas aulas de apoio sócio-

educativo. O Flávio não tem qualquer uma destas composições redigidas pelas suas enormes dificuldades na leitura e na escrita.

A redacção destas composições foi pensada como uma mais valia para a caracterização das relações interpessoais dos alunos com todos os actores educativos, podendo então considerar- se as mesmas como parte integrante do corpus documental a ser observado e analisado. Durante toda a investigação procuramos como já referimos, preservar o anonimato quer da instituição de ensino, quer de todos os actores envolvidos na investigação. Para tal recorreu-se sempre ao uso de pseudónimos em todos os documentos referentes às observações.

Quadro V – Itens para a recolha e tratamento da informação

Alunos-caso Itens de análise

Francisca Flávio João Filipe José ƒ Caracterização do aluno;

ƒ Vivências escolares: relações interpessoais;

ƒ Percurso escolar: actuação da escola e dos professores; ƒ Vivências familiares: relações interpessoais;

6. Validade do estudo

A validade de qualquer trabalho de investigação passa, forçosamente, pela exigência, reconhecida por todos os investigadores, de fazer com que os dados correspondam, estritamente ao que devem representar.

Sendo a metodologia desta investigação de natureza qualitativa, cuja natureza é exploratória e indutiva, é imperativo por parte do investigador, a maior atenção no que diz respeito ao carácter subjectivo da interpretação dos dados recolhidos, perspectivando sempre uma atitude de neutralidade. Segundo FIELDING (1986), citado ALMEIDA (2000),

“a triangulação do dados é muito importante, uma vez que cria no investigador uma predisposição para olhar criticamente os seus dados e identificar eventuais problemas. A preocupação com a validade deve partir acima de tudo do investigador, para que os seus dados possam corresponder exclusivamente ao que pretende representar de um modo verdadeiro e realista.” (p. 65)

No que diz respeito à observação e parafraseando ALMEIDA (2000, 65), DE KETELE (1988) questiona ainda a sua validade, no sentido de saber se o investigador “observa

realmente aquilo que pensa estar a observar” e se as observações são pertinentes em função

do objectivo da investigação, para que se possa garantir que os dados obtidos possuem valor de representação e que os fenómenos foram correctamente explorados. A noção de validade diz também respeito ao processo de codificação e selecção da informação.

Ainda segundo a mesma investigadora (2000, 65), KIRK E MILLER (1986) distinguem três tipos de validade: validade aparente, validade instrumental e validade teórica. Enquanto que a primeira baseia-se fundamentalmente nos dados da observação, mesmo que insuficiente, a segunda manifesta-se quando um procedimento permite demonstrar que “as observações vão de encontro àquelas que foram geradas por um procedimento determinativo”. Por último, a validade teórica é aquela em que os resultados de interpretação dos dados são consistentes em relação à teoria e à literatura existente. Segundo ERIKSON (1986), citado por ALMEIDA (2000, 66), são vários os aspectos problemáticos que poderão por em causa a validade de uma investigação,

“A insuficiência e a falta de diversidade das provas; o facto de o investigador carecer de provas baseadas em dados obtidos a partir de fontes diversificadas; o facto de o investigador não apoiar as suas afirmações numa triangulação de dados; a possibilidade de interpretações erróneas (o investigador compreende erradamente os aspectos-chave da complexidade da acção ou os significados que os actores atribuem aos acontecimentos e acções); a reduzida duração do período de observação (o investigador não conduziu o estudo durante o intervalo de tempo necessário, nem com a profundidade aconselhável), a falta de complementaridade entre os dados obtidos por diferentes técnicas; o facto de o investigador poder ser induzido em erro por indivíduos que não confiam nele ou discordam dos objectivos da sua investigação; a insuficiência de provas invalidantes (o investigador não possui dados para proceder ao confronto das interpretações e afirmações); e por último, a insuficiência da análise comparativa de casos divergentes.” (p.

66)

Nesta investigação de natureza qualitativa, uma das formas de validação que optámos foi a de recorrer a uma grande diversidade de fontes documentais para recolha de dados e proceder à triangulação destes, assim como à sua descrição, da forma mais pormenorizada possível. As observações foram também elaboradas no sentido de triangular os registos encontrados nos diversos documentos de recolha de informação.

“O Homem é formado por corpo, mente e imaginação. O corpo é defeituoso, a mente é mentirosa, mas a imaginação fez dele um ser notável.

Em algumas centúrias, a imaginação humana tornou a vida neste planeta numa intensa prática de todas as belas energias”.

John Masefield in Shakespeare and Spiritual Life