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Governo Constitucional, foi criado o Projecto de Educação Intercultural (PEI), através do Despacho n.º 170/ME/93, de 6 de Agosto assinado pela então Ministra da

Educação, Manuela Ferreira Leite. Este projecto foi criado com o objectivo de aumentar das condições de sucesso em estabelecimentos de ensino do ensino básico localizadas em áreas urbanas e suburbanas onde se integrassem maiores concentrações de minorias étnicas e diferentes culturas com elevadas taxas de insucesso escolar. Este projecto foi pensado para uma duração inicial de dois anos e funcionou em 30 escolas, sendo prolongado por mais dois anos e alargado a 52 escolas públicas dos três ciclos do ensino básico. Foi coordenado pelo Secretariado Entreculturas e no seu artigo 2.º definia como objectivos gerais:

a) Incentivar uma educação intercultural que permitia desenvolver atitudes de maior adaptação à diversidade cultural da sociedade portuguesa;

b) Dinamizar a relação entre a escola, as famílias e as comunidades locais; c) Incrementar a igualdade no acesso e usufruto dos benefícios da educação, da cultura e da ciência;

d) Considerar e valorizar os diferentes saberes e culturas das populações servidas pelas escolas abrangidas neste projecto;

e) Criar ou intensificar a oferta de, pelo menos, um ano de pré- escolaridade às crianças em área servida pelas escolas;

f) Apoiar social e psicologicamente os alunos e as suas famílias;

g) Promover a qualificação do pessoal docente e não docente no âmbito da educação intercultural;

h) Criar um sistema permanente de apoio aos órgãos de direcção e de gestão pedagógica das escolas para o diagnóstico, concepção, realização e avaliação dos projectos de intervenção intercultural.

O projecto de Educação Intercultural viu o seu término nem seminário a 4 de Julho de 1997 e os seus relatórios finais de execução (MARTINS et. Al., 1998) e de avaliação externa (ALAIZ

et. Al., 1998) foram publicados em livro em Dezembro de 1998, e de onde devem ser

destacadas as seguintes conclusões/implicações: “situação de fome que muitos alunos

enfrentam” (p. 68), “tremendas desigualdades de oportunidades que se verificavam na população escolar” (p. 34), “salas do pré-escolar equipadas pelas Câmaras mas que não

chegaram a funcionar por falta de colocação de educadores de infância” (p. 43), “dificuldade em concretizar a fixação de professores durante o projecto.” (p. 39). Este

projecto foi desenvolvido nas áreas metropolitanas de Lisboa, Porto e Algarve e envolveu aproximadamente uma centena de professores e dois milhares de crianças.

2. 2. 2 Intervenção política na segunda metade da década de noventa

Com o XIII Governo Constitucional, já sob o Governo do Engenheiro António Guterres, foram criados através do Despacho n.º 147-B/ME/96, de 8 de Julho os Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP). Este programa foi posteriormente complementado pelo Despacho Conjunto 73/SEAE/SEEI/96, de 10 de Julho. À semelhança das “Zones d´Èducation Prioritaires” (ZEP), experiência iniciada em 1981 na França, baseada nos programas de educação compensatória americanos “Head Start” e “Folow-Througt”, foram criados estes territórios que fundamentalmente objectivavam “o desenvolvimento e a

formação de todos os cidadãos em condições de igualdade de oportunidades e no respeito pela diferença e autonomia de cada um” . Neste sentido, foram criadas condições que

visavam a garantia da universalização da educação básica de qualidade e a promoção do sucesso educativo de todos os alunos. No ano lectivo 1996/1997 estavam já definidos 34 territórios Educativos de Intervenção prioritária que no ano lectivo consequente passaram para 45 compreendendo várias unidades educativas dos diversos ciclos do ensino básico e da educação pré-escolar e por sua vez distribuídos pelas cinco Direcções Regionais de Educação. Seguindo a mesma filosofia da criação das Escolas de Intervenção Prioritária em 1988, aos Territórios de Intervenção Prioritária eram proporcionadas melhores condições de trabalho através da redução de alunos por turma e da atribuição de recursos humanos, materiais e financeiros mais reforçado e como objectivos pretendia contribuir para a descentralização de políticas educativas, aproximar a escola da comunidade educativa e do meio, rentabilizar os recursos locais, através da partilha e da constituição de parcerias e promover o sucesso educativo, favorecendo a articulação entre os diferentes ciclos de ensino. Neste sentido, são desenvolvidos inúmeros projectos, nomeadamente, ateliers de tempos livres para acompanhamento e ocupação das crianças e dos jovens, incentivo ao desporto escolar e às artes, animação de bibliotecas, flexibilização na avaliação e no ensino e flexibilidade ao nível organizacional dos estabelecimentos de ensino.

Ainda na mesma legislatura foram criados os Currículos alternativos, através do Despacho 22/SEEI/96, de 19 de Junho. A Secretária de Estado da Educação e da Inovação criou estes currículos destinados à elevada percentagem de alunos com insucesso escolar repetido, e7ou problemas de integração na escola, e/ou em risco de abandono da escolaridade do ensino básico e/ou dificuldades a nível da aprendizagem. Estes currículos foram concebidos, visando fundamentalmente a criação de pedagogias diferenciadas nas unidades educativas. Nestas, a criação de turmas não poderia exceder os quinze alunos por cada uma e os seus professores formadores tinham no seu horário duas horas semanais coincidentes para a coordenação e avaliação das actividades do processo de ensino e de aprendizagem. Eram as escolas, as instituições responsáveis pela formulação das propostas que objectivassem a integração dos currículos alternativos nas mesmas que seriam que seriam depois controlados e avaliados pelos Serviços Regionais e Centrais do Ministério da Educação.

Os Currículos alternativos foram alvo de várias críticas que acima de tudo referenciavam o “perigo” dos mesmos induzirem a políticas educativas discriminatórias, pelo facto de parecerem criar escolas de segunda categoria.

2. 2. 3 Intervenção política na primeira década do novo milénio

No XIV Governo Constitucional, também com o Engenheiro António Guterres como Primeiro Ministro e David Justino como Ministro da Educação, foi promulgada a Reorganização Curricular do Ensino Básico, através do Decreto-Lei 6/2001, de 18 de Janeiro e com a diferenciação pedagógica veio permitir a adequação e a flexibilização associadas à gestão curricular que no currículo nacional estabelece as aprendizagens e as competências essenciais, bem como as experiências que a nível educacional devem ser propiciadas a todos os alunos. Com esta reorganização, surgem três novas áreas curriculares não disciplinares: a área de projecto, o estudo acompanhado e a formação cívica. Nesta sequência surge o Despacho normativo n.º 30/2001, de 19 de Julho e com ele surgem também algumas alterações na avaliação dos alunos, reforçando o carácter formativo da mesma e a excepcionalidade da retenção de alunos nos anos intermédios de cada ciclo de estudos do ensino básico. Este Despacho introduz também dez competências essenciais que em qualquer área curricular disciplinar e não disciplinar devem ser consideradas numa perspectiva holística e integradora do saber, saber fazer e saber ser.

Com o actual XVII Governo Institucional, a Ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues relança no ano lectivo 2006/2007 o 2.º programa dos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP), na sequência das medidas que vêm sendo adoptadas no sentido da introdução e aplicação de medidas de apoio às populações mais desfavorecidas, tendo em consideração as necessidades dos alunos, destacando-se a Escola a Tempo Inteiro e a Diversificação de Ofertas Educativas e Formativas. O Ministério da Educação decidiu retomar o programa dos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, aprovado pelo Despacho n.º 147-B/ME/96, de 1 de Agosto, fazendo a devida adaptação das suas linhas orientadoras ao actual contexto educativo e social por forma a ser criado um renovado programa de territorialização de políticas de intervenção prioritária, cujo objectivo é ir ao encontro das necessidades das comunidades educativas mais carenciadas, no sentido de lhes facilitar a criação e/ou a integração de recursos humanos, materiais e financeiros, com vista a facilitar a criação de condições capazes de promover o sucesso escolar e educativo dos alunos. Este programa assenta no pressuposto de que a escola tem uma dupla função, pois se por um lado deve actuar como entidade responsável pela promoção do sucesso educativo e da equidade social, por outro lado deve actuar como instituição central do processo de desenvolvimento comunitário. Qualquer uma destas funções apenas se concretiza por via do estabelecimento de relações de parceria com outras entidades presentes nas comunidades territoriais.

Este novo programa de Zonas de Intervenção Prioritária começa a materializar-se no ano lectivo 2006/2007, com a apresentação e desenvolvimento de projectos plurianuais dos territórios educativos que objectivam a melhoria do ambiente educativo e da qualidade das aprendizagens dos alunos, traduzida no sucesso escolar; a criação de condições que favoreçam a transição da escola para a vida activa; a progressiva coordenação das actividades educativas e formativas desenvolvidas pelas escolas de áreas geográficas problemáticas com as comunidades, onde se incluem o poder institucional público, a área empresarial e a sociedade civil.

As escolas do agrupamento ou da escola não agrupada de um TEIP devem através deste programa, elaborar projectos educativos, no sentido de envolverem um conjunto de acções e medidas de intervenção na escola e na comunidade, prioritariamente orientadas para a reinserção escolar do aluno. Estes projectos educativos têm por orientações base os interesses específicos de cada comunidade e a sua contemplação por parte dos docentes, dos alunos, dos

auxiliares da acção educativa, das associações de pais e de encarregados de educação, da Escola Segura, das autarquias locais, das instituições de solidariedade, das empresas, das associações culturais, recreativas e desportivas e especialmente dos centros de emprego e de formação profissional, centros de saúde, serviços de acção social e comissões de protecção de menores.

É neste encadeamento que às escolas integradas nos territórios educativos de intervenção prioritária é garantida a flexibilidade organizacional, o que por sua vez vai ao encontro dos objectivos de realização pessoal e comunitária de cada indivíduo, tal como é garantido no artigo 39.º da Lei de Bases do Sistema Educativo.

Segundo o despacho, é ainda indispensável a criação de uma comissão para a coordenação, acompanhamento e monitorização dos projectos de intervenção dos TEIP que deve integrar um representante da Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular, um representante do Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo, um representante de cada Direcção Regional da Educação, um representante do Observatório de Segurança da Escola, um representante da Direcção-Geral de Formação Vocacional, um representante do Gabinete da Ministra da Educação e um representante do Gabinete do Secretário de Estado da Educação.

Os órgãos de gestão das escolas e agrupamentos de escolas que integram os TEIP beneficiam também de condições especiais para a gestão dos recursos afectos ao desenvolvimento do respectivo projecto educativo e a seu cargo fica a gestão administrativa e financeira do mesmo.

2. 3 Políticas públicas nacionais para a protecção das crianças e os jovens