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4. ALINHAMENTO ENTRE A SUSTENTABILIDADE E O SMD

4.2. Análise dos modelos sobre a medição de desempenho

Os modelos encontrados na revisão sistemática sobre a medição de desempenho eram diferentes entre si no que diz respeito à estrutura. Por isso, foi necessário compreendê-los e classificá-los. Essa classificação foi necessária, visto que pode facilitar o uso adequado dos modelos, uma vez que foram encontrados modelos que objetivaram propor um modelo para avaliar a maturidade, mas que não são representados em forma de matriz.

De acordo com Bititci et al. (2014), a avaliação de maturidade é o uso sistemático de um modelo de maturidade para posicionar práticas atuais de uma organização contra a escala de maturidade, enquanto que o modelo de maturidade é uma matriz de práticas. Assim, as referências identificadas na categoria avaliação de maturidade, serão classificadas como modelos de avaliação da maturidade. Já os modelos de maturidade que visam apresentar uma estrutura de maturidade práticas serão chamados de modelos de maturidade, pois apresentam uma estrutura com diferentes níveis de maturidade e um padrão de características. Nesse contexto, é possível classificar os modelos de maturidade do SMD encontrados na revisão de literatura como:

● Modelos de avaliação de maturidade: Van Aken et al. (2005), Garengo (2009), Bititci et al. (2011) e Jääskeläinen e Roitto (2015);

● Modelos de maturidade: Wettstein e Kueng (2002), Cocca e Alberti (2010).

Os modelos de maturidade sobre o SMD não eram classificados. Contudo, uma classificação semelhante já foi proposta para os modelos do SMD por Folan e Browne (2005). Segundo Folan e Browne (2005), os modelos contêm um conjunto de recomendações: por exemplo, um conjunto de recomendações de medição pode sugerir o desenvolvimento de um quadro estrutural (por exemplo, Balanced Scorecard) ou podem dar origem a um quadro processual, que auxilia no processo de construção de sistemas de medição de desempenho. Assim, os modelos sobre o SMD podem ser classificados como processuais e estruturais. Os modelos processuais são aqueles que apresentam um processo, passo-a-passo, para o

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desenvolvimento de medidas de desempenho da estratégia. Já os modelos estruturais são modelos que especificam uma tipologia para a gestão de medida de desempenho.

Em relação aos modelos de maturidade, os modelos de avaliação da maturidade fornecem processos para classificar o SMD em relação à sua maturidade. Com uso desses tipos de modelos, é possível identificar o score que a empresa possui no SMD, isto é, se a empresa está em nível baixo, médio ou alto da maturidade. Entretanto, não é possível compará-lo a outros modelos de maturidade, como por exemplo, o modelo de maturidade da sustentabilidade.

Já os modelos de maturidade que apresentam uma matriz com diferentes dimensões e níveis de maturidade descritos, possibilitam examinar quais atividades e características o SMD possui em cada nível de maturidade. Além disso, esse tipo de modelo possibilita análises de alinhamento a sustentabilidade corporativa ou com outros temas. Por esse motivo, este estudo irá se concentrar nos modelos de maturidade estruturais.

Assim, os modelos de maturidade são Wettstein e Kueng (2002) e Cocca e Alberti (2010). A estrutura identificada nesses modelos está apresentada no Quadro 18.

Quadro 18: Estrutura SMD de maturidade

Dimensões das referências Descrição Dimensões formadas

Escopo da Medição (Wettstein e Kueng, 2002) (Neely, 1998)

Quais indicadores são medidos no sistema de medição de desempenho

Escopo do SMD

Coleta de Dados (Wettstein e Kueng, 2002)

Como os dados são coletados Infraestrutura de apoio

Armazenamento dos dados (Wettstein e Kueng, 2002)

Como os dados são armazenados

Infraestrutura de TI (Cocca e Alberti, 2010) (Neely,

1998)

Como os dados são coletados, armazenados e disponibilizados.

Comunicação (Wettstein e Kueng, 2002)

Divulgação dos resultados Comunicação

Uso de medidas de desempenho (Wettstein e Kueng, 2002)

Grau com que o SMD é utilizado na empresa: Resultados de desempenho são usados (1) como um gerenciamento central e instrumento de planejamento; (2) para apoiar comunicação externa da organização; e (3) para manter pessoal envolvido.

Uso da medição de desempenho

Qualidade dos processos de medição de desempenho

(Wettstein e Kueng, 2002)

Definição dos processos de medição, disciplina e treinamento, definição de objetivos quantitativos e melhoria contínua.

Formalização do SMD

Processos claramente definidos (Cocca e Alberti, 2010)

Procedimentos definidos e padronizados, forma e frequência de coleta de dados definidas para todas as métricas.

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No que se refere aos modelos estruturais de Wettstein e Kueng (2005) e Cocca e Alberti (2010), pode-se perceber que algumas dimensões apresentam similaridades em suas definições, podendo ser formado um modelo estrutural geral. Por exemplo, a dimensão Infraestrutura de TI, Coleta e Armazenamento de dados podem ser resumidas em uma dimensão, pois as duas dizem respeito ao mesmo objetivo, que é armazenar e disponibilizar os dados. Desse modo, é possível chamar as duas dimensões de “Infraestrutura de apoio”. As dimensões Qualidade dos processos de medição e Processos claramente definidos se referem ao treinamento dos funcionários, padronização da medição e a capacidade da empresa em repetir sucessos, essas dimensões também podem ser resumidas em uma dimensão chamada Formalização do SMD.

Assim, as dimensões da estrutura da maturidade do SMD podem ser resumidas em escopo do SMD, infraestrutura de apoio, uso da medição de desempenho, comunicação e formalização do SMD. Essa estrutura pode variar em níveis de maturidade, de acordo com a evolução da organização em relação ao SMD.

O escopo do SMD engloba quais indicadores estão incluídos no sistema de medição de desempenho (financeiros, operacionais etc.), isto é, qual a abrangência na empresa. A infraestrutura de apoio se refere ao apoio do sistema de informação, como Tecnologia e Informação (TI) e softwares de apoio, para a medição de desempenho, coleta e armazenamento dos dados. A comunicação está relacionada à divulgação dos dados de desempenho. O uso das medidas de desempenho se refere ao objetivo dos resultados da medição na empresa, isto é, quais resultados do SMD irão ajudar no desenvolvimento da empresa. Já a formalização do SMD engloba a atualização, padronização e melhoria do SMD, definição de métodos e ferramentas e treinamentos.

Para a estrutura de níveis diferentes, foram incluídas descrições teóricas de estudos sobre o SMD, como Franco-Santos et al. (2007) e Neely (1998). Desse modo, com base nos modelos estruturais de Wettstein e Kueng (2002) e Cocca e Alberti (2010), e nas características investigadas por Franco-Santos et al. (2007) e Neely (1998), um modelo estrutural para o sistema de medição de desempenho foi organizado.

Destarte, um modelo de maturidade estrutural, com base nas referências encontradas na literatura, pode ter a configuração apresentada no Quadro 20.

101 Quadro 20: Modelo de maturidade para o SMD

Dimensões Nivel de maturidade 1: ad-hoc Nível de maturidade 2: adolescente Nível de maturidade 3: crescido Nível de maturidade 4: maduro

Escopo do SMD Somente indicadores financeiros são considerados

Indicadores de desempenho financeiro são medidos. Além disso, alguns indicadores não financeiros são também medidos.

Ambos (indicadores de desempenho

financeiros e não financeiros) são medidos. A medição de desempenho se executa em diferentes níveis organizacionais.

Indicadores financeiros e não financeiros são medidos em uma base regular. Os indicadores

refletem os interesses dos grupos de

stakeholders. Os processos de negócio são medidos de uma maneira integral.

Infraestrutura de apoio

A coleta de dados é manual e a informação é armazenada em vários formatos. Análises e interpretação são focadas em

medidas de desempenho

financeiro. Tabelas e gráficos

impressos são usados para

divulgação da informação.

Aplicação de sistemas de TI para coletar, armazenar, analisar, interpretar e divulgar (relatórios impressos e eletrônicos) de todas as medidas financeiras. Os dados não financeiros são carregados manualmente em planilhas para armazenamento e sua análise e interpretação é individual. Se utilizam tabelas e gráficos impressos para divulgar informação não financeira.

Aplicação de sistemas integrados de TI para coletar, armazenar, analisar, interpretar e divulgar todas as medidas financeiras e não financeiras.

A integração do processo de negócios com acionistas é feita por meio de sistemas de TI para coletar, armazenar, analisar, interpretar e divulgar os indicadores de desempenho de processos.

Nível prévio de Big Data para coletar dados externos a empresa. Uso de data warehouses, Business Intelligency, scorecards e Gestão Visual.

Uso das medidas de desempenho

O uso não é definido, apenas são definidos os objetivos, metas e formatos de relatórios. Influência casual no comportamento.

O uso principal é para relatório interno. Aprendizagem parcial mediante simples ciclos e melhorias reativas. Influência parcial sobre o comportamento.

O principal uso é comunicar a estratégia e as metas para os empregados, aprendizagem e melhoria reativa, melhoria proativa parcial. Influência formal sobre o comportamento e as recompensas parciais.

Uso do SMD para comunicar a estratégia e influenciar o comportamento dos parceiros, para desenvolver informação colaborativa

compartilhando melhoria e levando a

aprendizagem colaborativa. O pagamento é baseado em recompensas realizações objetivos estratégicos.

Comunicação Resultados de desempenho

financeiro são divulgados em base ad-hoc.

Comunicação periódica de desempenho financeiro para gestão com uso de sistemas de TI. Resultados de desempenho não financeiros são comunicados em base ad-hoc.

Estruturas de comunicação são estabelecidas. Resultados financeiros e não financeiros são integrados em relatório interno de dados. Resultados de desempenho são divulgados em base ad-hoc para stakeholders externos.

Resultados de desempenho são compartilhados com stakeholders internos e externos e também com parceiros em uma estrutura formal de comunicação para melhorar o desempenho.

Formalização do SMD

Não há formalização. Atividades são isoladas.

Projeto e seleção formais para as medidas financeiras. Não há formalização e seleção para desempenho não financeiro

Projeto e seleção formais para as medidas financeiras e não financeiras. Revisões ad- hoc.

Projeto, seleção e revisão formais para as medidas financeiras e não financeiras, incluindo parceiros.

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O modelo de maturidade do SMD é baseado no modelo por Wettstein e Kueng (2002), pois dentre os modelos identificados na literatura, é o modelo com melhor detalhamento. Entretanto, ao analisar o modelo Wettstein e Kueng (2002), foi detectada a necessidade de revisão em alguns níveis e dimensões na estrutura de maturidade.

A dimensão infraestrutura de apoio foi uma delas. Essa dimensão representa a junção das dimensões armazenamento e coleta de dados, sugerido por Neely (1998) e Franco-Santos et al. (2007) e, no modelo de maturidade, sugerido por Cocca e Alberti (2010). Desse modo, há a incorporação do modelo Cocca e Alberti (2010) no modelo Wettstein e Kueng (2002), além de maior detalhamento no que se refere ao sistema de Tecnologia e Informação (TI). No modelo atual é explicada a evolução em relação a essa infraestrutura ao longo do amadurecimento dos níveis do SMD. É sugerido que o TI pode evoluir apoiando o SMD, que começa desde uso de softwares como planilhas eletrônicas, em níveis menos maduros, até o uso de Business Intelligence softwares e Big Data, para níveis mais maduros.

A dimensão Uso das medidas de desempenho, sugerida por Wettstein e Kueng (2002), apresenta sobre o grau com que os resultados da medição de desempenho são utilizados para melhoria na empresa. Entretanto, para que ocorra o uso das medidas de desempenho, é necessário que haja definição e revisão de metas, contínuas melhorias e treinamento. Neely (1998) elenca três funções diferentes para um SMD: cumprir, verificar e desafiar. O uso da medição do desempenho pode ser para comparar a própria posição competitiva com a dos competidores e verificar a realização de seus próprios objetivos. Desse modo, foram incluídas ao longo dos níveis de maturidade, descrições sobre o uso das medidas de desempenho, bem como as melhorias e treinamentos possivelmente ocorrem.

A dimensão Comunicação consistiu no modelo definido por Wettstein e Kueng (2002). Para essa dimensão foi mais bem definido o amadurecimento em relação a comunicações de medidas financeiras e não financeiras, bem como divulgações internas e externas.

Por fim, a dimensão Formalização do SMD substituiu a dimensão Qualidade dos processos de medição. A ideia de qualidade, sugerida por Wettstein e Kueng (2002), incorporava a definição de métricas e sucesso da empresa. Todavia, esse contexto foi incluído na dimensão uso das medidas de desempenho. Segundo Toni e Tonchia (2001), o nível de formalização das medidas considera a definição dos procedimentos de medição, em particular o detalhe com o qual os seguintes itens são especificados: critérios de medição (momento, lugar e método de detecção), frequência de detecção, custo padrão da detecção, obrigações e responsabilidades para cada detecção. Desse modo, foram incluídas questões como

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planejamento, seleção e revisão do SMD. Portanto, para esse fim foi sugerida a dimensão Formalização do SMD.