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2.4. Maturidade da sustentabilidade corporativa

2.4.1. Escolha de modelos de maturidade de sustentabilidade corporativa

As análises de publicações sobre sustentabilidade ocorreram por meio de dois métodos de análise de publicações: a análise de citação e a revisão sistemática. O objetivo foi explorar as pesquisas existentes sobre o tema, como as referências mais citadas, via análise de citação, e os modelos de maturidade sobre sustentabilidade, por meio da revisão sistemática.

A análise de revisão sistemática teve como objetivo encontrar os modelos de maturidade sobre a sustentabilidade. Essa análise foi feita em quatro etapas: Planejamento, Execução, Seleção e Extração, conforme apresenta a Figura 5.

Figura 5: Etapas da revisão sistemática

Na fase do planejamento, foram estabelecidos os critérios de busca das referências, que são as palavras-chave apresentadas no Quadro 1. Os termos foram pesquisados nas bases de dados Scopus e Web of Science, utilizando o código booleano OR. O objetivo era selecionar o máximo de referências possíveis sobre o tema. A pesquisa foi realizada em 2016, na fase inicial da elaboração dessa tese.

Quadro 1 apresenta o resumo das etapas da revisão sistemática.

• Seleção de 12 modelos com uma matriz de maturida de para a sustentab

Extração

• Seleção de 50 referênci as sobre maturida de da sustentab ilidade

Seleção

• Leitura de 315 referênci as sobre o tema

Execução

• Nessa fase foram feitas as pesquisas nas bases de dados Web of

Planejament

o

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Quadro 1: Critérios para seleção dos modelos de maturidade Fase de planejamento

Palavras- chave

"models of sustainability"; "models of sustainable"; "sustainability models"; "sustainability maturity"; "Corporate Responsability Model"; "Corporate Responsability Maturity"; "business sustainability maturity model"; "CSR maturity"; "sustainable development maturity"; "corporate sustainability maturiry"; "TBL maturity"; "sustainable development model".

Bases Web of Science; Scopus

Fase de seleção (315 referências) Critérios de

inclusão:

(I) "corporate sustainability maturity model"; (I) "sustainability maturity model"; (I) "maturity model"; (I) "business maturity model"; (I) "sustainability evolution";

Critérios de exclusão:

(E) "sustainability models"; (E) "urban sustainability "; (E) "biodiversity sustainability"; (E) "financial sustainability"; (E) "social sustainability"; (E) "environmental sustainability"; (E) "information and technology";(E) Biofuel; (E) Product design; (E) Modeling; (E) Life cycle; (E) Construction sector; (E) supply chain management; (E) quality management; (E) innovation and technology; (E) strategy management; (E) knowledge management; (E) SME; (E) project management; (E) sustainability review; (E) public sector.

Resultado após utilização dos critérios

50 artigos aceitos; 245 artigos rejeitados; 20 artigos duplicados

Fase de execução (50 referências)

Áreas encontradas:

Sustainability, Corporate Sustainability, Business Sustainability, Biodiversity Sustainability, Construction, Life Cycle, Supply Chain Management, Public Sector,Information and Technology, Innovation, Project Management, Product design, Engineering education, Quality Management, Knowledge Management Models, Strategic Management, Sustainability.

Fase de extração (50 referências) Resultado

após exclusão das áreas:

8 referências que apresentam um modelo de maturidade da sustentabilidade corporativa. Referências sobre Maturity Model AND Corporate Sustainability

FONTE: Elaboração própria

Após a pesquisa nas bases de dados Web of Science e Scopus e utilizando as palavras- chave apresentadas no Quadro 1, foram selecionadas 315 referências, para análise e busca de modelos de maturidade sobre a sustentabilidade corporativa.

Foram lidos os títulos e resumos das 315 referências com o objetivo de selecionar aquelas referências que apresentam modelos de maturidade sobre a sustentabilidade. Com base na análise, foram excluídas as referências que não abordavam sobre sustentabilidade aplicada a empresas privadas. Os critérios de inclusão são as categorias de classificação das referências, que selecionam as referências para a próxima fase, que é a fase de seleção, com o objetivo de selecionar os modelos de maturidade da sustentabilidade corporativa com uma abordagem em gestão da organização. Os critérios estão apresentados no Quadro 1.

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Os critérios de exclusão são os critérios que descartam referências por não discutirem sobre o tema modelo de maturidade da sustentabilidade corporativa. Na pesquisa apareceram referências como, por exemplo, sustentabilidade urbana, administração pública ou sobre sustentabilidade em softwares usando modelagem, que foram excluídas. Após essa fase, as referências que pertenciam às categorias apresentadas nos critérios de exclusão foram excluídas.

O refinamento resultou em 50 referências. A quantidade de exclusão foi grande, pois o tema sustentabilidade abrange muitos campos. Dentre as referências excluídas, a maioria tratava sobre sustentabilidade urbana, mais especificamente sobre construção civil. Além disso, foram consideradas duas bases de dados científicas e houve 20 referências duplicadas, que foram excluídas. Essa foi a fase de seleção da revisão sistemática.

Após a seleção, as 50 referências foram analisadas novamente. Dessa vez, foi feita a leitura completa das referências, para verificar a aderência com o objetivo da revisão sistemática. Essa fase é a fase de execução.

Na fase de execução foram analisadas as referências de modo a selecionar somente os modelos de maturidade sobre sustentabilidade corporativa.

Para exclusão das referências que não correspondiam aos modelos de maturidade corporativa foram criadas categorias de áreas de pesquisa, de modo a justificar mais exclusões de referências. Foram encontradas referências que discutem e discorrem sobre sustentabilidade em empresas, mas que não apresentam uma matriz de maturidade, abordando sobre ciclo de vida do produto, foco ambiental do produto, processos de decisão, tecnologia e informação, gestão de cadeia de suprimentos, dentre outros.

Dentre as referências lidas, vale ressaltar que muitas referências sobre sustentabilidade corporativa apresentaram um objetivo específico como sustentabilidade em gestão de projetos, modelo matemático para evolução da sustentabilidade, modelo de maturidade de sistemas de informação e sustentabilidade na cadeia de suprimentos, dentre outros. Esses temas, apesar de abordarem sustentabilidade corporativa, não fornecem as características de uma gestão da sustentabilidade geral. Além disso, foram encontradas referências que não forneciam um modelo de maturidade sobre a sustentabilidade. Por esse motivo, muitas referências foram descartadas, pois não remetiam ao propósito desta pesquisa.

O resultado da análise das referências na fase de execução foi de 13 referências que apresentam um modelo de maturidade para a sustentabilidade corporativa, que é a fase de extração.

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Na fase de extração, as referências resultantes apresentavam modelos de maturidade sobre a sustentabilidade. As referências selecionadas que apresentam modelos de maturidade da sustentabilidade corporativa foram Robèrt et al. (2002), Van Marrewijk e Werre (2003), Van der Woerd e Van den Brink (2004), Baumgartner e Ebner (2010), Overcash e Twomey (2011), Donnellan, Sheridan e Curry (2011), Cagnin, Loveridge e Butler (2013), Ahi e Searcy (2013), Maas e Reniers (2014), Eccles, Ioannou e Serafeim (2014), Amini e Bienstock (2014), Marques-Mendes e Santos (2016) e Witek-Crabb (2019).

O Quadro 2 apresenta um preâmbulo das referências identificadas, destacando os objetivos de cada uma delas e as dimensões consideradas para a sustentabilidade corporativa.

Conforme observado no Quadro 2, há referências que não apresentam modelos de maturidade para a sustentabilidade corporativa. Tais referências fazem análises sobre o tema, identificando que há diferentes níveis de maturidade, porém não propõem um modelo de maturidade para a sustentabilidade.

Dentre as referências lidas, as obras de Ahi e Searcy (2013), Maas e Reniers (2014) e Van der Woerd e Van den Brink (2004) apresentam modelos para a sustentabilidade em empresas, mas não fornecem níveis diferentes de maturidade. A referência Robèrt et al. (2002) não apresenta um modelo de maturidade, somente um sistema de inter-relações entre a sustentabilidade e gestão corporativa.

Quadro 2: Comparação entre os modelos de maturidade da sustentabilidade corporativa

Modelos Características Método

de pesquisa

Econômica Ambiental Social

Modelo de Robèrt, Bleek, Larderel, Basile, Jansen, Kuehr, Thomas, Suzuki, Hawken e Wackernagel

• O modelo analisa as interdependências entre as dimensões da sustentabilidade em uma corporação;

• Não é apresentada uma grade de maturidade e sim as relações de um sistema.

Revisão de literatura

É considerada como estratégia para a

sustentabilidade, que ocorre a partir do nível 3 de integração do sistema

É considerada como uma condição do sistema, a partir do nível 2.

As dimensões são substituição e desmaterialização

É considerada de forma integrada a estratégia como encorajamento, diálogo e transparência.

Modelo Van der Woerd e Van

den Brink • Apresenta um modelo integrado de sustentabilidade ao Balanced Scorecard e ao quadro europeu de sustentabilidade corporativa em dois setores da indústria, que são turismo e comida;

• Não é apresentado um modelo de maturidade com diferentes níveis. São analisados modelos de empresas com nível maduro de sustentabilidade por meio de estudo de caso.

Survey As dimensões econômica, ambiental e social são analisadas de forma integrada, considerando as seguintes dimensões: • Clientes e fornecedores;

• Investidores e acionistas; • Sociedade e planeta; • Processos internos;

• Funcionários e aprendizagem. Modelo Van Marrewijk e Werre • Apresenta um modelo de sustentabilidade abordando diferentes

contextos e sistemas de valores;

• É apresentada uma matriz de maturidade com diferentes níveis, que incorporam planeta, pessoas e lucro no mesmo modelo.

Revisão de literatura

A dimensão econômica é chamada de lucro e possui as dimensões:

• Valor dos stakeholders; • Relação com investidores.

É chamada de planeta e possui as dimensões:

• Gerenciamento do meio ambiente;

• Vizinhança.

É chamada de pessoas e possui as dimensões: • Gerenciamento de pessoas;

• Ambiente de trabalho.

Modelo de Baumgartner e Ebner • Apresenta quatro modelos de maturidade para a sustentabilidade, um para cada dimensão: econômica, ambiental, social interna e social externa;

• É apresentada uma matriz de maturidade com práticas diferentes identificadas para cada nível.

Revisão de literatura

São consideradas as dimensões no contexto estratégico: • Tecnologia e inovação; • Colaboração; • Gestão do conhecimento; • Processos; • Compras; • Relatório de sustentabilidade

São consideradas as dimensões: • Recursos; • Emissões; • Resíduos; • Biodiversidade; • Questões ambientais no produto.

São consideradas as dimensões da sustentabilidade interna e externa em modelos separados, que são:

• Governança corporativa; • Incentivos e motivações; • Saúde e segurança;

• Desenvolvimento de capital humano; • Comportamento ético e direitos humanos; • Atividades controversas;

• Corrupção e cartel; • Cidadania corporativa. Modelo Ahi e Searcy • A referência tem o objetivo de identificar e analisar as definições

publicadas sobre gestão da cadeia de suprimento verde e gestão sustentável da cadeia de suprimentos;

• Não é apresentado um modelo de maturidade sobre a sustentabilidade corporativa.

Revisão de literatura

Não é apresentado um modelo sobre sustentabilidade corporativa.

Modelo de Cagnin, Loveridge e

Butler • O modelo de maturidade de sustentabilidade apresentado já integra o desempenho do negócio. Isto é, trata-se de um modelo de maturidade da sustentabilidade do desempenho do negócio;

• É apresentada uma matriz de maturidade com práticas diferentes identificadas para cada nível.

Revisão de literatura

O modelo considera as dimensões da sustentabilidade aos níveis de maturidade. Não há apresentação da evolução individual de cada dimensão. São consideradas as dimensões: • Estratégia; • Parcerias; • Motivação; Competências; • Comunicação; • Tecnologia;Operações.

Quadro 2 Continuação: Comparação entre os modelos de maturidade da sustentabilidade corporativa

Modelos Características Método de

pesquisa

Econômica Ambiental Social

Modelo de Amini e

Bienstock • O modelo apresenta a maturidade da sustentabilidade corporativa de forma que a cada nível de maturidade, a empresa adota perspectiva ambiental e social; • É apresentada uma matriz de maturidade com práticas

diferentes identificadas para cada nível.

Revisão de

literatura O modelo apresenta modelo do negócio integrado a sustentabilidade. O modelo considera que no nível 1 ocorre considerações econômicas. No nível ocorrem considerações ambientais. No nível 3 ocorrem considerações sociais. Já no nível 4 ocorrem considerações estratégicas. As dimensões são: • Aplicação ao nível do negócio;

• Âmbito organizacional;

• Sustentabilidade orientada para inovação; • Dimensão econômica/ambiental/social; • Conformidade legal.

Modelo de Eccles,

Ioannou e Serafeim • O modelo de sustentabilidade apresenta dois níveis, que classificam as organizações como baixo nível de maturidade e alto nível de maturidade.

Survey As empresas de baixa sustentabilidade correspondem ao modelo tradicional de maximização do lucro, em que as questões sociais e ambientais são consideradas como problemas externos. As empresas de alta sustentabilidade, ao contrário, não só prestam atenção aos problemas externos, como também possuem mecanismos de governança que permitem ter uma gestão específica para a sustentabilidade e remunera os executivos a partir dos resultados associados aos objetivos de sustentabilidade alcançados.

Modelo Maas e

Reniers • A referência propõe uma estrutura conceitual sobre responsabilidade social corporativa, considerando a ISO 26000;

• São analisadas doze empresas que tinham o objetivo de evoluir em sustentabilidade, participando em mais projetos sociais;

• Não é apresentado um modelo de maturidade.

Estudo de

caso Não é apresentado um modelo de maturidade.

Modelo de Marques-

Mendes e Santos • O modelo apresenta a evolução de maturidade para a responsabilidade social corporativa; • É apresentada uma matriz de maturidade com práticas

diferentes identificadas para cada nível.

Revisão de

literatura As dimensões são: • Valor e cultura; • Motivação CSR; • Posição de stakeholder; • Posição de stakeholders; • Liderança CSR. Modelo Allais,

Roucoules e Reyes • O modelo de maturidade para a sustentabilidade corporativa apresenta a evolução de maturidade para como as decisões podem ser tomadas na empresa. • É apresentada uma matriz de maturidade com práticas

diferentes identificadas para cada nível.

Estudo de

caso O modelo não considera as dimensões de forma separada. Há crescimento da maturidade de acordo com os critérios de decisão que as empresas podem tomar, que são: • Sem integração com a sustentabilidade; • Defensivo;

• Avaliação de fatores de diferenciação intangíveis; • Gestão integrada de intangíveis;

• Intangível como fonte de inovação. Modelo Machado,

Lima, Costa, Angelis e Mattioda

• O objetivo do modelo é apresentar a evolução da sustentabilidade corporativa de acordo com a capacidade de operações sustentáveis;

• Não é apresentada uma grade de maturidade e sim as relações de um sistema.

Revisão de

literatura O modelo não analisa as dimensões da sustentabilidade de forma separada. As dimensões de evolução estão relacionadas as áreas-chave de processos, objetivos específicos e práticas específicas das organizações. Os níveis são: • Integração de operações sustentáveis;

• Integração de redes e stakeholders; • Sistema de gestão sustentável; • Operações e eco-eficiência; • Compliance e conformidade.

Witek-Crabb (2019) • O objetivo do estudo é avaliar a maturidade de empresas na Polônia em relação à responsabilidade social corporativa;

• Ele utiliza os modelos CMM e Van Marrewijk e Werre (2003) para avaliação, mas não apresenta um modelo de maturidade próprio;

• Foi realizado um survey com 93 empresas.

Survey O modelo considera as dimensões da responsabilidade social corporativa, que se refere a sustentabilidade social. A estrutura do modelo de maturidade da RSC foi inspirada no modelo de cultura organizacional, referindo-se a três níveis de análise. O primeiro nível de análise refere-se a artefatos, que são processos e estruturas e processos visíveis na organização; o segundo nível refere-se a valores adotados presentes em estratégias, objetivos e filosofias; e o terceiro nível refere-se a pressupostos subjacentes básicos, que são crenças inconscientes sobre a natureza da realidade, relação com o meio ambiente e a natureza humana.

O modelo proposto por Ahi e Searcy (2013) é focado em sustentabilidade na cadeia de suprimentos. A obra de Eccles, Ioannou e Serafeim (2014) não apresenta um modelo, somente discute sobre os diferentes níveis de maturidade para a sustentabilidade. Eccles, Ioannou e Serafeim (2014) identificam dois grupos de empresas, um grupo considerado com alto grau de sustentabilidade e outro com baixo grau de sustentabilidade.

Conforme mencionado, a revisão sistemática ocorreu em 2016, pois foi a primeira etapa dessa tese. No entanto, foram encontradas novas referências por meio de buscas simples em base de dados como Scopus e Web of Science, e por meio de sugestões de especialistas. As referências acrescentadas foram Machado et al. (2017), Allais, Roucoules e Reyes (2017) e Poltronieri, Ganga e Gerolamo (2019), que também são apresentadas no preâmbulo do Quadro 2.

O estudo feito por Poltronieri, Ganga e Gerolamo (2019) faz um levantamento tipo survey para analisar a integração entre a maturidade da sustentabilidade corporativa e a integração com os sistemas de gestão como ISO 9000, ISO 14000 e OHSAS 18000. Contudo, não há uma proposta de modelo de maturidade para a sustentabilidade. Assim, essa referência não será apresentada como um modelo.

Dessa forma, foram selecionadas as referências Van Marrewijk e Werre (2003), Baumgartner e Ebner (2010), Cagnin, Loveridge e Butler (2013), Amini e Bienstock (2014), Marques-Mendes e Santos (2016), Machado et al. (2017) e Allais, Roucoules e Reyes (2017).

A seguir serão detalhados os modelos encontrados que tem por objetivo apresentar um modelo de maturidade para a sustentabilidade corporativa.