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Análise dos questionários sociodemográficos e do Perfil Profissional

6. ANÁLISES E RESULTADOS

6.2 Análise dos questionários sociodemográficos e do Perfil Profissional

desenvolvimento moral na juventude.

Quanto as referenciais básicas Aberastury et al (1992), Papalia (2000), Piaget (1197), Santrock (2003), Vygostky (1984) e complementar Ariés (1978), Bee (1997), Flavell (1988), Oliveira (1993) e Piaget (1987).

Podemos perceber que o currículo da referida instituição e os da demais, como já foi sinalizado, trazem a discussão sobre a juventude fundamentada solidamente por um viés psicobiológico, determinista, desenvolvimentista e etapista.

Assim, os estudos em sua maioria, no âmbito da Psicologia, são oriundos:

A partir da existência desses jovens, não se buscando em outros grupos a suas idiossincrasias; ao contrário, como se toma a adolescência como universal e natural não há qualquer necessidade de buscar outros grupos para completar os estudos. Esses são buscados apenas para a aplicação dos conceitos já construídos (BOCK, 2007, p.66).

Estas perspectivas naturalizantes, universalistas e a-históricas que permeiam os planos de ensino analisados, impedem a visualização das diversas formas de ser jovem em nossa sociedade, das reais demandas juvenis e dos contextos que circunscrevem essa categoria.

6.2 Análise dos questionários sociodemográficos e do Perfil Profissional

As características acerca dos/das participantes foram obtidas por meio do questionário sociodemográfico e do perfil profissional, o qual estava dividido em três eixos, sendo “o sujeito” o primeiro eixo, trazendo dados de identificação, seu tempo de trabalho com jovens, sua formação profissional e a discussão da temática da juventude e juventude pobre no decorrer da graduação em Psicologia. Os dados foram organizados em tabelas que estão no anexo I e, por meio deles, construímos gráficos que nos possibilitaram às análises abaixo.

Os referidos dados mostraram que os/as psicólogos/as entrevistados/as que atuam no Sistema Único da Assistência dos três municípios pesquisados são maioria do sexo feminino (87%), com idades compreendidas entre 24 e 61 anos, sendo que o maior quantitativo representa 39% possui idade entre 31 a 40 anos. As outras faixas etárias estão distribuídas da seguinte forma: 24 a 30 anos correspondem a 23 %; 41 a 50 anos 30% e de 51 a 60 anos corresponde a 9%.

Estes dados retratam o perfil feminino e relativamente jovem dos/as psicólogos/as que atuam no Sistema Único da assistência, e confirmam os resultados apresentados pela pesquisa

de Macedo et al (2011)26 e do CREPOP (2010)27 realizada com os/as profissionais que atuam

nesse segmento.

Tais dados também são semelhantes à pesquisa da caracterização da profissão do psicólogo realizada por Bastos et al. (2010), a qual constatou que 83,3% dos psicólogos no país são do sexo feminino.

A maioria dos/das participantes (89%) formou-se em estabelecimentos particulares, sendo que 36% deles/delas estão formados há 12 anos (2001 a 2006), 33% (2007 a 2012) há 6 anos. Uma pequena parcela se formou há 32 anos (16%) e outra há 21 anos (13%).

Na pesquisa realizada por Barbosa e Lisboa (2009) dos 396 cursos de Psicologia existentes no Brasil grande parte se encontra em instituições universitárias privadas com fins lucrativos. Tal resultado corrobora com a pesquisa de caracterização do Psicólogo no Brasil (BASTOS et al., 2010).

Do universo dos/das participantes 43% já trabalhavam com jovens desde a graduação e 57% apenas iniciaram após a formação. Quanto à formação continuada dos sujeitos 75,42% possuem pós-graduação, sendo que 65,58 tem especialização, 9,84% possuem mestrado e 24,58, só tem a graduação. No entanto, nem sempre os cursos eram compatíveis com a área de atuação em Políticas Públicas da Assistência e/ou Juventudes, como é o caso, por exemplo, de especializações na área Hospitalar, Saúde, Educacional e Organizacional.

Quanto aos resultados das discussões sobre a temática da juventude e juventude pobre no decorrer da graduação em Psicologia chegamos a tais resultados: 1) no primeiro momento perguntamos se os estudos na graduação contribuíram para a atuação com jovens: Do total da amostra 72% disseram que sim e 28% consideram que não houve contribuição: Dos que responderam sim pedimos que explicassem como identificaram tal contribuição (esse resultado está agrupado a seguir na tabela); 2) no segundo momento interrogamos se existiam discussões curriculares sobre juventudes pobres na graduação, 79% relataram que não e 21% relataram que sim, os/as que responderam sim, interrogamos quais os referenciais teóricos que embasaram tais discussões, esses resultados estão agrupados na tabela a seguir.

Antes de apresentarmos a tabela com os agrupamentos das respostas referidas, vale destacar que em nossa análise dos componentes curriculares dos cursos de Psicologia

26 Macedo et al (2011) realizou cum pesquisa de âmbito nacional, a qual mapeou os/as psicólogos/as que

estavam atuando no SUAS, constatou que dos 8.907 profissionais atuantes nesse área 89,6% são do sexo feminino.

27 Dados dos relatórios descritivos preliminar de pesquisa sobre a Atuação dos Psicólogos no CRAS/SUAS,

agosto de 2010 e Atuação dos Psicólogos no CREAS e outros serviços especiais de acolhida e atendimento domiciliar do SUAS, fevereiro de 2010.

constatamos que eles, não fazem menção à juventude pobre não é sem razão que os/as profissionais disseram que não houve discussão sobre juventude pobre no decorrer da sua formação inicial.

Quadro 6. Principais conteúdos teóricos e práticos do curso de Psicologia utilizados pelos/pelas psicólogos/as na

sua prática profissional junto a jovens.

Conteúdos teóricos-práticos do curso de Psicologia em relação a Juventude N

A) Conteúdos teóricos do curso de Psicologia 61

a) Disciplinas da Psicologia Psicologia do Desenvolvimento Dinâmica de grupo

Dinâmica da adolescência Desenvolvimento na Família Psicologia Social Comunitária Cultura e Subjetividade Psicologia da Personalidade Psicopatologia

b) Abordagem teórica e teórico Winnicot Psicanálise Aberastury Erick Ericson Melane Klaine Freud Pedagogia D. Bosco

Comunidades Eclesiais de base

12 01 01 03 02 01 01 01 08 01 01 01 01 01 01 01 01

B) Conteúdos práticos no curso de Psicologia 09

a) Estágios Psicologia Clínica

Psicologia Escolar 08 01

C) Outras respostas 22

a) Nenhuma disciplina específica 22

Conteúdos teóricos do curso de Psicologia em relação a Juventudes Pobres 03

a) Abordagem teóricas e teóricos Erick Erickson

Luiz Carlos Ozório Margaret Mead

01 01 01

B) Conteúdos práticos no curso de Psicologia 01

a) Estágio: Psicologia Clínica 01

C) Outras respostas 01

a) Nenhuma disciplina específica 01

Uma grande tendência dos/das psicólogos/as participantes foi apontar os aspectos teóricos do curso, mais do que os práticos, como aqueles que embasam sua prática profissional, o que reflete “uma tradição dos cursos de graduação, cuja grade curricular é composta muito mais de disciplina teóricas que prático-instrumentais” (SENNA e ALMEIDA, 2007, p. 205).

Na categoria conteúdos teóricos do curso relacionados a juventudes entre as Disciplinas de Psicologia, especificadas, a Psicologia do Desenvolvimento foi considerada aquela que mais contribuiu para prática dos/das profissionais junto os/às jovens. Tal dado corrobora com as nossas análises dos cursos de Psicologia, pois em todas as instituições

pesquisadas existe a disciplina de Psicologia do Desenvolvimento, na qual majoritariamente em seus planos de ensino é proposta a discussão sobre o período da juventude.

É interessante que as disciplinas que discutem sobre grupos sociais como: Dinâmica de Grupo (01), Psicologia Social Comunitária (02) e Cultura e Subjetividade (01) são apontadas como disciplinas que contribuíram para intervenção junto aos/as jovens. Consideramos esse dado importante, pois uma das propostas das DCN de 2004 é trabalhar os fenômenos sociais, neste caso a juventude, de forma interdisciplinar.

Em relação à categoria abordagens teóricas e teóricos, os teóricos citados: Papaia, Winnicot, Aberastury, Erick Ericson, Melane Klaine e Freud são os mesmos propostos nos planos de ensino dos currículos analisados. Tais teóricos, como já mencionado, adotam a teoria da Psicanálise para discutir sobre o desenvolvimento humano. Essa abordagem teórica apresenta um modelo típico de ser jovem que acaba naturalizando o período juvenil sem levar em consideração as especificidades dessa categoria quando relacionada aos itens: gênero, raça, condição social dentre outros.

Ainda foi citado nesta categoria: Linda Davidoff, a Pedagogia de Dom Bosco e Comunidades de Base eclesiástica. Essas referências não foram encontradas em nenhum dos currículos analisados, talvez estejam incluídos em outros planos de ensino que não fizeram parte dessa pesquisa.

Em relação à categoria conteúdos práticos em Psicologia, 09 (nove) entrevistados/as sinalizam que foi nas disciplinas de estágio na área clínica e Escolar que eles/elas obtiveram contribuição para trabalhar com jovens.

Por fim, na categoria outras respostas, observamos 22 respostas, as quais confirmam a colaboração do curso de Psicologia para o exercício profissional com jovens, no entanto não especificam em qual/is disciplina/s essa temática foi discutida.

Quanto à categoria Conteúdos teóricos do curso de Psicologia em relação a Juventudes pobres, apenas 05 profissionais sinalizaram a contribuição dos estudos na graduação para sua prática com jovens pobres e no subtema abordagem teórico, mencionam autores como Erick Erickson, Luiz Carlos Ozório e Margaret Mead.

Percebemos, mais uma vez, certa predominância nos estudos sobre juventudes que tem os pressupostos teóricos da Psicanálise como base para discutir a temática da juventude. No entanto, diferentemente de Erick Erickson e Ozório, Margaret Mead traz uma discussão antropológica da condição juvenil embasada nos seus estudos em Samoa, a qual irá afirmar que as sociedades vivenciam o período da juventude de forma não padronizada e não homogênea.

Por fim, a categoria Conteúdos práticos no curso de Psicologia, só tivemos 01 resposta a qual diz que a contribuição para intervenção com jovens pobres foi possibilitada no estágio em Psicologia Clínica e na categoria Outras respostas, não soube especificar de onde vieram as contribuições.

Dentro desse contexto, percebemos que esses resultados corroboram com o que foi analisado nos currículos de Psicologia, no que diz respeito aos teóricos que fundamentam as práticas dos/das profissionais junto a juventude. Outra aspecto já sinalizado por nós foi a predominância das contribuições para a intervenção do/da psicólogo/a estarem mais relacionadas as disciplinas teóricas do que práticas.

A seguir iremos apresentar as palavras mais evocadas por esses/essas profissionais quando apresentamos os termos indutores Juventudes e Juventudes pobres e faremos uma relação com os dados até aqui encontrados.