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Questionário sociodemográfico e o perfil dos/das profissionais em atuação no SUAS

5. O MÉTODO

5.2 Questionário sociodemográfico e o perfil dos/das profissionais em atuação no SUAS

Para Almeida (2005), os questionários são instrumentos privilegiados nos estudos das representações sociais, pois a partir de uma análise quantitativa, podemos identificar a organização das respostas e evidenciar os aspectos explicativos ou discriminantes de um grupo. No entanto, nos chama atenção para a limitação desse tipo de instrumento, pois ele pode limitar a expressão dos participantes e simplificar o objeto em estudo.

Porém, tanto na perspectiva Selltiz, Wrightsman e Cook (2001), quanto na de Almeida (2005) há a possibilidade de que o uso de questionário venha a evitar vieses. É o que se pode observar no trecho que se segue:

Os questionários são considerados um instrumento privilegiado no estudo das representações sociais por várias razões: permite a partir da análise quantitativa, identificar a organização das respostas, evidenciar os aspectos explicativos ou descriminantes de uma dada população (análise intragrupo) ou entre populações (análise intergrupos), situar as posições dos grupos estudados em relação aos eixos explicativos etc. Além disso, a possibilidade de padronização do instrumento reduz os riscos de uma interpretação equivocada por parte do pesquisador e evita grandes variações na interpretação das perguntas, já que as questões são exatamente as mesmas para todos os sujeitos (ALMEIDA, 2005, p. 137).

5.3 Questionário de Associação Livre e Hierarquização das Palavras: Juventude e Juventude Pobre

A segunda fase foi a aplicação do questionário de Associação Livre (Anexo H). No estudo das representações sociais, Abric (2003) destaca a importância de procurarmos os elementos que fazem parte do núcleo central, mas ressalta que “o conhecimento do conteúdo não é suficiente, é a organização deste conteúdo que dá o sentido” (p.01). Assim, para o referido autor precisamos conhecer a hierarquização dos elementos que compõem seu conteúdo e compreendermos de que forma estes se relacionam. Como consequência

metodológica, o autor aponta a necessidade de conhecer o núcleo central da representação e apresenta como uma das possibilidades o método da associação livres inaugurado por Vèrges.

Para Abric (2003), as associações livres “fazem aparecer às dimensões latentes que estruturam o universo semântico [...]” (2003, p.04).

Almeida (2005) relata que a técnica de associação livre consiste em mostrar ao sujeito da pesquisa um termo indutor que diz respeito ao objeto de representação pesquisado. A aplicação desses questionários visou identificar o campo semântico da RS de Juventudes Pobres e capturar os seus sentidos, através dos termos indutores: Juventude e Juventude Pobre.

Assim foi solicitado que o/a participante indicasse cinco palavras que lhes vinham à mente quando escutavam o termo indutor Juventude, em seguida que organizassem em ordem de importância. O mesmo procedimento foi solicitado para o termo indutor Juventude Pobre.

A escolha por estes termos objetivou identificar as RS de Juventude Pobre. Queríamos fazer uma comparação sobre os sentidos compartilhados entre os termos indutores Juventude e Juventude Pobre.

Assim, para Almeida (2005), o questionário de Associação Livre e a Hierarquização das palavras nos dá a possibilidade de ter acesso aos conteúdos estruturantes da representação social, ou seja, conhecer seus elementos centrais e periféricos.

A aplicação de todos os questionários do Perfil Sociodemográfico e de Associação Livre e Hierarquização das Palavras nos municípios participantes da pesquisa só foram possíveis mediante a aceitação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido o qual continha os objetivos, os riscos e os benefícios da pesquisa (Anexo A) por parte dos/das psicólogos/as pesquisados/as.

Durante o período de aplicação dos questionários encontramos diversas dificuldades que foram semelhantes entre os municípios tais como: a falta de comunicação muitas vezes entre os/as gestores e os/as profissionais sobre a pesquisa; a grande distancia entre os municípios e até a própria extensão territorial dentro deles, bem como o horário de atuação dos/das profissionais nos serviços que às vezes mudavam de uma semana para outra em decorrência de questões pessoais ou participação em seminários e visitas domiciliares.

Todos os questionários foram aplicados simultaneamente nos três municípios, no município caracterizado de M1 foi comunicado à gestão que estávamos de posse da autorização do Comitê de Ética para iniciarmos a coleta dos dados. Como M1 é um município de grande extensão e possui muitos CRAS, solicitamos à gestora da Proteção Social Básica que reunisse todos/as psicólogos/as em um único espaço e horário para explicarmos a

pesquisa e aplicarmos o questionário. A ideia foi acatada e dessa forma aplicamos os questionários do perfil sociodemográfico e o de Associação Livre e Hierarquização de Palavras para os/as profissionais que puderam comparecer a esse momento.

Nesse mesmo município realizamos a aplicação dos questionários junto aos/as profissionais que atuam na Proteção Social de Média e Alta Complexidade. Em decorrência dos serviços oferecidos nesse setor serem diversificados, ou seja, atende a públicos com demandas, sexo e idades diferentes, não conseguimos reunir os/as profissionais em um mesmo local e horário. Dessa forma, fomos em cada uma das 10 unidades desse setor. Em muitos desses espaços tivemos que retornar mais de uma vez além dos vários contatos que realizávamos para agendarmos um horário.

O segundo Município - M2 realizamos contatos com uma coordenadora de um dos CRAS do município, a qual se dispôs a entrar em contato com toda rede de Proteção Social Básica informando da pesquisa e dá importância em participar, comunicando que a mesma foi autorizada pela gestora responsável pelo setor. A mesma ainda disponibilizou todos os contatos telefônicos e nomes dos/das profissionais que prestam serviços a Proteção Social de Média a Alta Complexidade.

Em decorrência desse contato, a pesquisadora conseguiu participar de um evento promovido pela prefeitura, no qual todos/as os/as profissionais da Política de Assistência Social haviam sidos convidados/as inclusive os/as psicólogas. Nesse momento foi possível aplicar os questionários em quase todos/as os/as profissionais que atuam no CRAS.

Apesar da coordenadora do CRAS ter facilitado a comunicação entre a rede e a pesquisadora, surgiram dificuldades de comunicação com alguns/algumas psicólogos/as, tanto do CRAS como e principalmente da Proteção Social Especial de Média Complexidade.

E por fim, no nosso terceiro município M3 encontramos a mesma dificuldade que os demais em decorrência tanto da sua extensão territorial quanto da dificuldade dos horários fixos dos/das profissionais, além da dificuldade de localizá-los, visto que é um serviço que está tendo deficiência de pessoal no quadro de psicólogos/as.

O material dos questionários foi depositado sob a guarda do Laboratório de Interação Social Humana – LABINT do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco, sob a responsabilidade da professora orientadora.

Após a análise da primeira parte dos questionários, um novo contato telefônico foi feito para agendamento do grupo focal. Os/as participantes do Grupo Focal foram psicólogos/as que prestavam serviços exclusivamente para jovens pobres na faixa etária de 14 a 29 anos.