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ANÁLISE DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE UM EMPREENDIMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL, ESTUDO DE

No documento Resíduos sólidos (páginas 110-120)

PRODUZIDOS PELA ATIVIDADE TURÍSTICA NA PRAIA DO MORRO DE SÃO PAULO-BA

2.4. ANÁLISE DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE UM EMPREENDIMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL, ESTUDO DE

CASO EM CAMARAGIBE – PE

MORAIS, Maria Monize de

Departamento de Tecnologia Rural da Universidade Federal Rural de Pernambuco. monize_morais12@hotmail.com

PAZ, Yenê Medeiros

Departamento de Tecnologia Rural da Universidade Federal Rural de Pernambuco. yenemedeiros@hotmail.com

PAZ, Diogo Henrique Fernandes da

Escola Politécnica de Pernambuco – POLI/UPE diogo.henriquepaz@gmail.com

HOLANDA, Romildo Morant de

Departamento de Tecnologia Rural da Universidade Federal Rural de Pernambuco. romildomorant@gmail.com

RESUMO

Sabendo que os resíduos de construção civil tem sido um problema a ser tratado pelas construtoras, pois podem de causar degradação ambiental, caso não sejam tratados e destinados de forma ambientalmente adequada, esse trabalho visa fazer uma análise do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Demolição e de Construção Civil de uma empresa, que está construindo um Shopping no município de Camaragibe, na Região Metropolitana do recife. Sendo assim, buscou-se avaliar a forma de acondicionamento adotada pela obra, a qualidade da segregação e armazenamento dos resíduos, as formas de reaproveitamento e reciclagem de resíduos, e a destinação final adotada para os rejeitos. Para isso foram realizadas visitas ao local e entrevistas com o gerente de meio ambiente. A partir desses dados, comparou-se o que está previsto na legislação Estadual, Municipal e Federal que tratam de tais resíduos, ficou-se evidenciado que tais planos estão de acordos com a legislação.

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1. INTRODUÇÃO

O lixo é tratado tecnicamente como resíduo sólido e, geralmente, seu conceito está associado a algo que não queremos ter por perto (MELO, 2012). Mas, para Espinosa e Tenório (2004 apud Melo, 2012), do ponto de vista ambiental, as formas de poluição são diversas e o resíduo sólido possui um significado importante, o qual pode ser visto na NBR 10004 (ABNT, 2004). Resíduos sólidos são caracterizados como todo material, objeto ou bem descartado, que resulta de atividades humanas, no estado sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes líquidos, que possui particularidades que o torna inviável seu descarte em rede pública de esgotos ou corpos d’água, (BRASIL, 2010), cuja destinação deve se proceder de maneira a não degradar os recursos naturais.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) classifica os resíduos sólidos em quanto a sua composição e quanto a sua periculosidade. Conforme Brasil (2014) com relação a composição podem ser: resíduos domiciliares, resíduos de limpeza urbana, resíduos sólidos urbanos, resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, resíduos dos serviços públicos de saneamento básico, resíduos industriais, resíduos de serviços de saúde, resíduos da construção civil, resíduos agrossilvopastoris, resíduos de serviços de transportes, e resíduos de mineração. Com relação a periculosidade estes podem ser perigosos ou não perigosos.

Anteriormente a publicação da PNRS a Resolução Conama nº 307/2002 (BRASIL, 2002) em seu art. 3º já fazia menção a classificação dos Resíduos da Construção Civil (RCC) em classes distintas:

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de

infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,

papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação; IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros (BRASIL, 2002).

Conforme está previsto na Lei nº 17.072/2005 (PERNAMBUCO, 2005) no Art. 1º inciso I, “os resíduos da construção civil (RCC) são provenientes das atividades de construções, reformas, reparos, demolições, terraplenagem e atividades correlatas”. A legislação pernambucana traz na definição do termo similaridades com outras normativas (CONAMA, 2002; BRASIL, 2010). Sua definição é de grande relevância no cenário atual, tendo vista o crescimento dos centros urbanos brasileiros. Este passa a ser uma questão de grande interesse público para o correto gerenciamento dos mesmos, pois “os Resíduos de Construção e Demolição (RCD) representam, em média, 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos, tanto no Brasil quanto em outros países” (PINTO, 1999; John, 2000; apud Ângulo et al., 2002). Segundo Gusmão (2008) apud Guerra (2009) somente a cidade do Recife gera de 3.000 a 4.000 ton/dia RCC, e somente cerca de 3% são destinados corretamente.

Conforme a Resolução Conama nº 307/02 (CONAMA, 2002) no Art. 2º inciso V, o gerenciamento de resíduos tem por objetivo reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações

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necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos. A importância da realização de um gerenciamento de resíduos adequado se reflete na minimização de problemas ambientais provocados pelo descarte inadequado desses resíduos e no potencial de uso desses materiais reciclados em outras obras de construção civil.

Para que a produção de resíduos na Construção Civil (RCC) seja reduzida, as empresas devem implantar estratégias gerenciais e logísticas, incluindo qualificação de mão de obra, pesquisa e implantação de técnicas construtivas menos impactantes do ponto de vista ambiental, e aprimoramento de processos de transporte e estocagem (LUZ et al., 2008). Nesse contexto, a destinação correta dos resíduos de construção civil tem grande importância para o meio ambiente, visto que os mesmos causam impactos tanto para o meio ambiente quanto ao ser humano.

Dentre os impactos causados tem-se: poluição visual; obstrução de vias; degradação da vegetação; assoreamento dos rios, lagos e córregos; proliferação de insetos vetores de doenças, entupimento da rede de drenagem urbana; poluição atmosférica; contaminação do solo; e contaminação das águas (MORALES et al., 2011). Nesse sentido, Ribeiro (2010) enfatiza que uma boa gestão de resíduos sólidos envolve as etapas de caracterização, separação e destinação final conforme previstos em normas, de forma a buscar uma redução dos impactos negativos causados ao meio ambiente.

Diante do exposto, o presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise do Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção e Demolição (PGRCD) de um shopping em construção no município de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife (RMR), verificando-se as adequações as de acordo com as legislações estadual, municipal e federal.

2. METODOLOGIA

O trabalho possui um caráter descritivo, tendo em vista que busca “descrever, narrar, classificar características de uma situação e estabelecer conexões entre a base teórica conceitual existente ou de outros trabalhos já realizados sobre o assunto” (CHAROUXE, 2006 apud PAZ et al., 2013). O caráter descritivo se dá pela caracterização da obra, dos resíduos produzidos e suas destinações. A pesquisa também possui caráter quantitativo, pois a partir da análise do PGRCD, buscou-se quantificar os resíduos de demolição oriundos do antigo empreendimento construído no local, em que foi necessária sua demolição para a construção das obras; bem como os resíduos gerados na etapa de construção.

Os procedimentos metodológicos para desenvolvimento do trabalho ocorrem em duas etapas distintas, simultaneamente: Levantamento de dados secundários: Para contextualização do tema foi realizada pesquisa bibliográfica a partir de artigos de periódicos, teses, dissertações, sites com um bom nível de confiança, além de uma análise das legislações municipal, estadual e federal acerca dos RCC e RCD, assim como da destinação final adequada desses resíduos.

a. Levantamento de dados primários: O trabalho foi realizado junto a um empreendimento

construtivo composto por 7 (sete) construtoras que estão desenvolvendo a obra de um Shopping Center para o município de Camaragibe. Para realização do estudo foram feitas visitas in loco, buscando-se compreender e detalhar a gestão dos RCC. Foram feitas duas visitas no mês de abril de 2014, onde a obra encontrava-se na fase de instalação das estruturas metálicas.

Durante as visitas foram realizadas entrevistas não estruturadas junto ao gestor de meio ambiente do empreendimento, foi obtido o PGRCD e discutido os pontos junto aos responsáveis. De posse das informações foram realizadas checagens in loco referentes ao acondicionamento dado aos resíduos na obra, a eficiência da triagem e segregação, armazenamento, reaproveitamento e reciclagem,

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e a destinação final adotada para os rejeitos. O empreendimento construtivo está desenvolvendo a obra do Shopping Center numa área denominada de Complexo Construtivo (Figura 1), pois além da construção do shopping, outras obras serão desenvolvidas como uma Instituição de Ensino Superior, edifícios residenciais, áreas de lazer, hotel e edifícios empresariais. Mas durante as visitas ao local foram observados apenas os aspectos referentes ao Shopping Center.

Figura 1. Localização do empreendimento. Fonte: Google maps (2014).

O município de Camaragibe está em fase de desenvolvimento, com o desenvolvimento de inúmeros projetos em áreas próximas tem aumentado a oferta de empregos e movimentado a economia local. Este encontra-se localizado na RMR e, segundo o IBGE (2014), possui uma área de 51,257 km², com uma população 144.466 habitantes. Município vizinho a São Lourenço da Mata, local onde a Arena Pernambuco foi construída, também conseguiu incentivos para melhoria das condições do município para facilitar o acesso à Arena.

3. RESULTADOS

O PGRCD foi elaborado em etapas anteriores a execução da obra do Shopping, devido a necessidade da demolição do antigo empreendimento que funcionava no local. Para tal foi necessário a elaboração do mesmo visando quantificar e qualificar os resíduos que seriam gerados durante a etapa de demolição. O empreendimento anterior funcionou por muitos anos como uma fábrica de tecidos, e para adequação da área a construção do shopping este foi demolido, mas os resíduos gerados foram armazenados e beneficiados para posterior uso na construção do shopping.

Para etapa de construção do Shopping, o PGRCD estimou uma geração total de RCC de

aproximadamente 91.000 m3, classificados como resíduos Classe A, conforme está descrito na Resolução

Conama nº 307/02 (CONAMA, 2002). Além disso, foi realizada uma estimativa do custo da mão-de-obra, do transporte e destinação correta dos resíduos de demolição, que apresentou um valor de R$ 2.240.000,00 (dois milhões e duzentos e quarenta mil reais) e os impactos ambientais que seriam gerados pelo transporte e destinação dos resíduos de demolição (Figura 2).

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Figura 2. Resíduos de demolição. Fonte: Os autores (2014).

Buscando-se mitigar e até mesmo anular impactos ambientais e sociais provocados pelos resíduos da demolição, as empresas do empreendimento optaram por contratar e instalar uma máquina recicladora de resíduos da construção no canteiro de obras, denominada de britadeira (Figura 3), com o objetivo de beneficiar todos os resíduos da demolição e construção que venham a ser gerados no empreendimento. À luz disso, Souto e Povinelli (2013) explicam que com o crescimento das preocupações voltadas para os problemas de degradação ambiental e a constatação de que os resíduos agravam esses problemas, algumas mudanças de paradigma no gerenciamento dos resíduos sólidos começaram a acontecer e, assim, passou a ser cada vez mais relevante reaproveitar ao máximo esses resíduos e, quando não houver esta possibilidade destiná-los de forma adequada.

Figura 3. Britadeira utilizada na obra. Fonte: Os autores (2014).

As atividades de demolição foram iniciadas no mês de janeiro de 2013 e, concomitantemente, o Departamento de Sustentabilidade da empresa elaborou e implantou o Programa Desperdício Zero e o Programa de Gerenciamento de Resíduos. Estes possuem como principal objetivo a gestão correta dos resíduos, focando prioritariamente na não geração de resíduos durante a execução de todas as etapas da obra. Esse programa foi elaborado com base no que está previsto na lei municipal nº 461/10 (CAMARAGIBE, 2010) em seu art. 18 quando especifica que:

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Toda atividade geradora de resíduos em quantidade superior a 1(uma) t, ou aqueles que pretendam se instalar ou construir no território do município de Camaragibe, deve obter licença de operação e para tanto submeter à aprovação do órgão municipal responsável pela limpeza pública o respectivo Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, para cada uma das unidades instaladas, tendo como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos gerados na atividade.

Em Parágrafo único, a referida lei ainda completa que

O projeto deve ser apresentado ao órgão municipal responsável pela limpeza pública para devida apreciação e, sendo aprovado, comporá o acervo de documentos apresentados na solicitação da licença de construção junto ao órgão municipal responsável pelo ordenamento urbano.

Dessa forma, a empresa fica obrigada a elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, para que sua licença de operação seja concedida. Souto e Povinelli (2013) completam essa idéia afirmando que para que o gerenciamento dos resíduos sólidos ocorra de forma adequada, é necessário conhecer primeiro: seus aspectos qualitativos, isto é, o tipo de resíduos que se deseja gerenciar; e, quantitativos, ou seja, a quantitativo que é gerada desse resíduo.

O programa de gerenciamento dos resíduos da obra estabelece todas as diretrizes e procedimentos necessários para a gestão correta dos resíduos que vierem a ser gerados na obra, considerando as diferentes classificações e sempre de acordo com as legislações ambientais vigentes, conforme a PNRS (BRASIL, 2010) no Art. 20, quando menciona que “estão sujeitos à elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos” e na alínea b quando especifica que aquelas atividades que “gerem resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por sua natureza, composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal” e no inciso III enquadra as empresas de construção civil, nos termos do regulamento ou de normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama).

Portanto, visando o cumprimento da legislação, em síntese, são realizadas três atividades no empreendimento:

a. Reutilização em obra:

Esse processo ocorre com o auxilio da britadeira que transforma, através de um processo mecânico, os resíduos de demolição em materiais de diferentes granulometrias, chamados de agregados reciclados. Esses materiais são reutilizados na própria obra como, por exemplo, na pavimentação de ruas e calçadas, sendo sempre supervisionada e autorizada por um responsável técnico.

Durante o processo mecânico ocorre a geração de particulados, que podem causar diversos impactos, dentre eles o incomodo a comunidade do entorno com poeira e incidência de doenças respiratórias. Sendo assim, através de sistemas de aspersão de água de reuso, é possível a minimização na emissão de particulados, diminuindo transtornos provocados à população.

b. Reaterros em obras:

Os resíduos da construção provenientes das atividades de escavação do solo são armazenados e destinados à reaterros dentro da própria obra, devidamente autorizado e supervisionado pelo

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responsável técnico, reduzindo significativamente impactos sociais, ambientais e econômicos da aquisição de solo de outras regiões.

c. Reciclagem:

Os resíduos enquadrados como Classe B (Figura 4) segundo a Resolução Conama 307/2002 (plástico, metal, papel, papelão e vidro) são destinados à uma Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis do município de Camaragibe. O objetivo desta ação é incluir estes profissionais na gestão adequada dos resíduos recicláveis da obra, incluindo o meio social e econômico na questão ambiental.

Figura 4. Disposição dos resíduos Classe B. Fonte: Os autores (2014).

No que se refere a contabilização dos resíduos gerados na obra, tem-se 4.728,58 m³ de resíduos Classe A, referentes ao período de junho de 2013 à fevereiro de 2014. O quantitativo gerado está sendo reutilizado na construção do próprio shopping. Em se tratando dos resíduos Classe B, durante o ano de 2013 foram gerados 5.039 kg, entre plástico, papel e papelão. Para essa mesma classe de resíduos, nos meses de janeiro à abril de 2014 já foram gerados 2.657,5 kg (Tabela 1). Essa quantificação de geração é tão importante para o planejamento do seu gerenciamento quanto a caracterização qualitativa dos resíduos (SOUTO & POVINELLI, 2013).

Tabela 1. Quantificação dos resíduos gerados na obra.

Tipo Geração em 2013 (kg) Geração em 2014 (kg) Plástico 126 33,5 Papel 947 150 Metal 3966 2474 TOTAL 5.039 2.657,5 Fonte: os autores (2014).

Os dados apresentados na tabela 1 mostram que em ambos os anos apresentados há pouca geração de plásticos e papel. Isso se deve ao programa do empreendimento que prevê a mínima geração de resíduos Classe B. No entanto, pode-se observar que há uma geração bastante significativa de metal

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tanto no ano de 2013 (Figura 5), quanto no ano de 2014 (Figura 6), essa, por sua vez, ocorre devido as demolições realizadas no local.

Figura 5. Porcentagem de resíduos Classe B gerados em 2013. Fonte: os autores (2014).

Figura 6. Porcentagem de resíduos Classe B gerados em 2014. Fonte: os autores (2014).

No tocante aos resíduos Classes C e D (Figura 7), estes quase não são gerados na obra, porém os gerados são encaminhados a empresas especializadas e licenciadas pelos órgãos ambientais competentes para a destinação adequada.

Ainda conforme o PGRCC do referido empreendimento, todos os resíduos que forem encaminhados as Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis do município e a outras empresas, antes da liberação interna, devem seguir junto ao manifesto de resíduos, com cópias para as empresas responsáveis pelo transporte e pela destinação final dos seus resíduos sólidos. No manifesto, consta a quantidade de resíduos encaminhada pelo empreendimento, os dados da empresa que receberá e destinará os resíduos, assim como as informações do transportador.

A necessidade desses procedimentos se deve a “Responsabilidade Compartilhada”, explicitada através da PNRS (BRASIL, 2010) em seu art. 30. quando menciona que “é instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos”.

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Figura 7. Disposição dos resíduos Classes C e D. Fonte: Os autores (2014).

4. CONCLUSÕES

Diante do exposto, verifica-se que a empresa está de acordo com as legislações nas esferas federal, estadual e municipal, possuindo um PGRCD que consegue abordar questões teórico-conceituais presentes nas normativas e legislações pertinentes, assim como possui aspectos práticos e está sendo executado durante todo o processo construtivo. Os benefícios adquiridos são de ordem ambiental, econômica e social, tanto para a empresa quanto para a população do entorno. Os impactos ambientais inerentes das etapas de construção foram previstos pelo PGRCD, assim como as maneiras para mitigá-los. Contudo o empreendimento não trouxe apenas impactos negativos para a localidade pois além de proporcionar a geração de emprego e renda para uma parcela do município, contribuiu com um projeto que prevê melhorias para o desenvolvimento econômico da localidade.

Nesse sentido, é possível afirmar que a empresa está cumprindo o desafio de destinar de forma ambientalmente correta tanto os resíduos de demolição, reutilizando-os na no seu processo construtivo, quanto os resíduos da construção, apoiando Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis com a destinação dos resíduos Classe B.

REFERÊNCIAS

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No documento Resíduos sólidos (páginas 110-120)