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GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE LIMOEIRO – PE

No documento Resíduos sólidos (páginas 81-92)

ANÁLISE DA PROBLEMÁTICA DO BAIRRO ALTIPLANO, JOÃO PESSOA, PARAÍBA

Capítulo 2. Gerenciamento e gestão ambiental

2.1. GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE LIMOEIRO – PE

LIMA, Andréa Karla Travassos de

Faculdade Damas da Instrução Cristã. Faculdade de Ciências Aplicadas de Limoeiro Faculdade Joaquim Nabuco – Campus Recife andreatravassosk@hotmail.com

ASSUNÇÃO, Luiz Márcio

Faculdade Damas da Instrução Cristã, Universidade de Pernambuco - UPE luizmarcioassuncao@gmail.com

RESUMO

A Lei nº 12.305/2010 propõe mudanças na gestão de resíduos dos municípios brasileiros. Para o município de Limoeiro no Estado de Pernambuco não é diferente. O presente trabalho pretende apresentar ações que o município está realizando no sentido de se ajustar a legislação vigente. Para isto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e uma entrevista com o secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente do município. Conclui-se que o objeto de estudo está trabalhando no sentido se ajustar a Política Nacional de Resíduos Sólidos com a inclusão da proposta a Fundação Nacional de Saúde para a implantação de forma consorciada de um abatedouro de animais com usina de geração termoelétrica agregada. No entanto, acredita-se que esta proposta não é suficiente para o ajustamento do município.

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1.

INTRODUÇÃO

A Política Nacional de Resíduos Sólidos- PNRS, Lei nº 12.305 inovou a gestão de resíduos dos municípios brasileiros. Se antes, para algumas prefeituras a preocupação consistia na coleta e destinação para um terreno a céu aberto, os conhecidos lixões, hoje as prefeituras devem realizar uma gestão de resíduos sólidos urbanos. Nesta devem implantar a coleta seletiva, incentivar a criação de cooperativas ou associações de catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis. Dentre tantas determinações trazidas pela PNRS, uma das mais discutidas é o encerramento das atividades dos lixões brasileiros, até agosto de 2014.

Com a finalidade de entender como os municípios pernambucanos estão realizando a gestão de resíduos sólidos urbanos escolhe-se o município de Limoeiro. Este foi escolhido por possuir uma Autarquia de Ensino Superior, a Faculdade de Administração de Limoeiro, onde a autora trabalha como docente e percebe a influência da faculdade na formação de administradores da região que atuam na gestão pública como prefeitos e secretários municipais.

O objetivo deste trabalho é apresentar a situação atual de Limoeiro em relação à Lei nº 12.305/2010 com embasamento teórico de diversos autores relacionados ao tema.

2. METODOLOGIA

Para a construção deste trabalho foi escolhido o município de Limoeiro que de acordo com o Censo (2010) realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a população atual de Limoeiro é de 55.439 habitantes, distribuído em urbana (44.560) e rural (10.879). O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de 0.688. A Renda per capita de 118,03 (IBGE, 2000). Por mil nascidos vivos o município possui uma mortalidade infantil de 11,92 (IBGE, 2007). Limoeiro é um município integrante da Região de Desenvolvimento do Agreste Setentrional de Pernambuco. Com aproximadamente 270 km² de

extensão e limitando-secom os municípios de Carpina, Lagoa do Carro e Buenos Aires (a leste); Vicência,

e com municípios do Agreste (ao norte); Salgadinho, João Alfredo e Bom Jardim (a oeste); Passira e Feira Nova (ao sul) (LIMOEIRO, 2006). Este foi escolhido por possuir uma Autarquia de Ensino Superior, a Faculdade de Administração de Limoeiro, onde a autora atua como docente.

A coleta de dados foi realizada através de uma pesquisa bibliográfica e uma entrevista estruturada com o secretário de Agricultura e Meio Ambiente do município em estudo. A entrevista foi realizada no dia 20 de junho de 2014 na secretaria acima citada. A entrevista e estruturou em cinco temáticas: o conhecimento do secretário sobre os princípios, objetivos e instrumentos da Política Nacional de Resíduos sólidos; a elaboração do Plano de Gestão Integrada de Resíduo Sólido Municipal; a destinação e disposição final dos resíduos; a situação atual dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis e as ações atuais da secretaria para a promoção da gestão de resíduos adequada as determinações da Lei 12.305/2010.

Tais dados foram tratados com a contribuição da pesquisa bibliográfica, através de autores como: Seiffert, Magera, Gonçalves, Dias e das Leis 12.305/2010 entre outros autores relacionados ao tema.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O primeiro questionamento realizado ao secretário de Agricultura e Meio Ambiente foi se o mesmo conhecia os princípios, objetivos e instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O entrevistado afirmou que os conhecia, mas não de maneira detalhada.

De acordo com a Lei 12.305 (BRASIL, 2010, art. 6) são princípios da política de resíduos: I. a prevenção e a precaução;

II. o poluidor-pagador e o protetor-recebedor;

III. A visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública;

IV. o desenvolvimento sustentável;

V. a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta;

VI. a cooperação entre diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade;

VII. a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

VIII. o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania; IX. o respeito às diversidades locais e regionais;

X o direito da sociedade à informação e ao controle social; XI. a razoabilidade e a proporcionalidade (BRASIL, 2010, art. 6).

Para Seiffert (2011) o princípio poluidor-pagador pode ser entendido como princípio de responsabilidade, pois faz com que o responsável pelo dano ambiental passe a ter responsabilidade objetiva e financeira pela proteção do meio ambiente. Ainda Seiffet (2011) destaca que tal princípio apresenta um caráter preventivo, mas também reparatório e indenizatório com o objetivo de incentivar a utilização dos recursos naturais de maneira racional. Já o princípio do protetor-recebedor apresenta a

lógica inversa do anterior. De acordo com Ribeiro (2005 apud ARAÚJO; JURAS 2011) o princípio destaca

que o agente que protege um bem natural visando o benefício da sociedade deve receber uma compensação financeira. A Lei 12.305/2010 foi o primeiro diploma legal a assumir a adoção do princípio protetor-recebedor.

Ainda em relação os princípios destacam-se a visão sistêmica e o desenvolvimento sustentável. O primeiro salienta a importância de considerar variáveis ambientais, culturais, econômicas e de saúde pública. Tais variáveis também fazem parte dos pilares do desenvolvimento sustentável. O conceito de desenvolvimento sustentável segundo Seiffet (2011 p. 26) foi citado inicialmente no relatório da Brundtland Commission, em 1987 que abordou como “aquele que utiliza os recursos naturais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas”. Para alcançar este

desenvolvimento de acordo com Sachs (1993 apud Seiffet, 2011) é necessário um equilíbrio entre cinco

dimensões: ecológica, social, econômica, cultural e geográfica ou espacial.

Em relação ao princípio da ecoeficiênciao autor Dias (2011) relata que consiste em produzir mais com menos, com a redução de energia, de resíduos gerados e de poluição no meio ambiente. No que se refere ao princípio da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Com o advento da Lei 12.305 (BRASIL, 2010, art. 30) são responsáveis os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços de limpeza urbana são responsáveis pelos resíduos.

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É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos... (BRASIL, 2010, art. 30). No âmbito estadual reza na Lei 14.236 (PERNAMBUCO, 2010, art. 17), as atribuições do Poder Público Municipal:

I - organização e o gerenciamento dos sistemas de segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento, destinação e disposição final dos resíduos sólidos.

II - a elaboração e implantação do Plano Municipal de Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos, nos termos previstos nesta Lei (PERNAMBUCO, 2010).

Nesse contexto, os municípios devem realizar o gerenciamento, levando em consideração a segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, destinação e disposição final, além de elaborar e programar o plano de resíduos no âmbito municipal.

O reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como bem econômico e de valor social. Para Gonçalves (2003) o resíduo como qualquer outra área pode resultar em dinheiro se for bem assessorado e bem administrado. De acordo com a Lei 12.305 (BRASIL, 2010, art. 7) são objetivos da PNRS:

I. proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;

II. não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição ambientalmente adequada dos rejeitos;

III. estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo;

IV. adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais;

V. redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos;

VI. incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados;

VII. gestão integrada de resíduos sólidos;

VIII. articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor empresarial, com a cooperação técnica e financeira para a gestão integrada dos resíduos sólidos;

IX. capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;

X. regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação de serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos serviços prestados,como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira, observada pela Lei 11.445, de 2007;

XI. prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para: a) produtos reciclados e recicláveis;

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b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;

XII. Integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

XIII. estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto;

XIV. Incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético;

XV. Estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável (BRASIL, 2010, art. 7).

Nesse contexto, fazem parte dos objetivos da política de resíduos, a proteção da saúde e do meio ambiente através de uma priorização na gestão de resíduos. Assim como o incentivo às indústrias de reciclagem, a articulação entre o poder público e o privado, a capacitação técnica continuada, a prioridade em aquisições e contratações governamentais de produtos recicláveis e reutilizáveis e a integração dos catadores nas ações de responsabilidade compartilhada.

Para Seiffert (2011) a gestão ambiental não é um conceito novo, no entanto, vem amadurecendo com o passar dos anos. Sua evolução histórica aconteceu associada às demandas de saneamento básico e crescimento das metrópoles. Para este autor trata-se de um novo paradigma de controle ambiental. De acordo com Dias (2011) a gestão ambiental é o principal instrumento para conseguir um desenvolvimento sustentável das indústrias. Cumprir as normas legais é obrigatório para as empresas que pretendam implantar um sistema de gestão ambiental. Segundo a Lei 12.305 (BRASIL, 2010, art. 8) são instrumentos da PNRS:

I - os planos de resíduos sólidos;

II - os inventários e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos;

III - a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; IV - o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis;

V - o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária;

VI - a cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, processos e tecnologias de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos e disposição final ambientalmente adequada de rejeitos;

VII - a pesquisa científica e tecnológica; VIII - a educação ambiental;

IX - os incentivos fiscais, financeiros e creditícios;

X - o Fundo Nacional do Meio Ambiente e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico;

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XI - o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir); XII - o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa);

XIII - os conselhos de meio ambiente e, no que couber, os de saúde;

XIV - os órgãos colegiados municipais destinados ao controle social dos serviços de resíduos sólidos urbanos;

XV - o Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos; XVI - os acordos setoriais;

XVII - no que couber, os instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente, entre eles:

a) os padrões de qualidade ambiental;

b) o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais;

c) o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; d) a avaliação de impactos ambientais;

e) o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima);

f) o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; XVIII - os termos de compromisso e os termos de ajustamento de conduta; XIX - o incentivo à adoção de consórcios ou de outras formas de cooperação entre os entes federados, com vistas à elevação das escalas de aproveitamento e à redução dos custos envolvidos (BRASIL, 2010, art. 8).

O Plano de Resíduos Sólidos é um instrumento da política de resíduos com prazo para ser elaborado de dois anos de acordo com a Lei 12.305 (BRASIL, 2010, art. 55). Assim, como a lei foi aprovada em agosto do ano de dois mil e dez, o prazo terminaria em agosto de 2012. Neste caso, o prazo estabelecido já se esgotou. Nesse contexto, o secretário foi questionado sobre o Plano de Resíduos Municipal. De acordo com o mesmo, o município não elaborou o plano, e destacou a dificuldade financeira para custear uma empresa terceirizada para esta elaboração. Mencionou ainda ter recebido algumas propostas de empresas, mas, que o município não dispunha de recursos financeiros suficientes para tal elaboração.

A educação ambiental segundo Gonçalves (2003) visa a sensibilização dos indivíduos para as questões ambientais. No entanto, mudanças motivadas por sensibilização tendem a ser para sempre.

O terceiro questionamento foi em relação à destinação e disposição ambientalmente adequada dos resíduos sólidos que segundo a Lei 12.305 (BRASIL, 2010, art. 3º incisos VII e VIII) a primeira discorre sobre a destinação dos resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético incluindo a disposição final, que é a “distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos” (BRASIL, 2010). Nesse contexto, o que deve ser direcionado para os aterros são os rejeitos que são de acordo com a mesma PNRS resíduos sólidos após o esgotamento de todas as possibilidades de aproveitamento.

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De acordo com o entrevistado o município em estudo não possui programas de reciclagem nem compostagem. Também não existe uma proposta para a instalação de um aterro sanitário no município. O mesmo destaca um receio de que por falta de tratamento específico o futuro aterro sanitário se transforme novamente em um lixão.

O lixão pode ser conceituado Muhringer e Shayer (2007) como sendo um local que se destina os resíduos sem qualquer tratamento ou controle. Enquanto o aterro sanitário deposita os resíduos em terrenos escolhidos após estudos geográficos, topográficos e de impacto ambiental. Segundo os autores a destinação mais adequada é o aterro sanitário, pois existe a impermeabilização do solo, drenagem de gases e de chorume, também possui medidas para reduzir os odores, controlar incêndios e evitar animais vetores de doenças.

Segundo Scarlato e Pontin (1992) o aterro sanitário é construído com critérios de engenharia e normas operacionais específicas o que proporciona o confinamento seguro dos resíduos, os quais, a exemplo do aterro controlado, também são recobertos de argila. Esta é compactada em níveis considerados satisfatórios, com um sistema de drenagem superficial, para afastar a água da chuva, drenagem de fundo para a coleta do chorume e a queima dos gases que são gerados no processo de bioestabilização da matéria orgânica.

O Plano de Resíduos Sólidos do Estado de Pernambuco (2012 p. 132) mostra que na Região do Agreste Setentrional possui dezoito lixões dos dezenove municípios, de acordo com o mesmo a destinação final de Limoeiro é lixão. Pode-se perceber na Fotografia 1 o lixão do município com a existência de fumaça sinalizando a existência de queima dos resíduos.

Fotografia 1. Lixão do município de Limoeiro – Pernambuco. Fonte: Lima, 2012.

Na fotografia 2 pode-se perceber a separação dos resíduos realizada pelos catadores no lixão. Dessa forma, apesar do secretário informar que não existe reciclagem no município objeto do estudo. Esta existe de maneira informal com a atividade dos catadores.

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Fotografia 2. Resíduos secos separados no lixão de Limoeiro. Fonte: Lima, 2012.

De acordo com Matos e Granato (2006) a reciclagem consiste na devolução dos resíduos para o ciclo da produção. Para os autores a participação da população ainda é muito pequena, pois são poucos os domicílios que fazem a separação dos resíduos. Segundo a Lei 12.305 (BRASIL, 2010, art. 35) quando o município estabelecer o sistema de coleta seletiva pelo plano de gestão integrada de resíduos os consumidores serão obrigados acondicionar e disponibilizar adequadamente os resíduos de forma diferenciada para a reutilização e reciclagem. Para Muhringer e Shayer (2007) a reciclagem diminui a quantidade de resíduos destinados a lixões e aterros, além de economizar água, energia e recursos naturais na produção de bens e consumo. O processo de reciclagem se divide em três etapas: coleta, produção e venda. A implantação da coleta seletiva, de acordo com a Lei 12.305 (BRASIL, 2010 art. 18, II) deve ser feita com a participação de cooperativas e associações de catadores, formadas por pessoas físicas de baixa renda.

Conforme Magera (2005) o catador faz parte da solução da problemática dos resíduos mesmo com uma visão limitada sobre ecologia ou desenvolvimento sustentável. Esses catadores ainda de acordo com Magera (2005) vêm trabalhando de maneira amadora pois a presença de cooperativas de reciclagem ainda é modesta e com infra estrutura precária. De acordo com o Plano de Resíduos Sólidos do Estado de Pernambuco (2012 p. 160) o município objeto de estudo possui 20 catadores. De acordo com o Compromisso Empresarial para Reciclagem, a PNRS altera a gestão de resíduos do Poder Público. Pois deverá elaborar planos com metas sobre resíduos com a participação dos catadores; os lixões precisam ser erradicados em quatro anos; as prefeituras devem passam a fazer a compostagem (CEMPRE, 2010).

O quarto questionamento está relacionado à situação atual de catadores, se está de acordo com o Plano de Resíduos Sólidos do Estado de Pernambuco e se existe algum projeto em benefício dos catadores. De acordo com o entrevistado, a secretaria não possui nenhum cadastro que possibilite quantificar os catadores do município e até o momento da entrevista não existe nenhum projeto. Gonçalves (2003) destaca o círculo perverso e o círculo virtuoso da reciclagem. O círculo perverso seria como a reciclagem acontece atualmente e o círculo virtuoso como poderá acontecer, no caso de se fortalecer os elos da cadeia da reciclagem que são o consumidor, o catador, o atravessador e a indústria. O consumidor e o catador são muitos “ineficientes”, os consumidores não procuram destinar de forma correta os resíduos e não existe uma articulação por parte das associações e cooperativas de catadores

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para captarem os resíduos. A relação entre o catador e o atravessador é muito fragmentada, pois, o catador não consegue reunir grandes quantidades para comercializar e os atravessadores geralmente precisam de outros atravessadores para obter quantidade, comercializam os materiais sem formar economia de escala, a desorganização dos catadores favorece as trocas de materiais recicláveis por pinga, por exemplo. Já a indústria, além de não investir no elo mais fraco da cadeia da reciclagem que é o catador, também não retorna o produto reciclado para o mercado, muitas vezes até não revelando que trabalha com materiais recicláveis. Enquanto que no círculo virtuoso, o consumidor pensa antes de adquirir o produto, o catador não rasga sacos de lixo, se organiza, o intermediário comercializa preços justos e a indústria fecha o circuito da reciclagem comercializando com valor agregado o produto reciclado.

Em um quinto questionamento foi abordado às ações atuais da secretaria em relação à gestão de resíduos. De acordo com o Secretario de Agricultura e Meio Ambiente o município de Limoeiro incluiu uma proposta através Sistema de Gestão de Convênios e contratos de repasse (Siconv) para o órgão do Ministério da Saúde. Para a construção de um abatedouro de animais com usina de geração de energia Termoelétrica agregada. Como parte da justificativa a esta proposta, tem-se:

[...] A usina de produção de energia termoelétrica que funciona a partir de geração de

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