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ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DAS TERRAS

Para o agricultor, é sobretudo a composição das terras o que mais interessa e, para auxiliá-lo, damos, a seguir, métodos muito simples e fáceis.

1º.) ANÁLISE QUALITATIVA. O operador deverá possuir amostra de terra agrícola composta dos quatro principais elementos: areia, argila, cal e humo; e, ainda, amostras em separado dos mesmos elementos. Numa mesa (XIX) põe-se, a 40 ou 50 centímetros uma da outra, determinando uma linha norteada na direção do meridiano magnético, de um lado, a amostra de terra composta, e do outro, a terra a ser examinada. Suspende-se o pêndulo no meio da distância. O instrumento movimenta-se oscilando e, aos poucos, vai girando.

Se a terra que se examina contém os mesmos elementos que a amostra, as girações do pêndulo serão positivas; se as girações forem

negativas, a terra submetida à análise estará privada de um ou mais elementos constitutivos, isto é, dos que devem entrar na composição de todas as terras vegetais.

Nesse caso, um após outro, ajunta-se à terra a examinar uma das amostras dos elementos em separado: cal, argila, areia ou humo.

Essa adição se faz aos poucos, começando com o elemento de que se suspeita faltar. Suspenso de novo o pêndulo, as girações tornam- se positivas, se o elemento que faltava à terra foi-lhe acrescentado, conferindo-lhe a qualidade de terra agrícola completa.

Essa rápida análise qualitativa proporciona apenas os meios de descobrir os elementos que faltam à terra, para constituir uma verdadeira terra agrícola, completa em seus elementos constitutivos. Mas continuaremos na ignorância da proporção dos elementos que faltam à sua composição.

É mister, pois, proceder à análise quantitativa.

2º.) ANÁLISE QUANTITATIVA. Faz-se também com o pêndulo, agindo para sua determinação, o "acordo mental" do operador que, tomando em mãos uma das amostras como testemunha e suspendendo o pêndulo, com o dedo indicador da mão esquerda em antena, apontando a terra que examina, faz para si, mentalmente, a seguinte pergunta: "Qual é a percentagem do elemento da testemunha que se deve ajuntar?" O pêndulo oscila então, e o número das oscilações que der constitui a resposta.

É preciso que os principiantes repitam amiúde esse exercício para não cometer erros na contagem. Às oscilações seguem-se rotações, geralmente positivas, cuja contagem deverá dar um número igual ao das oscilações. Estas últimas são, às vezes, seguidas de uma parada ou de rotações. A passagem de girações ou rotações negativas a positivas, das oscilações a uma parada, determina o fim de cada contagem.

Será sempre conveniente repetir essa experiência de três a quatro vezes e tomar a média dos números obtidos nas diversas contagens. Ao processo supra vamos juntar outro mais novo, qué consiste no emprego de fichas, e permite tornar relativamente muito fácil as buscas e análises.

Com efeito, pode-se sempre, à primeira vista, reconhecer, numa amostra de terra agrícola, sem análise prévia, quais são os elementos que predominam, podendo-se até avaliar aproximadamente a sua percentagem.

No Estado de São Paulo, o elemento que mais. predomina nas terras consideradas melhores é a argila, cuja quantidade pode ser avaliada entre 60 a 85%; quanto à areia, varia de 40 a 60%, nas terras medianas e leves; nas francamente arenosas, a percentagem vai de 60 até 85 %, ficando para o humo e a argila uns 5 a 15%. Há casos de certos terrenos argilosos em que a percentagem do humo e da areia totalizam apenas de 5 a 20% (XX).

Quanto ao calcário não há vestígios dele nestes casos.

Com o objetivo de certificar-se se não há engano a respeito do caIcário, usa-se uma amostra de terra agrícola completa, composta segundo proporções bem determinadas. Coloca-se uma pequena parcela desta terra numa extremidade da régua e outra parcela da que se quer examinar na outra extremidade.

Suspenso o pêndulo no meio da distância que as separa, ele girará negativamente, se o calcário não existir na terra que se analisa.

Verifica-se a exatidão dessa primeira experiência, se um ajudante deposita, em cima da parcela em exame, um grãozinho de carbonato de cal, ou uma fina raspada (1 miligrama que seja) de gesso, enquanto o operador tem suspenso o seu pêndulo, cujos giros são negativos, giros que, aos poucos, devido à influência das radiações desse grãozinho de carbonato de calou de raspa de gesso, agindo no pêndulo, transformam as girações negativas em positivas (Ver cap. III,

"Ondas entre corpos semelhantes" e cap. XIII, "Comprovação da identidade e semelhança dos corpos").

O operador tem então a certeza de que, na análise a que deve proceder, a parcela que possui como amostra para analisar não encerra cal algum.

São então estabelecidas as seguintes fichas: argila 60%, areia 25%, humo 15%. A amostra da terra é colocada na extremidade Norte da régua, e, no Sul, as três fichas em pilha, isto é, uma em cima da outra. Suspenso no meio da distância, ou no meio da régua, o pêndulo girará negativamente ou positivamente. B mais provável, porém, que os giros sejam negativos.

Modifica-se então a percentagem das fichas (esta é escrita a lápis), conforme a nova avaliação do operador, dando à argila 65%, à areia 22% e ao humo 18%. Recompondo-se a pilha de fichas, o pêndulo poderá, ainda, dar girações negativas, porém fracas. A correção correu portanto num sentido acertado. A percentagem da areia será talvez ainda um pouco elevada; diminuindo-a de 1 (uma unidade), e, acrescentando a do humo na mesma quantidade, experimenta-se novamente com o pêndulo. A análise está próxima do resultado final. O operador poderá então diminuir ou aumentar, de uma unidade, a percentagem da argila, acrescentando ou diminuindo na mesma proporção a da areia; a percentagem das fichas, de novo modificada, pode provocar no pêndulo girações francamente positivas, o que decide quanto ao acerto da análise. Em caso contrário, se forem ainda negativas, pode-se, conforme a amostra e a juízo do operador, acrescentar a do humo de uma meia unidade e diminuir a da argila ou a da areia em igual quantidade.

Esse método é, como se vê, realizado às apalpadelas, porém, para repeti-Io 5 ou 6 vezes, não exigirá mais de 5 a 10 minutos, e a percentagem obtida aproximar-se-á de meio por cento (1/2%) do

resultado verdadeiro, e essa aproximação, correspondendo a um ou outro dos tês elementos, é mais que suficiente em análise de terras. Não há dúvida de que será possível apurar ainda mais o resultado, se for necessário.

Por esse mesmo método, pode-se verificar a porcentagem em separado de cada um dos três elementos.

Apresentamos, ainda, a seguir, outro processo, também com o emprego das fichas.

Pesa-se a amostra a analisar: 50 gramas, por exemplo. Constituir-se- ão três fichas: areia, argila e humo, com percentagem aproximada. Coloca-se em seguida um fragmento ou pequena quantidade de pó de argila ao lado das fichas, e na outra extremidade da régua a parcela de terra que se vai analisar. Aplica-se o pêndulo no meio da régua. Se as girações forem negativas, retira-se, aos poucos, uma pequena quantidade de argila, até que as girações se apresentem positivas, seja por enfraquecimento das negativas ou por tendência do pêndulo em querer parar. Modificam-se, então, levemente, as percentagens das fichas, como foi dito acima, verificando de cada vez a atitude do pêndulo. Quando as girações se tomarem francamente positivas, a análise estará concluída.

Pesa-se a argila, e, conhecido este peso, uma pequena regra de três simples dará a percentagem que representa esse elemento na composição da terra submetida à análise.

Fazendo então uma ficha "argila" levando essa percentagem, e juntando-a às demais, numa pilha, o pêndulo deverá dar, sem equívoco, girações positivas, comprovando a exatidão da operação. E, se se tiver os elementos concretos em separado, poder-se-á reuni-los na proporção indicada na percentagem de cada um, para compor uma terra igual à da amostra da análise que, colocada onde estava a pilha de fichas, dará com a amostra para comprovação, girações positivas.

Apresentamos ainda outro processo que pode ser aplicado à análise e que parece mais simples, podendo-se dispensar, com a prática, as pesquisas às apalpadelas.

Dois corpos ou matérias idênticas, distantes 40 a 50 cm uma da outra darão sempre girações positivas, qualquer que seja a sua massa (volume ou peso) podendo esta ser consideravelmente desigual (Ver Capo lII "Ondas entre corpos semelhantes").

Se na composição do corpo entram diversas matérias poder-se-á, com o "acordo mental", conhecer a sua percentagem.

Com o emprego de fichas com o nome de cada um dos elementos e a sua percentagem aproximada, a pilha constituida com essas fichas dará as mesmas reações que o próprio corpo em natura.

Supõe-se resolvida a análise de uma terra dada em estudo, mas somente no que concerne a um só dos seus elementos, isto é, tendo unicamente em vista a argila por exemplo. Constitui-se uma ficha "argila" e experimentando com o pêndulo, as girações positivas do instrumento darão a certeza de sua existência na amostra. Mas, em que proporção?

Se na ficha argila apontamos 20%, por exemplo, a percentagem existente do elemento considerado, obteremos com o pêndulo girações positivas se a nossa avaliação for acertada, e portanto, existirá acordo entre a percentagem real do elemento e a ficha.

Mas esse resultado só se deve ao acaso. Na maioria das experiências, o pêndulo dará girações negativas, provando que não há acordo.

O operador procederá então do seguinte modo: valendo-se de um ajudante, operará como se se tratasse de pesar um objeto qualquer numa balança comum, usando, à guisa de pesos, fichas com percentagens: 1/2%, 1%, 2%, 3%, 5%, 10%, 20%, etc.

Enquanto o operador tem suspenso o pêndulo entre a amostra a analisar, que aponta com o dedo indice da mão esquerda e a ficha

"argila" 20%, o ajudante vai depositando e empilhando sobre esta as demais fichas com percentagens, vagarosamente, como se fossem pesos, observando ao mesmo tempo, as reações do pêndulo, até que o instrumento transforme suas girações negativas em positivas, que determinarão, nesse instante, a percentagem exata buscada.

Para os demais elementos componentes da amostra, proceder-se-á do mesmo modo.

A execução desse método é muito delicada, exigindo grande prática e sobretudo muito cuidados da parte do ajudante. É preciso exercitar-se muito para obter resultados exatos, pois estes dependem, da constante observação do fiel da balança, representada pelo pêndulo, ficando este ao cuidado do ajudante que deve proceder muito devagar na colocação das fichas das diversas percentagens.

Esse método, excetuando o emprego de fichas, tem algo de semelhante com o de Prosbst, porém, não dá exatidão igual.

Como lembrete acrescentamos que as boas terras de cultura devem conter 1/1000 (1%) de ácido fosfórico, 1% de azoto, e 2% de potássio, cuja presença e percentagem verificar-se-á com amostras- testemunhas ou com fichas.