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Análise quanto aos laços das cooperativas do Brasil

4 RESULTADOS DA PESQUISA

4.3 ANÁLISE DA REDE SOCIOMÉTRICA

4.3.1 Sociometria e teoria dos gráficos da rede social intercooperativas do estado de

4.3.1.4 Análise quanto aos laços das cooperativas do Brasil

Esta análise foi elaborada para aquelas cooperativas que responderam as questões referentes à frequência constantes do questionário da quantitativa.

Para a análise dos laços, foi utilizada a premissa de Granovetter (1973). Os estudos desse autor apontam como laços fortes aqueles mantidos pelos contatos frequentes, ou seja, contatos por duas ou mais vezes por semana. Já os laços fracos são os demais contatos, os ocasionais, que acontecem duas ou mais vezes ao ano ou menos que duas vezes na semana.

O tratamento das informações foi dado ao construto Frequência dos Contatos, analisando as variáveis X77 até X80 do questionário da pesquisa quantitativa. As tabelas a seguir retratam o comportamento dos dirigentes quanto as suas frequências de contatos.

Tabela 51: Variável X77 - Fazemos reuniões com as cooperativas com quem mantemos contato.

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Sim 196 59,2 62,6 62,6

Não 117 35,3 37,4 100,0

313 94,6 100,0

18 5,4

331 100,0

Fonte: Elaborado pelo autor (2012)

O resultado mostra que 62,5% dos respondentes fazem reuniões com quem eles mantêm contatos, outros 37,5 não realizam reuniões. Portanto, uma grande parcela não tem contato pessoal com aqueles que conversam. De acordo com Granovetter (1973); Burt (2000); Coleman et al. (1988), isto prejudica a confiança e a passagem de informações de relevante contexto para os envolvidos.

A tabela a seguir mostra a frequência de reuniões realizadas pelas cooperativas com seus cooperados.

Tabela 52: Variável x78 - Nós fazemos mais de duas reuniões com os cooperados por mês.

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Sim 272 82,2 85,8 85,8

Não 45 13,6 14,2 100,0

317 95,8 100,0

14 4,2

331 100,0

Fonte: Elaborado pelo autor (2012)

Nota-se que aproximadamente 86% das cooperativas responderam que realizam reuniões com maior frequência com os cooperados do que com as cooperativas, somente 14% o fazem esporádico. Aqui novamente nota-se o que foi dito por Granovetter, 1973, os laços não são fracos, portanto, há uma riqueza na confiança, entretanto, existe maior chance de redundância. Aplica-se também a abordagem de Burger e Buskens (2009) que afirmam que em redes densas, de contatos frequentes há maior sinergia. Isto pode ser notado no relacionamento das cooperativas com os cooperados, que mantém-se em contatos constantes, seja através de reuniões ou de encontros casuais em suas dependências ou através de suas lojas, fábricas etc.

A confrontação entre a questão X77 com a X78 mostrou que há uma frequência maior de reuniões entre os cooperados das cooperativas com os dirigentes das mesmas, o que não ocorre entre as cooperativas nas quais os dirigentes mantêm contatos.

Novamente a tabela a seguir mostra que os operadores da rede das cooperativas, não se comunicam com alta freqüência.

Tabela 53: Variável x79 - Costumo falar no mínimo duas vezes por semana com as pessoas com que mantenho contato nas outras cooperativas que trabalham com leite.

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Valid Não 236 71,3 74,9 74,9 Sim 79 23,9 25,1 100,0 Total 315 95,2 100,0 Missing System 16 4,8 Total 331 100,0

Fonte: Elaborado pelo autor (2012)

A tabela anterior mostra que próximo de 75% dos respondentes deste quesito não se encaixam na categoria de laço forte de Granovetter (1973), pois não se conectam mais de duas vezes por semana.

A tabela a seguir encaixa-se no conceito de Granovetter quanto aos laços.

Tabela 54: Variável X 80 -Falo mais de uma vez ao ano e menos que duas vezes por semana com as cooperativas com que mantenho contato.

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Valid Sim 250 75,5 80,4 80,4 Não 61 18,4 19,6 100,0 Total 311 94,0 100,0 Missing System 20 6,0 Total 331 100,0

Fonte: Elaborado pelo autor (2012)

A tabela 54 consolida que os laços das cooperativas em sua maioria, 80,4%, são de laços categorizados como laços fracos, dentro do conceito de Granovetter (1973). Portanto, poderão, de acordo com este autor, terem benefícios de capital social, pois como o contato não é frequente, sempre que encontram ou se falam, eles têm novas informações. Entretanto, os laços fracos, no caso de grupos de empresas que tentam juntar forças ou se

aglutinaram em APL(Arranjo Local Produtivo) ou centrais de cooperativas, perdem no quesito confiança (COLEMAN, 1988). Para os caso de APL é interessante que se tenha laços fortes, isto trará maiores resultados de comprometimento, a coerção terá mais efeito, segundo Burger e Buskens (2009) e menores custo de transação (WILLIAMSON, 1994). Por outro lado, os laços fortes aumentam a velocidade da comunicação, a confiança e comprometimento. A tabela 55 a seguir também mostra a frequência com que os dirigentes se falam.

Tabela 55: Variável x81 - Falo uma vez ao ano ou menos com meus contatos nas outras cooperativas

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Valid Não 203 61,3 64,4 64,4 Sim 112 33,8 35,6 100,0 Total 315 95,2 100,0 Missing System 16 4,8 Total 331 100,0

Fonte: Elaborado pelo autor (2012)

Esta tabela consolida a anterior no sentido de frisar que os dirigentes falam uma vez ou menos com seus contatos nas cooperativas, portanto, segundo Granovetter (1973) mantêm laços fracos.

Considerando todos os dados coletados das questões X77 à X80 e, considerando também que na sua maioria, os dirigentes afirmaram fazer mais de uma reunião por mês com seus cooperados, pode-se concluir que existem maiores chances de construírem laços fortes com os cooperados, o que não se pode afirmar sobre os dirigentes e as cooperativas que estes mantêm contatos. Talvez aí esteja um fator preponderante no relacionamento entre cooperados e dirigentes das cooperativas, pois nota-se no mercado que há uma grande confiança entre eles, o que demonstra de acordo com Granovetter(1973) a existência de laços fortes. Portanto, considerando as observações de Granovetter (1973) e Burt (1992), que afirmam que as informações trocadas entre os operadores de uma rede nestas condições são redundantes, não gerando inovações, logo, necessitam estabelecer contatos com outras cooperativas na expectativa de criarem novas oportunidades para saírem do anonimato. Isto está de acordo com o mencionado por Antonialli (2000) no qual afirma que as cooperativas precisam sair do isolamento.