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Fundamentos dos conceitos de cooperativismo e cooperativas

1 INTRODUÇÃO

2.1.1 Fundamentos dos conceitos de cooperativismo e cooperativas

2.1.1.1 Doutrina do Cooperativismo

As idéias cooperativistas, ainda embrionárias e não consolidadas, surgiram nos finais do Século XVIII e início do Século XIX e se firmaram como doutrina e lançaram-se como fonte de comportamento socioeconômico nas relações humanas associadas a partir da materialização da Cooperativa dos Pobros Pioneiros de Rochdale, por 28 tecelões do Distrito de Lanchashire em 21 de dezembro de 1844 (KLAES, 2005; ANTONIALLI, 2000; PINHO, 1966).

O Cooperativismo tem como objetivo agrupar pessoas com as mesmas disposições, compartilhando visões e valores dentro de normas e princípios éticos. Nessa perspectiva, pode-se notar um dos pilares dos estudos sobre os laços de Granovetter (1973): o da similaridade. Nesse trabalho, a abordagem é que os laços são estabelecidos com indivíduos que têm algo em comum. A partir daí, faz-se necessário observar a definição de cooperativa apontada por Veiga e Fonseca (2001), adotada por meio da Lei Federal nº 5.764, de 16 de dezembro 1971, na qual a instituição é conceituada como uma sociedade de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil não sujeita à falência e constituída para prestar serviços aos associados.

De acordo com Bialoskorki Neto(2002), para o exercício do Cooperativismo é necessário transparência e também uma certa coordenação, capaz de suportar as várias mudanças da economia, buscando sempre a eficiência e sobrevivência dentro de um mercado cada vez mais competitivo e exigente. Nas cooperativas, a administração e organização não são diferentes de outros empreendimentos, uma vez que as mesmas devem trabalhar voltadas para uma política ética, dinâmica e motivacional. Tais itens são fundamentados nos princípios inspiradores de Rochdale, em que levam-se em consideração as principais características de responsabilidade social de seus cooperados, familiares, funcionários e tomadores de serviços.

Analisando tais fundamentos, Hiriart e Panzutti (1999) complementam que os paradigmas sobre as ideias de lucro mudam dentro das cooperativas, permitindo que os grupos interessados e atuantes busquem o exercício da democracia com mais ênfase, procurando diminuir seus custos sem perder eficiência. Assim, pode-se dizer que Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade comum e democraticamente gerida. Nesse viés, Robles (2001) afirma que cooperativa

Constitui sociedade igualitária, de livre iniciativa, tendo a característica de estar aberta a novos ingressantes que tenham os mesmos objetivos. Tem natureza jurídica própria, de direito privado, não sujeita à falência, tendo como fim principal a prestação de serviços aos próprios associados. Não visa a lucro, mas pode e deve obter resultados para garantir sua continuidade, manter os cooperados e desenvolver sua missão. Tem característica democrática única, na constituição e gestão, baseada em princípio de respeito à comunidade, cooperação, promoção do desenvolvimento e educação (ROBLES, 2001, p. 21).

O Cooperativismo busca a sincronia, integração e participação conjunta para oferecer produtos e trabalhos sem intermediários. A base da gestão organizacional da cooperativa está descrita em seu estatuto (PANZUTTI, 1997).

Segundo Singer (1999), o Cooperativismo constitui em novo modelo de desenvolvimento econômico que funciona somente com a participação e o exercício da democracia. Com isso, deve-se buscar constantemente dentro dos sistemas cooperativistas o equilíbrio entre cooperativa-cooperados e tomador de serviços ou produtos. Para isso, a ética entre esses elementos deve ser fundamental.

Para Rodrigues (1999, p. 8), “as cooperativas arcaram com a responsabilidade de constituírem grupos de excluídos ou marginalizados que, por questões de sobrevivência,

necessitam se organizarem para serem competitivos, com alianças e parcerias”. Diante do exposto, vê-se necessário descrever os principais tipos de sociedades cooperativas.

2.1.1.2 Tipos de sociedades cooperativas

De acordo com a OCB (2011), existem três tipos de sociedades cooperativas, que podem ser elencados em:

 Singular: aquela constituída de no mínimo 20 pessoas e tem como objetivo prestar assistência ao associado. A constituição se dá pela união destes cooperados, que elegem seus representantes, presidente, vice-presidente e o conselho fiscal, por meio de Assembléia Geral Ordinária. O conselho fiscal tem autonomia e fiscalizará os atos dos executivos, no caso o presidente e o vice. Para se candidatar aos cargos, deve-se ser cooperado. A governança nas cooperativas é regida pelo estatuto elaborado pelos cooperados, cuja base é a Lei Federal nº 5.764, de 16 de dezembro 1971. No caso das cooperativas de leite, o processo inicia-se pela filiação do cooperado à cooperativa. Isso se dá pela aquisição de uma cota com valor que poderá variar de simbólico até a um preço de mercado, estipulado pelo valor do patrimônio da cooperativa e dividido pelo número de associados. A partir desse momento, o produtor passa a ser detentor de uma cota, começa a fornecer o produto e a comprar produtos da cooperativa. Em contrapartida, o cooperado tem assistência técnica da mesma, como veterinários, vacinas, consultoria para melhorar a qualidade de sua produção. Nesse tipo de sociedade, quanto mais o cooperado se relacionar com a cooperativa economicamente, maior será o valor de sua cota. De acordo com alguns estatutos, o valor acumulado da cota só poderá ser restituído quando o cooperado completa 70 anos ou se o mesmo deixar a cooperativa. Vale ressaltar que a devolução do capital da cota e a forma para pagamento dependerão de cada cooperativa.

 Central: é aquele tipo de sociedade constituída por no mínimo três cooperativa s singulares, cujo objetivo é organizar em comum e em maior escala os produtos e serviços das mesmas. A governança nesse tipo de cooperativa é realizada por um presidente, um vice e diretores eleitos por meio de assembleia, que é constituída pelos representantes das cooperativas singulares, denominados como delegados. A definição do número de delegados de cada singular varia de acordo com estatuto e leva em consideração o montante de relacionamentos financeiros de cada cooperativa singular com a central (OCB, 2011).

 Confederação: esse tipo de sociedade tem como objetivo dar escala às centrais. É constituída por três cooperativas centrais. Esse modelo não será abordado com maiores detalhes, uma vez que não será discutido neste trabalho.