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2.3 FORMAS E MEIOS DE OBSERVAÇÃO DA INTERATIVIDADE DA “TECNOLOGIA

2.3.1 Análise de Redes Sociais

2.3.1.4 Análises a partir da visualização das Redes Sociais

Os estudos sobre redes sociais apresentam gradativamente contribuições a partir dos resultados obtidos por meio da Análise de Redes Sociais. Pode-se citar a percepção sobre a dependência entre os atores da rede, suas percepções sobre o desenvolvimento local, questões culturais, entre outras.

Estudos de química revelaram que redes podem ter composição similar em termos estruturais e de característica dos atores, mas apresentar desempenhos distintos. Isto ocorre porque as interações divergem de acordo com as relações sociais estabelecidas e pelas características dos atores. Os indivíduos e suas características os distinguem na forma com que absorvem e retornam as interações à rede. Assim, por mais idêntica à outra que uma rede possa parecer, o fator individual pode alterar o comportamento do todo, por sua influência no processo (BORGATTI et al., 2009).

Emirebayer (1997 apud Alexander, 2012) publicou um manifesto sobre a sociologia relacional dizendo que a Análise de Redes Sociais seria a metodologia adequada para este tipo de observação. O autor considerou principalmente a sociometria das redes e contestou os meios tradicionais de pesquisa social, argumentando sobre a forma examinadora de redes sociais, sob a perspectiva “de baixo para cima” utilizando “‘ego-centric network’ or ‘egonet’ methodologies”. Esta metodologia fixa-se em uma análise detalhada nos níveis de relações diádicas. “A pesquisa SNA Egonet considera redes sociais pessoais a partir da perspectiva de baixo para cima do respondente individual. Ela mapeia somente as relações em torno de um indivíduo.” (ALEXANDER, 2012, p. 1-3). Mas uma análise da sociologia relacional não pode se limitar a esta visão. A partir disto Alexander (2012) explicitou o quão qualitativa deve ser uma análise de redes sociais para atender os anseios de uma sociologia relacional, mas compreendendo-a como um todo “whole network”, o que determina uma visão “de cima para baixo”, considerando a complexidade das relações entre todos os atores da rede e suas interferências.

As relações e interações formadas em uma rede social podem apresentar nível ótimo, como se existisse uma curva de aprendizagem para cada relação ou interação estabelecida. Se as redes são formadas por pessoas, estas aprendem e se desenvolvem, aprimorando as relações e interações existentes. Assim, as redes são dinâmicas e evoluem ao longo do tempo.

A observação de redes sociais revela maior ou menor condução de ações coletivas. Grupos nas redes podem desencadear ou conduzir ações coletivas em prol da organização estabelecida pela estrutura da rede.

Também é possível observar, por meio da compreensão dos agrupamentos formados, as oportunidades e os benefícios que se podem obter a partir das relações e interações da rede. As características das relações podem revelar pontos de estímulo e de necessidade de fortalecimento em prol dos objetivos almejados pela rede. Tais características podem partir dos atores e inclusive determinar a constituição da rede.

Os resultados das interações entre os nós da rede podem revelar homogeneidade e a performance. Há a possibilidade de identificar se a rede apresenta resultados homogêneos de interação. Sobre a performance, consiste na observação dos impactos causados pelas interações, a partir da observação dos produtos da rede.

Borgatti et al. (2009) também apresentam quatro mecanismos regularmente observados pela Análise de Redes Sociais: a transmissão entre os nós (de comportamento, de elementos físicos, tangíveis ou intangíveis); a adaptação dos nós (que comportamentalmente tendem a se tornar homogêneos pela experiência adquirida na participação da rede); a amarração (que resulta da compreensão do ego da rede social, dada pelo conjunto de laços estabelecidos a um nó focal, e dos buracos estruturais, ausência de laços no ego da rede social); e a exclusão (quando a relação entre dois nós exclui a participação de um terceiro nó).

Os autores ainda apresentam dois modelos distintos utilizados metaforicamente para apresentar a rede social: o modelo de fluxo, em que transitam ou passam “coisas” por tubos ou rodovias, análise normalmente cabível ao fluxo de informações; e o modelo arquitetônico, que sugere a leitura da rede como uma estrutura social ou cultural, em que é possível estabelecer os papéis desempenhados pela rede e até mesmo reduzir o modelo de acordo com a homogeneidade dos atores e das interações estabelecidas.

Há duas formas de observar as redes sociais: uma baseada apenas em linhas (conexão) e pontos (atores), e a outra baseada em matrizes, em que linhas e colunas representam os atores, e números ou símbolos nas células representam a conexão social que interliga os atores (FREEMAN, 2012).

A Análise de Redes Sociais estuda a padronização das conexões sociais que ligam um conjunto de atores. Freeman (2012) resume o esforço de Jacob L. Moreno (1932,1934) em tentar representar sociogramas, sociogramas sobrepostos a mapas, posição sociométrica. Para isto, aborda, de acordo com Moreno, que a expressão “gráfica direta” representa atores (pontos ou nós) e as relações (linhas conectoras); a expressão “multigráfica” representa reciprocidade

das interações entre os atores ou a direção das interações; e a expressão gráfica pode ser complementada pela representação, por forma ou cor, da distinção ou classificação dos atores que integram a rede observada. Tal classificação dos atores pode revelar questões relativas à estrutura da rede formada. Com a evolução dos mapeamentos, estudos de posições geográficas, cadeia alimentar, rotas pesqueiras contribuíram para que Moreno avançasse em seus estudos gráficos de redes. Nesse sentido, passou a buscar a representação das forças das interações entre os atores, a intensidade da relação, por meio de estudos da posição (status) sociométrica de cada ator. Mas, ainda de acordo com Freeman (2012), foram Lundberg e Steele (1938) que representaram o núcleo de uma rede social e atribuíram tamanhos distintos para os atores que apresentavam centralidade ou força nas interações.