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A delimitação deste estudo foi elaborada sobre os objetivos específicos, sobre o termo “tecnologia social” e sobre a COOCAT-MEL. Primeiramente, a partir das variáveis globais de pesquisa, tais quais o modelo metodológico interativo e a sustentabilidade, e de acordo com a aderência ao programa (PPGTE) e à linha de pesquisa, foi estruturada, no Capítulo 2, uma fundamentação teórica que aborda a relação entre tecnologia e sustentabilidade. Ela expressa a realização do primeiro objetivo específico, com os seguintes desdobramentos de assuntos: tecnologia e sociedade; tecnologia e mudança social; redes sociais e mudança social; “tecnologia social” e suas práticas; leitura dicionarizada e etimologia dos termos “tecnologia”, “social” e “tecnologia social”; sustentabilidade e desenvolvimento local; sistema econômico; “inclusão e exclusão social”; “movimento de inclusão e exclusão social”; relação entre “tecnologia social” e “inclusão e exclusão social”; formas e meios de observação da interatividade da “tecnologia social”; ARS; releitura dos fundamentos teóricos do modelo; e observação empírica contextual.

O segundo objetivo específico está contido em parte no Capítulo 2, mas principalmente no Capítulo 3. O centro da descrição da metodologia da pesquisa é a construção social de um modelo e para isto foram necessárias as abordagens teóricas e metodológicas para a observação da “tecnologia social”, considerando a interação entre tecnologia e sociedade. O aprofundamento desta delimitação consistiu na organização da metodologia da pesquisa de característica predominantemente dedutiva e operacionalizada pela pesquisa-ação. Além da

discussão teórica de elementos metodológicos de observação da “tecnologia social”, que consta do Capítulo 2, também foram descritas as variáveis, os requisitos, as fases e os procedimentos da pesquisa, bem como a forma de coleta e análise de dados para estruturar o modelo, no Capítulo 3.

No Capítulo 4 está o terceiro objetivo específico que traz a proposta do modelo metodológico interativo. Ele é o produto da metodologia da pesquisa do Capítulo 3 e pode ser entendido como a descrição da forma operacional do modelo, por isto, apresenta os procedimentos, que serão praticados no Capítulo 5. O último, por sua vez, é a análise da pesquisa, que cumpre com o quarto objetivo específico de viabilizar a proposição metodológica interativa.

A opção pelo objeto de estudo em análise no Capítulo 5, a COOCAT-MEL, ocorreu pelo conhecimento prévio e pertinência de aprofundamentos de estudos realizados pela autora desde a iniciação científica até o mestrado. Na iniciação científica foi compreendida a forma de organização da atividade econômica de celulose e papel e identificada a expressividade da Klabin em Telêmaco Borba. Em monografia da graduação, o estudo foi estruturado sobre o problema de Telêmaco Borba ser uma ilha de desenvolvimento em meio a municípios de IDH- M baixos, apresentando a relação entre a atividade econômica e o desenvolvimento local. Este estudo foi aprofundado em dissertação de mestrado, incluindo os conceitos de sustentabilidade e compreendendo a formação econômica e social local, bem como os impasses dados pela dominação de uma atividade econômica à condição do desenvolvimento local. A dissertação identificou como próximos estudos a necessidade de compreender as alternativas de desenvolvimento local que independam das ações da Klabin.

Entre os 399 municípios do Paraná, Telêmaco Borba ocupava, no ano 2000, a 114ª colocação de menor participação populacional, com 8% da população indigente e a 85ª colocação por apresentar 24% da população pobre (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA, 2013). O Mapa mostra o IDH-M dos Municípios dos Estados da Região Sul e São Paulo. Nele é possível identificar que no Estado do Paraná há uma concentração de municípios classificados com Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) abaixo de 0,7. Em meio aos seus vizinhos, Telêmaco Borba é o único município com IDH-M entre 0,764 e 0,8 (INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL, 2013). Telêmaco Borba está relacionada diretamente à Klabin pelo processo de formação histórica, que vincula a tomada das decisões estratégicas da empresa aos impactos no município. Isto influencia as relações atuais entre os agentes locais, que, pelo comportamento econômico recente, vêm impactando positivamente no processo de

desenvolvimento local (DE PUPPI E SILVA, 2008). Uma mobilização local, oriunda da pré- disposição local do cultivo florestal, se dá pela Cooperativa dos Apicultores e Meliponicultores Caminhos do Tibagi (COOCAT-MEL), que é uma organização para o desenvolvimento econômico de pequenos produtores rurais. Um estudo realizado por Silva (2010, p. 11) revelou “a importância da mobilização dos produtores em torno de uma organização cooperativa, como forma de inserção no mercado”, por meio: do volume de produção, do conhecimento técnico e da agregação de valor ao seu produto, incluindo etapas da cadeia produtiva da produção primária e da secundária.

2 TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE

Com base nos estudos históricos de CTS é possível verificar que até mesmo as “tecnologias de ponta”, ao tempo em que equilibram, podem desequilibrar o meio social. Ao mesmo tempo em que a sociedade pode conceber tecnologias para o atendimento de suas diversas necessidades, estas mesmas tecnologias se revelam na vida cotidiana, pela forma de agir e de pensar das pessoas, alterando o meio de vida social. As compreensões sobre a concepção de uma tecnologia e o uso de um artefato tecnológico derivam da compreensão de quem são e em quais condições e momentos estão seus atores. Há um espaço na discussão sobre a escolha relativa dos comportamentos das pessoas no processo de desenvolvimento, pressupondo como anseio da sociedade a sobrevivência e a sustentabilidade. Portanto, há tecnologias e a opção de revelação por comportamentos harmônicos e desarmônicos no processo de desenvolvimento de uma sociedade.

Esta fundamentação teórica em “tecnologia social” está dividida em dois momentos. O primeiro firma-se na construção teórica a partir do levantamento de bibliografias sobre “tecnologia social” e termos relacionados a ela, de acordo com o levantamento bibliográfico e o anseio social da sustentabilidade. O segundo consiste na desconstrução do termo “tecnologia social” que decorreu da operacionalização teórica do termo, por meio da pesquisa-ação.

No primeiro momento serão abordados os temas: da Sustentabilidade; do Desenvolvimento Local; do Sistema Econômico, como meio de inclusão e exclusão social; dos estudos de CTS, até culminar na primeira proposta de compreensão sobre a interação entre “Tecnologia Social” e Desenvolvimento Local. Também discorre sobre a Análise de Redes Sociais (ARS). O segundo momento é resultado do método indutivo de observação e consiste em uma releitura das abordagens do primeiro momento. Traz como resultado uma desconstrução do termo “tecnologia social” que ocorreu em meio à prática da construção conjunta de alternativas pró-sustentabilidade. Esta releitura do primeiro momento consolidou a fundamentação teórica pertinente a uma metodologia interativa da “tecnologia social”.