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3.1 FASES DA METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1.3 Escolha dos métodos e das técnicas de pesquisa

A escolha dos métodos e das técnicas utilizadas ocorreu em cada fase da pesquisa e no desenvolvimento do projeto até a sua conclusão. Acompanharam os movimentos dedutivos e indutivos, em sucessões de aperfeiçoamento técnico e comportamental, na coleta e análise de dados.

Para a coleta de dados utilizou-se a estratégia mista de aproximação ao objeto de análise, de acordo com os seguintes usos:

a) inicialmente a estratégia convencional, no momento de estruturação deste projeto de tese, porque constitui “uma perspectiva de investigação e intervenção autônomas por um pesquisador externo à situação investigada” (VASCONCELOS, 2002, p. 181) até se ter clareza do que e de qual rede seria observada, enquanto seleção do objeto de análise;

b) a estratégia participante, no momento dedutivo, porque até então a pesquisa apresentava uma metodologia “com a participação orgânica do pesquisador na realidade em foco, mas não implicando participação dos envolvidos na gestão de seu trabalho investigativo.” (VASCONCELOS, 2002, p. 181). Consistia na convivência do pesquisador com o objeto de análise para melhorar a percepção sobre os aspectos culturais, subjetivos, ideológicos, políticos, entre outros, dos grupos observados. De acordo com o paradigma da complexidade,

a pesquisa participante tem um papel ético-político e epistemológico fundamental. Em primeiro lugar, porque se destina exatamente ao reconhecimento das diferenças sociais, étnicas, culturais, subjetivas e físicas, destacando o aspecto antidiscriminação, multi e transculturais da pesquisa, no sentido de realizar um esforço de diálogo e interpretação entre diferentes perspectivas de vida humana e de superação da indiferença e do preconceito. Em segundo lugar, do ponto de vista epistemológico, porque reafirma mais enfaticamente a necessidade de desconstrução e reelaboração da subjetividade e visão de mundo do pesquisador, para poder ter um acesso compreensivo e original à subjetividade e cultura do outro. Em terceiro, porque exige a completa superação de perspectivas positivistas e objetivistas em pesquisa, já que a inserção nas redes de sociabilidade no trabalho de campo resulta sempre em que o conhecimento seja profundamente marcado pelas características do processo de interação entre investigador e realidade observada. (VASCONCELOS, 2002, p. 181); e

c) a estratégia de mobilização/ação, quando a pesquisa se inverteu ao momento indutivo, para se aproximar da comunidade local, previamente conhecida e selecionada, pelos métodos anteriores. A ação foi relevante para compreender as indagações da rede e os motivos de uma possível aderência, oriunda de escolha e

opção coletiva, para participar como objeto de análise deste estudo. Desta forma, a comunidade local se tornou “copesquisadora” de sua própria realidade (VASCONCELOS, 2002).

A estratégia de mobilização/ação tem características detalhadas pelo formato da pesquisa-ação. Conforme Thiollent (1947), na pesquisa-ação ocorre uma interação entre o pesquisador e as pessoas da situação observada. Isto alinha-se ao modelo interativo proposto por este estudo, do qual resultaram prioridades de problemas a serem solucionados, considera- se a situação social, bem como a natureza distinta dos problemas observados. A pesquisa-ação tem como objetivo resolver ou esclarecer os problemas com os quais se depara na situação social. Pela interação, há um acompanhamento das decisões do meio social com o qual o pesquisador se relaciona e a troca de experiências que também beneficiam o pesquisador.

Dizem respeito ao plano da pesquisa-ação as seguintes etapas:

 Quem são os atores ou as unidades de intervenção?

 Como se relacionam os atores e as instituições: convergência, atributos, conflito aberto?

 Quem toma as decisões?

 Quais são os objetivos (ou metas) tangíveis da ação e os critérios de sua avaliação?

 Como dar continuidade à ação, apesar das dificuldades?

 Como assegurar a participação da população e incorporar suas sugestões?  Como controlar o conjunto do processo e avaliar os resultados?

(THIOLLENT, 1947, p. 80).

Para a análise dos dados utilizou-se o método da análise de conteúdo que, conforme Campos (2004, p. 611), é “um método muito utilizado na análise de dados qualitativos [...], compreendida como um conjunto de técnicas de pesquisa cujo objetivo é a busca do sentido ou dos sentidos de um documento”.

Este método foi utilizado quando da percepção dos limites do método dedutivo e início do indutivo, concomitante à releitura e interpretação da fundamentação teórica, bem como da readequação da metodologia da pesquisa. Campos (2004, p. 612) ressalta que o conteúdo de uma comunicação apresenta uma visão polissêmica que permite ao pesquisador qualitativo uma variedade de interpretações:

A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicações (2), assim sendo, é destacada neste campo, a importância da semântica para o desenvolvimento do método. Entendendo-se por semântica aqui, a pesquisa do sentido de um texto.

Pode-se por assim dizer que o método de análise de conteúdo é balizado por duas fronteiras: de um lado a fronteira da lingüística tradicional e do outro o território da interpretação do sentido das palavras (hermenêutica).

A análise de conteúdo também foi relevante para a observação e descrição dos fatos e dos fenômenos.

[…] muitas vezes ouvimos dizer que nem sempre aquilo que está escrito é o que verdadeiramente o locutor queria dizer, ou mesmo, que existe uma mensagem nas entrelinhas que não está muito clara, pois bem, chegamos a encruzilhada, onde nem sempre os significados são expressos com clareza absoluta […]. Para o investigador qualitativo, tal momento reveste-se de suma importância, pois a desconsideração de um em detrimento do outro, pode colocá-lo frente à situação de negação completa da subjetividade humana ou por outro lado, a imposição de seus próprios valores em desconsideração a um pressuposto básico da pesquisa qualitativa, ou seja, os dados são analisados levando-se em consideração os significados atribuídos pelo seu sujeito de pesquisa (CAMPOS, 2004, p. 613).

A inferência é importante para esta análise e o autor acredita que “esses extremismos devam ser evitados” e que, para isto, “a análise de conteúdo não deve ser extremamente vinculada ao texto ou a técnica, num formalismo excessivo, que prejudique a criatividade e a capacidade intuitiva do pesquisador”. Por outro lado, também não deve ser “tão subjetiva” com a imposição de suas próprias ideias ou valores. Nesse sentido, os conteúdos “tendem a serem valorizados à medida que são interpretados, levando-se em consideração o contexto social e histórico sob o qual foram produzidos.” (CAMPOS, 2004, p. 613).

No decorrer das releituras e interpretações desta tese, em meio à análise de conteúdo, utilizou-se o dicionário e estudos etimológicos. Para corroborar o sentido das palavras, optou- se pelo exercício comportamental e sentimental, que constituíram uma curva de aprendizagem da inteligência emocional para praticar os princípios e as diretrizes de comportamentos pró- sustentabilidade. Um aprendizado que demandou a preparação intensa, já mencionada, de aproximadamente 6 meses, para alinhar a linguagem da pesquisadora aos fundamentos teóricos e à metodologia proposta. Um dos exemplos foi a prática de um vocabulário que não utilizasse termos interferentes na liberdade do próximo e que fosse baseado na troca de técnicas, conhecimentos e experiências, que naturalmente levariam à construção conjunta de alternativas para sustentabilidade da rede social local.

Contudo, o exercício constituiu um estudo prático, paralelo, informal e de senso comum da pesquisadora que procurou comportamentos e escritos livremente na internet, de referências de nomes relacionados à paz mundial como Nelson Mandela, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Amma, Muhammad Yunus, Yasser Arafat, Yitzhak Rabin, Madre Teresa de Calcutá, Papa Francisco, Tratados de Paz, Organização das Nações Unidas (ONU), Grandes Religiões, entre outras experiências de ações de indivíduos e organizações. Uma busca pelo alinhamento entre a semântica dos termos e o sentido prático de seu uso, que passa pelos sentidos e se revela pelos comportamentos. Um aprendizado de prática organizacional e redes sociais, que passa

pela consciência de corpo, mente, campos ou fluxos energéticos, conforme tratado por alguns cientistas como Ken Wilber da “Abordagem Integral”.

Tal exercício consistiu no desenvolvimento de uma sensibilidade para perceber a distância entre aquilo que se fala e aquilo que se revela e interpreta da realidade no tempo e no espaço. Uma compreensão de que cada indivíduo ou rede está em seu momento próprio e característico da busca de soluções para a vida, ao tempo em que vivemos e convivemos com realidades distintas em um único planeta. A sensibilização de que o bom e o ruim para cada indivíduo são relativos, tanto quanto há relatividade de parametrizações, no tempo e no espaço, para a interpretação de indicadores quantitativos tradicionais de sustentabilidade. Um cuidado para que o termo “essencialidade da vida” fizesse sentido para partes e para o todo do tecido social e para que os argumentos teóricos fossem passíveis de operacionalização e prática a qualquer realidade. Um exercício de responsabilidade para que qualquer rede social desenvolva suas próprias técnicas, conhecimentos e metodologias de construção de um equilíbrio gradativo ao longo do tempo sobre a Terra. Mas com a consciência de que somos partícipes de um único tecido social, que são redes sociais que habitam um único planeta que vive a cura de mágoas sociais. Quando em referência à vida brasileira, a compreensão de que participamos de uma sociedade regida por regras, normas e leis com mecanismos e instrumentos democráticos, que funcionam com peculiaridades culturais, de interpretações e consciência distintas e que refletem o comportamento das partes.

Foi um exercício de reflexão sobre o material, o moral e o ideológico, realizado sobre a busca da essencialidade da vida, que, embora tendo sido preparado no decorrer de aproximadamente 6 meses, constitui-se em uma curva de aprendizagem que tem avanços diários no decorrer da vida em sociedade. Uma revisão de vocabulário para que se eliminasse, ou reduzisse, as normatizações nos diálogos que pudessem ocasionar traumas individuais e sociais, mas que permitissem a construção de alternativas. Um aprender a ouvir e expressar sugestões e posicionamentos, quando oportuno e pertinente na interatividade de construção de um novo equilíbrio da rede social local. Um entendimento de que os princípios e as diretrizes de comportamentos pró-sustentabilidade são uma prática cotidiana, com revelações distintas, porém entrelaçadas, no tempo e no espaço. Até a reflexão de quais são os papéis do pesquisador e da ciência, em cada meio em que sejam desempenhados. Em meio a estes exemplos de reflexões estão outras experiências resultantes do aprendizado de um ser humano social. Um pensar sobre a forma adequada de desempenhar ações de responsabilidade social, voluntariado, políticas públicas, extensão acadêmica, entre outras, que possibilite a construção de um Estado de Sustentabilidade nesta Era da Sinestesia.

3.1.3.1 PROTOCOLO DE PESQUISA

Os métodos e as técnicas de pesquisa utilizados para a realização de cada objetivo específico estão no Quadro 06. Os métodos de pesquisa foram diversos e pertinentes a cada elemento de levantamento ou análise de dados. Para a estruturação da fundamentação do modelo foram utilizados o tipológico, o histórico, o analógico, o arqueológico, o genealógico, o fenomenológico, o funcionalista, a inferência e a análise de conteúdo. No momento dedutivo a pesquisa foi bibliográfica e documental, mas para reconstrução dos termos de modo indutivo, também foi qualitativa. Na metodologia da pesquisa utilizou-se: o método histórico, o tipológico, o monográfico, o funcionalista, o estruturalista, o etnográfico, o estatístico, o pragmático, o experimental, a pesquisa participante, a pesquisa-ação e a análise de conteúdo. A escolha dos métodos e das técnicas para estabelecer a forma de coleta e de análise de dados para a estruturação do modelo envolveu as pesquisas: bibliográfica, documental, qualitativa e a pesquisa de campo com formulário e entrevista estruturada. O último objetivo é um modelo metodológico, enquanto produto de uma metodologia da pesquisa, e sua coleta e análise de dados para a operacionalização envolveu pesquisas: bibliográfica, documental, qualitativa, quantitativa, questionário, formulário e a análise de dados qualitativos, quantitativos, primários e secundários. Os métodos mais relevantes foram a pesquisa participante, a pesquisa-ação e a análise de conteúdo. Os últimos têm características cíclicas de dedução e indução.

OBJETIVO TÉCNICAS DE PESQUISA MÉTODOS DE PESQUISA ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO PRODUTO

(a) Definir os fundamentos teóricos e os termos do modelo metodológico interativo da “tecnologia social” como alternativa à sustentabilidade. Pesquisa Bibliográfica Pesquisa Documental Pesquisa Qualitativa Tipológico Histórico Analógico Arqueológico Genealógico Fenomenológico Funcionalista Inferência Análise de Conteúdo FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1 – Fundamentação Teórica em “Tecnologia Social”; 2 – Referencial de “Tecnologia Social” da Observação do Senso Comum; 3 – Fundamentação Teórica Metodológica de “Tecnologia Social”; (CAPÍTULO 2) Contribuição Teórica ao Modelo Metodológico Interativo de “Tecnologia Social” (b) Estabelecer as variáveis pertinentes à observação da “tecnologia social”, pela interação entre tecnologia e sustentabilidade. Pesquisa Bibliográfica Pesquisa Documental Histórico Tipológico Monográfico Funcionalista Estruturalista Etnográfico Estatístico Inferência Análise de Conteúdo METODOLOGIA 4 – Descrição Metodológica para a estruturação do Modelo Interativo de “Tecnologia Social”;

(CAPÍTULO 3)

Base e Etapas de Pesquisa do desenvolvimento do Modelo Metodológico Interativo da “Tecnologia Social” (c) Estruturar os procedimentos metodológicos de captação interativa da “tecnologia social” como alternativa para sustentabilidade. Pesquisa Qualitativa Pesquisa de Campo Formulário Entrevista Estruturada Questionário Estruturalista Pragmático Experimental Inferência Pesquisa Participante Pesquisa-Ação Análise de Conteúdo METODOLOGIA 5 – Operacionalização do Modelo Interativo de “Tecnologia Social”; (CAPÍTULO 3)

Forma de coleta e análise de dados para a estruturação de um Modelo Metodológico Interativo de “Tecnologia Social” (d) Viabilizar a proposição metodológica interativa da tecnologia como alternativa de sustentabilidade de acordo com fundamentos teóricos, os uso dos termos, as variáveis e os procedimentos de metodologia da pesquisa. Pesquisa Bibliográfica Pesquisa Documental Pesquisa Qualitativa Pesquisa Quantitativa Questionário e Formulário Análise de Dados Primários e Secundários Análise de Dados Quantitativos e Qualitativos Experimental Estruturalista Inferência Pesquisa Participante Pesquisa-Ação Análise de Conteúdo ANÁLISE 6 – Prática em Pesquisa-Ação da “Tecnologia Social”; 7 – Exposição de Insuficiências e Apresentação do Modelo Interativo da “Tecnologia Social”; e 8 – Proposição de continuidade do Modelo Interativo da Tecnologia Social. (CAPÍTULO 4) Operacionalização do Modelo Metodológico Interativo da “Tecnologia Social” e proposição de ganhos de qualidade, produtividade e otimização, em continuidade no Laboratório de Sustentabilidade

QUADRO 06 – RESUMO DOS PROCEDIMENTOS E PROTOCOLO DE PESQUISA Fonte: Autoria própria (2015).

3.1.4 LEVANTAMENTO DE INSTRUMENTOS, MÉTODOS, METODOLOGIAS E