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Análises do caso: LA VANGUARDIA.ES e a comunicação

No documento Actas I Jornadas de Jornalismo (páginas 166-169)

A representação dos telecentros na mídia jornalística: um olhar a partir da perspectiva triádica da comunicação

3. Análises do caso: LA VANGUARDIA.ES e a comunicação

No caso do diário on-line LA VANGUARDIA.es, através desta investigação foi possível comprovar uma série de informações. Sem dúvida, os usuários estão cada vez mais dispostos a participar e contribuir à versão digital. Os fóruns e enquetes são uma parte do diário que requer bastante atendimento, tanto para a criação de seus temas como para coordenação das pessoas que participam, por isso há normas de participação para os fóruns. A chefe de redação Eva Rosado, é a responsável pelo bom funcionamento do mesmo. A criação das normas se faz imprescindível para orientar a participação e evitar que haja falta de respeito, repetições desnecessárias de conteúdo, mensagens que não se ajustem aos temas propostos ao debate; mensagens difamatórias, obscenas, insultantes ou de qualquer tipo de discriminação; evidentemente, mensagens comerciais ou de divulgação também não são permitidas.

As normas de participação estão bem formuladas, mas há uma contradição em seu último parágrafo: “LA VANGUARDIA.es se reserva o direito de suprimir, por qualquer razão e sem prévio aviso, qualquer conteúdo dos fóruns, bem como qualquer dos temas de debate propostos.” Com isto, permite a possibilidade de se pensar que a redação pode não respeitar uma opinião de

um participante que siga toda as normas apresentadas e eliminá-la sem nenhum motivo, ou que sugere um limite possivelmente conservador de LA VANGUARDIA.es que se contrapõe com a idéia da primeira norma: “Os fóruns da LA VANGUARDIA.es estão abertos a seus leitores. Seu objetivo é fomentar o debate sobre temas de atualidade”.

A partir da análise da observação da realidade, esse trabalho pode constatar as dificuldades e limitações presentes na redação da versão on-line. A primeira inquestionavelmente é a quantidade de profissionais na equipe responsável por LA VANGUARDIA.es, com sete jornalistas e uma estagiária se alternando em três turnos e mais três profissionais que trabalham à parte para a elaboração e manutenção dos canais comerciais. Assim, o número de profissionais é mínimo e devido a esse fato as limitações são notáveis. Os profissionais passam boa parte do tempo ocupando-se da atualização das notícias e como em vários momentos só há um jornalista no turno, não podem realizar essa atividade da melhor maneira possível, ou seja, utilizando as diferentes fontes para fazer a própria criação da notícia. Essa é uma tarefa importante, escreve Lévy:

Cada atualização (da obra virtual) revela um aspecto novo. É mais certos dispositivos não se contentam com uma função combinatória senão que suscitam, no curso das interações, a emergência de formas absolutamente imprevisíveis. Desta maneira, o evento criativo não se limita mais ao momento da concepção ou da realização da obra: o dispositivo virtual propõe uma máquina produtora de eventos. (Lévy,1997:132, tradução nossa)

É importante também destacar positivamente a boa disposição de alguns jornalistas que encontram tempo, normalmente fazendo horas extra ou trabalhando em casa para escrever colunas de opinião e desta maneira exercer melhor o papel de jornalista, já que no dia-a-dia estão mais para técnicos de informática com conhecimento em jornalismo.

O maior problema é a questão de duas diferentes diretorias entre LA VANGUARDIA e LA VANGUARDIA.es. É possível que futuramente as duas empresas se unam para realizarem un ciberjornal mais qualificado e competitivo. Em outros diários a versão on-line e papel trabalham juntas e o

resultado se nota na publicação das mesmas, como é o caso do diário espanhol EL PAIS.es. Essa separação de administração de empresas gera problema em nível de critérios na hora de destacar notícias, se houvesse uma maior coordenação entre os profissionais de ambos veículos se poderia aproveitar o trabalho desenvolvido pelos profissionais do meio impresso para o digital, trabalhando melhor as informações. Não se atualizaria apenas notícia vinda de agência, mas também dos próprios repórteres da edição impressa. Seria possível pensar em novos modelos de elaborar o jornal digital. Inquestionavelmente LA VANGUARDIA.es está muito limitada em sua atual fase. Isso são exemplos de melhorias que a união dos dois meios de comunicação seguramente traria.

Enquanto a união de diretorias entre os dois veículos de comunicação não acontece, a versão digital trabalha com os recursos possíveis, apesar de toda limitação de pessoal e coordenação de empresas, segue desenvolvendo possibilidades de crescimento e criando particularidades da versão digital, como os trabalhos multimídia e a contribuição dos colaboradores com suas colunas escritas em diferentes lugares do mundo. Não perdem de vista que o mais importante é dar atendimento à informação do diário papel e a atualização de notícias, no entanto o veículo digital estimula para que os profissionais encontrem maneiras, de ao máximo possível, criarem novidades.

LA VANGUARDIA.es cresceu muito de sua criação em 1995 até os anos 2000 e acompanhando uma tendência natural desde o aparecimento da Internet e sua expansão. A partir dos anos 2000 as empresas digitais começam a sentir necessidade de mudanças, de rever as maneiras de atuar no mercado web. Isso também acontece com LA VANGUARDIA.es que já não cresce com a mesma rapidez e passa a repensar suas estruturas internas e externas para seguir caminhando junto ao mercado. Em modelo de negócio, a pontual mudança foi à decisão adotada em 2003 de oferecer um modelo de publicação sob registro de usuário gratuito e com determinados conteúdos reservados a assinantes on-line, de pagamento.

Atualmente se encontram num momento de muito trabalho e poucos recursos, ou seja, estão conscientes das possibilidades de evolução do meio digital, das melhorias que podem atingir, mas não se encontram em condições, devido principalmente à separação das empresas que administram LA VANGUARDIA

e a LA VANGUARDIA.es e o numero reduzido de profissionais. Cada ano as duas diretorias entram em acordo para definir novos rumos. O dia que não forem dois e sim, só uma, LA VANGUARDIA.es poderá ser, não a penas a representação de LA VANGUARDIA na web, mas também um diário digital que crescerá em outro ritmo, pois poderá usar melhor seus recursos. De momento LA VANGUARDIA.es merece o reconhecimento por ser uma empresa que luta para seguir e se expandir no mercado, que apesar de todas as dificuldades está contribuindo ao jornalismo digital.

4. Considerações finais − A globalização, a sociedade tecnológica e a

No documento Actas I Jornadas de Jornalismo (páginas 166-169)