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Considerações finais − A globalização, a sociedade tecnológica e a comunicação

No documento Actas I Jornadas de Jornalismo (páginas 169-173)

A representação dos telecentros na mídia jornalística: um olhar a partir da perspectiva triádica da comunicação

4. Considerações finais − A globalização, a sociedade tecnológica e a comunicação

Com a queda do Muro de Berlim caiu também a última barreira que se opunha à consolidação das democracias neoliberais em Ocidente e a globalização das economias, isso se passou casualmente enquanto se expandia a Word Wide Web significando a queda do muro que impedia a globalização das novas tecnologias da informação em suporte digital. O impacto destas tecnologias sobre o homem contemporâneo é de tal magnitude que passa a ser fator determinante da evolução social.

O computador surge em nossa cultura como ferramenta de domínio exclusivo de especialistas: físicos, programadores e engenheiros. Os primeiros trinta anos da história dos computadores foram centrados na tecnologia, isto é, as pessoas devendo se ajustar a uma perspectiva centrada na máquina. Esse cenário mudou radicalmente nas duas últimas décadas, à medida que os computadores passaram a integrar-se à maioria das ocupações, sendo portanto, apropriados a um extenso espectro de usuários. Para Eco (1980); qualquer fluxo de informação de uma origem a um destino é um processo de comunicação, mesmo a passagem de um sinal de uma máquina para outra. Mas significação é a forma mais alta de interação semiótica, onde deve ser um ser humano e “o sinal não é um mero estimulo, mas desperta uma resposta interpretativa no receptor”. Assim, para Eco comunicação é possível sem significação, mas significação pressupõe comunicação. Considerando que a Internet se utiliza da interface, e aqui a defino a todos os aspectos gráficos que

intervém na distribuição do texto para fazer sua leitura mais amigável, há que pensar na comunicação que se estabelece entre o projetista de uma página web e o usuário. A interface é o lugar onde se desenvolvem esta comunicação, o espaço onde os modelos mentais e os simulacros do projetista e do usuário se atualizam e confrontam. Segundo Eco (1979), a interface é o lugar onde se desenvolve o duelo entre a estratégia do projetistas e a estratégia do usuário. Por esse motivo, é muito importante que no ciberjornalismo, projetistas e jornalistas trabalhem juntos, assim podem localizar de maneira mais interessante ao leitor a notícia ou a publicidade. A eleição do usuário do meio digital para “clicar” esse ou aquele link depende muito da maneira que esta construída a página do jornal digital.

Os jornalistas, na hora de trabalhar no meio digital precisam ter claro que os gêneros jornalísticos sofrem transformações do meio impresso para o digital. No entanto há um campo amplo que se estudar sobre estas transformações, mas um ponto é óbvio, cada meio tem sua linguagem. Sobre a linguagem do ciberjornalismo Álvarez contribui:

Na atualidade o ciberjornalismo não só adaptou os gêneros tradicionais, tanto informativos como de opinião, senão que propicia um novo sistema de contar histórias. Da mão de Internet nasceu uma inovadora forma de jornalismo, que além de procurar, analisar e descrever a informação deve também enlaçá-la. (Álvarez, 2003: 239, tradução nossa).

A partir dessa afirmação se pode acrescentar que outros gêneros jornalísticos particulares da linguagem digital surgiram, como é o caso dos gêneros dialógicos para se referir aos gêneros que se baseiam na interação, instantânea ou diferida, entre múltiplas pessoas e que empregam o diálogo na rede através da palavra escrita, a palavra oral, a linguagem gestual ou a iconografia para intervir em palcos propostos por um gerador digital, como explica os autores López e Bolaños (2003).

Com essa característica de abertura da comunicação no ciberjornalismo, o usuário passa de simples consumidor a protagonista da criação das

mensagens jornalísticas e neste ponto devemos pensar na utilização da Internet.

Em síntese, como expõe Castells (2001), Internet é sem dúvida uma tecnologia da liberdade, mas pode servir para liberar aos poderosos em sua opressão dos desinformados e pode conduzir à exclusão dos desvalorizados pelos conquistadores do valor. Neste sentido geral, a sociedade não mudou muito. Mas nossas vidas não estão determinadas por verdades gerais e transcendentes, senão pelas maneiras concretas em que vivemos, trabalhamos, prosperamos, sofremos e sonhamos. Por tanto, para ser capazes de atuar sobre nós mesmos, individual e coletivamente e poder aproveitar as maravilhas da tecnologia que criamos, encontrar um sentido para nossas vidas, criar uma sociedade melhor e respeitar a natureza, devemos situar nossa ação; na sociedade rede, construída em torno das redes de comunicação de Internet. Na sociedade rede mencionada por Manuel Castell, qual é o papel ou a contribuição do ciberjornalismo? Primeiramente repensar a maneira de fazer jornalismo, e também repensar o papel do jornalista e do leitor. Estariam meio digital, profissionais e usuários mais livres para interagirem. Por outro lado, o problema que surge é da exclusão, numa economia global onde cada vez mais as atividades que importam dependem destas redes baseadas na Internet, permanecer desconectado é estar destinado a marginalidade. Esta exclusão pode produzir-se por diferentes motivos: falta de infra-estrutura tecnológica, obstáculos econômicos para o acesso à rede, falta de cultura educativa para o uso, dividindo assim a população dos conectados as redes e os desconectados.

Dentro desse contexto os jornalistas precisam caminhar junto à evolução tecnológica para permanecerem na competitividade do mercado e não qualquer leitor de jornal está apto a transformar-se de receptor a emissor de mensagem.

Como se preparar para ser um ciberjornalista ou um leitor protagonista? É realmente necessário?

Cada um decide como pessoa, profissional ou empresa o caminho que se deseja trilhar nesse mundo globalizado. Há quem decida não ser parte atuante na sociedade rede, o problema é que decidir não se relacionar com a sociedade tecnológica, inevitavelmente não muda o fato que as redes se

relacionem com quem viva no momento presente, na sociedade atual. Melhor então se relacionar, ou seja, se comunicar conscientemente.

Bibliografia

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Do texto ao contexto: O triângulo “sistema”, “esfera pública” e

No documento Actas I Jornadas de Jornalismo (páginas 169-173)