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Outra constatação está no castigo desproporcionado e desnecessário, bem como a prática de espancamento e mutilação.

A ProAnima recebe em torno de 10 denúncias por mês, de pessoas que testemunharam espancamentos, mutilações e maus-tratos a cavalos, de todas as Regiões Administrativas do DF. São cavalos que tombam sob o peso da carroça e são chicoteados para seguirem puxando a carroça; são animais espancados com cabos de aço, pedaços de ferro e pedras; são animais esfaqueados, rasgados ou que tiveram órgãos arrancados. No ano passado, atendemos um caso no qual um grupo de carroceiros acampado na L2 Norte mantinha uma égua prenhe, que tinha sofrido uma fratura de pelve, suspensa por cordas numa árvore, em avançada agonia, de forma a “garantir” que seu filhote ainda pudesse ser aproveitado, mesmo que ela morresse (ASSOCIAÇÃO PROTETORA DOS ANIMAIS DO DISTRITO FEDERAL, 2007).

Foto 46 - Animal mutilado por carroceiro é eutanasiado por médico veterinário Fonte: A Autora

Quanto ao decreto que regulamenta o trânsito de VTAs a visão desse segmento e as sugestões registradas no âmbito do GT, dão conta da necessidade

de alteração. A alegação é de que tal norma não pode ser incompatível com a legislação de proteção animal e tem que atender às exigências do bem-estar dos animais utilizados para tal fim.

Quanto à categoria “atuação do governo”, os registros denotam a percepção da inexistência de um processo integrado das ações do Poder Público em relação aos demais atores sociais.

As ações de fiscalização, autuação, destinação dos animais também são questionadas - tanto pela inexistência de uns quanto pela ineficácia de outros, assim como a inobservância dos preceitos relativos ao bem-estar animal nas condutas afetas ao Poder Público – o que denota, como dito, o não cumprimento da legislação vigente.

Na categoria “inclusão social” restou observado pelo segmento ONGs que, da mesma forma, não há ações efetivas voltadas à inclusão social dos trabalhadores que utilizam VTAs e seus dependentes.

Ficou ressaltado na categoria “proibição” a defesa de que tal decisão seja tomada em relação ao trânsito de VTAs em todo o DF. Segundo a visão desse segmento, para que haja a construção de uma política pública efetiva no contexto dos VTAs, é preciso haver integração de todos os atores envolvidos – seja do Poder Público, como da Sociedade Civil Organizada, de tal forma que haja legislação eficiente, fiscalização e cumprimento das normas, educação, inclusão social e proteção animal.

5.6 POPULAÇÃO

Como dito, o critério adotado para a aplicação de questionários ao segmento “população” foi apenas na RA do Plano Piloto, uma vez ser a área na qual ficou estabelecida a proibição do trânsito de VTAs, sendo, portanto, a medida de maior impacto. A seguir é apresentada a síntese dos dados levantados nessa amostra, o correspondente a 84 questionários aplicados.

Tabela 10 - Dados população

Categorias Questões % Sim % Não Não tem opinião

formada

Informação Sabe que o GDF proibiu o trânsito de VTAs no Plano Piloto 55 Sabe que o GDF está regularizando o trânsito de VTAs 45 -

nas demais RAs 43 57 -

Bem-estar

animal Considera que os carroceiros tratam adequadamente os animais que utilizam no trabalho 2 85 13

Inclusão social

A proibição do trânsito de VTAs no Plano Piloto pode ser

oportunidade de inclusão social dos trabalhadores 25 54 21 A regularização dos VTAs nas demais RAs poderá

melhorar as condições de trabalho dos carroceiros 6 64 30

Proibição 82% 13% 5%

Fonte: A Autora.

Além dos dados registrados na tabela, em relação às informações sobre as medidas adotadas pelo GDF, o segmento amostrado considera como insuficientes (81%); suficientes (5%) e 14% disseram não ter opinião formada.

Para 73% dos respondentes, a solução das questões relativas aos VTAs diz respeito ao Governo, às ONGs e à sociedade como um todo. Outros 24% disseram que a solução passa pelo Governo e condutores de VTAs e 3% afirmaram que apenas o Governo deve resolver tais questões.

Do percentual de 82% dos respondentes acerca da hipótese de o GDF proibir o trânsito de VTAs em todo o Distrito Federal, 62% afirmaram apoiar, desde que houvesse políticas públicas adequadas para os carroceiros e em relação ao bem- estar dos animais.

A pesquisadora também listou alguns temas para que os respondentes se manifestassem quanto à possível relação com o bem-estar animal. Entre os questionamentos realizados está a manifestação de que a qualidade de vida dos seres humanos está diretamente relacionada à qualidade de vida dos animais não humanos. Para 80% dos respondentes a resposta foi sim, enquanto 13% disseram não e 7% registraram não ter opinião formada.

A tabela a seguir apresenta dados sobre a percepção desse segmento em relação a outros temas.

Tabela 11 - Percepção sobre o bem-estar animal em relação a outros temas

Saúde

Pública MDE* Aquecimen-to Global Cultura Exclusão Social Degrada-ção Ambiental

Consu-

mo Ética Informa-ção Educa-ção

80% 71% 35% 56% 57% 63% 44% 63% 77% 85%

* Modelo de Desenvolvimento Econômico

A despeito da pouca informação acerca das decisões governamentais, a tabela 11 retrata uma visão interessante, no que diz respeito à leitura da interdependência dos temas sugeridos e o bem-estar animal.

Este cenário leva a inferir que, ao comparar tais informações com os percentuais registrados na tabela das categorias e demais percentuais citados, é possível que o cotidiano dos VTAs, testemunhado pela população do Plano Piloto, seja percebido no seu conjunto. Ou seja, a percepção acerca da deficiência do Estado em informar a população também é sentida no tocante às políticas voltadas aos carroceiros e aos animais de tração, uma vez que grande parte dos respondentes cita a necessidade de políticas públicas.

5.6.1 Arquivos noticiosos

Como o seguimento população está no rol dos atores entrevistados, e entre as questões pesquisadas está o conhecimento acerca do contexto VTAs, coube verificar quantas e quais as informações que circularam na imprensa nos anos de 2007 e 2008, de tal forma a subsidiar a análise.

Para tanto, a pesquisadora optou por levantar as informações publicadas em um jornal, por ser o tipo de publicação cuja notícia, em princípio, é mais aprofundada.

Assim, o levantamento foi realizado no Centro de Documentação do jornal de maior circulação do Distrito Federal – Correio Braziliense. A pesquisa foi feita por meio de busca das palavras-chave carroça, carroceiros e cavalos, em todas as notícias publicadas no período em questão.

É importante ressaltar que não houve veiculação de qualquer campanha ou propaganda governamental sobre o tema VTAs ou das providências acerca das decisões adotadas. A única pista que se tem sobre o assunto, foi dada pelas notas mencionadas, que fizeram a divulgação de cadastramento de carroceiros.

De acordo com a busca realizada, o Correio Braziliense29 publicou no ano de 2007 oito notas, quatro notícias, um artigo, um feature30. Em 2008, foram publicadas duas notas e um feature. O quadro 4 registra uma síntese do teor de tais publicações.

Gênero Data Teor

Notícia 10/03/2007 “O valente Foguinho”: trata de cirurgia inédita realizada no hospital veterinário da UnB em potro de propriedade de carroceiro.

Nota 23/05/2007 “Carroceiro será cadastrado”: AR do Guará fará cadastramento de carroceiros. Medidas fazem parte do projeto “Carroça Legal, Cidade Limpa”.

Nota 11/06/2007

“Caminhões em vez de carroças”: reunião entre cooperativas de catadores e representantes do SLU. Pauta: proibição dos VTAs no Plano Piloto, alternativas de transporte e plano de moradia.

Notícia 12/6/2007 “Carroças invadem a cidade”: Perigos do trânsito (riscos para motoristas, pedestres e animais); desrespeito à Lei 1553, que dispõe sobre o trânsito de VTAs; maus-tratos aos animais.

Artigo 25/06/2007 “Compro uma carroça”: Texto escrito com grande ironia, a fim de criticar o caos das vias públicas, a falta de educação no trânsito, os impostos excessivos. Segundo o autor com a carroça pode tudo, afinal elas são “invisíveis”.

Nota 28/06/2007 “Descaso e riscos em área nobre”: trânsito de carroças é freqüente – poeira e risco para pedestres.

Notícia 25/07/2007 “Arruda critica IBAMA”: governador Arruda desafia IBAMA e diz que vai construir o curral comunitário do Varjão sem a licença do órgão ambiental.

Nota 14/09/2007 “Cadastro de Carroceiros”: prazo para cadastramento de carroceiros em Taguatinga e exigência de habilitação para transitar com VTAs.

Nota 12/09/2007 “Cadastro de carroceiros”: reforço da data de término para cadastramento e alerta sobre apreensão de animais de carroceiros não cadastrados.

Nota 30/10/2007 “Carroceiros vacinam cavalos”: AR do Gama e Seapa realizam mutirão para tratar cavalos de carroceiros (vacina e exame de AIE). Próxima semana curso sobre “cuidados com os bichos”.

Nota 31/10/2007 “Carroças com regras”: Reunião da AR Samambaia com carroceiros para tratar da regularização dos VTAs.

Notícia 3/11/2007 “Sobreviventes dos Três Poderes”: a hierarquia dos trabalhadores do lixo, moradia no cerrado e resistência à desocupação.

Feature 24/11/2007 “24 horas na vida de Geralda Lopes de Oliveira (uma carroceira): Narra uma história de vida de carroceira que vive no cerrado. Cita a preocupação com a proibição do trânsito de VTAs no Plano Piloto.

Nota 29/11/2007 “Carroceiros”: nova regra para trânsito das carroças em Ceilândia.

Nota 25/02/2008 “300 Cavalos”: cavalos serão identificados com microchips em Planaltina. A medida faz parte das novas normas de identificação dos carroceiros.

Nota 09/05/2008 “Carroceiros cadastrados”: DETRAN DF vai “instalar chips eletrônicos” em 148 cavalos de carroceiros da Vila Estrutural. As carroças serão emplcadas.

Feature 02/10/2008 “O presidente do Varjão”: Perfil de um ex carroceiro que supera obstáculos e lidera primeira entidade de proteção a recicladores do bairro onde mora.

Quadro 4 - Informações publicadas sobre VTAs Fonte: A Autora.

29 Busca realizada pela autora no Centro de Documentação do Correio Braziliense.

30 Nota: É uma notícia que se caracteriza pela brevidade do texto,ou pequena notícia que se destina a

informação rápida;

Notícia: Relato objetivo de um acontecimento real - trata-se de um texto jornalístico cujo objetivo é informar;

Artigo: Gênero jornalístico que traz interpretação ou opinião do autor;

Feature:- Gênero jornalístico que vai além do caráter factual e imediato da notícia. Opõe-se a "hard news", que é o relato objetivo de fatos relevantes para a vida política, econômica e cotidiana. Um "feature" aprofunda o assunto e busca uma dimensão mais atemporal. Define-se pela forma, não pelo assunto tratado. Pode ser um perfil, uma história de interesse humano, uma entrevista (TEXTOS..., 2008/9).

Das informações veiculadas no período em análise cabe destacar que a grande maioria é composta por notas, cujo teor é caracterizado pela brevidade. Ou seja, a informação trata de fazer o chamamento para o cadastro realizado, vacinação e chipagem de animais, funcionando quase como um serviço de utilidade pública, sem, entretanto, vincular ao contexto a que se refere.

No gênero notícia, das quatro matérias publicadas, duas delas situam o leitor em relação a alguns dos problemas relativos aos VTAs. Em “sobreviventes dos Três Poderes” o texto cita rapidamente a proibição ao trânsito de VTAs no Plano Piloto, sem entrar em detalhes relativos à ação do GDF, e destaca o cotidiano das invasões. Mas a abordagem não aprofunda o cenário de exclusão, embora denote tal fato. Como o foco da matéria está na hierarquia dos trabalhadores do lixo, os problemas das invasões não mereceram destaque, a não ser pela informação quanto à resistência dos trabalhadores em deixar os locais considerados “nobres” para a coleta do lixo.

A notícia que mais informação oferece ao leitor no tocante aos VTAs é aquela cujo título é “Carroças invadem a cidade”. O texto aborda os problemas relativos aos perigos no trânsito – para motoristas, pedestres e animais e cita a apreensão de carroças, fazendo menção às ações da Seapa e Detran, de forma superficial. Também cita a legislação que dispõe sobre o trânsito de VTAs, em especial a Lei 1.553/2007 (BRASIL, 2007), e o desrespeito a tal norma pelos carroceiros – tanto no que diz respeito às carroças, quanto aos animais. Entretanto, a matéria não aprofunda o universo que envolve o tema VTAs e tampouco vincula os fatos relatados às ações em curso no GDF.

Os dois Features, fiéis ao gênero jornalístico, tratam de histórias de vida, sem considerar a relevância dos fatos pertinentes aos VTAs. Um traço aqui outro ali configuram uma dose de relato acerca da “marginalidade dos que vivem do lixo”. Mas é um relato que reforça o caráter “emocional” dos perfis dos personagens entrevistados, sem aprofundar a realidade que cerca o tema. Como, de fato, ocorre nesse gênero jornalístico.

Chama atenção a notícia “Arruda critica IBAMA”, na qual o governador José Roberto Arruda desafiou o IBAMA ao dizer que “vai construir o curral comunitário do Varjão sem a licença do órgão ambiental”. A notícia destaca o discurso de provocação; porém, não aprofunda os impactos de tal decisão – como a fragilidade ambiental da região e os dispositivos legais acerca dos VTAs. Fica explícito o

caráter oportunista e eleitoreiro, uma vez que tal declaração foi dada em evento na comunidade em questão – área na qual há grande número de carroceiros.

Merece atenção o artigo “Compro uma carroça”. Enviado por um cidadão de Brasília, o texto é uma crítica feroz ao caos e desrespeito verificado no trânsito, ao excesso de impostos e descaso com a aplicação dos recursos. Para tanto, o autor utiliza a figura da carroça para evidenciar o descaso na aplicação das leis e os valores que denotam tal conduta. A forma irônica e até cruel encontrada pelo autor para criticar o contexto evidencia, de certa forma, como as autoridades locais tratam a questão dos VTAs. Diz o texto:

Ufa, chega, cansei disso tudo! Vou comprar uma carroça. Não tem pintura para arranhar ou queimar, qualquer resto de pneu serve. As rodas já vêm empenadas, não troca amortecedores, é zero absoluto em manutenção mecânica. [...] o cavalo, eu o solto à noite para pastar no capim que é tão fácil de se encontrar no maltratado verde da nossa cidade. Combustível grátis (oba, menos uma despesa!). Se algum carro o atropelar, que se dane, compro outro pangaré e pronto. Se matar ou aleijar alguém, dane-se de novo, cavalo não tem documento, ninguém vai mesmo saber que era meu. Em resumo: investimento mínimo, nenhuma despesa e ainda tenho a maior de todas as vantagens: não tenho que respeitar nada, nenhuma lei. A lei é minha! Avanço qualquer sinal na cara dos guardas, pois comigo eles não se metem, comigo ninguém pode! Dirijo bêbado, carrego mulher, criança, todo mundo pendurado nas laterais do caixote. Cinto de segurança? Nem sei o que é. Passo por cima de calçada, pulo de uma pista para outra. Seja onde for. Ando na contramão, paro no meio de qualquer rua. Faço o que quero e bem entendo e ninguém sequer me recrimina. [...] Para as carroças fazem vista grossíssima. Elas simplesmente não existem (BRANDÃO, 2007).

Embora não trate de informações sobre o processo em curso, relativo aos VTAs, o artigo se mostra contundente na crítica ao poder local no tocante à invisibilidade de pessoas, animais e carroças. Embora o foco esteja na não aplicação das leis e má utilização dos recursos, a crítica também resvala na desconsideração com tais seres – ou seja, o não respeito às vidas.

As demais informações que circularam no periódico são reveladoras da superficialidade, do enfoque alienante, da crítica ausente na mídia. Os invisíveis do lixo – famílias de carroceiros e os animais utilizados – assim como as contradições que saltam desse contexto - passam ao largo da necessária denúncia e análise que, em princípio, deveria ser explorada, tendo em conta a função da imprensa.

Resta o prolongamento materializante da cegueira institucional, enfim, o fundo cultural comum e conspícuo de “desgovernança socioambiental”, retrato imune ao olhar jornalístico. Ou não.

Ora, se para 73% dos respondentes, a solução das questões relativas aos VTAs diz respeito ao Governo, às ONGs e à sociedade como um todo, significa dizer

que a quantidade e qualidade da informação disseminada parecem longe de contribuir para o empoderamento e participação crítica de todos os envolvidos. Mesmo levando em conta o alto percentual de percepção das vinculações existentes com os temas propostos. Ou seja, a despeito de tal percepção, não há mobilização, crítica, pressão e participação social suficientes, que possam ser traduzidas em cobrança efetiva de políticas públicas voltadas ao cenário em tela.

Ao contrário, os temas estão aí, passam pelo campo visual da população, mas, de certa forma, são considerados “distantes” do seu quintal. Tal fato pode ser constatado pelo alto número de denúncias recebidas pelas instituições de proteção animal. Como se a elas coubesse solucionar questões de tal ordem complexas, e que envolvem o conjunto da sociedade. Lavar as mãos não é sinônimo de participar ou do exercício cidadão e de protagonismo, que a contemporaneidade requer.

A mesma linha de interpretação pode sustentar a questão relativa ao binômio produção/consumo, que por sua vez leva a diversos problemas já citados neste estudo, entre eles os desequilíbrios socioambientais – que estão na mesma esteira do contexto VTAs. E para tal, a qualidade da informação que circula é fundamental.

Em grandes jornais e revistas, em TVs e rádios e mesmo na Internet, se o assunto é lixo a superficialidade impera. O repórter dificilmente consegue mostrar que o aterro esgotado que também acaba contaminando os rios tem ligação direta com o padrão de consumo exagerado imposto pelo mercado e pelos próprios veículos de comunicação que informam apenas sobre o problema do momento. As autoridades nunca são questionadas a respeito de políticas de regulação da produção porque a ordem é sempre vender, vender e vender (BELMONTE, 2004, p. 30).

De acordo com o jornalista Roberto Villar Belmonte (2004), a imprensa tem um papel fundamental em informar e educar a população sobre temas de interesse público, como questões socioambientais. A rigor, esse processo vai contribuir para a compreensão do mundo de forma crítica e complexa e, assim decisões e escolhas serão mais embasadas. Belmonte defende que o jornalismo, no contexto urbano, é uma ferramenta de educação ambiental.

Na mesma linha, esta pesquisa defende que comunicação, tal qual a educação humanitária e ambiental constituem instrumentos fundamentais da gestão ambiental.

Na superfície do problema, os números que aparecem assustam tanto que até imobilizam, desviam o olhar da maioria que prefere continuar empurrando o lixo de nossa civilização para debaixo do tapete da modernidade tecnológica. O mais avançado comportamento transmitido é a separação dos resíduos em casa para que retornem novos aos templos de consumo, de preferência com um selo verde para acalmar as consciências mais preocupadas, embora ainda ávidas por consumir tudo que encontrarem pela frente (BELMONTE, 2004, p. 30).

5.7 LEGISLAÇÃO

O presente estudo de caso deve ser analisado à luz da Constituição Federal, da legislação ambiental vigente, assim como das normas atinentes ao trânsito de veículos de tração animal e proteção dos animais no âmbito do Distrito Federal.

Para tanto foram pesquisadas leis e decretos que evocam o contexto em tela, conforme indicado no Quadro 5, com o objetivo de realizar um cotejo entre os parâmetros legais e sua aplicação no cenário pesquisado. Dados que são importantes para as conclusões da pesquisa. Da mesma forma, tal análise contribui para a percepção de possíveis lacunas e contradições na aplicação de princípios fundamentais ao contexto ambiental, como também à qualidade de vida dos seres em questão – sejam eles humanos ou não humanos.

Lei /

Decreto/Artigo Decreto de regulamentação Assunto Aplicada Não aplicada

Artigo 225, Capítulo VI, da Constituição

Federal Preservação do meio ambiente x

Artigo 6º, Capítulo II, da Constituição

Federal Direitos Sociais x

Artigos 25 e 32 da Lei 9.605/98

Decreto 3.179 de 1999

Decreto 6.514 de 2008. Lei de Crimes Ambientais x

Artigo 3º do Decreto 24.645/1934

Estabelece medidas de proteção

aos animais x

Lei 2.095 de 1998 Decreto 19.988 de 1998 Proteção e defesa animal do DF x Artigo 296 da Lei

Orgânica do DF

Dispõe sobre a obrigação do Poder Público em proteger e preservar a flora e fauna, coibindo práticas cruéis contra os animais

x

Lei 549/1993 Cria os currais e pastos comunitários x

Lei 1.553 de 1997

Decreto 26.289/2005, alterado pelo Decreto 25.289/2005 e posteriormente pelo Decreto 27.122/2006

Dispõe sobre o trânsito de Veículos de Tração Animal no

DF x

Lei 41 de 1989 Institui a política ambiental do DF x

Lei 1.298 de 1996 Dispõe sobre a preservação da flora e da fauna x

Lei 1.492 de 1997 Dispõe sobre a crueldade contra animais em eventos x Lei 4.060 de 2007 Define as sanções a serem aplicadas pela prática de maus-

tratos aos animais x

Quadro 5 - Legislação Fonte: A Autora.

5.7.1 Aplicação da legislação

O Quadro 5 destaca os principais dispositivos legais que, em princípio, deveriam referenciar as ações do Poder Público. Entretanto, considerando os fatos observados e relatados neste estudo, fica caracterizada a infração a tais normas. A