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Panorama da produção de agrocombust íveis

2.1 Antecedentes ambientais

A relação ent re cresciment o econômico desmedido e o agravamento das quest ões ambient ais ganhou um novo cont orno a part ir da realização de fóruns int ernacionais e da publicação de alguns document os. Dent re eles, o Relatório do Clube de Roma em 197216, elaborado na Primeira Conferência do Meio Ambiente, ocorrida em Est ocolmo; o Relat ório Brundt land ou Nosso Fut uro Comum17 de 1987; a Agenda 2118 (plano de ação para a implant ação do desenvolviment o sustent ável) e a Convenção sobre Diversidade Biológica19 - ambas formuladas durante a II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambient e e Desenvolviment o em 1992, conhecida como ECO 92. Para t ratar mais especificament e das mudanças climát icas, foi criado o Painel Intergovernament al sobre Mudança do Clima (IPCC)20 em 1988 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambient e (PNUMA) e pela Organização M et eorológica Mundial (OMM). Atualment e são os est udos feit os pelos pesquisadores do IPCC que fornecem o discurso cient ífico oficial ao debat e sobre as mudanças climát icas.

16 Disponível em: <http://w ww.clubofrome.at/about/limitstogrowth.html>. Acesso em: 11/04/2010.

17 Apresent ado em 1987, propõe o desenvolvimento sust ent ável como alternativa ao modelo de

desenvolvimento. Foi publicado após 15 anos da reunião em Estocolmo e visando a produção de um document o mais det alhado que conciliasse as divergências surgidas durante a I Conferência. Disponível em: <http://daccess-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/N87/184/67/IMG/N8718467.pdf?OpenElement>. Acesso em: 11-04-2010.

18 Disponível em: <http://www.un.org/esa/dsd/agenda21/>. Acesso em: 11/04/2010. 19 Disponível em: <http://www.cdb.gov.br/CDB>. Acesso em: 11/04/2010.

20 O objetivo desse Painel é avaliar os conhecimentos científicos produzidos sobre os efeit os das mudanças

No campo cient ífico, há os que afirmam que ainda é cedo para que as mudanças climát icas sejam relacionadas às ações ant rópicas, vist o que o planet a Terra conhece ciclos de aqueciment o e de resfriament o há milhões de anos; e que seria necessário mais t empo de estudo para se poder afirmar de forma segura que est amos vivendo um ciclo de aqueciment o muit o diverso21. Para além do debat e científico ent re os que acredit am e os que são mais caut elosos em relação ao aqueciment o global, há duas int erpret ações possíveis: i) um cuidado com o fazer ciência – diferent e do senso comum - e a divulgação de suas verdades; ii) a crença que sem evidências cient íficas não há porque mudar nenhum padrão de vida. A permanência do modelo atual, nesse caso, int eressa a muit os países e empresas mult inacionais.

Num rumo muit o dist int o dessa primeira concepção, o IPCC afirma que as mudanças climáticas são indiscut íveis e que os est ados–nações e a sociedade civil devem rever alguns padrões de consumo e de vida, principalment e em relação à produção e consumo de energia - grande vilã responsável pelo aqueciment o global e também por inúmeros conflit os geopolít icos. Est a concepção t ambém não é homogênea. Uma vert ent e acredit a que t emos que rever radicalment e t odos os paradigmas de modo de vida, de trabalho e de relação com a nat ureza da sociedade moderna. Leonardo Boff é um expoent e dessa corrent e, seu argumento t raz as marcas da teologia. Sua leit ura sobre o meio-ambient e converge com a formulação da Teologia da Libert ação: os mesmos processos que dão origem e mant êm a pobreza no mundo, são responsáveis pela degradação do planet a.

... a sit uação da Terra e da humanidade é t ão grave que som ent e o princípio de cooperação e uma nova relação de sinergia e de respeit o para com a

21 Para consulta, recomendamos no site do depart amento de Geografia da USP (em apoio didático, acesso

em 10/01/2010) um debat e chamado pelo professor Ricardo Augusto Felício de: “ Discussão entre um cét ico e um aquecimentista” .

nat ureza nos poderão salvar. Sem isso vamos para o abismo que cavamos. (...) Essa cooperação não é uma virt ude qualquer. É aquela que out rora nos permit iu deixar para t rás o mundo animal e inaugur ar o mundo humano. Somos essencialment e seres cooperat ivos e solidários sem o que nos ent redevoramos. Por isso a economia deve dar lugar à ecologia. Ou fazemos est a virada ou Gaia poderá cont inuar sem nós. (BOFF, 2009)

Ainda dent ro da chave da import ância do prot agonismo humano nas mudanças climát icas, há uma vert ent e, diametralment e opost a à primeira, defendendo que as inovações na mat riz energética devem sobrevir para que os padrões de consumo e bem- est ar possam cont inuar crescendo. Est a últ ima vert ent e já nasceu com força polít ica e econômica e visa t erritorializar-se at ravés da produção de novas mat rizes que não as fósseis - acent ua-se aqui a primazia da t écnica para a solução de problemas produzidos em nome do desenvolviment o econômico e da modernização.

Como os t emas geração de energia, desenvolviment o e preservação do ambient e est ão na ordem do dia, há uma const rução social e polít ica t ambém se efet uando no senso comum: há os que acredit am que reciclando o lixo, consumindo menos, neut ralizando o carbono e plant ando árvores (virtualment e ou não) cont ribuirão individualment e, e isso já seria suficiente para um mundo melhor, moderno.

O alert a ambient al foi dado e desde ent ão soluções para o cresciment o econômico são procuradas de modo a perpet uar a reprodução do capit al. O que parecia ser uma nova crise iminente do capit al - na década de 1990 muit os acredit aram que a descobert a dos problemas ambient ais poderia re-significar as bases da acumulação capit alist a - foi logo incorporada como mercadoria pot encial t ant o pelos Est ados como pelo mercado. Parece-nos que a crise de sobreacumulação do capit al encontrou na quest ão ambient al e

mais recent ement e na quest ão energét ica um campo fért il para que os excedentes de capit al sejam absorvidos.