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Antecedentes: o pós declínio e os limites da ilha regional

2. INTEGRAÇÃO, CRESCIMENTO ENDÓGENO E QUESTÃO REGIONAL NA AMAZÔNIA

2.1. Reestruturação endógena: crescimento industrial e valorização regional (1920 – 1964)

2.1.1. Antecedentes: o pós declínio e os limites da ilha regional

Se no interior da formação socioespacial da Amazônia havia alguma possiblidade de constituição de um complexo econômico integrado a partir da exportação da borracha – aos moldes do que paralelamente havia-se consolidado em São Paulo –, quando se confirma o declínio do preço da borracha silvestre no mercado internacional essa possibilidade se tornaria mais remota a cada dia. O sentido dos investimentos industriais durante o ciclo, particularmente na Amazônia paraense, deixa claro a fragilidade das ligações que porventura haviam-se constituído entre as três estruturas de produção predominantes da formação amazônica.

De um lado, encontrava-se a estrutura extrativista, economicamente mais relevante no sentido da reprodução do capital ao longo da história regional, condição que a tornou mais articulada com a demanda externa. Era representada por agentes econômicos que personificavam frações do capital comercial, portador de juros na sua forma mercantil, e que

se integravam pelo sistema de aviamento, cuja dialética interna permitia drenar a renda e o capital gerados no interior da região no sentido dos seus principais pontos de exportação. Como se viu no capítulo anterior, no auge da fase gomífera do ciclo extrativista, a dialética interna dessa estrutura, ao passo que desobrigava a demarcação formal da terra rural, dado a lógica de coleta em “estradas” e o controle policial sobre a força de trabalho, obrigava à formação de um mercado de terras urbano para viabilizar o extravasamento do capital acumulado na atividade gomífera em direção ao circuito imobiliário.

É importante destacar que a condição de hegemonia da estrutura extrativista, definiria não só a hinterlândia de Belém, como conformaria um desenho peculiar para a rede urbana da formação amazônica que se articulava econômica e culturalmente pelo modal fluvial de transporte de pessoas e mercadorias. A hierarquização dos pontos nodais incluiria dos menores pontos de assentamentos humanos, como as vilas ribeirinhas em comunidades extrativistas, passando por cidades maiores, como Santarém no baixo Amazonas paraense ou Marabá no encontro do Itacaiúnas com o Tocantins, até chegar a Belém, principal porta de saída para o mercado externo.

No campo oposto da formação Amazônica, havia duas estruturas de produção distintas, economicamente periféricas na formação socioespacial da Amazônia e articuladas mais diretamente à demanda interna de bens de consumo de primeira necessidade: uma de base agrícola; e outra urbano-industrial, basicamente centrada em gêneros alimentícios, pequenas manufaturas e bens de consumo não duráveis. Em regiões específicas do mundo rural paraense, particularmente na região do Marajó, no entorno da cidade de Belém e de Cametá, na região do Baixo Tocantins, a estrutura agrícola conformara como espaço social o que restou de grandes latifúndios coloniais dedicados à agropecuária ou à produção de derivados da cana-de-açúcar. É importante lembrar que, na sua maioria, a propriedade desses espaços remetia a famílias de colonos portugueses que migraram para a região no século XVIII, que, apesar de menos importante na reprodução do capital mercantil regional, correspondiam a grandes proprietários de terra rural e urbana que também tradicionalmente ocupavam os cargos políticos e administrativos dos estados amazônicos.

Com o advento da Cabanagem, a abolição dos escravos e o escasseamento da força de trabalho durante o ciclo gomífero, a estrutura agrícola enfrentaria um longo período de crise que só foi parcialmente superado depois de uma rodada de incentivos estatais quando do declínio da atividade gomífera. Como resultado, seriam ampliadas as atividades agrícolas baseadas na pequena e média propriedade rural na região nordeste paraense, no entorno da Estrada de Ferro Belém-Bragança e posteriormente em outras regiões do Estado – em regiões

de colonização incialmente previstas para estrangeiros e que posteriormente são ocupadas por nordestinos, antigos seringueiros.

Ainda mais periféricas na formação socioespacial da Amazônia eram as atividades ligadas à estrutura urbano-industrial, cujo espaço social restringia-se basicamente a Belém e Manaus, cidades onde se concentravam a produção de manufaturas e insumos de primeira necessidade utilizados na atividade extrativa e na construção civil, além dos pequenos centros de bens de consumo não duráveis de primeira necessidade utilizados na vida cotidiana da população rural e urbana na Amazônia255. A origem do capital dessa estrutura viria do

pequeno comércio que possuía associada alguma atividade manufatureira ou industrial de pequeno porte. Em sua grande maioria, eram personificadas por agentes econômicos individuais que produziam e vendiam seus produtos dentro de unidades produtivas familiares, ocupando no mais das vezes o mesmo espaço físico que habitavam.

É nesse sentido que devem ser interpretados os número registrados no censo industrial de 1907, em que se evidencia a prevalência de oficinas de manufaturas sobre a grande indústria, mesmo no auge do ciclo gomífero. Naquela ano, em todos os estados da Amazônia, foram registrados 146 estabelecimentos industriais, o que correspondia a ínfimos 4,9% do total registrado no Brasil256, número insignificante considerando-se a importância da economia gomífera para o todo da economia brasileira naquele momento. Esses espaços operavam com instrumentos de trabalho simples, ocupando força de trabalho predominantemente familiar, cujo valor de produção em média não ultrapassava o montante de dezoito contos de réis257.

Dessa fase, são poucos os estabelecimentos industriais paraenses que se destacam pela sua escala de produção, apresentando características mais próximas de um padrão industrial de acumulação. Um dos casos mais emblemáticos foi o da Fábrica Palmeira, fundada em 1892, em Belém, e reorganizada em 1901 para se tornar parte das empresas do grupo Jorge Correa & Cia. Dedicava-se à produção de pães, torrefação de café, produção de açúcar refinado, biscoitos, chocolates, amêndoas, entre outras mercadorias. Em 1907, possuía mais de 400 operários de ambos os sexos e ocupava uma área de aproximadamente 15.000 metros quadrados no centro comercial de Belém. O seu proprietário, João Jorge Correa era um importante empresário da colônia portuguesa paraense que detinha o título de

255 MOURÃO, L. Memória da indústria paraense. Belém: FIEPA, 1989.

256 Segundo do Censo de 1920, em 1907 foram registrados cerca de 2988 estabelecimentos industriais em todo

Brasil.

comendador, uma condecoração do governo português dado aos profissionais ou empresários que haviam enriquecido com o próprio mérito, significando uma importante forma de promoção social na sociedade amazônica da época258.

Outro caso importante é o da Fábrica de Cerveja Paraense, fundada em 1905 por João Moreira e logo posteriormente adquirida por Antônio Faciola, Eduardo Tavares Cardoso e Menassés Pension. No auge do ciclo gomífero, a fábrica empregava cerca de 150 operários e tinha capacidade de armazenagem de cerca de doze mil litros259. Os dois primeiros eram

proeminentes empresários paraenses do ciclo gomífero do ramo gráfico. O mais importante deles era Antônio Faciola, imigrante italiano que chegou em Belém no final dos XIX como professor de piano; abriu inicialmente uma livraria (livraria Maranhense), tornando-se posteriormente senador do Estado e sócio-proprietário do Banco do Estado do Pará. Entre as décadas de 1920 a 1940, Faciola permaneceria na cidade e se tornaria uma importante figura política da região, chegando a ocupar o posto de intendente de Belém.

Nos casos citados, trata-se de estabelecimentos que surgiram a partir de investimentos associados à estrutura urbano-industrial de produção, ou seja, cuja origem e valorização do capital provêm prioritariamente de atividades relacionadas ao comércio e à produção industrial de base urbana. Durante aquele período, ao que tudo indica, o acúmulo da riqueza dos poucos grandes grupos industriais que têm origem dessa estrutura não apresentava relação direta com a atividade extrativista, tampouco com a estrutura de produção agrícola. É evidente, entretanto, que não se trata de esferas desconectadas de valorização, afinal são os exorbitantes lucros da atividade de exportação gomífera, durante o período auge do ciclo, que efetivamente sustentavam o elevado padrão de consumo da classe média e da elite regional, consequentemente, criando a demanda efetiva para esse tipo de investimento.

Em suma, pode-se considerar que a incapacidade de se estruturar um complexo econômico amazônico, em grande medida, decorria da falta de complementariedade de investimentos industriais protagonizados pelas três estruturas de produção presentes na formação socioespacial da Amazônia. Isso significa que, por mais que se registrem casos importantes de inversão industrial durante o ciclo gomífero, trata-se de investimentos que surgem desvinculados de elementos internos capazes de reduzir os custos de produção e ampliar a produtividade da economia regional, seja na atividade de extração do látex ou na cultura de produção agrícola, seja na própria atividade industrial de base urbana.

258 BENCHIMOL, 2009, p. 87. 259 MOURÃO, 1989, p. 42.

O sentido prioritário de atender à demanda de bens de consumo não duráveis, impossibilitava que as fracas ligações orgânicas entre aquelas estruturas de produção evoluíssem para a constituição de um complexo econômico integrado, eventualmente permitindo o ganho de produtividade na atividade extrativa da goma ou a diversificação industrial em relação ao simples beneficiamento da borracha como produto demandado pelo mercado internacional. Contudo, é importante deixar claro que o crescimento industrial registrado durante a fase gomífera do ciclo extrativista também contou com inversões importantes de frações do capital comercial ligado à estrutura extrativista. São grupos que não abdicam de tentativas de beneficiamento da borracha ou de outros produtos oriundos da atividade extrativa vegetal. Fica clara a existência dessas tentativas quando se observa a trajetória das Irmãos Bitar S/A, fundada na primeira década do século XX e dedicada à transformação industrial das pélas de borracha em artefatos pneumáticos.

Com o declínio que se segue a partir de 1912, a possibilidade de articulação de um complexo econômico integrado durante a década de 1920 e 1930, antes do início das primeiras articulações internas com o mercado nacional, passa a depender ainda mais da existência de um mercado de consumo, prioritariamente urbano, espacialmente restrito aos estados da Amazônia. É nesse sentido que devem ser interpretados os investimentos industriais que se concentraram no setor de bens de consumo não duráveis das duas capitais, como um processo de substituição de importações a nível regional voltado a atender, no limite do possível, o padrão de consumo que se havia consolidado nas décadas anteriores260. De fato, um mercado de consumo robusto só era realidade na cidade de Belém, que contava com cerca 200 mil habitantes, e em menor grau em Manaus, onde havia 80 mil moradores. Somente ali, as “heranças” demográficas do fase de exploração do látex do ciclo extrativista estimulariam o crescimento de setores voltados para o atendimento de demandas básicas do mercado interno regional.

Importa ressaltar também que a reestruturação de parte da economia amazônica, no sentido da substituição de importações de bens de consumo não duráveis, ocorreria em paralelo ao início de uma nova fase do ciclo extrativista, voltado agora para a exploração e beneficiamento da castanha-do-pará. Embora menos pujante, essa condição ainda manteria viva o caráter hegemônico das relações socioespaciais de produção que tinham como pano de fundo a prática do aviamento, concentrando em torno de si a maior parte do capital originado na formação amazônica, inviabilizando, com isso, a distribuição da renda extraída no mundo

rural amazônico ou o avanço da urbanização capaz de ampliar o mercado de consumo regional.

A simultaneidade entre reestruturação endógena com base em atividades industriais dedicadas à produção de bens de consumo não duráveis e a expansão das exportações da castanha-do-pará levaria à consolidação de duas trajetórias distintas das atividades industriais na economia paraense. Uma primeira, de maior escala de produção e associada mais diretamente ao extrativismo e beneficiamento da castanha-do-pará, cuja dialética interna impõe novos elementos para a força produtiva, ao mesmo passo em que resiste a transformações nas relações de socioespaciais de produção. Em outras palavras, não se elimina a dependência do aviamento e seus juros extras, mas se incorpora à cadeia produtiva a atividade industrial de beneficiamento da castanha-do-pará e, em menor escala, da borracha, ambas em grandes usinas construídas em Belém nas suas áreas de entorno.

Esse é precisamente os casos da Beneficiadora de Produtos da Amazônia S/A, da família Benzecry, a Irmãos Bitar S/A, da família Bitar e a Companhia Industrial do Brasil de propriedade das famílias Chamiê, Chady e Thomé. Nos três casos, trata-se de grupos industriais que se desenvolvem como grande beneficiadores de produtores do extrativismo, com destaque para a produção de artefatos de borracha e para o beneficiamento da castanha- do-pará em grandes usinas construídas em Belém, a partir de 1930. Nos três casos, a origem do capital estava ligada a atividades referentes ao comércio e à exportação de todos os tipos de gêneros do extrativismo, conectando-se à estrutura de produção extrativista incialmente como aviadores e importadores.

Segundo os registros encontrados durante a pesquisa, o imigrante sírio Chicre Miguel Bitar chegou à Amazônia nas últimas décadas do século XIX, naturalizando-se brasileiro somente no ano de 1925261. A primeira atividade econômica associada à Família Bitar, inicialmente como Bitar Irmãos & Cia, diz respeito ao Grande Armazém Independente, um armazém de importações de produtos diversos (fazendas, miudezas e artigos de armarinho)262, cuja fundação remonta ao ano de 1898 e que, em 1915, contava com a matriz

em Belém e filial na cidade de Altamira263. A partir de 1921, aparecem os primeiros registros

261 Dados referentes à consulta, na hemeroteca on-line da Biblioteca Nacional no Relatório dos Presidentes dos

Estados do Brasil do ano de 1928. Consulta disponível no link: http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx

262 Todas as referências sobre a origem do capital dos grupos e das famílias estudadas foi realizada a partir de

consultas em diversas edições do Almanak Laemmert: Administrativo, Mercantil e Industrial, disponível na hemeroteca on-line da Biblioteca Nacional. Consulta disponível no link: http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx

do Bitar Irmãos & Cia como exportadores de borracha e algodão, além de proprietários de empresa de navegação com o vapor Simão Bitar.

De modo semelhante, Francisco e José Chamiê chegaram à Amazônia ainda durante o auge do ciclo gomífero, provavelmente nos primeiros anos de 1900. No ano de 1911, José Chamiê aparece como comerciante de secos e molhados na cidade de Baião, no baixo Tocantins, enquanto Francisco Chamiê surge como comerciante de secos e molhados somente no de 1917. Somente no anos de 1922 aparecem os primeiros registros da família com atividade comercial na cidade de Belém, também como aviadores e importadores.

Por sua vez, a família Benzecry chegou na Amazônia na fase de auge do ciclo gomífero, no que Benchimol classificou como a segunda geração dos judeus-amazônicos264. Entre os anos de 1907 e 1918, os negócios da família concentravam-se unicamente nas atividades de importação, exportação e aviamento, com endereço da firma registrada na cidade de Belém, mas sem evidenciar a descriminação dos produtos exportados. É somente a partir de 1931 que os produtos exportados pela família Benzecry aparecem descriminados e neles consta a importância e a diversidade da atividade extrativista para o grupo empresarial. Ainda sem promover o beneficiamento da castanha-do-pará, em 1931, as firmas de propriedade da família Benzecry exportavam: couros e peles de animais, timbó265, cacau, castanhas in natura, cola de peixe, óleo de copaíba, diversos óleos vegetais e pluma de garça.

A segunda trajetória industrial, de pequena e média escala, aparece mais diretamente associada ao atendimento das demandas criadas pelo mercado interno regional e pela condição de isolamento da formação socioespacial da Amazônia. É importante destacar que, desde 1912, a população vinha diminuindo pelo refluxo de mão de obra, a uma taxa de 1,09% a.a., mas ainda assim totalizava cerca de 1.439.052 habitantes pelo censo de 1920, o que representava população regional quatro vezes maior ao período anterior à fase de exploração gomífera do ciclo extrativista266. Ademais, mesmo a renda interna líquida, que naquele ano representava apenas pouco mais de um quinto (1/5) do que havia sido registrado em 1910267, significava um expressivo crescimento da renda interna em comparação ao início

da exploração gomífera. Em outras palavras, mesmo lastreada pela superexploração da força

Biblioteca Nacional. Consulta disponível no link: http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx

264 BENCHIMOL, 1998.

265 O termo timbó inclui plantas que se encontram em alguns tipos de cipó trepador cujas cascas e/ou raízes que

possuem uma seiva tóxica que ao ser dispersada em pequenos cursos d’água facilita a pesca.

266 Segundo dados do censo de 1872, os estados da Amazônia contavam com pouco mais de 330 mil habitantes. 267 SANTOS, op. cit.

de trabalho no seringal e na especialização do produto extraído da floresta, a Amazônia saíra mais rica da fase gomífera do ciclo extrativista.

Conforme aprofundava-se a restrição cambial e financeira da economia local, a demanda por produtos importados criada pelo crescimento demográfico e da renda interna da região estimularia um restrito processo de substituição de importações268. Isso se comprova pelo crescimento mais expressivo no número de estabelecimentos industriais após 1912, ou seja, após o declínio do valor de exportação da borracha no mercado mundial. Do total de 247 estabelecimentos industriais registrados no censo de 1920, cerca de 63% foram fundados entre os anos de 1910 e 1919, com destaque para as indústrias de vestuário, alimentação, fábricas de sabão e de remédios.

De fato, os dados referentes à indústria paraense são os que mais se destacam nas estatísticas do período. Entre os anos 1907 e 1920, o Pará foi o estado da região que registrou a maior taxa de crescimento em seu parque industrial, enquanto no Amazonas os dados do censo de 1920 mostram uma efetiva redução da atividade industrial em todas as variáveis levantadas269, e no território do Acre um quase desprezível crescimento, já que em 1907 não havia sido registrado a existência de qualquer estabelecimento industrial270.

É evidente que não se trata de um crescimento sequer comparável à indústria paulista, tampouco ao registrado nos estados nordestinos. De fato, o parque industrial paraense, mesmo que relevante para os patamares da economia regional, não representa nem 2% do total de estabelecimentos industriais do Brasil. Se compararmos apenas aos estabelecimentos industriais registrados no estado de São Paulo, esse percentual chega a pouco mais de 4% do total; e, mesmo em relação aos estados da região Nordeste, o Pará fica à frente somente do Maranhão e Piauí em termos de estabelecimentos industriais (Apêndice A).

Os dados mostram que entre 1907 e 1920, o número total de estabelecimentos industriais paraenses chega a triplicar, passando de 54 para 168. Embora em menor proporção, foi crescente também o número de operários empregados na indústria paraense,

268 Na interpretação de COSTA (2012b, p. 107), se verifica na região amazônica “um fenômeno semelhante ao

da aceleração da industrialização de São Paulo pela substituição das importações que a perda da economia cafeeira produzira, pontualmente no início do século, e vigorosamente ao longo dos anos trinta”.

269 Em relação ao número de estabelecimentos a queda é da ordem de 25%, enquanto que em número de

empregados e valor de produção essa redução chega a 46% e 59%, respectivamente. Foi somente em relação à variável que diz respeito ao capital das indústrias que esse valor permanece praticamente o mesmo, com uma redução de apenas 1% em 1920 comparado com o levantamento de 1907.

270 No Acre, o número de estabelecimentos industriais registrados no censo de 1920 foi de apenas 10, com 22

operários empregados e um valor de produção que somado correspondia a menos de 0,5% do valor de produção total do parque industrial da região.

que passa de 2.539 em 1907, para 3.033 em 1920, pouco mais de 19% de crescimento. Mesmo apresentando um crescimento modesto no número de empregados, as taxas de crescimento do capital empregado na indústria paraense e do valor do que era produzido apresenta um crescimento de 86% e 100%, respectivamente. No total, o Pará acumulava