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APELAÇÃO CÍVEL Nº 2005071018904-8 Apelante Ê.F.C.

No documento 180rdj089 (páginas 150-154)

Apelado - E.V.C.

Relator - Des. José Divino de Oliveira Sexta Turma Cível

EMENTA

CIVIL. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS. FIXAÇÃO COM BASE EM ACORDO FIRMADO EM AUDIÊNCIA EM DATA ANTERIOR ÀQUELE FIRMADO PERANTE O SERVIÇO PSICOSSOCIAL. AMPLIAÇÃO. POSSIBILIDADE.

I - O que se visa com a regulamentação de visitas é a manutenção e estreitamento dos laços familiares e afetivos entre pais e filhos. Por isso, nada impede que a visitação seja ampliada para mais um dia na semana, segundo termos de acordo formulado pelas partes em data posterior àquele convencionado em audiência, máxime quando esse acordo foi firmado durante estudo psicossocial e corroborado por parecer técnico favorável do Serviço Psicossocial Forense.

II - Deu-se provimento ao recurso.

ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores da 6ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, José Divino de Oliveira - Relator, Leila Arlanch - Revisora, Fábio Eduardo Marques - Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador José Divino de Oliveira, em proferir a seguinte decisão: dar provimento. Unânime, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 4 de fevereiro de 2009. RELATÓRIO

Cuida-se de ação de separação judicial litigiosa proposta por E.V.C. em face de E.F.C.

A autora narra, em síntese, que se casou em 09/01/1997, sob o regime de comunhão parcial de bens, e que teve duas filhas. Apresentou requerimento para regulamentação de visitas do pai às filhas, informando que os alimentos para as mesmas seriam discutidos em ação própria. Requer a decretação da separação

judicial com a consequente partilha dos bens, a guarda das filhas e a regulamentação de visitas.

Em audiência, as partes formularam acordo em relação à visitação, o qual foi homologado pelo Juiz (fls. 83).

Os autos foram encaminhados ao Serviço Psicossocial Forense para análise quanto à guarda, cujo laudo encontra-se às fls. 285/288.

O réu impugnou o laudo elaborado pelo Serviço Psicossocial, apresentando nova regulamentação de visitas (fls. 312/317). Em alegações finais (fls. 385/388), reitera seu inconformismo com o laudo na parte em que se manifestou favorável à manutenção da guarda com genitora. Insiste em obter a guarda das filhas, sob o argumento de ter melhores condições de criá-las.

O Ministério Público opinou pela fixação das visitas nos moldes acordados pelas partes em audiência (fls. 395/397).

Sobreveio sentença (fls. 398/401), julgando parcialmente procedente o pedido inicial, para decretar a separação, definir a partilha dos bens, conforme planilha elaborada pela contadoria judicial (fls. 349/373), atribuir a guarda das filhas à genitora e regulamentar as visitas paternas, segundo o acordo estabelecido pelas partes em audiência (fls. 83).

Inconformado o autor apelou (fls. 410/414), discordando da forma em que as visitas foram regulamentadas. Afirma que a sentença não levou em consideração o acordo efetivado pelo casal, na ocasião do estudo social realizado pelo Serviço Psicossocial Forense. Pede que a visitação seja determinada nos moldes do que foi pactuado pelo casal.

Preparo regular (fls. 415).

O recurso foi contrariado (fls. 426/429).

O Ministério Público opinou pelo conhecimento e provimento da apelação (fls. 436/441).

É o relatório.

VOTOS

Des. José Divino de Oliveira (Relator) - Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.

O apelante não se conforma com a sentença que homologou as visitas às filhas, conforme o acordo estabelecido na audiência (fls. 83) e em detrimento do que foi convencionado pelo casal quando do estudo realizado pelo Serviço Psicossocial Forense.

“Conforme dispõe o art. 1.548 do Código Civil, decretada a separação judicial, sem acordo de guarda dos filhos, será ela atribuída a quem revelar melhores condições de exercê-la. (...) entendo, acolhendo o parecer do psicossocial, que a melhor opção para as menores é manter sob a guarda e responsabilidade da genitora, observando o acordo de regulamentação de visitas pactuado pelas próprias partes em audiência, às fls. 83 (...).” (grifou-se)

No termo de audiência realizada em 06/05/2006, as partes celebraram o seguinte acordo:

“com relação às visitas, o pai visitará suas filhas nos finais de semanas alternados, devendo pegar as crianças no sábado às 8:00 horas da manhã, devolvendo-as até às 18:00 horas do domingo.”

Durante o estudo social realizado pelo Serviço Psicossocial Forense, datado de 21/06/2006, o casal estabeleceu outras regras para visitação, conforme ficou consignado (fls. 288):

“(...) O acordo estabelecido foi: o genitor que não detiver a guarda buscará as filhas para pernoite em finais de semana alternados, a partir das 18 h de sexta-feira, devolvendo-as no domingo, às 20 h. Nos demais finais de semana, o genitor buscará as filhas aos sábados ou domingos, das 9h às 20 h.”

O apelante pretende que as visitas também sejam fixadas nos finais de semana em que não detiver a posse para pernoite das menores.

Intimada a se manifestar sobre o laudo psicossocial (fls. 322/324), e em sede de alegações e contra-razões, a apelada aduz que discorda da regulamentação de visitas, conforme requer o apelante, sob os seguintes argumentos, verbis:

“(...) A autora concorda com o Parecer do Serviço Psicossocial Forense, de fls. 285 e 288. Entretanto, face aos acontecimentos ocorridos no período de férias escolares do meio do ano, a autora vê-se obrigada a discordar do acordo estabelecido no momento da entrevista com as profissionais do citado serviço. Ocorre que o réu, nos dias em que per- manece com as menores, não permite que as mesmas falem ao telefone com a mãe, sendo que a mesma ficou três dias sem notícias das filhas, o que não acontece quando as crianças estão com a mãe. Então, face à

imaturidade do réu em continuar atingindo a autora com essas atitudes injustificáveis, a mesma pugna pela permanência do regime de visitas estabelecido no Termo de Audiência de fls. 83” (grifou-se).

Razão assiste ao apelante.

A uma porque o acordo estabelecido pelas partes durante o estudo psicossocial é posterior àquele avençado em audiência.

A duas, porque a sentença, de fato, não motivou as razões para a não homologação do acordo firmado perante o Serviço Psicossocial, já que posterior ao que fora homologado.

A três, porque as razões de discordância posterior da apelada, por si sós, não ensejam a modificação ou a não homologação do acordo de visitas realizado perante as psicólogas do Serviço Psicossocial Forense, conforme bem salientou o membro do Ministério Público (fls. 439). Ressalta-se que são meras alegações sem respaldo probatório, máxime para demonstrar que tais fatos ensejariam riscos para a integridade física ou emocional das crianças, cujos interesses sobrelevam outros aos dos pais.

O que se visa com a visitação é a manutenção e estreitamento dos laços familiares e afetivos entre pais e filhos. Não é justo que as crianças sejam privadas do convívio paterno, por mais um dia na semana, em razão de eventuais motivações de seus pais, que, por mágoas e ressentimentos, não conseguem definir regras de comunicação quando as filhas estão na companhia de um ou de outro.

Ademais, ultimado o estudo elaborado pelo Serviço Psicossocial, as psicólogas concluíram, verbis:

“(...) Em atendimento às crianças, percebeu-se que estas nutrem afeto em relação a ambos os pais e têm boa interação com os mesmos, embora tragam o relato dos conflitos existentes entre ambos.

Tanto na residência paterna quanto na materna, verificou-se que B. e R. têm espaço físico e emocional a elas reservado. Ambas as casas encontravam-se em condições adequadas de organização e higiene. (...)

Embora o par parental não tenha chegado a um acordo acerca da guarda das crianças em questão, perceberam-se alguns avanços por parte dos genitores. Exemplo disso é o fato de que acordaram a respeito das visitas, independentemente de quem deterá a guarda. O acordo estabelecido foi: o genitor [vide acima].

Conclusão

(...) Assim, estas profissionais acreditam que o acordo de visitas esta- belecido pelo par parental atende, no momento, às necessidades das

crianças em questão, uma vez que amplia os contatos das filhas com o genitor que não detém a guarda.”

Por outro lado, o art. 1.589 do Código Civil dispõe:

“O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá- los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação.” (grifou-se).

Ora, os pais fixaram um acordo de visitas em data posterior ao que fora estabelecido no termo de audiência de fls. 83, e, que, segundo parecer técnico, atendia às necessidades das crianças no momento.

Depois, não se evidenciando qualquer prejuízo para o desenvolvimento das filhas, nada obsta que seja fixado mais um dia de visita, além daqueles já determinados na sentença.

Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para, reformando em parte a sentença, regulamentar o direito do pai visitar as filhas, nos seguintes termos: o genitor exercerá o direito de ter as filhas em sua companhia nos finais de semana alternados, podendo buscá-las na casa materna sexta-feira a partir das 18h, devendo devolvê-las no domingo até as 20h. Nos demais finais de semana, poderá apanhá-las aos sábados ou domingos às 9h e devolvê-las até as 20h do mesmo dia, mantidos os demais termos da sentença.

É como voto.

Desa. Leila Arlanch (Revisora) - Com o Relator. Des. Fábio Eduardo Marques (Vogal) - Com o Relator.

DECISÃO

No documento 180rdj089 (páginas 150-154)