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APELAÇÃO CÍVEL Nº 2007011018059-7 Apelante Mariângela Carvalho Ribeiro

No documento 180rdj089 (páginas 184-189)

Apelado - Distrito Federal

Relatora - Desa. Haydevalda Sampaio Quinta Turma Cível

EMENTA

PROFESSORA APOSENTADA DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DISTRITO FEDERAL - PROVENTOS DE APO- SENTADORIA - BANCO DE BRASÍLIA - ALTERAÇÃO DE INSTITUIÇÃO BANCÁRIA - IMPOSSIBILIDADE.

1 - Havendo consonância entre o artigo 3º da Lei Distrital nº 3.205/03 e a Lei Orgânica do Distrito Federal, não pode o ad- ministrador atender solicitações específicas de servidor público aposentado, de forma a violar a norma vigente.

2 - Recurso conhecido e não provido. ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores da 5ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, Haydevalda Sampaio - Relatora, Lecir Manoel da Luz - Revisor, Dácio Vieira - Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador Romeu Gonzaga Neiva em proferir a seguinte decisão: conhecer. Negar provimento. Unânime, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 10 de dezembro de 2008. RELATÓRIO

Cuida-se de ação ordinária proposta por MARIÂNGELA CARVALHO RIBEIRO em desfavor do DISTRITO FEDERAL, haja vista ter sido indeferido seu pedido administrativo de alteração de instituição bancária para fins de recebimento de proventos de aposentadoria. Diz que a decisão fere o direito à livre concorrência, assim como princípios constitucionais relativos à Administração Pública.

O sentenciante julgou improcedente o pedido deduzido na inicial, ao fundamento de que cabe ao Poder Público agir em conformidade com os ditames da lei, em obediência ao princípio de legalidade. Condenou a Autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em R$ 500,00 (quinhentos reais), observado o disposto no artigo 12, da Lei nº 1.060/50.

Inconformada, apelou a Autora. Insurge-se contra a r. sentença, repisando argumentos da peça inicial. Alega que demonstrou não residir em Brasília e que, no local em que reside, não há agências ou caixas eletrônicos do Banco de Brasília - BRB. Invoca princípios constitucionais para embasar sua pretensão. Pede o provimento do recurso para reformar a r. sentença.

Contra-razões às fls. 94/96, pugnando pela manutenção do decisum. É o relatório.

VOTOS

Desa. Haydevalda Sampaio (Relatora) - Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.

Cuida-se de recurso de apelação interposto por MARIÂNGELA CARVALHO RIBEIRO, inconformada com a r. sentença de fls. 78/82, nos autos da ação ordinária proposta em desfavor do DISTRITO FEDERAL, que julgou improcedente o pedido deduzido na inicial. Custas processuais e honorários advocatícios pela Autora, estes fixados em R$ 500,00 (quinhentos reais), observado o disposto no artigo 12, da Lei nº 1.060/50.

Nas razões recursais, a Apelante alega que a decisão fere o direito à livre concorrência e o Código de Defesa do Consumidor. Afirma que demonstrou não residir em Brasília e que, no local em que reside, não há agências ou caixas eletrônicos do Banco de Brasília - BRB. Invoca princípios constitucionais para embasar sua pretensão.

Razão não lhe assiste.

Da análise dos autos, verifica-se que a Apelante é professora aposentada da rede pública de ensino do Distrito Federal. Conforme documento de fl. 16, requereu a alteração da conta corrente cadastrada para recebimento de seus proventos de aposentadoria, do Banco de Brasília - BRB para o Banco do Brasil S/A, não logrando êxito.

A Lei Distrital nº 3.205/03, em seu artigo 3º, preceitua:

“Art. 3º. Os pagamentos das remunerações, de qualquer natureza, devidas pelo Distrito Federal aos servidores da administração direta, aos servidores das autarquias e das fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, aos empregados das empresas públicas e das sociedades de economia mista, bem como aos empregados das demais entidades em que o Distrito Federal, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto, serão efetuados pelo Banco de Brasília S/A - BRB”.

O Egrégio Conselho Especial desta Corte de Justiça, questionado sobre a constitucionalidade do mencionado dispositivo legal, assim decidiu:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTI- GO 3º DA LEI DISTRITAL 3.205, DE 09 DE OUTUBRO DE 2003. COLIDÊNCIA COM A LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL. VÍCIO MATERIAL DE INCONSTITUCIONALI- DADE. SUPERVENIENTE ALTERAÇÃO DA LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL. PERDA DO OBJETO DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.

Perde o objeto a ação declaratória de inconstitucionalidade em face de alteração de um dos dispositivos da Lei Orgânica do Distrito Federal que serviam de parâmetro de aferição da inconstitucionalidade do ato normativo impugnado.” (ADI 20050020049124, Conselho Especial, Rel. Des. Natanael Caetano, DJ 03-11-2008, pág. 64).

Cumpre ressaltar que a alteração superveniente ocorreu por força da Emenda à Lei Orgânica nº 51/08, que fez constar na Lei Orgânica do Distrito Federal redação com o mesmo teor do artigo 3º, da Lei Distrital nº 3.205/03.

Sendo assim, não declarada a inconstitucionalidade do dispositivo legal, verifica-se que o Apelado limitou-se a aplicar a legislação distrital em vigor, ao indeferir o pedido administrativo da Apelante, em consonância com o princípio da legalidade.

A propósito, com muita propriedade, salientou o sentenciante, cujas razões de decidir transcrevo e adoto:

“Em que pese as fundamentações expostas pela demandante e o fato de que o Banco do Brasil, eventualmente, possa melhor atender suas necessidades pessoais, os atos da Administração Pública encontram-se estritamente vinculados às normas legais. Não cabe ao Administrador desincumbir-se de suas atribuições legais para atender as solicitações específicas de servidor público aposentado.

(...)

Em suma, a Administração Pública, ao indeferir o requerimento para que os proventos de aposentadoria da demandante fossem depositados em banco diverso, pautou-se pelo pleno atendimento às normas que regem a matéria.”

Nesse mesmo sentido, esta Egrégia Corte de Justiça já decidiu: “Os atos

considerados nulos, defeituosos, eivados de ilegalidades. Dessa forma, o motivo, a forma e a finalidade dos atos sempre devem respaldar-se no princípio da legalidade, para então sim, em não havendo óbice legal, serem considerados legítimos.” (RMO 20070110882483, Primeira

Turma Cível, Rel. Des. Flávio Rostirola, DJ 28-10-2008, pág. 59).

Ante o exposto, nego provimento ao recurso e mantenho incólume a r. sentença.

É como voto.

Des. Lecir Manoel da Luz (Revisor) - Presentes os pressupostos genéricos de admissibilidade, conheço do recurso.

Cuida-se de apelação cível interposta por MARIÂNGELA CARVALHO RIBEIRO, impugnando a r. sentença proferida pelo MM. Juiz da Segunda Vara de Fazenda Pública, que julgou improcedente o pedido que os depósitos mensais do valor de sua aposentadoria não fossem efetuados em conta corrente do BRB, solicitando que esses fossem realizados no Banco do Brasil S.A.

Em suas razões, a apelante insiste nos argumentos expostos na petição inicial de que é inadmissível, face ao Código de Defesa do Consumidor, a imposição de um prestador de serviço.

Nesse passo, afirma que a concessão dessa benesse ao BRB fere o princípio da impessoalidade, da moralidade, e da razoabilidade, que devem nortear os atos administrativos.

Finalmente, requer o provimento do recurso, reformando a r. sentença monocrática para julgar-se procedente o pedido inicial.

Com efeito, razão não assiste ao recorrente.

Verdadeiramente, a imposição da instituição bancária para o pagamento dos proventos de aposentadoria a servidor público da Administração Pública encontra amparo na legislação vigente.

Nesse passo, verifico que a r. sentença bem apreciou a questão, senão vejamos:

“Uma vez submetido a ditames do ordenamento, em atendimento ao princípio da legalidade, somente cabe ao Poder Público agir em con- formidade com a lei. No caso concreto, a lei Distrital nº 3.205/2003 estabelece:

Art. 3º Os pagamentos das remunerações, de qualquer natureza, devidas pelo Distrito Federal aos servidores da administração direta, aos servidores das autarquias e das fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público agir em conformidade com a lei. No caso concreto, a Lei Distrital nº 3.205/2003 estabelece:

Parágrafo único. As disposições do caput se aplicam inclusive para os pagamentos dos servidores cujas remunerações sejam custeadas por recursos oriundos de repasses feitos pela União.

Outrossim, toda a receita que compõe o Tesouro do Distrito Federal deverá, obrigatoriamente, ser movimentada pelo banco oficial, no caso o Banco de Brasília S.A. Nesse sentido, ressalte-se o teor dão enunciado da Lei Orgânica do DF, in verbis:

Art. 144. A arrecadação de todas e quaisquer receitas de competência do Distrito Federal far-se-á na forma disciplinada pelo Poder Execu- tivo, devendo seu produto ser obrigatoriamente recolhido ao Banco de Brasília S.A., à conta do Tesouro do Distrito Federal.”

Frente às razões supra, nego provimento ao recurso. É como voto.

Des. Dácio Vieira (Vogal) - Com o Relator. DECISÃO Conhecer. Negar provimento. Unânime.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 2007011122085-2

No documento 180rdj089 (páginas 184-189)