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5 EXPERIMENTANDO O GEOZINE SOB A PERSPECTIVA DA PRÁXIS

5.1 APLICAÇÃO DO GEOZINE: ENTRE O EDUCADOR E O EDUCANDO

Durante a oficina Geozine (capítulo anterior), foram elucidados os passos finais da dissertação que se daria através da visão do professor com seus alunos. Diante disto, seria necessária a disponibilidade de um professor para aplicar o “Geozine” em uma de suas turmas. Vários docentes se disponibilizaram a participar da aplicação didática, sendo a professora Adriana Andrade Silva a selecionada junto com sua turma do 6° ano do Fundamental anos finais da Escola Municipal Professora Francisca Avelino. Esta aplicação se deu na data de 20 de novembro de 2019.

Mesmo sabendo que houve um grande interesse geral do professorado em dar continuidade à pesquisa em suas respectivas turmas, a escolha da professora se deu a partir de dois pontos principais: o primeiro referente à disponibilidade de horário e à organização do cronograma final mediante a proximidade da finalização do ano letivo de 2019; e o segundo relacionado às temáticas que a educadora desenvolve, onde o tema central é o lugar e a paisagem de Taipu. Com isto, a estratégia Geozine traria uma grande significação para a proposição temática.

O Geozine, na ação didática da professora, ocorreu por meio de uma transposição da experimentação realizada durante a oficina Geozine, ou seja, utilizando a noção dos lugares e as leituras das paisagens taipuenses, e os mesmos materiais (imagens da cidade, revistas, jornais e outros recursos). Durante o processo de aplicação, a professora Adriana desenvolveu toda a

proposta temática e de elaboração do Geozine. Como autor desta pesquisa, a função desenvolvida esteve direcionada para observar, analisar e auxiliar a regente da turma, bem como a captação de todos os momentos, das significações, das percepções do alunado, da proposição didática do professor e da elaboração dos Geozines. Os alunos do 6° ano do ensino fundamental da professora Adriana Andrade apresentam uma faixa etária entre 12 a 13 anos, sendo 70% meninas e 30% meninos. É um público que advém, em boa parte, de comunidades periféricas do município e que, com isto, depende de transporte público cedido pela prefeitura.

Metodologicamente, a proposição do Geozine no fazer pedagógico da professora Adriana Andrade foi desenvolvida através de três ações (descritas abaixo), a saber: momentos iniciais (responsável por introduzir a estratégia didática Geozine, exemplificando o como-fazer e suas principais características); momentos de construções (destinado para a materialização das narrativas dos Geozines e a forma de interação/mediação entre professor-aluno); e momentos de ressignificações (análises e percepções, buscando compreender as principais apreensões do lugar, da paisagem, dos sentimentos, das emoções e das vivências sob o espaço citadino taipuense).

a) MOMENTOS INICIAIS

A aplicação didática, como já citada, ocorreu no dia 20 de novembro de 2019, às 9h, na turma do 6° ano da Escola Municipal Professora Francisca Avelino, para um total de 18 alunos. Ao chegar na turma, a professora Adriana me apresentou aos alunos, que já estavam ansiosos, dizendo que “há dois dias que eles aguardam para fazer um Geozine. Eu mesma que demonstrei

a importância deste momento para eles, tanto quanto foi para mim”.

A docente estava desenvolvendo trabalhos junto aos seus alunos na produção de pequenos livros que tinham como plano de fundo o lugar e a paisagem taipuense. Tais livros foram apresentados na “Noite de Autógrafos”, que, segundo mesma, “é um projeto que se

encontra em sua terceira edição e tem por objetivo enaltecer a cidade de Taipu sob diversos pontos de vistas e temáticas. Neste ano de 2019, trazemos como proposta ‘Taipu: Meu lugar, minha história, minhas paisagens’, onde uma dupla de alunos irá criar livretos sobre os lugares taipuenses e sua relação de vivência com estes espaços, tudo realizado através de aulas de campo em vários locais importantes da cidade e que serviram de subsidio para a construção dos livros. A grande culminância do projeto dar-se sempre no mês de dezembro com a presença de autoridades da cidade, professores, alunos e os familiares dos autores”.

A noite de autógrafos se tornou uma grande celebração cultural e geográfica para a escola, através da qual é possível ver estudantes engajados em reviver espaços esquecidos e enaltecer os lugares significativos das suas vivências. O Geozine, na práxis da aprendizagem,

traria uma nova significação e olhares em trabalhar uma narrativa voltada aos aspectos de elaboração desta estratégia. Na sequência, a professora organizou o espaço semelhante ao ocorrido na oficina, deixando um espaço no fim da sala para a disposição dos materiais necessários para o desenvolvimento dos Geozines (Figura 27).

Figura 27 – Organização dos materiais na sala da turma do 6° ano A.

Fonte: Viana (2019).

A professora Adriana assumiu os direcionamentos da ação didática do Geozine. Inicialmente, explicou a proposta e o que seria tal objeto didático. Para a professora Adriana, o Geozine “é um livreto voltado para nossa disciplina de Geografia. Com ele a gente consegue

criar muitas coisas, aflorar a imaginação e a criatividade. Tudo isso, utilizando diversas ferramentas, como imagens, desenhos, músicas, artes, poesias e dentre tantas outras formas que quisermos utilizar”.

Durante a explanação, a professora utilizou seu produto elaborado na Oficina Geozine (Figura 28). Além de mostrar aos alunos, ela explicou qual foi a narrativa do seu objeto didático e o porquê de ele ser intitulado de Meu Lugar, Minha História: “no meu Geozine eu contei um

pouco da minha história de vida, utilizando algumas figuras importantes dos lugares que já passei por Taipu e quanto a minha fé em Nossa Senhora do Livramento não me deixou desistir de continuar com meu sonho que era ser professora. E hoje estou aqui contando um pouco sobre minha história narrada neste objeto chamado de Geozine”.

Figura 28 – Professora Adriana apresentando o Geozine ao seu alunado.

Fonte: Viana (2019).

Após a narrativa do seu Geozine, a professora Adriana distribuiu os Geozines, criados pelos professores durante a oficina, para seus alunos, com o objetivo central de folhearem o material e construírem percepções acerca da sua estrutura e linguagens utilizadas. A experenciação com os Geozines foi de grande importância, pois puderam percorrer por diversas histórias e enredos envolvendo o lugar e a paisagem de Taipu (imagens, figuras, gravuras, músicas, desenhos, poesias). Todas essas linguagens serviram para aflorar os sentidos dos educandos para serem autores de seus próprios produtos didáticos, seus próprios Geozines.

Figura 29 – Alunos folheando os Geozines.

De posse dos conhecimentos prévios acerca do que é um Geozine, da experenciação ao folheá-lo e dos olhares sob as produções dos professores, os alunos estavam prontos para começarem a construir suas próprias narrativas sobre os lugares e as paisagens de Taipu.

b) MOMENTOS DE CONSTRUÇÕES

Com a explanação dos Geozines, a professora apresentou a proposição da atividade aos alunos, delimitando que a construção seria em dupla e explicando o passo a passo das dobraduras e seus oitos lados (Figura 30). Também exemplificou os aspectos necessários na elaboração do objeto didático e o tema intitulado “nas paisagens taipuense, sinto o cheiro dos

meus lugares de vivências” (o mesmo utilizado na Oficina Geozine).

Nas palavras da educadora, os alunos deveriam criar conforme a criatividade e imaginação sobre Taipu, pois “o nosso lugar que vivemos e as paisagens que todos os dias

olhamos e vivenciamos. É relembrar também nossas atividades sobre a história de Taipu e ponha toda a sua aprendizagem sobre a temática no Geozine”.

Figura 30 – Ensinando a dobradura para um Geozine.

Fonte: Viana (2019).

Na sequência, a professora explicou quais materiais e linguagens que os alunos teriam acesso para a elaboração dos Geozines apontando os diversos materiais disponíveis “desde

coleções, revistas, adesivos, jornais, tesouras e colas, a lenda de Taipu e diversas fotografias da nossa cidade, do antes e do hoje. Temos imagens da igreja, estação ferroviária, a praça pública, a nossa escola, a casa nave que vocês conheceram semana passada, e vários outros lugares e paisagens ricas da nossa história cultural taipuense.

Após esse momento, os alunos se dirigiram aos materiais para selecionarem, dentre o acervo disponível, as fotografias dos lugares e paisagens de Taipu. Durante o processo de escolha e apreciação das imagens, o aluno João Pedro, ao visualizar uma das figuras, relatou que mora na comunidade de Serra Pelada, onde fica a casa nave. “Todos os sábados vou lá

brincar com meu melhor amigo que mora próximo, é um lugar mágico e muito diferente das casas do meu interior”, disse ele. Já a aluna Maria Joana, ao visualizar a imagem da igreja

católica, afirmou: “sou coroinha neste lugar, todos os domingos eu compareço à igreja,

acompanhando o padre nos preparativos da missa”. Na Figura 31, registra-se o momento em

que os alunos selecionam as linguagens a serem utilizadas em seus Geozines.

Figura 31 – Alunos selecionando as linguagens para o Geozine.

Fonte: Viana (2019).

Com as linguagens e fotografias em mãos, os educandos deram início ao processo de elaboração das suas narrativas. A Figura 32 evidencia o processo de desenvolvimento dos Geozines. A professora Adriana intermediou todo o processo de construção dos Geozines, mesmo sabendo que a estratégia era algo novo na sua prática didática e para aprendizagem dos alunos. A educadora buscou estruturar, a cada dupla, um “conjunto de ideias” a partir de questionamentos com objetivo de instigar o potencial do aluno acerca das suas vivências e materialização de suas narrativas. Assim, indagou: “qual a intenção que vocês pretendem criar

no seu Geozine? Quais materiais/linguagens, irão utilizar na construção deste? O que Taipu é para vocês? Quando se falar de lugares taipuenses, o que vem em suas mentes? Qual seria um símbolo que caracterize nossa cidade? Por que é importante falar dessa paisagem? Quais as suas relações com este lugar? Vocês conhecem, vivem próximos, existe alguma ligação entre vocês e este lugar?”.

Figura 32 – Alunos desenvolvendo os Geozines.

Fonte: Viana (2019).

As indagações foram bastantes propositivas, conseguindo resgatar memórias, percepções e vivências dos alunos, bem como possibilitaram rascunhos de como seria a narrativa do Geozine antes da materialização. A professora Adriana acrescentou uma importante informação sobre narrativa do Geozine, expondo que “embora vocês estejam

criando um pequeno rascunho dos seus Geozines, não precisam ficar presos, podem criar a partir da sua liberdade o que quiserem mediante a nossa temática que é Taipu. Fiquem à vontade para usar sua imaginação, sejam criativos e não tenham medo do que a professora irá achar. Tenham, sim, medo de não usarem suas criatividades”.

Os alunos continuaram construindo suas narrativas sobre Taipu, mas nem todos estavam conseguindo materializar suas ideias. Na turma, foi identificada uma aluna (Maria Cláudia) com déficit de aprendizagem, o que demandou dificuldades em desenvolver seu Geozine. A professora Adriana, ao visualizar o cenário, aproximou-se da aluna, iniciando um diálogo sobre suas vivências, buscando construir laços que ligasse sua narrativa ao Geozine. Durante a conversa, ela afirmou: “todos nós temos vivências todos os dias. Quando você sair da sua casa

que fica no interior, ao subir no ônibus e até chegar na escola, você passa por diversos lugares e muitas paisagens, ou seja, tem dentro de você um conhecimento enorme sobre o local onde você mora. Coloque sob esse ‘livrinho’ tudo o que você sente, vive e observa, o que acha legal nesses lugares, o que se tem de bonito ou feio nas paisagens que você passa diariamente”.

Na Figura 33, há o registro da produção da aluna Maria Cláudia e sua narrativa sobre Taipu, onde é possível identificar uma “reinvenção” do Geozine, mostrando a importância da intervenção da educadora e adaptação às necessidades da educanda, por apresentar dificuldade em escrever/desenhar em folhas brancas sem linhas.

Figura 33 – Ressignificando o Geozine da aluna Maria Cláudia.

Fonte: Viana (2019).

Analisando o Geozine, a aluna utilizou a sua linguagem de expressão – o desenho – e, por meio deste, trouxe a figura da igreja como um local importante na sua vivência pela proximidade da sua residência (construída no mesmo terreno do símbolo católico), localizada em um assentamento rural, bem como a BR 406, lembrada por ela como o lugar que percorre diariamente entre sua comunidade e a escola. Percebe-se que o lugar tem uma função simbólica nas suas vivências, pois o desenho evidencia pequenas figuras (paisagens) que se aproximam de sua realidade. Na Figura 34, observa-se a visão geral dos Geozines (capa), produzida pelos os alunos e suas diversas narrativas sobre os lugares, as paisagens e as vivências taipuenses.

Figura 34 – Vista panorâmica dos Geozines dos alunos do 6 ano A.

O momento de construção dos Geozines, trouxe possibilidades na intermediação de saberes dos alunos, nas narrativas e nos olhares sobre Taipu. Na próxima secção, analisa-se alguns Geozines elaborados pelos alunos, buscando compreender as narrativas e suas relações com os lugares e paisagens da cidade de Taipu.

c) MOMENTOS DE RESSIGNIFICAÇÕES: O LUGAR, A PAISAGEM, UMA TAIPU

O lugar marca vidas, eterniza memórias e torna simbólicos os espaços que caracterizam locais. A paisagem, evidente em nosso cotidiano, que, em um click, fotografa espaços que servem de leitura e que traduzem sentimentos, emoções, reações e percepções. Uma cidade compõe todos esses aspectos geográficos, seja no pertencimento ou na leitura do espaço; logo, é o tablado onde ocorre todos os acontecimentos que marcam gerações e compõem a narrativa do lugar que se transformam nas paisagens que nossa visão pode alcançar.

A cidade de Taipu, fonte de inspiração para o desenvolvimento dos Geozines, traz todas essas características que colaboraram para as narrativas produzidas pelos alunos do 6° ano da professora Adriana. Os Geozines que serão analisados apresentam uma diversidade de narrativas, desde histórias familiares à relação simbólica com o lugar e com as paisagens de idas e vindas pelo o espaço taipuense.

Como primeira análise, há a produção intitulada “Taipu: minha terra tem história” do aluno Anderson (Figura 35), que coloca sua família como fonte de inspiração do seu lugar. O autor retrata – por meio de desenhos, figuras e frases – a importância de locais simbólicos para sua família, como, por exemplo, a Maternidade Nossa Senhora do Livramento, local que nasceram muitos taipuenses e que, atualmente, encontra-se desativada. Entretanto, segue viva na memória da sociedade, tornando-se, também, uma fonte histórica, passada de geração a geração como um lugar que caracteriza “vidas” para os taipuenses.

O lugar é visto como uma fonte de inspiração histórica, por meio da qual imagens do passado traduzem suas expressões sobre os lugares de Taipu. Já a paisagem é descrita a partir da sua relação com o meio geográfico, ou seja, traz elementos característicos de um passado que prevalece marcado no tempo-espaço geográfico da cidade de Taipu. Ainda assim, é descrita como um lugar calmo, mostrando também os limites municipais, como a cidade de Poço Branco, que delimita com Taipu ao oeste, local de nascimento do aluno.

Figura 35 – Geozine: Minha terra tem história.

Fonte: Viana (2019).

Na segunda produção, há o Geozine da dupla Sabrina e Cauã, intitulado “Taipu: cultura diversificada”, trazendo como proposta a cultura do povo taipuense. No Geozine da dupla, há a exaltação do lugar através dos períodos festivos municipais que se caracterizam pelas diversas paisagens ao longo ano, evidenciada por meio de uma das frases que compõe o Geozine: “foi festa, alegria... merece registro”, fazendo alusão à famosa “Feirinha da Cultura”, uma das mais tradicionais festividades da cidade. A cada primeira sexta-feira do mês, é realizado um evento sobre o reconhecimento da cultura local, com comidas típicas, danças, shows de artistas locais e outros aspectos culturais. É possível perceber, neste período, as mudanças na paisagem da cidade, deixando momentaneamente a característica de um lugar “pacato” para uma grande movimentação econômica, social, cultural e comportamental dos cidadãos taipuenses.

Outra tradição cultural levantada pela dupla é o São João que ocorre no mês de julho e apresenta uma grande movimentação turística e econômica. As festas são realizadas no largo da igreja católica, próximas à praça pública central (Praça desembargador Oswaldo Cruz), um local simbólico quando se trata das festividades da cidade, lugar de quase todos os movimentos culturais da cidade de Taipu.

Ao visualizar a narrativa, percebe-se que as paisagens humanas e suas interações com os espaços tradicionais da cidade dão o valor simbólico para os lugares de Taipu. Nota-se uma contação de momentos que marcaram a vida destes autores, a leitura da paisagem e suas

percepções dos lugares denotam de locais de suas vivências, mesmo que não sejam cotidianas, mas, sim, estacionais, que caracterizam seus olhares sobre o espaço taipuense.

Figura 36 – Geozine Taipu: Cultura Diversificada.

Fonte: Viana (2019).

No terceiro Geozine da dupla Nayara e Rosilene, intitulado “Taipu: lugar de pessoas felizes”, traz, na capa, uma imagem da “Ferinha da Cultura”, realizada em maio de 2019, em alusão ao Dia das Mães que contou com a presença de 2 mil pessoas durante a festividade. Em sua narrativa, os autores descrevem um dos pratos típicos e simbólicos de Taipu: o sequilho taipuense, conhecido em boa parte do Rio Grande do Norte, tendo como principal ingrediente a goma de mandioca que já foi uma importante fonte de renda. No passado, era comum ser vendido na antiga rodoviária ou de porta em porta. Hoje, é uma prática que se perdeu ao longo do tempo, embora existam remanescentes que produzem o produto utilizando a receita original, transmitida oralmente e descrita abaixo:

• Ingredientes: 1 kg de goma ou mais; 1 vidro de leite de coco; 250 g de margarina; 1 xícara de açúcar.

• Modo de preparo: bata o açúcar com a margarina; acrescente o leite de coco; por último, junte a goma, aos poucos, até ficar uma massa macia e que solte das mãos; enrole a massa em formato retangular; ajeite em uma forma para assar até começar a dourar. Na última página do Geozine, a dupla apresenta outro ato cultural, relacionado à festividade da Emancipação Política de Taipu, realizada no dia 10 de março. Uma das principais

características deste dia são as brincadeiras que reúnem crianças, jovens, adultos e idosos em volta do largo da Igreja Matriz para assistirem e torcerem pelos participantes dos jogos/brincadeiras.

Figura 37 – Geozine: Minha cidade Taipu - Lugar de pessoas felizes.

Fonte: Viana (2019).

Dentre os atos culturais, estão o “gato no pote”, por meio da qual se amarra uma nota de 100,00 reais no rabo do felino. Em seguida, coloca-o dentro de um pote de barro, e uma criança vedada tenta quebrar o pote. Ao conseguir, as pessoas correm atrás do gato em busca da quantia. Outra brincadeira é o “Pau no Sebo”: um grande lastro de ferro (localizado bem em frente à igreja católica) é melado de sebo de porco e é colocado, no final da barra, uma quantia de 100,00 reais. Quem conseguir subir é o ganhador.

As paisagens são evidenciadas a partir das experiências vivas dos festejos da cidade, onde os lugares passam por transformações em determinadas épocas, ou seja, espaço e sua inter- relação são alterados e, juntamente com a afetividade destes lugares e paisagens, tornam-se únicos e são marcados na memória do homem. No último Geozine, da dupla Emanoely e Luiz, intitulado de “Taipu: Nossa cidade”, há uma representação dos lugares favoritos dos autores, aqueles espaços e suas ligações afetivas com suas vivências (Figura 38).

Figura 38 – Geozine: Taipu - Nossa Cidade.

Fonte: Viana (2019).

Os autores mostram sua relação com seus lugares de vivências, locais importantes nas suas vidas citadinas. A paisagem de Taipu é descrita como um lugar mágico, onde suas vidas se desenvolves em espaços simbólicos, locais de pertencimento e afetividade. Dentre os locais, a Escola Joaquim Nabuco (local em que a dupla é vizinha) se apresenta como uma dessas características de aproximação entre os lugares e suas vivências. Outros lugares descritos são o Batistão Clube, discoteca mais antiga da cidade, e o Campo Municipal de Futebol, local de grandes acontecimentos, como uma inédita partida entre o ABC e América, e a primeira vez que um helicóptero pousou na cidade de Taipu.

São nestas narrativas tradicionais, culturais e de vivências que os alunos desenvolvem suas memórias a respeito do lugar e da paisagem de Taipu. São características presentes na vida de todo o taipuense, pois é um conhecimento, um sentimento e uma emoção, passada de geração a geração. Dentre as diversas linguagens, o desenho é a principal forma de expressão. A partir dele, evidenciam os lugares e as paisagens vividas, carregados de afeto.

Até aqui, foram apontados importantes caminhos na busca de compreender o Geozine,