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4.1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA

4.1.1 A Escola Estadual Joaquim Nabuco

O grupo Escolar Joaquim Nabuco foi inaugurado oficialmente no dia 18 de fevereiro de 1919 (EEJN, 2018). Conforme registrado na reportagem intitulada Grupo Escolar Joaquim Nabuco, do jornal A República, de 19 de fevereiro de 1919, ela é a primeira unidade escolar da cidade de Taipu. Enquanto localização, está situada na rua Antônio Alves da Rocha, no centro da cidade, funcionando nos turnos matutino e vespertino. É uma escola de ensino fundamental (anos iniciais e finais) e, até o ano de 2015, funcionava a EJA. A sua proximidade com a igreja, a prefeitura, os comércios e as praças justifica, em parte, a escolha da população urbana por esse estabelecimento escolar.

A escola conta com um total de 286 alunos, distribuídos em 7 salas de aulas, com 7 turmas pela manhã e 6 turmas no período da tarde. Há um total de 11 professores, sendo 2 docentes para a disciplina de Geografia. O seu IDEB não obteve média no Saeb2 (não participou ou não atendeu os requisitos necessários para ter o desempenho calculado). Entretanto, o seu último IDEB, divulgado no ano de 2013, ficou com 1,8, sendo sua pior nota.

Com relação à estrutura física e material para o desenvolvimento das aulas de Geografia, a escola conta com salas amplas, cadeiras pouco confortáveis, quadro branco e uma mesa de apoio. No que diz respeito aos recursos estruturais e materiais, a escola conta com três projetores (apenas dois em funcionamento), sala de vídeo e uma pequena biblioteca com materiais de literatura infanto-juvenil.

2 O SAEB é realizado de dois em dois anos por amostragem de alunos. O sistema é composto por dois

processos, a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc). Assim, a escola não participou mediante a não participação na ANEB.

No que diz respeito aos recursos didáticos para a disciplina de Geografia, a instituição de ensino conta com dois globos terrestre, um (1) planetário e um total de cinco (5) mapas temáticos (político, climático, vegetação, divisão territorial e hidrografia do RN) para serem utilizados nas aulas. Os recursos ficam guardados na direção e sua utilização é de fácil acesso, sem a necessidade de agendamento prévio. Entretanto, seu estado de conservação é péssimo, apresentando deterioração e falta de nitidez (mapas) e lâmpadas queimadas (globo terrestre).

Figura 3 – Fachada da Escola Estadual Joaquim Nabuco

Fonte: Viana (2018).

No que diz respeito ao projeto político pedagógico da instituição, encontra-se em atualização e está nas fases finais de sua restruturação. Ao abordar os objetivos da Geografia, o PPP aponta “o estudo das relações do homem e da natureza e sua influência no espaço geográfico”, sendo a única vez que a ciência geográfica é citada. Como observado no Quadro 2, a instituição possui um total de 2 (dois) professores de Geografia. Deste total, apenas a professora Analice de Melo Viana apresenta formação na disciplina citada e possui a maior carga horária em aulas; o segundo assume apenas duas turmas como complementação da hora aula (das 30h aulas semanais).

A professora Analice está há poucos anos como professora de Geografia, porém já é pedagoga concursada há sete anos pelo Estado do RN. Possui especialização em Gestão Ambiental pelo Instituto Federal do Rio Grande do Norte e pós-graduação em Educação Ambiental e Geografia do Semiárido pela mesma instituição. Ela leciona na escola desde o ano de 2017, trabalhando com turmas do 6° ao 9° do ensino fundamental anos finais.

Quadro 2 – Síntese dos dados da Escola Estadual Joaquim Nabuco. ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM NABUCO

Nível de

Ensino IDEB

Total Turnos de

Funcionamento

Docentes Discentes Docentes da Geografia

Fundamental anos iniciais e finais n/d (2017) 11 286 02 Matutino e Vespertino Fonte: Elaborado pelo o autor (2018).

A professora Analice Viana nasceu, criou-se e vive, hoje, na cidade de Taipu. Sua mãe foi professora de Geografia na década de 90; e foi através dela que surgiu o amor pela ciência geográfica. Outra paixão, segundo ela, é o meio ambiente, que “casou perfeitamente com a

Geografia”. Para ela, lecionar Geografia “é descrever o mundo, as formas de viver em sociedade, as paisagens e os lugares, é mostrar aos alunos uma Taipu diferente, uma cidade dotada de aprendizagem geográfica”. Outro ponto importante que a professora enaltece são as

diversas possibilidades que dá abordar utilizando a cidade de Taipu, seja em espaços urbanos, rurais, culturais e tecnológicos, como a famosa “Casa Nave” (uma residência construída em forma de nave espacial, localizada na comunidade de Serra Pelada).

Em uma tarde de segunda-feira de junho de 2019, foi observada uma aula da professora Analice no 6° ano B. Ao chegar à sala de aula, observou-se um espaço bastante degradado em termos estruturais, com carteiras em péssimo estado e com o ar condicionado quebrado, ou seja, um local quente e abafado, o que interfere diretamente na aprendizagem dos alunos. Com relação aos alunos, são bastante inquietos e constantemente reclamam do calor. Aliado a isto, apresentam também grande dificuldade de concentração e pouca participação nas aulas.

Durante a observação, constatou-se que a professora utiliza recursos didáticos em suas aulas, mas são produtos didáticos adquiridos com recursos próprios, como alguns mapas temáticos e um atlas geográfico. Segundo a professora, “existem poucos mapas da Geografia

para suas aulas, onde os mapas são quase 80% da disciplina de ciências”. Ao falar de recurso

didático, o livro é a ferramenta que mais se utiliza no fazer pedagógico, sendo a exploração feita em sala de aula por meio da análise e descrição de fatos geográficos, embora pouco estimulados. Na visão da docente, o livro didático “é uma ferramenta primordial em minhas

aulas, pois as vezes é o único objeto didático que tenho. Além disso, nem sempre posso usar o projetor, pois, a escola só possui um, e para utilizá-lo é necessária uma reserva prévia”.

Diante do exposto, a docente acredita que, embora a instituição apresente falhas de gerência, materiais, insumos e recursos tecnológicos, elenca que “ é uma escola que sempre

enfrentado casos de violência, bullying, ansiedade, depressão que afeta diretamente a aprendizagem dos alunos”.

Por fim, ao estabelecer relação entre a Geografia Escolar e a educação atual, a professora Analice enfatiza que “a importância da Geografia é um mundo a ser descoberto a cada aula,

em trazer os alunos para uma vivência diária dos acontecimentos e da sua importância enquanto homem em sociedade”. Ela vê a educação atual como um grande desafio para o

professor, pois os alunos estão cada vez mais “donos de si” e fazendo da instituição não como um campo de saber, mas “como um local de passeio social”.