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Construindo uma metalinguagem didática: O Geozine na prática docente

4.2 A OFICINA GEOZINE: AÇÕES, ASPECTOS E DEFINIÇÕES

4.2.1 Construindo uma metalinguagem didática: O Geozine na prática docente

A oficina “Geozine: Construindo uma metodologia didática” ocorreu no dia 11 de setembro de 2019 na Escola Municipal Professora Francisca Avelino, no turno matutino. Com a presença de 15 (quinze) professores do ensino básico, dentre eles os que lecionam a disciplina de Geografia. É importante destacar que houve a participação de outros 3 (três) educadores da ciência supracitada provenientes da Escola Estadual Joaquim Nabuco (professora Analice de Melo Viana) e da Escola Estadual Professora Clotilde de Moura Lima (na figura do professor Henrique Rocha).

Antes do início da oficina, houve uma preparação da sala onde ocorreria a formação “Geozine”. Dessa forma, o local foi redimensionado e as carteiras posicionadas de modo que possibilitasse o diálogo de todos. Cada docente recebeu uma pasta, contendo a programação,

os termos de concessão de imagem, bloco de notas, lápis, caneta e folhas A4 que serviriam de base para a elaboração do Geozine.

Figura 9 – Pasta da Oficina Geozine.

Fonte: Viana (2019).

Para o desenvolvimento da oficina, foi necessária a organização dos materiais e insumos para a ocorrência da mesma. Dessa forma, foram disponibilizadas folhas de papel A4, coleções (madeira, hidrocor e cera), tesouras, colas, exemplos de Geozine, livro/revistas para recorte, jornais e imagens dos lugares e das paisagens taipuenses. Para isto, reservou-se um espaço para que estes materiais ficassem de fácil acesso durante a elaboração dos Geozines (Figura 10).

Figura 10 – Materiais da Oficina Geozine.

Os materiais foram levados pelo autor da pesquisa, e a instituição cedeu livros e revistas para recortes e colagens que ficaram disponíveis para a utilização dos professores. A direção deixou livre o acesso a outros objetos educacionais, mas que não foram utilizados. Destaca-se, portanto, que a escola dispunha dos materiais necessários para a construção de Geozines. A partir disto, como já citado, a oficina foi dividida em 4 (quatro) momentos, com o intuito de transformar a oficina Geozine em um momento de trocas e de diálogos de professores para professores. Portanto, o objetivo não era apontar “erros”, mas construir cenários possíveis e tangíveis de serem alcançados.

a) OS LUGARES E AS PAISAGENS TAIPUENSE EM FOTOGRAFIAS

Uma das principais características do Geozine é a pluralidade de linguagens que este produto didático consegue abarcar. Dentre tantos aspectos linguísticos e comunicacionais, foram levadas para os professores, na Oficina Geozine, imagens/fotografias que denotam as principais noções dos lugares e a leitura da paisagem da cidade de Taipu, selecionadas a partir da intencionalidade cultural, histórica, turística, política e de emoção aos sentidos.

A seleção das fotografias possui como base central lugares de vivências que não apenas um cidadão de Taipu conheceria, mas algo característico que só tem neste espaço citadino. Não apenas lugares do hoje, mas diferentes percepções e paisagens ao longo do tempo e suas modificações no espaço geográfico. A seguir, pode-se ver alguns lugares de paisagens singulares, mas com significados plurais:

Figura 11 – Fotografias taipuenses I.

Na Figura 11, estão as primeiras quatro imagens utilizadas na oficina Geozine. O Mercado Público Municipal, no ano de 2019, completou 60 anos da sua construção, sendo um dos estabelecimentos públicos mais famosos e frequentados da cidade. Sua principal característica são os bares com comidas típicas, como, por exemplo, o bom e velho picado de carneiro de dona Chiquinha (in memoriam), cuja receita original é a mesma, marcando gerações e sendo transmitido de pai para filho.

Há, também, a igreja católica matriz de Nossa Senhora do Livramento, uma obra centenária que tem, na alma da população taipuense, a fé e a devoção à santa. No mês de novembro, precisamente no último domingo, ocorre sua procissão com a presença de mais de 5 mil pessoas pelas ruas taipuenses, sendo também uma das igrejas mais famosas da região. Outra característica é que sua paróquia é estendida até a cidade vizinha (Poço Branco) e seu primeiro sino ainda é preservado e utilizado até os dias atuais.

Outra imagem bastante interessante é o letreiro “Taipu”, localizado na entrada da cidade. Sem dúvidas, é umas das paisagens mais famosas e lembradas por aqueles que passam por Taipu. Construído na década de 1980 na gestão do, até então, prefeito Aluízio Viana, tinha objetivo de “projetar” e tornar conhecido o nome da cidade, pois, de acordo com o prefeito, “quem passa e quem volta sabe de longe que a cidade que vem em frente é Taipu”. A entrada já se tornou famosa em programas televisivos locais e regionais. Hoje em dia, é comumente chamada de “hollywood potiguar” pela a semelhança com o letreiro norte-americano.

Por fim, há a estação ferroviária, importante prédio histórico responsável pelo desenvolvimento da cidade e local onde se iniciou Taipu. Em outras palavras, é o “marco zero” taipuense. A Estação se tornou, com o tempo, um lugar de convivência, o melhor local para se informar sobre os acontecimentos citadinos. Embora seja um prédio histórico, abriga, há décadas, a família Batista, sendo o Sr. Silvio Batista o responsável pela guarda e limpeza da estação, mas, com o tempo, ele construiu sua família e permanecem até os dias atuais.

Na montagem das paisagens e lugares taipuenses II, há outros importantes espaços simbólicos da cidade que também foram utilizados durante a oficina Geozine. Na imagem, encontra-se o recém ponto turístico da cidade, chamado de Casa Nave, localizada na comunidade de Serra Pelada a 4 km da sede municipal. É o maior atrativo atual, chegando a virar notícia em importantes veículos televisivos.

O local de sua construção é em uma propriedade rural de seu Raimundo, um pai de família muito humilde que sempre sonhou em transformar a vida de seus filhos. Com o passar dos anos, seu filho mais velho construiu, no mesmo lugar de sua antiga casa, uma casa incomum para a realidade local. A construção possui formato de nave espacial com uma engenharia de

“ponta”, embora que toda sua arquitetura e construção tenha sido criada por seu filho sem nenhuma formação acadêmica. Em suma, foi assim que a Casa Nave construiu para a comunidade uma nova visão, uma nova paisagem jamais vista e um novo lugar para ser chamado de “seu”.

Figura 12 – Fotografias taipuenses II.

Fonte: Viana (2019).

Na Figura 12, há a escola mais antiga do município, a já centenária Escola Estadual Joaquim Nabuco, fundada em 1909. A instituição se tornou símbolo na educação dos munícipes por décadas na região. Outra informação importante é que as maiores personalidades da terra (Taipu) – como é o caso de “Cachimbinho” (um importante músico da década de 70, conhecido internacionalmente), bem como prefeitos, vereadores, escritores, poetas, músicos e outros – estudaram na referida escola. Logo, a importância simbólica que a Escola Estadual Joaquim Nabuco traz para os cidadãos taipuenses é de grande relevância cultural e educacional.

Nas duas imagens finais, encontram-se os prédios no centro da cidade de Taipu: a primeira referente à casa paroquial, construída 25 anos após a construção da Igreja Matriz Nossa Senhora do Livramento (domicilia o Padre e demais membros eclesiásticos); e a segunda faz referência à Praça Frei Damião, um importante lugar religioso, pois sua construção diz respeito à vinda de Frei Damião, um religioso que, por muitos, é cultuado como um santo e tem, na população de Taipu, uma grande devoção. A praça vai muito além de um espaço público de

convivência, visto que é um lugar religioso e de fé para os taipuenses. Promessas são feitas aos pés da estátua de Frei Damião e, quando cumpridas, é comum ver o “pagamento” da graça alcançada feito com velas, fotos, santos, fitas, pernas e braços de madeiras, dentre outros.

Também é fundamental enaltecer as paisagens de Taipu ao longo do tempo (Figura 13), mesmo aquelas que não existem atualmente, mas que deixaram marcas no tempo e que prevalecem nos lugares e nas memórias de muitos taipuenses. Assim, há escolas, praças, a imponente igreja matriz e até a antiga prefeitura municipal. São paisagens que marcaram gerações e registraram importantes acontecimentos.

Como não lembrar a enchente de 1964 que inundou o centro da cidade e deixou a igreja imersa? E os abalos sísmicos que até os dias atuais fazem a Escola Joaquim Nabuco entrar em pequenas reformas estruturais? E o que dizer das inúmeras praças públicas construídas em frente à instituição católica com arquiteturas que denotam épocas, com monumentos que causaram polêmicas, como a estátua de sereia seminua que provocou um grande espanto na década de 1980 e que, infelizmente, por fatores políticos foi demolida anos depois?

Figura 13 – Fotografias taipuenses III.

Fonte: Viana (2019).

Assim, os lugares permanecem no imaginário do local. Os contextos fazem moldar esses lugares, com emoções, sentimentos, cheiros e pertencimentos. As paisagens e suas mudanças constantes no espaço são tão repentinas que, às vezes, são esquecidas por muitos, mas lembradas por fotografias que mostram olhares e enquadramentos de uma época que não se

volta, mas que se renova. Dessa forma, as fotografias não foram apresentadas por “mera ilustração”, mas pelo sentido emocional e contextual, através de percepções, dúvidas, afirmações, lembranças e sentimentos que irão surgir e dos olhares que transportarão, para um lugar já vivido, uma paisagem já vista, mas que, na realidade, são telas em branco prontas a serem pintadas.

Serão, portanto, nos Geozines, tanto dos professores como dos alunos, que estas imagens serão utilizadas, vistas, analisadas e pensadas na elaboração do seu objeto didático. Desta feita, delimita-se, a seguir, a “Oficina Geozine: Construindo uma Metalinguagem Didática”, a partir dos momentos sequenciais e das ações, das experimentações, dos descobrimentos, das trocas e das percepções. Dentre tantas outras linguagens disponíveis para sua construção, teremos as fotografias acimas identificadas e parcialmente descritas.

b) PRIMEIRO MOMENTO - AS LINGUAGENS NO ENSINO DE GEOGRAFIA ESCOLAR

O primeiro momento, denominado de “as linguagens no ensino de Geografia escolar”, tinha por objetivo refletir sobre as linguagens na Geografia Escolar, o ensino da Geografia no contexto atual e o perfil do professor na era das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs). Para este momento, buscou-se trabalhar, metodologicamente, com uma abordagem teórica construtiva e dialogada sobre as linguagens no ensino da Geografia, iniciando com uma dinâmica intitulada de “quem é você professor” e, em seguida, uma enumeração de questionamentos acerca do perfil do educador na atualidade. Além disso, foi criado um espaço de debates com a finalidade de trocas de saberes e acepções sobre a Geografia Escolar.

A construção desta primeira parte foi estruturada a partir das acepções dos docentes participante da oficina, sendo todos os momentos registrados por meio de vídeos e fotos. A primeira parte foi iniciada com a apresentação do mediador e com uma abordagem acerca da importância da Oficina Geozine e seu objetivo central que está na experimentação desta metalinguagem. Dessa forma, foi apontada a importância desta pesquisa que está sendo realizada na cidade de Taipu e, em especial, na instituição Francisca Avelino. A referida importância se dá pelo fato de ser um espaço escolar de grande vivência estudantil para o autor.

Sendo assim, foram explanados os diversos motivos para a ocorrência da oficina e da escolha de Taipu como objeto de pesquisa, do porquê serem os professores o público-alvo e foi realizado o agradecimento aos docentes da cidade que serviram de grande contributo para o crescimento educacional do autor. A primeira ação da oficina foi a realização de uma dinâmica que consistia em escolher o nome de uma música ou uma frase que caracterizasse o participante

enquanto professor. Este momento tinha por finalidade estreitar as relações interpessoais e promover diálogos iniciais.

Figura 14 – Professores participando da Dinâmica.

Fonte: Viana (2019).

A dinâmica possibilitou aflorar a imaginação dos professores através da letra de uma canção ou frase que trouxesse sua figura enquanto professor. Os educadores se debruçaram em torno das principais barreiras de ser professor na atualidade. Dentre os trechos citados, encontra-se o da professora Adriana, que trouxe uma frase de sua própria autoria “Eu acredito

na força do professor, um guerreiro sem espada, sem faca, foice ou arma, só com um giz na mão segurando o amor”, em que, para ela, o professor carrega consigo a maior arma que pode

mudar a realidade do aluno, de uma sociedade e de uma nação: a educação. Já a professora Solange diz que ser professor é “viver e não ter vergonha de ser feliz (...), cantar e cantar”. Nesta gama de expressões de vivências e acepções sobre a figura do professor, foi iniciada a Oficina Geozine.

Logo após esta dinâmica, deu-se prosseguimento à oficina com alguns questionamentos iniciais com o intuito de refletir a respeito de alguns “pré-conceitos” que a sociedade e os próprios professores indagam sobre a figura do educador, a saber: qual deve ser o papel do

professor na educação? Qual a importância de um professor para a sociedade? Qual a função da escola? Qual o perfil do professor ideal? O problema está no ensino ou na aprendizagem? O que é um bom professor? O objetivo central era refletir sobre qual professor se configura na

atualidade, tendo em vista que foi necessário entender com quais professores estamos falando e qual a figura do educador nesta era informacional.

Diante disto, a discussão seguiu para a compreensão sobre a era das Tecnologias de Informação e Comunicação, suas implicações no perfil do professor e na figura do aluno, ressaltando que as TICs, na educação, surgem com o intuito de facilitar o acesso à informação. No entanto, o âmbito da escola, enquanto instituição formadora, provocou mudanças estruturais ao professor e ao aluno como figura central do processo do ensino e aprendizagem, ainda que o educando venha dotado de informações em massa, muitas vezes fragmentadas.

Em seguida, após a reflexão da tríade escola-professor-aluno, procurou-se fechar a discussão com a indagação: qual o maior desafio de ser professor? Sem dúvidas, foram momentos de exposições de sentimentos e acepções da figura do aluno que temos na escola. Dentre tantos questionamentos, os educadores expuseram a seguinte frase: “o principal desafio de ser educador está no ato de ensinar um aluno que não quer aprender”. Este é um dilema que percorre a realidade educacional do Brasil e do professor ao buscar estratégias, linguagens e metodologias que auxiliem a aprendizagem do discente.

Figura 15 – Primeiro momento sobre as linguagens na Geografia.

Fonte: Viana (2019).

Diante disto, partiu-se para a discursão sobre as linguagens no ensino da Geografia, elucidando a figura do professor no processo do ensino e da aprendizagem e na necessidade de se trabalhar com estratégias didáticas. Falar de estratégias é ligar-se ao mundo das linguagens didáticas, partindo da premissa conceitual sobre o que é linguagem, trazendo para os professores exemplos linguísticos e comunicacionais (cartografia, cinema, fotografia, desenhos, música, etc.) que os próprios utilizam, mas não denominavam como um recurso linguístico dotado de comunicação.

Um dos docentes participantes da oficina, ao compreender as conceituações sobre a linguagem, indagou “por que trabalhar linguagens no ensino das ciências escolares?”. Logo, como resposta, destaca-se que o uso das linguagens está em trazer o educando para o círculo da aprendizagem, das descobertas, das curiosidades, das significações das coisas e do mundo que o rodeia. Neste meio, qual seria a função do geógrafo-educador? Está, portanto, em despertar nos alunos a importância dos aspectos sociais, em orientar a leitura geográfica do espaço e interferir na reflexão da construção do conhecimento, ampliando sua percepção sobre o mundo que o cerca.

É, portanto, a figura do professor responsável pela busca constante de novas estratégias de ensino para trabalhar no processo da aprendizagem. Percebe-se que, muitas vezes, o docente acaba deixando de lado a função do professor-pesquisador, fato que corrobora a importância de lembrar que “um bom professor não se faz apenas com teorias, mas principalmente com a prática e o estimulo a uma ação-reflexão-ação e a uma busca constante de um saber mais e de um fazer melhor” (PAIVA, 2003).

Logo, nesta primeira seção da oficina, buscou-se refletir sobre o professor frente às barreiras diárias do mundo tecnológico, informacional e comunicacional, bem como sobre a compreensão das linguagens que permeiam o ensino e a aprendizagem da Geografia Escolar e a importância de trabalhar com estratégias didáticas que façam despertar vocações para o conhecimento e para novas descobertas. Diante disto, na seção a seguir, há a linguagem Geozine, uma metalinguagem para o ensino de Geografia que se comporta como uma estratégia didática voltada à experimentação dos professores de Geografia da cidade de Taipu.

c) SEGUNDO MOMENTO - A LINGUAGEM GEOZINE: EXPLORANDO AS NOÇÕES DO LUGAR E DA PAISAGEM TAIPUENSE

O segundo momento da oficina de construção didática “Geozine” trouxe, como premissa, conhecer este produto enquanto uma metalinguagem didática, bem como: a compreensão do Geozine enquanto sua estruturação e elaboração; seus objetos do conhecimento e habilidades no contexto da produção; e como sua construção consegue ativar em quem o elabora. Por fim, teve o objetivo, ainda, de explorar as noções do lugar e da paisagem taipuense através do Geozine.

Como caminho metodológico, o segundo momento buscou aproximar o professorado aos principais conceitos que norteiam a oficina, como os conceitos geográficos (lugar e paisagem), de forma que possibilitassem a compreensão da proposta teórica e conceitual. Foi nesta etapa que os participantes passaram a conhecer o que é o Geozine e quais as suas principais características, fazendo uso de uma linguagem visual simples e mostrando o produto

didático a partir da construção de um quebra-cabeça dialogado. Por fim, foi elucidada a BNCC e sua aproximação com o Geozine, criando uma estruturação prévia acerca dos objetos do conhecimento e as habilidades atreladas a este. Esta etapa da oficina também trouxe o Geozine como uma das estratégias didáticas que o professor na atualidade pode buscar em seu fazer pedagógico para trabalhar com seu educando.

Tratando do termo Geozine, foi necessário esclarecer, neste momento, sua nomenclatura, pois, segundo os professores, o termo “Geozine” chamou atenção e despertou curiosidades, sendo um dos fatores que levaram alguns educadores a participar. A estrutura desta etapa se iniciou a partir da exposição teórica do Fanzine até chegar ao Geozine, sendo o Fanzine já conhecido por alguns docentes e desconhecido por boa parte dos participantes.

Diante disto, compreende-se como Geozine “uma linguagem didática para a Geografia escolar, voltado especificamente para os conteúdos geográficos” (SILVA, 2018, p. 90), tendo como características: sua função transitiva, as mobilizações linguísticas, comunicacionais e seu ineditismo. Contudo, para uma maior exemplificação, foi construído um Geozine virtual, utilizando as formas necessárias para sua elaboração. Além disso, foram utilizadas algumas animações, mostrando a página em branco (Figura 16) e, aos poucos, apresentando as diversas linguagens que o Geozine consegue abarcar.

Figura 16 – A metalinguagem do Geozine

Fonte: Viana (2019).

Após a apresentação da pluralidade de linguagens que o Geozine consegue comportar, os educadores foram levados às principais habilidades e competências iniciais do Geozine, deixando claro que estes aspectos não são imutáveis, mas mutáveis a partir da percepção de cada docente durante a oficina e no processo da avaliação (feedback). Portanto, foram

explanadas algumas competências e as principais habilidades no processo da aprendizagem. Ademais, estes aspectos foram adaptados, utilizando os conceitos propostos pela Base Nacional Comum Curricular e sua relação com o Geozine.

A principal motivação para a escolha da BNCC diz respeito à sua grande importância para a educação brasileira na atualidade. Embora a Base não seja um currículo pronto, ela funciona como uma orientação aos objetivos de aprendizagem de cada etapa da formação escolar, sem ignorar as particularidades de cada escola no que diz respeito à metodologia e aos aspectos sociais e regionais.

A BNCC traz, como proposta, a profusão de conceitos para organizar o documento com o objetivo de definir as aprendizagens essenciais que devem ser desenvolvidas ao longo de toda Educação Básica. De acordo com essa proposta, o documento se divide em competências e habilidades que o aluno deve desenvolver ao longo de toda Educação Básica. Para a Base, a competência é definida como “a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho” (BRASIL, 2017, p. 10). Já as habilidades “expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares” (BRASIL, 2017, p. 15).

A partir desta perspectiva de competências e habilidades, são elaboradas as competências gerais, em que “ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais definidas na BNCC devem concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem