• Nenhum resultado encontrado

Aplicação de indicadores de desempenho ambiental em estudos de previsão de impacto na sustentabilidade

6 MÉTODOS E TÉCNICAS

INDUSTRIAL – RESINAS, ADITIVOS, LUBRIFICANTES, DETERGENTES,

7.4. Análise crítica dos modelos e implicações

7.4.4. Aplicação de indicadores de desempenho ambiental em estudos de previsão de impacto na sustentabilidade

Ao se realizar estudos de ciclo de vida, é necessário conhecer dados dos processos que fazem parte do ciclo estudado. A produção de produtos químicos pode ser uma dessas etapas.

Não é simples definir os fatores médios e para desempenho excelente de consumo e emissão de maneira genérica para a fabricação de produtos químicos, pelos seguintes fatores:

a) A dispersão dos resultados, conforme demonstrado nesta seção, é muito grande, o que dificulta o estabelecimento de uma faixa aceitável de desempenho;

b) Empresas que trabalham com vários produtos podem enfrentar variações de mix que levam a variações do desempenho global. Conforme constatado nas

entrevistas, várias empresas preferem não trabalhar com indicadores de eco- eficiência, argumentando que por causa da variação caótica do mix de produtos ao sabor do mercado, é impossível estabelecer metas de desempenho para esses indicadores.

Para o estabelecimento de valores típicos de desempenho ambiental na produção de produtos químicos, para uso em análise de ciclo de vida, o estudo particular da produção de categorias mais específicas que a divisão da Classificação Nacional de Atividades Econômicas seria necessária.

8 CONCLUSÕES

Para se possa seguir na direção do desenvolvimento sustentável, cada um deve cumprir um papel específico e realizar o esforço que lhe cabe. Uma parcela significativa das indústrias químicas têm tido a preocupação de implantar ações que contribuem para melhorar a primeira das três linhas de base reforçadas por Elkington: a linha do meio ambiente, sem a qual não pode haver suporte ao desenvolvimento econômico, que permitirá o desenvolvimento social.

Entre essas ações, a implantação de sistemas de gestão ambiental, seja no modelo ISO 14001, seja no modelo Atuação Responsável®, coloca claramente a intenção das

empresas em demonstrar o seu compromisso com a responsabilidade ambiental, e em agir de modo ambientalmente sustentável, inclusive podendo influenciar de diversas formas os atores sociais com quem interagem.

Mas seria possível comprovar que o desempenho ambiental das indústrias químicas que implantaram tais sistemas de gestão é melhor que as empresas que não os implantaram? E entre esses dois modelos de gestão, é possível distinguir se há diferenças no seu desempenho ambiental? Essas perguntas levaram à formulação da hipótese de que sim, há diferenças.

De maneira geral, não foi possível identificar diferenças significativas, com exceção de poucos indicadores, de modo que as conclusões desse estudo podem ser sumarizadas da seguinte forma:

a) A diferença de desempenho ambiental, medido em eco-eficiência econômica, entre empresas signatárias do Atuação Responsável® com e sem sistemas de gestão ambiental certificado ISO 14001, foi constatada somente em relação aos indicadores de resíduos perigosos e consumo de gás natural. Para os outros indicadores, a diferença não foi estatisticamente significativa;

b) Não foi possível comparar o desempenho com empresas não-signatárias do Atuação Responsável®, em função de que as empresas contatadas não forneceram os dados;

c) Foi constatado que empresas signatárias do Atuação Responsável® e/ou com

certificado ISO 14001 promovem atividades de conscientização mais freqüentes e mais variadas com seus funcionários, fazem mais exigências para prestadores

de serviços de tratamento de resíduos perigosos e de matérias-primas, além de que, com maior freqüência, têm também sistema de gestão da qualidade ISO 9001;

d) Não ficou constatada diferença significativa quanto a projetos de melhoria relacionados aos produtos, nem a exigências a fornecedores de serviços de tratamento de resíduos não-perigosos e transportadores, entre as empresas com e sem sistema de gestão ambiental implantado;

e) Não foi possível a comparação das práticas entre empresas signatárias do Atuação Responsável® e empresas certificadas ISO 14001, porque um número insuficiente de empresas aceitou participar da pesquisa.

Do ponto de vista tecnológico e do gerenciamento do dia-a-dia de suas operações, a implantação dos sistemas de gestão Atuação Responsável® e ISO 14001 nas indústrias químicas no Brasil têm possibilitado: colocar as empresas no cumprimento de certas obrigações mínimas, tais como o cumprimento da legislação; proporcionar treinamento adequado aos funcionários; e proporcionar recursos para o correto tratamento de seus resíduos. Outros estudos também comprovaram que em certos casos particulares as empresas que implementaram ISO 14001 e/ou Atuação Responsável® tiveram muitos progressos e caminharam no sentido da excelência

ambiental, inclusive com práticas exemplares.

No entanto, as empresas ainda não amadureceram sua relação com a sociedade para dialogar de forma mais transparente. Isto ficou demonstrado, por exemplo, pelo fato de que mesmo as empresas com sistemas de gestão ambiental implantados não têm dados sobre indicadores, ou se os têm não se dispuseram a fornecê-los. Surpreendeu também a pouca disponibilidade de certas empresas para dialogar, mesmo que somente para justificar o porquê de não fornecer dados, quando em suas políticas a disponibilidade para diálogo aparece como um dos elementos. Também nos relatórios corporativos fica claro que o uso de indicadores de eco-eficiência ainda não está consolidado.

Finalmente, especificamente em relação ao uso de indicadores que liguem variáveis ambientais às variáveis econômicas, foi possível com exemplos mostrar as possibilidades de aplicação, uma vez que mesmo na bibliografia são raros os trabalhos publicados, uma vez que o assunto ainda é bastante novo.

Para viabilizar o estudo, alguns objetivos específicos foram caracterizados e são retomados em seguida, para melhor detalhamento das conclusões relativas a cada um deles.