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6 MÉTODOS E TÉCNICAS

INDUSTRIAL – RESINAS, ADITIVOS, LUBRIFICANTES, DETERGENTES,

7.3. Comunicação com as empresas

7.3.1. Respostas das empresas

A tabela 7.28 mostra os resultados dos contatos com as empresas para o convite para participar da pesquisa.

Sempre que uma empresa se recusou a participar, foi perguntado se havia algum motivo específico para a recusa.

Destaca-se que, entre as empresas que julgaram que não teriam como contribuir, estão em geral empresas menores e empresas com sistemas de gestão recente, que disseram ainda não dispor dos dados quantitativos.

Empresas que não se dispuseram a participar por falta de tempo do pessoal para receber o pesquisador são geralmente empresas envolvidas no processo de certificação ou de recebimento de auditores para a re-avaliação. A tabela abaixo mostra os motivos citados ou considerados para não participação das empresas. Tabela 7.28. Resumo de respostas de empresas convidadas a participar da pesquisa.

Grupo lista inicial Não atendeu Convidado, e não deu resposta Recusou-se a participar Aceitou Total Aceitou – entrevista realizada Aceitou, dados de desempenho fornecidos Aceitou, mas não foi possível agendar Sem SGA 27 - 5 9 13 9 2 2 Segunda rodada 16 1 11 3 1 - - 1 ISO1400 1 16 1 6 1 8 4 2 2 AR 13 6 3 - 4 2 1 1 ISO+AR 21 1 11 3 6 3 - 3

Entre os motivos citados para recusar a participação estão: a) falta de tempo da equipe para receber o pesquisador; b) sistema de implantação recente, sem dados para fornecer; c) não é política da empresa.

No entanto, a maioria das empresas que não quis participar não respondeu à pergunta sobre a justificativa da recusa. Após a mensagem de recusa, a maioria não atendeu mais aos contatos, por correio eletrônico ou telefone.

No caso das empresas contatadas ISO 14001 e que não responderam ao convite, este comportamento afronta o requisito 4.4.3. da norma que diz que a empresa deve “estabelecer e manter procedimentos para “... recebimento, documentação e resposta a comunicações pertinentes de partes interessadas externas.” (ABNT 1996a p. 4) ou seja, comunicações externas pertinentes não poderiam ficar sem respostas. Como parte interessada, o pesquisador ficou sem resposta de diversas empresas.

Este comportamento inadequado tem sido relatado por outros pesquisadores outros pesquisadores tais como Anite (1999) e Silva (2004), que buscam informações em empresas com sistemas de gestão ISO 14001.

No entanto, em estudo realizado sobre os resultados das auditorias de um organismo certificador específico, VIEGAS (2002) identificou os requisitos da norma em que mais são identificadas não-conformidades, e entre eles não está o requisito de comunicação. Isto deve estar ocorrendo por três motivos principais:

a) O foco da implementação e das auditorias dos sistemas de gestão ISO 14001 está nas atividades operacionais, em especial porque as empresas que implantam o sistema ainda têm questões operacionais e de legislação para cumprir;

b) As empresas implantam sistemas de comunicação voltados principalmente a reclamações e a partes interessadas específicas, como vizinhos e órgãos públicos, por vezes não reconhecendo a academia como parte interessada;

c) Se a empresa não registrar que recebeu uma comunicação, fica bem mais difícil para o auditor rastrear as ações e verificar a conformidade da reação da empresa. Neste caso, três melhorias poderiam ser possíveis:

a) A norma poderia ser mais prescritiva quanto à necessidade de reconhecimento das partes interessadas, das formas de registro e do estabelecimento de prazos para resposta adequados às necessidades das partes interessadas;

b) Os auditores deveriam abordar mais profundamente o assunto comunicação, por meio de testes do funcionamento dos canais pertinentes, caso não haja registros. Quanto às empresas signatárias do Atuação Responsável®, elas devem seguir as práticas gerenciais 4 e 8 do Código de Proteção Ambiental, que estabelecem a necessidade de “informação e diálogo com funcionários e representantes do público em geral sobre o inventário, avaliação de impacto e riscos para a comunidade”

(ABIQUIM 1995 p.17) e “diálogo contínuo com os funcionários e representantes da comunidade relativo a informações sobre resíduos, efluentes e emissões; progressos obtidos quanto a reduções e planos para o futuro” (idem).

Além disso, a ABIQUIM sugere em seu Guia de Implantação para o Código de Proteção Ambiental, que no primeiro encontro com representantes do público, entre outros elementos sejam apresentados “dados atualizados de desempenho ambiental, contendo dados simplificados, claros e facilmente atualizáveis a cada ano”. Muitas empresas não disponibilizaram tais dados.

Numa análise crítica do trabalho de CAMPOS (2003) e os demais apresentados no Congresso do Atuação Responsável®, a maioria dos pontos fracos identificados estão relacionados à interação das empresas com as demais partes interessadas, incluindo fornecedores, clientes e comunidade.

Também merece destaque o fato de que várias empresas, após a entrevista, ficaram de confirmar informações de temas sobre os quais o representante entrevistado não tinha domínio. Várias dessas informações ficaram pendentes, porque não houve resposta aos contatos telefônicos e mensagens eletrônicas após as entrevistas.

Teria havido algum erro de postura do pesquisador, que gerou uma insatisfação dos entrevistados? Isto poderia ter ocorrido por alguma questão de postura pessoal, ou de que o entrevistado ao perceber a profundidade da pesquisa aumentou seu temor. SIMMONS (1998) esclarece que diversos sentimentos levam profissionais a defender seu território, que neste caso significa a informação que só ele tem: “Reter informações é quase sempre um processo oculto com justificativas e razões bem elaboradas”. Isto pode acontecer com os profissionais, que poderiam se sentir ameaçados por estarem em contato com mais um avaliador, além de seu superior hierárquico, auditores e tantos outros avaliadores que eles enfrentam.

Por outro lado, por que deixariam de responder? Seria o excesso de trabalho nas empresas ou uma orientação intencional da organização? Pode ser que pela sobrecarga de trabalho, a disponibilidade dos profissionais tenha diminuído. Uma vez completada a entrevista, o tempo que havia sido reservado para colaboração se esgotou e a pesquisa deixa de ser prioridade. Neste caso, contribui também para a

falha o procedimento adotado de se poder deixar para depois o complemento de informações.