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Para apoiar os esforços das pessoas, individual ou coletivamente, na construção de suas moradias, os Governos

No documento AgendaHabitat (páginas 62-65)

21institucionais, financeiros, tecnológicos e humanos para

B. Moradia adequada para todos 1 Introdução

74. Para apoiar os esforços das pessoas, individual ou coletivamente, na construção de suas moradias, os Governos

devem, nos níveis adequados, e onde couber:

(a) Promover a autoconstrução da moradia, dentro do contexto de uma política abrangente de uso do solo.

A experiência brasileira acumula um vasto acervo de iniciativas municipais bem-sucedidas de fomento, apoio técnico e financeiro às atividades de autoconstrução e de autogestão de moradias empreendidas individualmente ou coletivamente pelas famílias de baixa renda. A oferta de lotes urbanizados, o financiamento de materiais de construção, a orientação técnica dos projetos, a assessoria técnica à construção e à formação de cooperativas podem contribuir para facilitar a participação popular na produção habitacional, melhorar a qualidade da moradia, reduzir custos e aumentar a satisfação dos beneficiários. Ver quadro Tá Rebocado.

(b) Integrar e regularizar as casas construídas pelos próprios moradores, principalmente através de programas apropriados de registro de terras, como uma parte global do sistema geral de habitação e infra- estrutura em áreas rurais e urbanas, sujeitos a uma política de uso do solo abrangente.

As atividades e produtos da autoconstrução podem ser incorporados aos programas e projetos municipais de urbanização e de regularização fundiária de assentamentos informais. Ao assegurar a integração dos assentamentos à estrutura formal da cidade, a legalização da posse ou da propriedade e o acesso aos serviços básicos, tanto em áreas rurais como urbanas, o Município estará fortalecendo a participação popular, a cidadania e a inclusão social.

(c) Estimular esforços para melhorar o sistema já existente (g) Avaliar periodicamente formas de melhor promover a

intervenção governamental para atender às necessidades específicas das pessoas vivendo na pobreza e grupos vulneráveis, para os quais os mecanismos tradicionais de mercado não funcionam.

As políticas municipais de habitação, particularmente no que se refere à habitação de interesse social, traçam os cenários possíveis para que sejam estabelecidos os planos de ação. Entretanto, ao longo do tempo, os cenários se alteram e há necessidade de avaliação das políticas traçadas para seu aperfeiçoamento.

(h) Desenvolver, quando for pertinente, instrumentos flexíveis para a regulamentação dos mercados habitacionais, incluindo o mercado de aluguéis, levando em consideração as necessidades especiais de grupos vulneráveis.

A legislação urbanística e edilícia do Município que, indiretamente, regula a oferta habitacional, deve levar em conta as necessidades de moradia da população que vive em situação de pobreza e dos grupos mais vulneráveis. O processo de exclusão social a que esses grupos estão submetidos, vivendo na informalidade e na irregularidade, passa pela impossibilidade, por um lado, de terem acesso ao mercado e, por outro, de obedecerem às normas legais dentro dos padrões convencionais exigidos pelas autoridades locais.

(b) Facilitar a produção de moradias pela comunidade 73. Em muitos países, e em particular nos países em desenvolvimento, mais da metade da quantidade existente de moradias foi construída pelos próprios moradores, servindo principalmente à população de baixa renda. A autoconstrução continuará a ter um papel fundamental na provisão de moradias no futuro. Muitos países estão apoiando a autoconstrução no âmbito de programas de urbanização e regularização fundiária de áreas carentes.

padrões das moradias construídas pelos próprios moradores.

Para melhoria das condições habitacionais, as Prefeituras devem estabelecer uma política de assistência técnica e de regularização de projetos. São freqüentes as deficiências relativas às instalações sanitárias, hidráulicas, e elétricas nas casas construídas pelos próprios moradores. Técnicos, próprios ou não, podem elaborar projetos de melhorias habitacionais, e orientar as famílias nas reformas das casas, nos locais em que a permanência da população seja possível. Esses profissionais podem auxiliar as famílias quanto à melhor alternativa para ampliação e melhoria de suas moradias. Ver quadro Programa de Aperfeiçoamento Profissional (PAP).

de casas construídas pelos próprios moradores através de um melhor acesso a recursos de habitação, incluindo terras, financiamento e material de construção.

A oferta de materiais de construção é uma ação complementar a ser apoiada no caso de melhoria e ampliação da habitação construída pelos próprios moradores. As Prefeituras podem auxiliar essas iniciativas com financiamentos para a compra de materiais, inclusive por intermédio da CAIXA, com a formação de centrais de materiais, pela própria Prefeitura, que os adquire em quantidade a preços especiais para revenda, ou estimulando a fabricação de componentes pela própria Prefeitura, ou com seu apoio.

(d) Desenvolver os meios e métodos para melhorar os

C a p í t u l o I V – P l a n o G l o b a l d e A ç ã o : E s t r a t é g i a s p a r a a I m p l e m e n t a ç ã o

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O Projeto Tá Rebocado, localizado no Bairro do Candeal Pequeno de Brotas, na cidade de Salvador–BA, é um programa de desenvolvimento comunitário no qual projetos específicos nos âmbitos de urbanização, melhoria habitacional, geração de trabalho e renda, educação e cultura vêm sendo executados. Um diferencial metodológico do Tá Rebocado, a partir de sua criação em 1997, é a mobilização comunitária, através de uma liderança local – o famoso músico Carlinhos Brown que, nascido e criado na comunidade, iniciou o processo de formação da Associação Pracatum Ação Social.

Agindo como articuladora entre as 17 parcerias, essa organização não governamental foi capaz de movimentar recursos na ordem de R$ 3.829.070,00 (três milhões oitocentos e vinte nove mil e setenta reais). A maior parte dos recursos financeiros foi proveniente de programas federais, administrados pela CAIXA, nos quais o processo de participação comunitária é um requisito técnico obrigatório. A Pracatum conseguiu mobilizar setores da sociedade para participar com os cerca de 5.500 moradores no

desenvolvimento e implementação do Plano de Desenvolvimento do Candeal, construído a partir das demandas relativas às questões sociais, econômicas, culturais e políticas.

A urbanização do Candeal e a melhoria de suas habitações foram as primeiras demandas identificadas pela população, e para sua realização houve uma interação entre o "saber popular" e o "saber técnico", possibilitando a definição e a implantação de alternativas tecnicamente viáveis e mais adequadas aos valores da comunidade e às características físicas da área.

Mediante o desenvolvimento de jovens líderes locais, o fortalecimento institucional das associações de moradores e a atuação da Escola Profissionalizante de Música, demandas iniciais foram conquistadas. A experiência revela que o desenvolvimento local é sustentável na medida em que a comunidade se organiza, participa e se torna responsável pela condução de seu processo de desenvolvimento.

Fonte: Prêmio CAIXA Melhores Práticas, 2002

Tá Rebocado – Uma Prática de Desenvolvimento Comunitário

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O Programa de Aperfeiçoamento Profissional (PAP), desenvolvido pela Divisão Técnica do Instituto dos Arquitetos do Brasil/ Departamento Rio de Janeiro (IAB/RJ), criado em 2001, se destina a capacitar jovens arquitetos para o exercício de sua função social. O objetivo específico do Projeto Melhorias Habitacionais, é que, ao final de um curso de capacitação – onde é ministrado desde disciplinas técnicas até a metodologia de abordagem do cliente –, o profissional desenvolva projeto de intervenção em residências situadas em comunidades de baixa renda, que foram alvo de intervenções de urbanização no âmbito do Programa Favela-Bairro. Cada curso tem a duração de 12 meses, sendo 6 meses de aulas teóricas e 6 meses de aplicação prática. O primeiro curso, realizado em 2002, capacitou 12 arquitetos, os quais prestaram assistência técnica a 400 famílias.

O PAP está sendo custeado com recursos da União Européia, através de convênio com a Prefeitura da Cidade do Rio Janeiro –

Secretaria Municipal de Habitação –, tendo sido criada uma Unidade de Gestão do Programa de Apoio às Populações Desfavorecidas na Região Metropolitana do Rio Janeiro.

As melhorias habitacionais atendem às seguintes prioridades: eliminação de riscos de vida e patrimônio, adequação sanitária e obtenção de níveis satisfatórios de conforto ambiental. Eventualmente, caso o morador disponha de poupança própria, o projeto contempla também acréscimos de área e exigências estéticas. Além de assessorar a obra, o arquiteto auxilia o morador no preenchimento das exigências para a obtenção de crédito junto à CAIXA.

Esta é uma iniciativa que se enquadra, segundo o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA, como uma atividade de Arquitetura Pública.

Fonte: IAB/RJ.

Programa de Aperfeiçoamento Profissional (PAP) – Projeto Melhorias Habitacionais

As ações dirigidas ao fortalecimento da participação comunitária devem: (1) fomentar a manifestação dos beneficiários – particularmente as mulheres – acerca do empreendimento em todo o seu processo (definição, implantação e pós-ocupação); (2) incentivar a mobilização da comunidade, potencializando a participação e a organização dos beneficiários finais; (3) transferir conhecimentos e habilidades sobre administração e gestão comunitária, inclusive visando à resolução de eventuais conflitos sociais e/ou institucionais.

(g) Minimizar os problemas relacionados aos assentamentos humanos espontâneos através de programas e políticas que os evitem.

As políticas e os programas de caráter preventivo são

(e) Estimular as organizações não governamentais e comunitárias no seu papel de assistência e facilitação aos processos de autoconstrução de moradias.

A assistência técnica a grupos organizados para a produção de moradias pode ser exercida diretamente por equipe da Prefeitura, ou por equipes de assessoria popular existentes no mercado profissional. A Prefeitura pode ajudar a descentralizar a assistência técnica necessária, apoiando e estimulando a criação, a atuação e a capacitação desses grupos e organizações comunitárias e não governamentais, tratando-os como parceiros na implementação da política municipal de habitação.

(f) Facilitar o diálogo regular e a participação de homens e mulheres envolvidos na construção de moradias, em todos os níveis e estágios do processo decisório.

Ações

76. Para garantir uma oferta adequada de terras

aproveitáveis, os Governos, em todos os níveis apropriados e de acordo com seus marcos legais, devem:

(a) Reconhecer e legitimar a diversidade dos mecanismos de distribuição de terras.

O Estatuto da Cidade regulamenta a função social da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. Como instrumentos jurídicos e políticos, citam-se, dentre outros: a desapropriação, a concessão de direito real de uso, a concessão de uso especial para fins de moradias, o parcelamento, a edificação ou utilização compulsórias, a usucapião especial de imóvel urbano, o direito de superfície, o direito de preempção, a outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso, a transferência do direito de construir, as operações urbanas consorciadas e a regularização fundiária.

(b) Descentralizar as responsabilidades pelo gerenciamento da terra e criar programas locais de capacitação que reconheçam o papel das principais partes interessadas, quando for pertinente.

O gerenciamento da terra, como insumo da produção habitacional, cabe ao Município, que tem a competência de legislar, planejar, tributar e fiscalizar o uso e a ocupação do solo urbano de propriedade pública ou privada.

A gestão democrática da cidade implica a adoção de mecanismos de consulta à população interessada. No caso em questão, essa participação poderá ser facilitada se forem usados critérios de compartimentação – sejam bairros, áreas, distritos – que aproximem a escala dos problemas a serem examinados à capacidade de compreensão dos diversos segmentos da sociedade envolvidos.

fundamentais para neutralizar o surgimento de novos assentamentos irregulares ou o crescimento dos existentes. Nesse sentido, além de investir recursos públicos na expansão da oferta de habitações de interesse social, o Poder Público Local deve incentivar, através de medidas de natureza legal e fiscal que favoreçam a atuação das empresas, cooperativas, grupos e indivíduos, a ocupação dos vazios urbanos dotados de infra-estrutura, a oferta de lotes urbanizados e a produção e comercialização de habitações de interesse social.

(c) Garantir acesso à terra

75. O acesso a terras e as garantias legais de posse são pré-

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