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Conservação e recuperação da herança histórica e cultural

No documento AgendaHabitat (páginas 139-143)

21institucionais, financeiros, tecnológicos e humanos para

C. Desenvolvimento sustentável de assentamentos humanos em um mundo em processo de urbanização

8. Conservação e recuperação da herança histórica e cultural

152. Os sítios históricos, objetos e manifestações de

natureza cultural, científica, simbólica, espiritual e religiosa constituem importantes expressões da cultura, identidade e crenças religiosas das sociedades. É necessário destacar a função e a importância dessas expressões, sobretudo à luz da necessidade de uma identidade e continuidade culturais, diante de um mundo em rápida transformação. Os edifícios, espaços, lugares e paisagens representam elementos importantes de uma vida social estável e do orgulho coletivo. A conservação, reutilização e adaptação, baseadas nos valores culturais dos patrimônios urbanos, rurais e arquitetônicos também estão de acordo com o uso sustentável dos recursos naturais e os criados pelo homem. O acesso à cultura e a dimensão cultural do desenvolvimento são de suma importância e todas as pessoas devem ter o direito de se beneficiar desse acesso.

de uso do solo e de controle do tráfego, e facilitando ou estimulando os meios alternativos de transporte, sobretudo nas áreas mais congestionadas.

O Poder Público Local dispõe de um conjunto de instrumentos de planejamento e gestão cuja aplicação efetiva poderá reduzir os impactos ambientais, econômicos e sociais negativos dos sistemas e modalidades de transporte. Os problemas decorrentes do congestionamento das vias urbanas e de trânsito, que afetam o funcionamento da cidade, a qualidade de vida da população e o meio ambiente, refletem a prioridade dada ao automóvel no planejamento de nossas cidades.

(e) Facilitar ou promover um sistema de transporte público e comunicação eficaz, barato, acessível fisicamente e ecologicamente correto, priorizando os meios de transporte coletivo com capacidade de carga e freqüência adequadas que suportem as necessidades básicas e os principais fluxos de tráfego.

Ver parágrafo 113, alínea (i).

(f) Promover, regulamentar e aplicar tecnologias silenciosas, eficazes e com reduzido índice de poluição, como motores de baixo consumo de combustível, sistemas de controle de emissão e combustíveis com baixo nível de poluição e impacto sobre a atmosfera, além de outras formas alternativas de energia.

Programas de controle de emissão de poluentes de veículos e de racionalização do uso de derivados de petróleo e gás natural constituem exemplos de iniciativas bem-sucedidas para a compatibilização dos transportes com a preservação da qualidade do ar. O sistema de licenciamento ambiental tem evoluído e apresentado resultados positivos, não apenas na efetivação de medidas de controle ambiental dos empreendimentos de transportes, mas também na mudança de cultura dentro do setor, de forma a introduzir maior

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A preservação do bem cultural está vinculada à sua correta utilização e integração ao cotidiano da comunidade urbana a que pertence. A atuação do Poder Público Municipal, em cooperação com a União e os Estados, deve ser exercida não somente em caráter normativo, mas com a participação de organizações da sociedade capazes de uma ação efetiva.

(d) Promover um apoio financeiro e jurídico suficiente para obter uma proteção eficaz do patrimônio cultural.

A Municipalidade poderia realizar a articulação de parcerias com órgãos e entidades federais e estaduais visando a uma maior permeabilidade dos órgãos de patrimônio junto às comunidades, criando programas conjuntos, inclusive com a adoção de medidas compensatórias e políticas de incentivo, tais como a isenção de impostos para imóveis de interesse de preservação ou a transferência do potencial construtivo.

(e) Promover a formação e a capacitação em artes e ofícios de todas as disciplinas apropriadas à conservação e à promoção do patrimônio.

Iniciativas desse tipo devem permitir que os mais velhos profissionais atuem como treinadores daqueles que já trabalham em construção civil, transmitindo-lhes técnicas de restauração que os capacitem como técnicos especializados. Ao mesmo tempo jovens aprendizes – de preferência recrutados dentre os segmentos mais vulneráveis – podem ser iniciados profissionalmente nessas especialidades, contribuindo para sua inserção social.

(f) Fomentar o papel ativo de idosos como guardiões do patrimônio cultural, dos conhecimentos e das artes e ofícios.

Para tal, desenvolver ações que visem resgatar tais conhecimentos, valorizando as artes e ofícios exercidos por idosos e seus meios de vida tradicionais, sobretudo abrigando-

Ações

153. Para promover a continuidade histórica e cultural e

estimular uma ampla participação cívica em todos os tipos de atividades culturais, os governos, nos níveis apropriados, incluindo as autoridades locais, devem:

(a) Identificar e documentar, sempre que possível, o significado histórico e cultural de áreas, sítios, paisagens, ecossistemas, edifícios e outros objetos e manifestações, além de estabelecer objetivos de conservação pertinentes ao desenvolvimento cultural e espiritual da sociedade.

Uma política local de preservação e valorização do patrimônio cultural do Município deve incluir, entre outras medidas e ações: a identificação de bens de interesse histórico, cultural e natural; a adoção de instrumentos de proteção adequados que atendam às especificidades locais; o estabelecimento em legislação própria das condições de uso e ocupação de áreas e edificações que estimulem a sua revitalização.

(b) Promover o conhecimento em relação a esse patrimônio para realçar seu valor, a necessidade de sua conservação e a viabilidade financeira da recuperação.

A utilização dos meios de comunicação e difusão e do ensino formal e informal – visando desenvolver o sentimento de valorização dos bens culturais e a reflexão sobre as dificuldades de sua preservação – é tarefa urgente e importante das autoridades municipais interessadas na formação da consciência social no respeito à preservação desta memória.

(c) Estimular e apoiar as instituições, associações e comunidades culturais locais nos esforços de conservação e recuperação, e despertar nas crianças e jovens um sentimento positivo em relação ao seu patrimônio.

inserção do patrimônio na cadeia produtiva e obtenção de linhas de crédito específicas. Também o apoio às atividades turísticas – de natureza cultural e ecológica – e a coordenação de ações com a Secretaria de Estado de Turismo ou órgão análogo permitem disponibilizar alternativas importantes de reabilitação do patrimônio cultural.

(d) Oferecer incentivos para essa conservação e recuperação a empresas públicas, privadas e sem fins lucrativos.

É importante que as empresas e entidades conheçam e compreendam as leis de incentivo à cultura. O Município poderá buscar, junto à União, os meios necessários de apoio e incentivo da ação privada para recuperação de seus próprios imóveis, inclusive acesso ao crédito, e à execução de programas especiais de recuperação de áreas urbanas históricas degradadas. Com essa finalidade, importantes fontes de recursos são: o Ministério da Cultura – inclusive através de seu Programa Monumenta/BID – e a CAIXA, através de seu Programa de Recuperação dos Sítios Históricos – PRSH. Ver quadro Requalificação do Centro do Rio de Janeiro.

(e) Promover a ação comunitária para conservação, recuperação, renovação e manutenção dos bairros.

Aqui se inclui a conscientização das comunidades, bem como a visibilidade das ações concernentes ao patrimônio cultural e seus benefícios sociais e econômicos. É importante que os agentes sociais e as comunidades conheçam seus direitos e deveres com relação aos bens culturais.

(f) Apoiar a formação de parcerias entre os setores público e privado e a comunidade para recuperar o centro e as adjacências da cidade.

Importantes para o Município são as parcerias, entre outras, com as empresas públicas e privadas localizadas nas áreas centrais, as associações de moradores e grupos sociais – as em espaços culturais e sociais de uso coletivo, em

comunidades urbanas e rurais, favorecendo a transferência de conhecimentos e experiência entre gerações.

154. Para integrar os objetivos do desenvolvimento à

conservação e à recuperação, os Governos, nos níveis apropriados, incluindo as autoridades locais, devem:

(a) Reconhecer que o patrimônio histórico e cultural representa um bem importante, e empenhar-se para manter a viabilidade social, cultural e econômica de sítios e comunidades histórica e culturalmente importantes.

Com essa finalidade, os Municípios podem criar conselhos municipais específicos, apoiar ações de fomento que utilizem o repasse de recursos do ICMS cultural – nos Estados que possuem legislação específica – como, entre outros exemplos, o da Lei nº 13.803/2000 do Estado de Minas Gerais, bem como incorporar esses locais e comunidades em seus planos e projetos de desenvolvimento local sustentável.

(b) Preservar as formas de assentamentos e paisagens históricas herdadas do passado, protegendo ao mesmo tempo a integridade da malha urbana histórica e orientando as novas construções em áreas históricas.

Em conformidade com a legislação federal pertinente e, quando houver, na legislação estadual, essas ações municipais devem estar apoiadas em normas legais, técnicas e urbanísticas adequadas.

(c) Oferecer apoio jurídico e financeiro suficiente para a implementação das atividades de conservação e recuperação, em particular por meio do treinamento adequado de recursos humanos especializados.

O Município poderia exercer um trabalho de articulação com agentes de fomento, visando criar programas e ações de

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de poluição ambiental que danificam edifícios e outros elementos de valor cultural e histórico.

(i) Adotar políticas de planejamento dos assentamentos humanos, incluindo as políticas de transporte e outras infra-estruturas, que impeçam a degradação ambiental das áreas históricas e culturais.

Grandes esforços e recursos são consumidos na restauração de bens de valor histórico e patrimonial, por parte da União, dos Estados e Municípios. Os recursos locais serão mais bem aproveitados se a proteção se fizer de forma preventiva e propositiva, antecipando-se às ações destruidoras causadas por condições urbanas e ambientais adversas ou por interesses contrários à preservação.

notadamente aqueles atingidos ou envolvidos em ações de preservação – e agentes institucionais que têm acervos culturais importantes sob sua guarda ou responsabilidade.

(g) Garantir a incorporação de preocupações ambientais nos projetos de conservação e recuperação.

Caberia minimizar os impactos ambientais de tais projetos e atividades em conformidade com a legislação ambiental vigente e promover a conservação do patrimônio construído e ambiental do Município, preservando seus elementos da paisagem natural (cachoeiras, áreas de proteção, matas, entre vários outros).

(h) Adotar medidas para reduzir a chuva ácida e outros tipos 142

Podem ser situados entre 1979 e 1984 os primeiros estudos e pesquisas acerca do Corredor Cultural, de onde emerge a necessidade de interpretar o Centro além de sua inegável importância histórica, mas como indissociável de uma rede social, econômica e cultural, complexa e dinâmica.

Principalmente a partir da década de 1990, essa abrangência de entendimentos vem se consubstanciando em objetivos estratégicos, um programa de ação não claramente estabelecido em documentos, mas que já perpassa várias administrações. Duas vertentes se consolidaram: a sinergia entre os orgãos públicos na gestão desse espaço urbano e a atração de parcerias, potencializando aquelas ações.

Nesse contexto estabeleceu-se o mútuo esforço, da CAIXA e da Secretaria Municipal de Habitação, na diversificação solidária das funções do Centro, através da recuperação de um cortiço localizado à Rua Senador Pompeu, na área central do Rio de

Janeiro, e que originou a primeira operação no âmbito do Programa de Revitalização de Sítios Históricos da CAIXA.

Tombado pelo Patrimônio Histórico, o imóvel foi objeto de um longo processo de discussão, de critérios ao conceito de acesso à cidade, dado que era um dos últimos exemplares de cortiço construído no século XIX e preservava sua função habitacional. A conversão do imóvel manteve suas características originais, principalmente através da conservação do uso e do resgate de sua morfologia, mas seu interior passou a abrigar 23 unidades habitacionais autônomas, em torno de um pátio retangular, com área média de 27m2 , e lavanderia coletiva.

Inaugurado em novembro de 2002, essa parceria se perpetua desde então, financiando-se outras tantas iniciativas municipais.

Fonte: CAIXA, Programa de Revitalização de Sítios Históricos – PRSH.

alterações nas estruturas espaciais urbanas que, independentemente de sua natureza, deverão ser levadas em conta.

157. É possível aprimorar o desenvolvimento econômico e a

oferta de serviços melhorando as atividades dos assentamentos humanos, como a renovação urbana, a construção, a modernização e a manutenção de serviços de infra-estrutura, a construção civil e as obras públicas. Essas atividades também representam importantes fatores de crescimento na geração de empregos, renda e eficiência econômica em outros setores da economia. Por outro lado, combinadas a políticas de proteção ambiental apropriada, contribuem para a melhoria sustentável das condições de vida dos habitantes da cidade, assim como para melhorar a eficiência econômica e a produtividade dos países.

Ações

158. Para estabelecer uma base financeira eficiente para o

desenvolvimento urbano, os Governos, inclusive as autoridades locais, em cooperação com os sindicatos, organizações de consumidores, empresas, indústrias, organizações comerciais e o setor financeiro, incluindo as cooperativas e as organizações não governamentais, quando necessário, devem:

(a) Formular e implementar políticas financeiras que estimulem uma ampla gama de oportunidades de emprego nas cidades.

Esse é um dos maiores desafios para as Prefeituras: conjugar metas de crescimento econômico com desenvolvimento de políticas sociais, enfrentando ao mesmo tempo as complexas dificuldades impostas pela globalização dos mercados. As chances de superação desses desafios aumentam à medida que é estabelecido um ambiente institucional no qual prevaleçam as regras e condições típicas de um federalismo

(j) Garantir que as preocupações com a facilidade de acesso das pessoas portadoras de deficiência sejam incorporadas a projetos de conservação e recuperação.

Ver parágrafo 121.

No documento AgendaHabitat (páginas 139-143)

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