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Desenvolvimento equilibrado de assentamentos nas regiões rurais

No documento AgendaHabitat (páginas 149-153)

21institucionais, financeiros, tecnológicos e humanos para

C. Desenvolvimento sustentável de assentamentos humanos em um mundo em processo de urbanização

10. Desenvolvimento equilibrado de assentamentos nas regiões rurais

163. As áreas urbanas e rurais são interdependentes dos

pontos de vista econômico, social e ambiental. No final deste século, uma proporção significativa da população mundial continuará a viver em assentamentos rurais, particularmente nos países em desenvolvimento. Para garantir um futuro mais sustentável para o planeta, esses assentamentos rurais devem ser valorizados e apoiados. Uma infra-estrutura e serviços

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Os investimentos econômicos a serem apoiados pelos Municípios nas áreas rurais, dependendo das suas características físicas, ambientais e de localização, podem se estender às atividades de turismo que venham a contribuir para gerar emprego e renda à população local, bem como fortalecer a economia do Município. Ver quadro Projeto de Formação de Parcerias e Geração de Renda nas Comunidades Rurais de Lontras-SC, Visando ao Desenvolvimento Sustentável.

(e) Promover a educação e a capacitação em áreas rurais para facilitar o emprego e o uso de tecnologia apropriada.

166. Para promover o uso de tecnologias novas e

aperfeiçoadas e práticas tradicionais adequadas no desenvolvimento de assentamentos rurais, os Governos, nos níveis apropriados, incluindo as autoridades locais, em cooperação com o setor privado, devem:

(a) Melhorar o acesso a informações sobre a produção agrícola, comercialização e fixação de preços nas áreas rurais e distantes utilizando, entre outras coisas, tecnologias de comunicação avançadas e acessíveis. (b) Promover a pesquisa e a disseminação dos resultados

obtidos com o uso de tecnologias tradicionais, novas e aperfeiçoadas para, entre outras coisas, a agricultura, a aqüicultura, a silvicultura e a agrossilvicultura.

Pesquisa, desenvolvimento tecnológico e informação são campos de atuação dos órgãos estaduais, regionais ou federais de fomento e desenvolvimento competentes, mas, considerando a sua importância para impulsionar a economia local, na perspectiva do desenvolvimento sustentável, as autoridades municipais devem oferecer apoio e cooperação no que couber.

167. Ao estabelecer políticas de desenvolvimento e gestão

áreas urbanas e rurais do Município e a sua inserção regional. A integração das ações e dos investimentos públicos é uma das condições básicas para o desenvolvimento rural sustentável e para reduzir a pressão populacional sobre as áreas urbanas, por um lado, e o avanço da cidade sobre os recursos naturais e as terras necessárias às atividades rurais – produtivas e de lazer e turismo, por outro.

165. Para promover o desenvolvimento sustentável de

assentamentos rurais e reduzir a migração do campo para a cidade, os Governos, nos níveis apropriados, incluindo as autoridades locais, devem:

(a) Promover a participação ativa de todas as partes interessadas, incluindo as comunidades isoladas e distantes, garantindo a integração dos objetivos ambientais, sociais e econômicos aos esforços de desenvolvimento rural.

As mesmas recomendações quanto à participação popular nos processos de planejamento e gestão das cidades se aplicam às comunidades rurais, cuja inserção no processo de desenvolvimento depende de ações municipais integradas visando melhorar as condições de moradia, acesso a serviços básicos de saneamento, de trabalho, produção e transportes, educação e saúde, e proteção ambiental.

(b) Adotar medidas apropriadas para melhorar as condições de vida e trabalho nos centros urbanos regionais, cidades pequenas e centros de serviços rurais.

Ver parágrafo 163.

(c) Adotar um sistema agrícola sustentável e diversificado para gerar comunidades rurais vigorosas.

(d) Proporcionar infra-estrutura, serviços e incentivos para o investimento em áreas rurais.

(c) Implementar planos e programas de desenvolvimento regional e rural baseados nas necessidades existentes e na sua viabilidade econômica.

A promoção do desenvolvimento regional, através de políticas, planos e programas, é de competência da União e dos Estados. No entanto, o seu êxito depende também da cooperação dos Municípios, entes responsáveis pelo planejamento e gestão dos seus territórios. A promoção do desenvolvimento sustentável das microrregiões tem levado muitos Municípios a se associarem sob forma de consórcios intermunicipais, como estratégia institucional e política, com a finalidade de articular os interesses comuns e integrar as suas ações sobre o território e o meio ambiente. Ver quadro Consórcio Intermunicipal do ABC.

regional sustentável, os Governos, nos níveis apropriados, incluindo as autoridades locais, devem:

(a) Promover programas de educação e capacitação e estabelecer procedimentos para a participação plena das populações rurais e indígenas na definição de prioridades para o desenvolvimento regional equilibrado e ecologicamente viável.

(b) Fazer uso total dos sistemas de informação geográfica e métodos de avaliação ambiental na preparação de políticas de desenvolvimento regional ecologicamente corretas.

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O Município de Lontras, localizado na região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, tem sua economia voltada para a atividade rural. A sua estrutura fundiária, predominantemente marcada por pequenas propriedades, tem como característica a agricultura familiar.

Diante das crescentes dificuldades que cercam esse modelo de atividade agrícola, a Secretaria Municipal de Agricultura e a Empresa de Pesquisa e Extensão Rural do Estado elaboraram em 1997, com a participação dos agricultores da região, um Plano Municipal de Desenvolvimento Rural que estabeleceu as bases para a construção do Projeto de Formação de Parcerias e Geração de Renda nas Comunidades Rurais Visando ao Desenvolvimento Sustentável.

A iniciativa se baseia na formação de uma ampla rede associativista nas comunidades, que se relaciona através de um Conselho Municipal, com poder deliberativo e que participa de todo o processo de execução, avaliação e fiscalização do Plano Municipal de Desenvolvimento Rural.

Com o apoio de mais de 60% dos agricultores do Município, a adesão de 14 parceiros, R$ 681.526,50 de recursos aplicados no projeto entre 1997 e 2000, que beneficiaram mais de 500 famílias, os resultados alcançados foram os seguintes: (a) capacitação através de cursos de profissionalização e de educação de agricultores; (b) incentivo à produção por meio de aquisição de tratores e equipamentos agrícolas; (c) incremento da apicultura e da piscicultura; (d) revitalização da produção leiteira; (e) construção de galpões para beneficiamento da produção; (f) incentivo à comercialização de produtos caseiros.

Com todas essas medidas implantadas tornou-se visível o aumento da qualidade de vida das famílias dos agricultores através da melhoria das condições de trabalho e renda; tem possibilitado o acesso a novas tecnologias; estimulado a organização comunitária e racionalizado o uso do capital, instalações, equipamentos e mão-de-obra.

Fonte: Programa CAIXA Melhores Práticas, 2001.

Projeto de Formação de Parcerias e Geração de Renda nas Comunidades Rurais de Lontras–SC, Visando ao Desenvolvimento Sustentável

incentivando as empresas rurais e a agricultura sustentável.

Essas ações cabem ao Poder Público Local. Melhorar as oportunidades de emprego e renda e as condições de moradia, educação e saúde nas áreas rurais, particularmente nas regiões menos desenvolvidas, pode contribuir para reduzir a pressão demográfica e por serviços sobre as áreas urbanas e também o volume dos investimentos públicos necessários a acolher as famílias que migram do campo para a cidade.

(b) Estabelecer prioridades para os investimentos na infra- estrutura regional com base nas oportunidades de retorno econômico, igualdade social e qualidade ambiental.

(d) Estabelecer um sistema eficaz e transparente para a alocação de recursos nas áreas rurais com base nas necessidades da população.

Ver parágrafo 165.

168. Para fortalecer o desenvolvimento sustentável e as

oportunidades de emprego nas áreas rurais empobrecidas, os Governos, nos níveis apropriados, incluindo as autoridades locais, devem:

(a) Estimular o desenvolvimento rural aumentando as oportunidades de emprego, proporcionando instalações e serviços para a educação e saúde, melhorando a habitação, fortalecendo a infra-estrutura técnica e 152

Consórcio Intermunicipal do ABC – Uma experiência de Governança Urbana

A Região do Grande ABC, berço da indústria automobilística brasileira, é composta de sete Municípios: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Situada no setor Sudeste da Região Metropolitana de São Paulo, o ABC conta com uma população de dois milhões e duzentos mil habitantes, constituindo o terceiro mercado consumidor do Brasil.

A globalização e a chamada reestruturação produtiva provocaram um crescente desemprego na região, apesar de o ABC, junto com a Região Metropolitana de São Paulo, serem responsáveis por 60% da geração de valor da indústria paulista.

Como resposta à crise econômica dos anos de 1990 foram criados, por iniciativa de diferentes instâncias de Governo e da sociedade, o Consórcio Intermunicipal, o Fórum da Cidadania e a Câmara do Grande ABC. Trabalhando na perspectiva do desenvolvimento sustentável, essas iniciativas tiveram o propósito de inaugurar um novo modelo de gestão compartilhada. Esses

exemplos de gestão inovadora e compartilhada representam não só uma forma de cooperação entre o Estado, o mercado e a comunidade mas, também, a constituição de um sistema de governança urbana empreendedora.

A Câmara do Grande ABC é um espaço de negociação de acordos, visando ao desenvolvimento sustentável da Região.

Os acordos, assinados desde 1997 até hoje, correspondem a uma coalizão do Poder Público, empresários, sindicatos e demais organizações da sociedade civil articuladas pelo Fórum da Cidadania que, sem negar conflitos existentes, encontraram denominador comum, agregando forças usualmente antagônicas, produzindo um processo regional de cooperação, dentro do que teoricamente é apontado como exemplo de governança urbana.

Fonte: Relatório Brasileiro sobre os Assentamentos Humanos, 2001.

(a) Oferecer uma estrutura jurídica, fiscal e organizacional adequada que reforce as redes de pequenos e médios assentamentos em áreas rurais.

(b) Facilitar o desenvolvimento de uma infra-estrutura eficaz de comunicação e distribuição para o intercâmbio de informações, mão-de-obra, mercadorias, serviços e capital entre as áreas urbana e rural.

(c) Promover uma ampla cooperação entre comunidades locais para encontrar soluções integradas para problemas relacionados ao uso do solo, transporte e meio ambiente em um contexto urbano-rural.

(d) Adotar uma abordagem participativa para obter um desenvolvimento urbano e rural equilibrado e de apoio mútuo, com base em um diálogo permanente entre as partes interessadas envolvidas no contexto urbano-rural.

A abordagem integrada recomendada, traduzida nas ações constantes dos itens anteriores, é estratégica para o desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos, considerando a intensidade dos fluxos de informação, pessoas, produtos e recursos financeiros que se estabelecem entre o campo e a cidade. Por outro lado, os recursos naturais ligados à terra, às águas e ao ar são necessariamente compartilhados pelos produtores, usuários e consumidores urbanos e rurais.

11. Prevenção de desastres, redução dos seus efeitos,

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