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Apoio financeiro ao Programa para Superdotados da SEDF

5.1 RESULTADOS – PARTE I: PERSPECTIVAS DOS GESTORES E PROFESSORES DO

5.1.1 Resultados das entrevistas realizadas com gestores e professores do Programa para

5.1.1.4 Apoio financeiro ao Programa para Superdotados da SEDF

O apoio financeiro recebido para o Programa para Superdotados da SEDF, oriundo do Governo Federal, foi um aspecto muito discutido por todos os gestores entrevistados, não havendo consenso nas respostas obtidas.

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Um dos diretores afirmou ter recebido do MEC apoio financeiro para capacitação de professores. Ele afirma:

“quando eu assumi eu recebi lá uma incumbência da Divisão de Ensino Especial e eu tive muito apoio do governo.” (...) “na época em que nós atuávamos na questão da superdotação na Divisão de Ensino Especial, nós tínhamos um relacionamento muito estreito aqui com a Secretaria de Educação Especial do MEC e como o Distrito Federal.” (Diretor/G2)

Em relação ao governo local (GDF), esse mesmo diretor afirmou ter total liberdade e autonomia para atuar no Ensino Especial, como percebemos em sua fala a seguir:

“ele (o secretario) falou, você vai ter carta branca pra estar atuando com a equipe.” (Diretor/G2)

Diferentemente, dois gerentes que participaram do estudo afirmaram receber do MEC apenas apoio institucional e de formação de professores, sem envolver recursos financeiros ou materiais. Eles afirmaram:

“o MEC dava apoio no sentido de que ele tem que cuidar e olhar para essa clientela.” (...) “Na época o que o MEC fez de interessante, de importante, foi criar uma comissão de especialistas que ele convidou e algumas vezes a gente se reunia para tratarmos de uma orientação pedagógica.” (Gerente/G1)

“o apoio que eu tive do MEC com relação à capacitação de professores foi a oferta de cursos...” (Gerente/G2)

Um aspecto importante salientado por diretores e por gerentes dizia respeito ao repasse de verbas para o Programa, em especial. Os gestores afirmaram receber do Governo Federal (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE) uma verba única para todo o

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Ensino Especial, sem especificação de área. Cada gestor definia a área do Ensino Especial a ser priorizada em sua Secretaria. Eles dizem:

“Era pouca (a verba da Secretaria) e, era disseminada ali, dentro da Secretaria, lembrando que a verba do MEC do FNDE, essas duas etapas atendiam não só a Superdotação, era para a Divisão de Ensino Especial.” (Gerente/G2)

“sempre foi dentro do bolão (apoio financeiro) e a gente tinha como em todas as outras áreas que preenchiam um formulário de solicitação de material, só que o nosso material era um material sempre muito caro porque nós estávamos pedindo laboratório de química, computadores, tinha a parte toda do pessoal de artes (cavaletes, tintas especiais, pincéis) e quase nunca nós tínhamos o que solicitávamos.” (Gerente/G1)

“agora em termos de receber recursos era como é hoje, era muito complicado e quando chegava na Secretaria aquele bolo era dividido e a parte da deficiência terminava ficando com o dinheiro” (...) “os superdotados terminavam ficando com menos recursos, era uma injustiça o que se fazia, o que se praticava.” (Diretor/G1)

Apenas um gerente entrevistado afirmou ter recebido material didático enviado pelo governo, o qual era distribuído nas Salas de Recursos onde o atendimento para Superdotados era oferecido. Ele afirmou:

“financeiro não, recebíamos o próprio material, eles compravam e mandavam para serem distribuídos nas escolas”...”a gente encaminhava esse material para as escolas e lá eles encaminhavam para as Salas de Recursos.” (Gerente/G1)

O procedimento para se requisitar verba do Governo Federal foi salientado por diretores e gestores participantes do estudo, demonstrando o compromisso de se solicitar, mesmo sem garantia de recebimento. Eles afirmaram:

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“havia aquela questão dos PTAs (Plano dos Trabalhos Anuais) que as secretarias enviavam para financiamento junto ao FNDE, junto ao MEC.” (Diretor/G2)

“Uma vez (recebia material por ano), porque esse planejamento era anual” (...) “O pessoal de artes pedia muito, tela, tinta, instrumentos, como a espátula, instrumentos específicos, o laboratório de fotografia estava parado na Escola Parque, então, precisava de material específico, o ampliador era muito antigo, então, eu pedi para cada professor listar as necessidades básicas.“ (Gerente/G2)

“Era anual, só anual e isso depois que você prestava conta de tudo que você tinha feito.” (Gerente/G1)

Ainda em se tratando de apoio financeiro ao Programa para Superdotados, uma observação feita por um dos gestores se revelou de grande relevância, abordando o papel das organizações sem fins lucrativos (ONGs) no Ensino Especial.

Além disso, um gerente e um diretor participantes do estudo afirmaram que, em relação ao MEC e ao repasse de verbas para as Secretarias, havia uma maior facilidade nesse repasse, em termos de garantia quando o mesmo era feito através de alguma ONG, como salientado em suas falas abaixo:

“Propostas de cursos da seguinte forma: não direto da Direção de Apoio, era um projeto enorme de capacitação para todas as áreas junto ao FNDE, nada direto porque nós não éramos ONGs.” (...) “porque as ONG’s precisavam entrar também com projetos e serem aceitos, esses projetos, pelo FNDE. Existia todo um processo e ele tinha muita exigência legal, a ABSD.“ (Gerente/G2)

“Mais de uma (APAEs), são várias e uma instituição que tem uma rede de relacionamento muito próximo” (...) “ela tem uma forma de funcionamento que as mantêm numa estrutura de rede” (...) “elas fazem pressão política, então os deficientes cegos, surdos, instituições de apoio aos cegos e surdos.” (Diretor/G1)

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“quando surgiram as associações e a associação dos superdotados em Brasília o que é que se fazia? Fazia um acordo por baixo dos panos entre a Secretaria e a Associação. Eles recebiam o recurso e com esse recurso capacitavam os professores, adquiríamos material e a Associação também participava” (...) “Essa Associação era contemplada pelo MEC, inclusive era mais rápido, quando vinha, vinha a Secretaria, era difícil, até o dinheiro entrar.” (Diretor/G1)

Segundo os gestores, os recursos utilizados com os alunos do Ensino Especial obedeciam a prioridades que acabam privilegiando os alunos que apresentavam algum tipo de deficiência, como percebemos na resposta de dois gestores:

“você pedia, por exemplo, cinco enciclopédias Mirador ou Barsa, para cada Sala de Recurso, pelo menos uma enciclopédia novinha, mas nós tínhamos a solicitação de 3.000 aparelhos auditivos, no mesmo pedido, então era o seguinte; então a prioridade” (...) “Uma enciclopédia Barsa comprava 300 aparelhos auditivos, então era assim.” (Gerente/G2)

“a impressão que dá é que você tem tanta preocupação com os outros que são subdotados....” “o investimento maior era nos demais do que, se naquela época chamava de DV (Deficiente visual).” (Diretor/G3)

No caso da aplicação dos recursos oriundos do MEC dentro da própria Diretoria de Ensino Especial, segundo depoimento de um diretor, tal aplicação deveria obedecer a uma escala de prioridades. O diretor afirma:

“dentro do Ensino Especial, nós podíamos priorizar, mas não era sempre também, quando vinha rubricado não, tinha que cumprir, quando era possível fazer um ajuste a gente terminava levando para um outro lado, então, comprava e dava alguma coisa para a Sala de Recursos.” (Diretor/G1)

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“Eu me lembro que havia um outro problema... Quando foram criadas as Associações porque primeiro, quando vinha para a Secretaria nós ainda corríamos um outro risco do dinheiro dentro da própria Secretaria partir para outras prioridades” (...) “ser deslocado para outras prioridades e nem vir para o Ensino Especial, isso também podia acontecer àquela época.” (Diretor/G1)

Esse mesmo diretor afirmou que a verba para atendimento aos superdotados, mediante acordos firmados com organizações sem fins lucrativos que recebiam recursos do MEC para a área da superdotação, muitas vezes, era dividida com as áreas de deficiência dentro da própria Diretoria de Ensino Especial. Ele afirma:

“a gente ali, em comum acordo, em prol da causa pedíamos à Secretaria que nos acudisse porque nós éramos conveniados, então, foi muito simpatizante quando a Associação não era conveniada, eu não me lembro de ter visto convênio, nós éramos parceiros porque quase toda a equipe que trabalhava com superdotação fazia parte da Diretoria da Associação.” (...) “ela foi criada com muitos objetivos inclusive para dar um suporte financeiro, técnico caso fosse possível a serviço da Secretaria, então, nós terminamos conseguindo garantir alguma coisa para a Secretaria.” (...) “mas dividia o dinheiro que vinha para os superdotados também, quando vinha para o Ensino Especial a gente não priorizava a superdotação, era uma realidade injusta, mas era uma realidade.” (Diretor/G1)