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Contato com ex-alunos do Programa para Superdotados da SEDF

5.1 RESULTADOS – PARTE I: PERSPECTIVAS DOS GESTORES E PROFESSORES DO

5.1.1 Resultados das entrevistas realizadas com gestores e professores do Programa para

5.1.1.13 Contato com ex-alunos do Programa para Superdotados da SEDF

Um aspecto muito importante abordado nessa pesquisa refere-se ao acompanhamento de alunos egressos do Programa para Superdotados da SEDF. Tanto gestores quanto professores disseram não possuir nenhum mecanismo de acompanhamento sistemático desses alunos. Por outro lado, sabe-se que eles próprios procuram as Salas de Recursos, mantendo contatos informais, como podemos perceber nas falas a seguir:

“Nós temos... nós temos várias notícias” (...) “são só notícias... de encontros casuais.” (Professor SR Ceilândia)

“eu sei que os alunos que me procuram... eu tenho alguns que vão em casa, me ligam.” (...) “nós sabemos assim, porque a mãe conta” (...) “de vez em quando uma mãe pede um laudo, que ele passou pelo Programa, para poder justificar um encaminhamento sempre no exterior.” (Gerente/G2)

Nesse sentido, tanto professores quanto gestores reconhecem a necessidade de se criar um mecanismo de acompanhamento dos alunos egressos do Programa, ao afirmarem:

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“nós não temos um programa de sequenciamento para saber qual a influência da Sala de Recursos” (...) “a gente não consegue seguir isso, é que dentro da Secretaria de Educação não existe uma estrutura” (...) “não tem nada oficial.” (Professor SR Ceilândia)

“notícias de poucos alunos.” (Professor SR P.Piloto)

“Não existe esse controle (acompanhamento do aluno), não é feita, por exemplo, uma entrevista com o aluno e com a família... quando o aluno é desligado do programa.” (Gerente/G3)

Professores e gestores apresentaram um consenso quanto à necessidade de os dirigentes do Programa rever a questão alusiva à documentação dos alunos superdotados que participam ou participaram do Programa, ao longo de sua vida escolar. Eles afirmam:

“nós precisamos trabalhar nesse aspecto.”. (...) “não... posso colocar uma observação no... currículo escolar... o aluno recebeu atendimento em Sala de Recursos.” (Professor SR Ceilândia)

“a falta de documentação é um caso sério” (...) “deveria ser visto o mais urgente possível” (...) “além do aluno não ter um documento que prove essa passagem pela Sala de Recursos, nós... e a própria Secretaria de Educação que por vezes pedem uma série de relatórios” (...) “esses relatórios não existem mais” (...) “se perde e aí se perde parte da história desses alunos” (...) “não temos comprovação, não temos nada assim... não há uma sistematização.” (Professor SR Gama)

“isso é uma necessidade que a gente ainda está articulando para poder não deixar dessa maneira, é necessário ter esse registro.” (Gerente/G3)

“Nós não temos esse acompanhamento, isso seria um trabalho de pesquisa superinteressante também.” (Diretor/G1)

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Um gerente sugere a criação de um banco de dados dos alunos que passam pelo Programa, para maior controle e acompanhamento de sua trajetória escolar e pós-escolar. Ela sugere:

“de repente a gente pode fazer um banco de dados, pode fazer um acompanhamento.” (...) “se a gente tivesse esse banco de dados, hoje com informática dá para fazer isso.” (Gerente/G2)

Apenas um gerente entrevistado, que atuou no período de 1991 à 1994 (G1) mencionou o fato de que havia um determinado acompanhamento dos alunos que saíam do Programa. Vale salientar que nesse período eram poucos os alunos atendidos e a equipe central era maior do que nos períodos subseqüentes. Ele diz:

“nós tínhamos uma ficha de acompanhamento do aluno até mesmo depois que ele saía da Rede.” (...) “a gente tinha interesse em saber para que escola particular ele foi, se ele tinha algum acompanhamento.” (...) “se estava indo bem na área de ajustamento pessoal, social.” (Gerente/G1)

“Quando ele saía da escola... a gente fazia visita às escolas para saber como estavam nossos alunos, então, a gente sabia que eles eram transferidos e a gente pedia o local e acompanhava.” (Gerente/G1)

Indagados pela pesquisadora quanto ao destino dos superdotados egressos do Programa, alguns professores e gerentes citaram exemplos de alunos que saíram do Programa e que, segundo eles, estão muito bem atualmente. E afirmam, de forma orgulhosa:

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“estão muito bem” (...) “inclusive que estava na Católica, que ganhou bolsa e que está muito bem” (...) “já está inclusive com um emprego” (...) “outros... que não conseguiram passar no vestibular, mas já montaram uma pequena empresa.” (Professor SR Ceilândia)

“são notícias realmente de alunos que estão aí batalhando” (...) “são vários casos que a gente ouve que estão indo bem.” (Professor SR Gama)

“Ele ficou junto com vários cegos antes de sair do Programa, esse menino teve medalhas em Israel” (...) “fizeram trabalhos que foram para Israel e ganharam medalhas, foram para o Rio de Janeiro receber as medalhas”. (Gerente/G1)

Quanto ao aspecto relacionado à superdotação e ao ingresso desses alunos em universidade, as respostas obtidas pelos professores entrevistados evidenciaram que não há consenso em relação a esse tema. Eles apresentaram exemplos de sucesso e exemplos de fracasso:

“pelas notas que ele já tem do PAS ele tem grande chance de entrar em Medicina na UnB.” (Professor SR Ceilândia)

“eles se viram; o aluno superdotado procura um meio de sobrevivência.” (Professor SR Ceilândia)

“sendo bem sucedidos na Universidade” (...) “passou numa faculdade e está fazendo Design.” (...) “temos outro aluno bolsista também da Católica e que já está trabalhando na Católica” . (Professor SR Gama)

“um deles está formado em medicina.” (...) “outro eu sei que é da Escola de Música” (...) “está terminando a Faculdade Dulcina.” (Professor SR P.Piloto)

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“uma informação que eu tive acesso que vários alunos da UnB que passaram por uma qualificação no vestibular, tem um índice também de desinteresse, largam o curso.” (Gerente/G3)

Vale mencionar um fato apresentado por gerentes e professores do Programa e que pode ser considerado negativo, pelo lado da perda para o nosso país, mas, por outro lado, benéfico para o aluno, em termos de recursos e de reconhecimento do aluno. Tal fato tem sido salientado pela mídia, de forma contundente: muitos ex-alunos superdotados que participaram do Programa da SEDF hoje se encontram fora do Brasil. Eles citam alguns exemplos:

“me parece que hoje ele está na França, fazendo um curso, ele passou, parece que está na Universidade do GDF e aí ganhou uma bolsa de estudos pela Embaixada da França.” (...) “sempre fora, ou por uma aceleração ou para participar de um programa específico nos Estados Unidos ou na Europa, porque ainda como porta de entrada são os testes intelectuais.” (Gerente/G2)

“o país está perdendo muitas mentes para outros países.” (Diretor/G2)