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Formas de atendimento ao superdotado do Programa da SEDF

5.1 RESULTADOS – PARTE I: PERSPECTIVAS DOS GESTORES E PROFESSORES DO

5.1.1 Resultados das entrevistas realizadas com gestores e professores do Programa para

5.1.1.8 Formas de atendimento ao superdotado do Programa da SEDF

Segundo depoimentos dos gestores e dos professores participantes da pesquisa, o Programa para Superdotados da SEDF, no período de 1991 a 1999, atendia apenas alunos oriundos de escolas públicas, não sendo permitida a participação de alunos oriundos de escolas particulares. Eles afirmam:

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“naquela época é que nós estávamos dentro da estrutura da Fundação Educacional antiga, hoje Secretaria, e todos os alunos eram da rede pública, nós não tínhamos nenhum aluno da rede particular.” (Gerente/G2)

“tinham um foco dentro da superdotação, que eram identificados fora, era o caminho inverso, as famílias traziam eles para a rede pública para que eles pudessem receber o atendimento.” (Gerente/G2)

No tocante à identificação e ao encaminhamento do aluno para o Programa, segundo depoimento de um gerente que atuou até 1998, o aluno superdotado passava por uma avaliação psicopedagógica antes de ser encaminhado ao Programa. Essa avaliação era feita por uma equipe composta de um psicólogo e um pedagogo, a mesma que avaliava alunos deficientes. No momento da avaliação era preenchida uma Ficha Síntese com as principais características desse aluno, que posteriormente era encaminhada para os professores do Programa. Um gerente descreveu esse procedimento:

“na ficha síntese porque eu tinha um mapinha, um retratinho daquele aluno no momento de avaliação, naquele período que ele ficou lá e, eu tenho que considerar que naquele período ele estava com um elemento estranho, ele nunca tinha visto aquela professora ou aquela Psicóloga, ele estava sendo testado e ele sabia que estava sendo testado...” (Gerente/G2)

Contudo, percebe-se nas demais falas que esse procedimento foi mudado a partir de 1999, quando os psicólogos que avaliavam o superdotado passaram a atuar nas Salas de Recursos e adotaram um novo procedimento que incluía entrevistas, um período de observação e um maior envolvimento do professor do Ensino Regular e da família do aluno. Um gerente, ao ser questionado sobre o encaminhamento do aluno para o Programa, esclarece: “(neste caso) ele é indicado pelo professor do Ensino Regular e ele então passa por uma entrevista com o professor da Sala de Recursos, ele fica em observação, mas o perfil do aluno é que vai dizer se ele realmente tem condições de ficar naquela sala.” (Gerente/G3)

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“Não, eles (os psicólogos) ficam lotados junto com os professores da Sala de Recursos, isso foi uma das diferenças das modificações que aconteceram ao longo desse ano de 2001.” (Gerente/G3)

Tanto os gestores quanto os professores que participaram do estudo, ao serem questionados sobre a forma de atender o aluno superdotado, afirmaram partir sempre do interesse dos alunos.

Um gerente salientou que os superdotados sabem o que querem e devem ser atendidos em sua curiosidade e desejo de aprender. Nas falas a seguir, é possível perceber essa realidade: “eles são muito independentes, eles escolhem o que eles querem e eu olhava para a professora e ela entendeu.” (...) “eles podiam até ficar agrupados apenas no espaço físico, mas cada um fazia na sua área de interesse.” (Gerente/G1)

“forma de trabalhar porque a partir do interesse do aluno” (...) “importante o atendimento desses alunos porque eles vão estar satisfazendo a sua necessidade de pesquisa” (...) “pesquisando uma área que eles gostam.” (Professor SR Ceilândia)

“ele basicamente desenvolve projetos, em cima dos interesses.” (Gerente/G3)

“trabalhávamos em cima do interesse da criança.” (Gerente/G1)

Um gerente, que atuou de 1999 a 2002, explicou como era feito o atendimento ao aluno superdotado na Sala de Recursos, em termos de atividades propostas. Ele salienta que o foco do atendimento é no enriquecimento e no aprofundamento curricular, conforme podemos perceber em sua fala:

“Basicamente as atividades giram em torno do interesse dos alunos, é um programa de enriquecimento curricular.” (Gerente/G3)

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“o currículo do Ensino Regular é enriquecido nas atividades que o aluno desempenha na Sala de Recursos.” (Gerente/G3)

Ao ser solicitado a detalhar o tipo de aprofundamento e enriquecimento curricular desenvolvido na Sala de Recursos, ele descreveu alguns tipos de atividades feitas com os alunos superdotados:

“(atividades do tipo 1) leva esses alunos para passeios, para excursões, para palestras, para visitar museus, visitar, enfim, todas as áreas de conhecimento que ele possa ter acesso em Brasília e também a gente chama pessoas de fora para poderem estar interagindo e apresentando temas diversos para esses alunos” (...) “as atividades do tipo 2 são atividades onde nós vamos desenvolver as habilidades específicas do aluno, habilidades de pesquisa, com características que de repente ele precisa desenvolver mais” (...) “desempenhar atividades específicas de projeto, que são atividades do tipo 3 que são atividades relacionadas à execução de projetos.” (Gerente/G3)

A produção dos alunos atendidos no Programa foi mencionada pelos gerentes que participaram da pesquisa como sendo produções ricas e originais, como podemos perceber nas falas abaixo:

“Mas aí os projetos que eles montavam, por exemplo, a FACIBRA, eles apresentavam trabalhos maravilhosos de artes.” (...) “Tinha clube de interesse específico, literatura, artes plásticas, cênicas, os grupos de teatro que eles mesmos elaboravam peças e apresentavam, a parte desportiva também que tinha vôlei, natação, tinha tudo isso.” (Gerente/G1)

“‘tia, eu vou fazer um álbum, vou fazer uma página na Internet...’ Para divulgar o seu trabalho.... eu nunca tinha pensado nisso... a gente pode discutir com os colegas da sala de recursos de Ceilândia pela Internet.” (Gerente/G2)

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Um gerente enfatizou a necessidade de se solicitar apoio externo para atender aos interesses dos alunos, quando o próprio professor não possui as condições necessárias. Ele afirma:

“Vamos fazer, apesar de não ter experiência nessa parte de site, nós temos aqui laboratório de informática e eu fui pedir ajuda para a C.” (...) “eu tenho dois estagiários do IESB e o estagiário virou monitor do projeto” (...) “o Z. trouxe um Software, não sei o que deu uma aula; o H. está amando, isso foi importante porque eu saí da parte acadêmica, olha, eu sei como fazer um site e aí o foco me abriu essa possibilidade.” (Gerente/G2)

Ainda referindo-se ao Programa para Superdotados da SEDF, tanto professores quanto gerentes que participaram do estudo afirmaram contar com o apoio dos colegas, das famílias dos alunos e demais parceiros, para a questão de suprimento material para as Salas de Recursos, como podemos perceber a seguir:

“a gente faz aqui um trabalho, chama alguém, pega um livro emprestado...” (Gerente/G2)

“a gente sempre contou muito com a ajuda dos pais dos alunos ou doações.” (Gerente/G3)