• Nenhum resultado encontrado

Estrutura e funcionamento do Programa de Atendimento ao Superdotado da SEDF

5.1 RESULTADOS – PARTE I: PERSPECTIVAS DOS GESTORES E PROFESSORES DO

5.1.1 Resultados das entrevistas realizadas com gestores e professores do Programa para

5.1.1.2 Estrutura e funcionamento do Programa de Atendimento ao Superdotado da SEDF

Os diretores e os gerentes entrevistados salientaram alguns aspectos relativos à organização e ao funcionamento do Programa para Superdotados da SEDF, demonstrando preocupação com a qualidade do mesmo.

Um aspecto apontado, inicialmente, referiu-se às visitas de acompanhamento realizadas periodicamente pelo responsável pelo Programa na SEDF – no caso, o gerente da área. Ele diz:

70

“ela (a gerente) visitava todas as Regionais, todos os professores eram contatados, sempre a gente tinha a preocupação de estar sempre mantendo contato com os professores” (...) “pra eles não se sentiremlonge, deixados.” (Diretor/G2)

Um gerente e um diretor que participaram do estudo fizeram questão de mencionar que, em 1999, o Programa para Superdotados da SEDF firmou parceria com universidades locais e considerou tal atitude muito importante para a eficácia do mesmo, como podemos perceber em sua fala:

“eu já vejo um ganho enorme quando nós começamos a ter uma parceria com universidades, tanto a UnB quanto a Católica, no que se refere a uma consultoria, a uma supervisão, a cursos de aperfeiçoamento e treinamento.” (Gerente/G1)

“Eu vejo o seguinte, jamais você pode pensar em qualquer setor, ainda mais educacional, em trabalhar sozinho porque a área pública não pode depender única e exclusivamente do governo, o governo faz o que pode, mas tem suas limitações... Então, parceria você tem que ter sempre para que você consiga progredir e caminhar, que é o que se tem feito.” (Diretor/G3)

Um problema apontado pelo Diretor do Ensino Especial que atuou de 1996 a 1998 referiu-se ao espaço físico inadequado, existente nas escolas regulares, para se atender ao superdotado e ao aluno com necessidades educacionais especiais, de uma forma geral. Ele afirma:

“foram muitos altos e baixos, não é, teve uma época que era fácil, outra que era mais difícil.” (Diretor/G2)

“tinha algumas Salas de Recursos... nós tínhamos problemas, mas era uma área que não nos dava tantos problemas, assim, tantas preocupações como as outras áreas.” (Diretor/G2)

71

O aspecto da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no sistema público regular de ensino foi considerado motivo de preocupação por parte dos gestores, como podemos perceber na fala de dois respondentes:

“respeitando as diferenças de contexto e de realidade.” (Gerente/G1)

“teve uma época em que se falava na questão da inclusão, da integração, aquela coisa toda e nós tivemos um grande problema no Distrito Federal, que se falava na abertura de classes especiais” (...) “houve uma demanda muito grande na abertura de classes especiais.” (Diretor/G2)

“no momento que você conscientiza, você informa, você começa a mudar as concepções.” (Diretor/G2)

“quando você, diretor de escola... você conversa com seus professores dizendo que a escola vai se tornar uma escola que vai trabalhar com alunos com necessidades especiais...” (...) “o professor vai preparar o aluno da sala de aula, todos os alunos.” (...) “todos os alunos vão ser responsáveis pelo desenvolvimento desse aluno na sala de aula.” (Diretor /G2)

“aí também, de mudança de paradigma, a quebra da barreira atitudinal, do preconceito.” (Diretor/G3)

A nomenclatura adotada pela SEDF para os superdotados já sofreu diversas alterações e continua sendo um aspecto de pouco consenso entre estudiosos e pesquisadores da área. Os gestores entrevistados salientaram essa questão, considerando-se um problema enfrentado ainda hoje, como podemos perceber em suas afirmações abaixo:

“inclusive, discutindo que nomenclatura era mais favorável e mais pertinente para essa clientela e, na ocasião chegou-se à conclusão de que seria Altas Habilidades.” (Gerente/G1)

72

“eu também entendo dentro de uma outra linha porque é mais fácil, do meu ponto de vista, de integrar o superdotado para o sistema do que integrar os que não são superdotados, que são subdotados.” (Diretor/G3)

Segundo depoimentos dos gestores, no nível central da administração, subordinado à Diretoria de Ensino Especial, o atendimento ao superdotado foi dirigido por uma equipe de profissionais, composta de pedagogos e psicólogos, e em 1996 passou a ter apenas um responsável (um Chefe de Núcleo). Tal redução de equipe recebeu uma justificativa por parte do Diretor de Ensino Especial da SEDF à época. Ele justifica:

“comecei em 1988 e encontrei o trabalho de superlotados num Núcleo (Núcleo de Apoio à Aprendizagem do Superlotado), (...) encontrei uma equipe muito grande.” (...) “Só de uma área. Era uma equipe que devia ter umas 8 pessoas, 9 pessoas. ” (...) “Eram grandes as equipes (as outras), imensas, aquele mundo de gente, todos os núcleos eram superlotados.” (...) “havia um desequilíbrio porque num setor que atendia tão poucos alunos tinha o mesmo tanto de pessoas que um setor de superdotados que tinha, digamos, naquela época uns 2.000 alunos, com deficiente mental.” (Diretor/G1)

“eu tive um chefe de núcleo na época para cada de ensino, tive uma equipe grande e boa na época.” (Diretor/G2)

“Eu cheguei a trabalhar numa equipe, nos anos anteriores, mas quando eu fui chefe, responsável por esse atendimento, eu era um único profissional à frente.” (Gerente/G1)

Ficou claro nas falas dos gerentes e dos diretores que o Programa de Atendimento ao Superdotado ampliou bastante o número de alunos atendidos, sobretudo a partir de 1999, com a nova forma de se avaliar o aluno e encaminhá-lo de forma mais ágil para o atendimento, além do fato de se incluir alunos superdotados oriundos de escolas particulares no Programa. Os depoimentos abaixo reforçam essa questão:

73

“porque muitas vezes pode ter passado muitos alunos despercebidos no processo.” (Diretor/G2)

“o número de alunos era bem inferior do que nós temos hoje.” (Gerente/G2)

“nessa ocasião nós não tínhamos um número alto de alunos porque esses meninos ficavam retidos na avaliação.” (...) “demorava para chegar o aluno na Sala de Recursos, então, a gente realmente tinha um quantitativo inferior.” (Gerente/G1)

Ainda referindo-se ao Programa para Superdotados da SEDF, os gestores entrevistados apontaram alguns critérios que eram levados em consideração para o ingresso dos alunos no Programa. As diferentes falas reforçam as modificações realizadas ao longo dos três períodos analisados. Nos depoimentos abaixo, isso fica claro:

“quando eu entrei no Programa só entravam crianças que tivessem no mínimo QI 120; quando eu entrei em 88, eu vou te mostrar, nós temos fichas que tem o percentil de até 135. “ (Gerente/G2)

“tinha uma modulação que ficava mais ou menos em torno de 8 a 10 alunos para um professor de 40 horas, mas aceitava-se ter menos.” (Gerente/G1)

“atendemos em média, por turmas, nós temos uma modulação por professor que depende da faixa etária do aluno.” (Gerente/G3)