• Nenhum resultado encontrado

Críticas e sugestões ao Programa para Superdotados da SEDF

5.1 RESULTADOS – PARTE I: PERSPECTIVAS DOS GESTORES E PROFESSORES DO

5.1.1 Resultados das entrevistas realizadas com gestores e professores do Programa para

5.1.1.17 Críticas e sugestões ao Programa para Superdotados da SEDF

Todos os gestores e professores foram solicitados a dar algumas sugestões de melhoria para o programa da SEDF. Algumas críticas também foram feitas, num sentido positivo de contribuição, evidenciando claramente um desejo de aperfeiçoamento e maior qualidade do mesmo, como percebemos nas falas a seguir:

“dificuldades que vêm sendo vencidas aos poucos, mas dificuldades que o Ensino Especial sempre enfrentou e hoje eu já sinto que as famílias, mesmo dos outros que não são superdotados já aceitam seus filhos.” (Diretor/G3)

Um Diretor de Ensino Especial levantou a possibilidade de o Programa para Superdotados ser oferecido no Ensino Regular, em vez de permanecer sob a tutela exclusiva do Ensino Especial. Veja o que diz esse profissional:

116

“eu acho que esse serviço poderia passar para o Ensino Regular, do meu ponto de vista, com o apoio do Ensino Especial no início.” (...) “talvez até as próprias pessoas se deslocarem para lá, seria importante que mesmo indo para o Ensino Regular esse setor permanecesse, que ele não fosse diluído por níveis ou por Programas” (...) “nós poderíamos estar preparando o sistema para isso e não haveria necessidade realmente do Ensino Especial porque fica sempre restrito.” (Diretor/G1)

Os professores entrevistados foram unânimes em salientar a importância de suprir as Salas de Recursos com materiais específicos para essa clientela diferenciada. Eles desabafam: “a primeira coisa que nós deveríamos é equipar a Sala de Recursos” (...) “é inadmissível nós estarmos no século XXI, na capital do Brasil e as Salas de Recursos não terem um computador, não temos, ao passo que deveríamos ter um computador com acesso à internet”

(...) “essa é uma das grandes críticas que eu faço nesse sentido, na questão do material.”

(Professor SR Ceilândia)

O aspecto relacionado à documentação dos alunos atendidos no Programa para Superdotados da SEDF foi novamente salientado pelos professores que participaram da pesquisa, que reafirmam suas críticas:

“a questão da documentação, oficializar esse atendimento porque nós perdemos todo esse arquivo, esse acervo,se morrer, acabou a história”. (Professor SR Ceilândia)

“essa documentação que às vezes são solicitadas aos professores, relatórios e listas e etc.; que isso realmente começasse a fazer parte de uma documentação da Secretaria” (...) “isso faz parte da história do atendimento, não é uma documentação de propriedade individual.” (Professor SR Gama)

117

Um Diretor de Ensino Especial, ao ser solicitado a dar algumas sugestões de melhoria para o Programa, salientou a questão de ter melhores condições de trabalho, abordando, inclusive, a questão salarial:

“as minhas sugestões, não só em termos desse Programa, mas de toda a Educação do Distrito Federal, são condições de trabalho porque na realidade vocês lutam.” (...).“nós todos sempre

lutamos muito por condições, eu não vou ser hipócrita e dizer aqui que salário não interfere; no tempo talvez que eu tenha começado e a situação era outra pode ser até que nenhum de

nós” (...) “nós trabalhamos o máximo ganhando o que ganhamos, mas de qualquer maneira,

como alguém, ao acaso um professor, que ganha pouco, que não pode colocar o filho na escola que gostaria.” (Diretor/G3)

“eu acho que é uma vertente para a qualidade do trabalho que se realiza, as condições mínimas são necessárias.” (...) “porque em determinadas escolas da rede pública, você tem as condições, não são as ideais, mas condições satisfatórias de trabalho e em outras você não tem.” (Diretor/G3)

A questão da inclusão foi um aspecto importante salientado por um outro diretor de Ensino Especial, o qual propôs maior apoio e maior visibilidade por parte das autoridades para todo o Ensino Especial, não somente para o Programa para Superdotados. Ele diz:

“uma coisa que a gente precisa agora estar mudando na postura” (...) “a questão de uma visibilidade como um todo, porque a Educação Especial precisa estar participando de todas as diretorias de dentro da Secretaria de Educação.” (...) “tem que ser um discurso do Secretário de Educação, tem que ser um discurso como um todo.” (...) “A Educação Especial faz parte da Educação, não ficar restrita, todos precisam estar trabalhando em conjunto.”(Diretor/G2)

Uma capacitação periódica para os professores do Programa foi outro aspecto apontado por gestores e professores, que destacaram a necessidade de melhoria. Eles afirmam:

118

“os cursos de capacitação realmente eram mais freqüentes e com certeza o nível muito bom”

(...) “é preciso que... se cuide desse recurso humano também porque ele está se perdendo.”

(Professor SR Gama)

“se nós pudéssemos ter oficinas práticas com os professores, porque nós temos a reunião geral.” (...) “no Brasil a gente tem tanta gente legal, todo mundo com doutorado, será que a gente podia fazer um curso específico para a nossa realidade?” (...) “De formação, pós- graduação específico com quem já está na área...” (Gerente/G2)

“eu acho que as condições de trabalho e a formação do professor porque o professor que é formado e que está sempre atualizando ele encontra brechas para resolver essas situações”

(...) “agora é uma formação que eu acho que tem que ser em serviço, muito bem feita; não

adianta eu ir para uma sala, a teoria é importante para o embasamento e fazer só isso porque eu preciso vivenciar na escola, eu preciso ir lá.” (Diretor/G3)

Ao serem questionados sobre a importância de se oferecer atendimento a superdotados oriundos de escolas particulares, todos os entrevistados acharam bastante positivo a inclusão dessa clientela no Programa. Eles dizem:

“Eu vejo bastante diferença, acho que foi um ganho para o Programa (estar atendendo alunos de escola particular) porque os meninos de escola particular querendo ou não eles têm maiores recursos, mais oportunidades, uma estimulação diferenciada” (...) “isso contribui no momento em que eles estão se relacionando, interagindo na Sala de Recursos.” (...) “Uma outra coisa que me chama a atenção é a participação dos pais das escolas particulares, são pais bem participativos, engajados, que querem fazer alguma coisa pela Sala de Recursos.” (Gerente/G1)

Um Diretor recomendou o melhor aproveitamento dos professores que possuem formação em Ensino Especial, para que o próprio sistema os utilize como disseminadores da inclusão. Ele diz:

119

“aproveitar muito os professores do Ensino Especial porque eles têm o “knowhow”, eles podem dar suporte ao Ensino Regular como consultores.” (Diretor/G2)

A preocupação com o sucesso dos alunos foi um aspecto mencionado por gestores e professores:

“são crianças que merecem também uma atenção especial, é importante para eles, para sua formação, para o seu futuro, eles serem atendidos desta forma que eles sempre tenham a ganhar na escola” (...) “mas também eles têm a dar, então, vamos explorar o que ele tem de bom para o bem, para acrescentar novos conhecimentos, novas habilidades porque com certeza ele será um menino de sucesso” (...) “eu acho que é importante, exatamente para fazê- lo crescer dentro das condições que tem porque se não fizermos isso ele vai retroceder e esse retrocesso não é bom.”(Diretor/G3)

Alguns gerentes entrevistados salientaram a necessidade de o Programa para Superdotados da SEDF manter uma maior aproximação com o Ensino Regular. Eles dizem: “acho que a sugestão que considero mais importante é que a gente tenha uma articulação muito maior com o Ensino Regular.” (...) esse contato com o professor do Ensino Regular seria uma característica importante...” (Gerente/G3)

“nós temos que continuar e cada vez mais melhorar, agora, acho que a gente tem que fazer uma parceria mais firme, melhor e mais engajada com o Ensino Regular.” (Gerente/G1)

Outra sugestão interessante apontada por professores e gestores relaciona-se com a manutenção de um contato com alunos egressos do Programa, o que ainda não é feito. Eles sugerem algumas alternativas:

120

“de você fazer um encontro nacional ou um encontro de Brasília dos alunos que participaram do Programa. Um encontro de crianças que estão no Programa atualmente.” (Gerente/G2)

Um maior envolvimento por parte das universidades com alunos superdotados foi um aspecto salientado por gestores que participaram do estudo, além da sugestão de se oferecer maior estímulo à parte desportiva desses alunos. Eles dizem:

“as Universidades poderiam também estar fazendo um trabalho porque a Universidade produz conhecimento e ela pode divulgar conhecimento, ela pode socializar e mostrar a importância disso porque as pessoas de um modo geral.” (Diretor/G1)

“estimular a parte desportiva dele e principalmente toda assistência psicológica possível para os alunos e orientação aos pais.” (...) até para investir em parte agrícola para esses meninos trabalharem com hortas, tem uma sugestão que eu dei no meu trabalho que seria estufas de orquidários, coisas diferentes que eles gostam de fazer.” (Gerente/G1)

Um Diretor de Ensino Especial salientou a necessidade de todo o sistema de ensino se envolver com os alunos que apresentam alguma necessidade especial. Esse mesmo gestor salientou a importância de se conhecer a superdotação, não permitindo que a mesma fique restrita exclusivamente ao Ensino Especial. Ele diz:

“Ensino Fundamental, Ensino Médio abraçar para que o superdotado não fosse um problema do Ensino Especial, que houvesse uma necessidade sistêmica para o atendimento desse aluno.” (Diretor/G1)