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CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO PESSOAL

1. Enquadramento Biográfico

1.4. Aprender o que é ser Professora

A edificação da minha profissão iniciou-se a partir do momento em que fiquei colocada no curso superior de Desporto.

Embora a licenciatura me tenha feito apropriar de muitos saberes, foi através do mestrado que estes mais se alargaram e que comecei a compreender melhor os vários conceitos que envolvem a profissão que sonhava ser e a ter as primeiras perceções do que era realmente ser professor de Educação Física.

Conceitos como a posse de conhecimentos, que para Nóvoa (2009) é uma das cinco caraterísticas de “um bom professor”, tornou-se numa das minhas principais ambições em adquirir. Tal como refere Rodrigues (2015), cabe ao professor decidir e aplicar as técnicas e os processos que considere mais eficazes para que as aprendizagens e a formação dos seus alunos se façam com mais rapidez, com mais consciência e com mais durabilidade, contudo para que isso aconteça é necessário que este tenha os conhecimentos necessários.

O facto de ter consciência que possuía ainda poucos conhecimentos e pouca experiência que me capacitassem ao exercício eficiente da profissão, a

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posse de conhecimentos foi uma das caraterísticas do “ser bom professor” que mais me foquei e trabalhei ao longo da formação académica, pois sabia que ninguém pode ensinar o que não sabe.

Ao longo do mestrado fui percebendo também que o entendimento do que é ser professor começa a construir-se desde cedo, aquando estudantes. Como refere Queirós (2014) “a aprendizagem da docência não se inicia com o

ingresso na profissão, é um processo construído ao longo da vida, desde a escolarização inicial, momento em que se constiuem crenças e conceções que serão submetidas à reflexão e questionamento nos cursos de formação inicial”.

Muitas das nossas formas de agir, as estratégias, os métodos de ensino e as condutas pelas quais nos guiamos hoje, são o reflexo daquilo que já vivenciamos enquanto estudantes e neste caso, estudantes de EF, onde inconscientemente fazemos uma seleção do que queremos e não queremos ser no exercício da nossa profissão, proveniente das boas e más experiencias que tivemos, dos bons e maus professores, dos mais competentes e profissionais e dos mais desleixados, tomando assim estas referências como guias na nossa vida profissional. Contudo, é claro, que é no decorrer do mestrado que essas caraterísticas, do que é ser um professor competente, se tornam mais esclarecidas e consolidadas.

A sociedade está em constante evolução a todos os níveis, e principalmente ao nível tecnológico nos tempos de hoje, o que torna o ser professor numa tarefa cada vez mais complexa e exigente para conseguir acompanhar essa constante evolução e permutação de conhecimentos.

A abertura à inovação, que para Alonso (1987) se apresenta entre a competência docente, a autonomia profissional e o sentido de pertença e identidade profissional, num dos quatro critérios mais importantes de profissionalismo, revela-se, assim, extremamente importante, pois nós, enquanto professores devemos manter-nos constantemente atualizados, de novos conhecimentos, das novas técnicas e métodos de ensino e ainda das novas tecnologias que vão surgindo dia após dia, a um ritmo exorbitante, para que desta forma nos consigamos adaptar ao paradigma social em que vivemos e à evolução mundial.

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Este aspeto mostra-se ainda essencial, pois dada a grande heterogeneidade de culturas existente nas escolas e percebendo que todos os alunos são diferentes, com diferentes caraterísticas e com ritmos de aprendizagem distintos, é fulcral que os professores desenvolvam um trabalho de ensino-aprendizagem bastante criativo, que consiga chegar a todos, para que todos aprendam e evoluam, começando a ultrapassar a ideia do que está vinculado pelo sistema educativo, pela disposição das salas e pela transmissão dos conteúdos, ou seja - a procura de um aluno mediano, não tendo em conta as individualidades.

O facto de ter realizado o meu estágio em cursos profissionais obrigou-me a vivenciar outro tipo de ensino, ensino este que conhecia pouco as suas características, pois sendo em toda a minha vida estudante do ensino regular e sabendo como este funciona, foi bastante interessante conhecer um novo, com distintas diretrizes, que tencionam respeitar as especificidades, as necessidades e os ritmos dos seus estudantes, através de uma estrutura modular. Deste modo, esta experiência fez-me evoluir muito mais enquanto professora, do que se tivesse lecionado ao ensino regular, dotando-me de muitas experiências e saberes que fizeram aumentar o meu currículo e me possibilitaram uma maior capacidade de adaptação a novos desafios.

Relativamente à EF, que tem vivido períodos de grande incerteza quanto à sua importância no currículo escolar, tendo consequentemente, por algum tempo deixado de contar para a média escolar dos alunos do ensino secundário, entre muitos outros aspetos que a têm desvalorizado, cabe a nós professores desta área e aqueles que se estão a formar, o difícil papel de a legitimar e defender como uma disciplina tão importante como Português e a Matemática que integram o currículo escolar dos alunos pois nenhuma outra possui as suas caraterísticas – a educação do e pelo corpo.

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“É numa sociedade marcada por transformações culturais, sociais, políticas e tecnológicas que teremos de “redescobrir” os objetivos da Educação Física na Escola, de repensar as suas práticas e os motivos do currículo”. (Matos, 2014)

Muitas foram as experiências e os conceitos que me fizeram perceber o que é ser professora, tanto ao longo da formação como do estágio profissional, tendo sido esta também a profissão com que sempre “contracenei” ao longo da vida. Assim sendo, para mim, a constante aquisição de conhecimentos, que me capacitassem para o exercício competente da profissão e que me permitissem estar constantemente atualizada, para proporcionar um ensino-aprendizagem eficiente e, no respeitante à EF, para ser capaz de contribuir para a sua defesa no currículo escolar dos alunos, tornou-se determinante para a construção da minha profissão e identidade enquanto docente.

CAPÍTULO II