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CAPÍTULO II ENQUADRAMENTO PROFISSIONAL

2. Enquadramento da Prática Profissional

2.2. Enquadramento Funcional da Prática Profissional

2.2.3. O meu núcleo de estágio

“ … o núcleo de estágio, constituído pelos estudantes- estagiários, professor cooperante e orientador da faculdade, devem funcionar como comunidades práticas, levando os estudantes estagiários a gerar novo conhecimento e novas competências”. (Batista & Queirós, 2015)

2.2.3.1. Os colegas de núcleo de estágio

Chegado o dia em que tomava conhecimento da escola que me ira acolher para realizar o meu estágio profissional, surgia também o momento de saber quais os colegas de mestrado que iram formar juntamente comigo o núcleo de estágio da Faculdade de Desporto, naquela instituição escolar.

Soube então que ao longo daquele ano letivo iria trabalhar juntamente com dois colegas do género masculino, que, dado ao facto de termos realizado a nossa primeira formação académica noutra instituição, não tínhamos uma relação muito próxima.

O meu núcleo de estágio, ou também conhecido como comunidade de prática (segundo alguns autores), ficou assim constituído por mim, pelos meus dois colegas e pela professora cooperante.

Segundo Souza-Silva & Davel (2007) as denominadas comunidades de prática, designam-se como um grupo de pessoas que partilham conhecimentos, vivências e experiências, prossupondo aprendizagens através dessa experiência com outras pessoas nos locais de trabalho (Cardoso, Batista, & Graça, 2014).

A partilha desse mesmo conhecimento através das relações mútuas, leva à construção de um conhecimento coletivo, proporcionando ainda o

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desenvolvimento de novos posionamentos em relação a algum assunto provinda da apropriação de diferentes discursos (Cardoso, Batista, & Graça, 2014).

Ao longo do primeiro ano de mestrado sempre ouvi os meus colegas que já se encontravam a realizar estágio a debruçarem-se acerca da importância que os seus colegas de núcleo de estágio detinham durante aquele ano. Referiam que daquele grupo, que muitas vezes não se conhecia, resultavam grandes amizades tendo na sua génese o apoio e o companheirismo mútuo que existia entre eles, da troca de opiniões, experiências e dicas, que se revelavam fulcrais no decurso do estágio, e no processo de construção da docência.

Segundo Cardoso, Batista, & Graça (2014) a aprendizagem realizada “nas comunidades de prática, como por exemplo, aprender a ser professor, é

entendida como resultante da interação e da coparticipação entre os pares”.

Mencionavam também que, tratando-se o ano de Estágio Profissional de um ano em que tudo é novo para nós estudantes estagiários, em que ocorrem inúmeras mudanças e transformações que acabavam por nos marcar, e em certos momentos de uma forma negativa, os colegas de estágio, por estarem lá naqueles precisos momentos, consistiam muitas vezes, como o primeiro apoio e o primeiro braço amigo que detinham.

Eram então estas as conceções que detinha, aquando do início do meu estágio profissional, acerca do papel que o núcleo de estágio poderia ter nesta minha nova experiência.

Contudo, como todos os contextos e experiências de estágio são distintos, no meu caso em particular o núcleo de estágio mostrou-se pouco relevante para a minha formação enquanto professora.

O facto de serem ambos trabalhadores estudantes, e adaptaram os seus horários escolares em conformidade com os seus horários de trabalho, fez com que logo após terminarem as aulas, se deslocavam para o seu trabalho. Não sendo também os nossos horários de lecionação compatíveis, e de partilhamos apenas os momentos em que reuniamos com a Professora Cooperante e quando realizavamos atividades em conjunto, como por exemplo o corta-mato

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escolar, fez com que houvesse um escasso tempo para convívio, resultando numa pouca partilha de experiências e opiniões, e de pouco tempo para a construção de uma relação de amizade.

Não obstante, apesar do referido, sempre que necessitavamos de algum tipo de auxílio uns dos outros, sempre nos mostramos dispostos a ajudar e a apoiar naquilo que fosse necessário.

Compreendo então a importância que o núcleo de estágio poderia representar para nós estudantes estagiários em contexto de prática, pois, estando todos inseridos no mesmo contexto de prática, perante uma construção da profissão e da identidade docente, e não sendo este processo de todo fácil, este grupo pode contribuir fulcralmente para essa mesma construção. Tal como refere Cardoso, Batista, & Graça (2014), é possível ver emergir o tipo de professores que queremos ser, na medida em que as transformações pessoais e profissionais que ocorrem em nós resultam, ou podem resultar das interações estabelecidas na comunidade de prática da qual fazemos parte.

Todavia não podendo eu dizer que este deteve de um grande contributo para a minha formação durante este ano de estágio, só posso referir que, apesar de tudo, os meus dois colegas foram parte integrante desta experiência profissional.

2.2.3.2. As Professoras: Cooperante e Orientadora

A FADEUP para operacionalizar a nossa prática de estágio supervisionada enquanto estudantes de 2º ano de mestrado em EEFEBS, estabelece protocolos com uma rede de escolas, denominadas de cooperantes, incluindo-se nestas a escolha de um professor/a cooperante, experiente e que exerça a sua função na área da Educação Física, tendo este como principal função orientar o trabalho do grupo de estudantes estagiários que ficar colocado naquela escola (núcleo de estágio) (Batista & Queirós, 2015).

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“O PC acrescenta à sua função normal de professor os papéis e funções de apoio e coordenação do trabalho dos estagiários” (O’Brian et al. 2007, cit. por Silva, Batista, & Graça, 2014)

São-nos então atribuídos, no início do estágio profissional, dois professores, um da escola onde ficarmos colocados (Professor Cooperante) e outro da faculdade (Professor Orientador), que desenvolverão um trabalho mútuo, tendo como encargo a supervisão da nossa prática pedagógica, ou seja, o acompanhamento, a orientação e a avaliação desse processo de estágio (Rodrigues, 2015). E para que tudo decorra pelo melhor e para o bem do estagiário, estes devem desenvolver um trabalho de acompanhamento muito próximo, em constante permutação.

Embora os meus colegas de núcleo de estágio tivessem detido um papel pouco fulcral na minha formação, como já aludi no ponto anterior deste relatório (3.5.2), não posso referir o mesmo em relação às professoras que me orientaram, que faziam também parte da minha comunidade de prática.

Segundo refere Batista & Queirós (2015), o PC assume um papel preponderante na condução do EP, nomeadamente no acompanhamento do EE. Como tal, sem retirar a importância devida à Professora Orientadora, a Professora Cooperante, sendo aquela que esteve presente e que me acompanhou todos os dias do meu estágio, assumiu sem dúvida, um papel muito importante na minha formação e na minha construção identitária nesta fase inicial da profissão docente.

O facto de ter ficado encarregue a turmas do ensino profissional, o qual possuía pouco conhecimento, fez suscitar muitas inseguranças e inquietações num momento inicial. Foi então a PC, com a sua calma e experiência que me tranquilizou e apoiou em tudo que necessitei para ultrapassar aquele “choque com a realidade”, fazendo-me passar muito do seu conhecimento e experiências.

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Era então a ela que recorria na primeira instância quando alguma coisa não corria tão bem, ou quando sentia dificuldades em relação a algum assunto, por exemplo, na realização do planeamento das aulas dos módulos teóricos, uma vez que era fornecido um escasso suporte teórico pelo sistema educativo acerca da matéria a abordar nestas disciplinas, entre muitos outros desafios me foram surgindo.

Esta mostrou-se sempre disponível para me auxiliar, cumprindo, sem dúvida, a sua “missão” enquanto PC, nas palavras de Silva, Batista, & Graça (2014), de me orientar a encontrar o meu caminho na profissão.

A PO embora mais afastada do dia-a-dia da escola, sendo uma pessoa extremamente sábia, foi também uma grande fonte de conhecimentos, que me proporcionou uma grande aprendizagem através das inúmeras conversas formais e informais, das reuniões, onde se falavam assuntos extremamente importantes da educação física e do seu ensino.

De acordo com as palavras de Rodrigues (2015), os orientadores deverão facilitar o nosso desenvolvimento enquanto professores estagiários, ajudando- nos a ensinar e a tornarmo-nos bons profissionais. Por conseguinte, só posso referir que as minhas professoras, cooperante e orientadora, alcançaram esse objetivo, fazendo-me apropriar de muitos dos conhecimentos e capacidades que me caraterizam hoje, e principalmente ganhar um gosto ainda maior por esta profissão.

CAPÍTULO III