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5 DESCRIÇÕES DAS CATEGORIAS POTENCIALIZADORAS DO PROGRAMA

5.2 METODOLOGIA DE ENSINO E MUDANÇAS DAS PRÁXIS 1 Mudanças das práxis

5.2.4 Aprendizagem, participação ativa dos alunos e contextualização

A aprendizagem perpassa por uma série de situações no processo ensino- aprendizagem. O ambiente escolar deve estar organizado para que isso se cumpra. O professor deve estar preparado para assumir a parte que lhe compete. Nacarato, Mengali e Passos (2009, p. 35) expõem que

É o professor quem cria as oportunidades para a aprendizagem – seja na escolha de atividades significativas e desafiadoras para seus alunos, seja na gestão de sala de aula: nas perguntas interessantes que faz e que mobilizam os alunos ao pensamento, à indagação; na postura investigativa que assume diante da imprevisibilidade sempre presente numa sala de aula; na ousadia de sair da “zona de conforto” e arriscar-se na zona de risco.

A citação reforça o pensamento de que o ambiente escolar organizado facilita o desenvolvimento de espaços abertos a novas aprendizagens. É importante frisar que a participação ativa dos alunos enriquece e torna clara a aprendizagem. Em ambientes propensos à construção do conhecimento com atividades contextualizadas, o ensino- aprendizagem se desenvolve de forma a construir um caminho para a aprendizagem.

A prática concebida em torno do contexto social dos alunos repercute e dá sentido às construções dos conhecimentos por meio das ações efetivas. Para a professora Beatriz (Entrevista, 30/5/2009), “então é um programa que veio beneficiar muito no aprendizado para o aluno e nós também”. É uma declaração simples e objetiva de que o Programa GESTAR II de Matemática está proporcionando novas aprendizagens aos docentes e aos alunos envolvidos no processo.

Continua com o seu discurso afirmando que “a gente tá trabalhando de outra forma, de outra maneira, né; tem enriquecido nosso conhecimento para a gente poder passar para o aluno”

.

Quando perguntada sobre a renovação do fazer pedagógico, a professora respondeu que “ele tem beneficiado muito nossa aprendizagem. Nós (professores e alunos) vivemos em constante aprendizagem, para poder passar para o aluno de outra forma, né”

.

Essa observação permite fazer algumas considerações em torno do Programa GESTAR II de Matemática. O Programa propõe o estudo individual e a distância. Com essa nova proposta de formação continuada para os professores de matemática, fica evidente que os benefícios são relevantes para a sua profissão. A necessidade de estudar os TPs, os seus conteúdos, as teorias presentes que sustentam o Programa elevam as competências. A pesquisa entra como fundamental para a melhoria profissional.

Para a diretora da escola, as atividades presentes no material do Programa contemplam a realidade dos alunos com conteúdos significativos. São atividades que os alunos conseguem compreender. Elas têm sentido real, pois estão relacionadas às suas vidas e à vida das famílias.

Em relação à importância do material de forma contextualizada e uso de processos para potencializar o ensino-aprendizagem, a professora Simone (Grupo Focal, 22/6/2009) destacou que

Há, quando você leva um bingo, você está brincando de fazer a matemática. Quando você coloca o aluno para construir o seu gráfico dentro de dados, da vivência deles do universo real, da quantidade, essa realidade, os vários professores não enxergam que nesse momento está havendo a construção. Porque não é só estar lá expondo, e o aluno como ouvinte vai estar absorvendo. Não é só naquele momento que houve a construção do conhecimento, então pra mim sempre tem essa resistência porque eles disseram, perguntaram se nós não estávamos dando conteúdo para os alunos.

E continua falando da importância do uso de elementos potencializadores do ensino- aprendizagem, que

[...] vai fixar bastante, vai ficar; ele não vai mais esquecer. No bingo da tabuada, ele não vai mais esquecer. O momento da aprendizagem é aquele momento ali que você tem que calcular, ele não vai mais esquecer aquele momento aquele momento, então não precisou só da teoria, ou colocar a tabuada lá e tal, e mais coisa, então não é só esse conhecimento estava ali formulando na sua ideia pra poder calcular; é dar a sua resposta, saber se ele tinha aprendido ou não. Então ali foi construído conhecimento, então nós estamos trabalhando o conteúdo também, só de uma forma mais atrativa.

O discurso da professora em torno dos jogos propõe situações em que o aluno é agente próprio da construção do seu conhecimento. Ele age sobre os objetos de forma

espontânea, mobilizando várias habilidades e conceitos; alguns já conhecidos e outros, no desenvolver das atividades vão se desenvolvendo e se consolidando.

A participação dos alunos nas atividades contextualizadas na prática docente cotidiana são constatações da diretora, coordenadora e por parte da SEDUC - TO. Observa- se que as atividades propostas pelos professores em seus planejamentos contribuem muito para a construção do conhecimento dos alunos por meio de atividades com significados. Martins (2009, p. 3) destaca que

O que se quer, sobretudo, é mostrar que há outras ferramentas pedagógicas eficientes a serem usadas que podem produzir ótimos resultados, tanto no sentido de aprendizado, quanto na preparação do futuro cidadão, uma vez que elas consideram e envolvem o aluno como um participante ativo da sua formação e não como simples ouvinte passivo daquilo que, talvez, já sabe ou que não tem interesse em saber.

O pensamento do autor vem ao encontro da metodologia do Programa GESTAR II de Matemática, que pressupõe o aluno como elemento central da aprendizagem e como elemento ativo na construção do conhecimento para a cidadania plena.

Na aula subsequente, a professora, com o uso do tangram enfatizou e explicou o número de peças e mostrou, com o tangram magnético do professor, quais são as figuras geométricas essenciais na composição dele. Procedeu com a montagem do tangram no quadro de demonstração. Recordou os conceitos pertinentes a ele e às figuras geométricas que o compõem.

Em uma das turmas, houve a construção do tangram em um processo paulatino. Com uma folha de papel formato A4, a partir de dicas da professora, os alunos recortaram a folha e construíram o tangram. Ao final do processo, cada aluno estava com o seu tangram para desenvolver as atividades solicitadas pela professora. A professora estimulava a troca de informações em torno da atividade.

Depois, a professora motivou os alunos a construírem coletivamente. Na sequência, cada aluno construiu as figuras com o seu tangram. Depois, operacionalizou as frações. Considerando a área, estabeleceu o menor triângulo como sendo uma unidade de medida padrão. Em seguida, deu-se o processo de registros das informações em torno das frações das áreas em questão.

É uma atividade proposta no material do Programa GESTAR II de Matemática, envolvendo o tangram, no AAA5, versão do professor, aula 4, p. 99. A atividade tem como objetivo essencial a congruência de polígonos ou de triângulos em situações do mundo físico-social.

Na atividade trabalhada pela professora com o uso do tangram, o foco essencial, correspondeu à exploração das relações de áreas entre as figuras semelhantes com as demais figuras geométricas que o compõem. A congruência apareceu de forma implícita no processo. Não é a mesma atividade do material do Programa GESTAR II de Matemática, visto que os objetivos são distintos, apenas o objeto em questão é o mesmo. A necessidade de dar ênfase no processo de obter e compor as relações fracionárias das diferentes áreas presentes na atividade foi constante.

Mesmo com os diferentes objetivos entre as proposituras, o potencial existente nas atividades do material vem ao encontro da metodologia do Programa, que é a apropriação dela.   

Na aula posterior, a turma foi conduzida ao laboratório de informática. O Labin conta com 19 computadores funcionando e plugados à rede de internet. Os alunos acessaram o sítio Racha Cuca. Iniciou, então, um processo de construção de diferentes figuras, com o uso do tangram digital. O silêncio e a motivação foi algo interessante e substancial que nos aponta para a proposição de atividades com o uso de ferramentas tecnológicas para catalisar o ensino-aprendizagem.

O Programa GESTAR estimula a aplicabilidade e o uso das ferramentas tecnológicas no contexto educacional. Prevê o uso da calculadora e de aplicativos como o Excel para o desenvolvimento de planilhas e tabelas; indica o uso do Winplot para o desenvolvimento e a compreensão do estudo das funções previsto no TP 5, unidade 19, seção 2, p. 96.

A proposição de atividades no laboratório de informática contribui para a inclusão digital. Os alunos, em geral, conhecem ferramentas de informática e tem facilidade em aprender. Dessa forma, evoluem na construção de um conhecimento que se desenvolve continuamente. Os conhecimentos em torno das tecnologias de comunicação e da informação são necessárias aos docentes também que evoluem e são necessárias de forma permanente.