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Apresentação e análise prévia dos dados

No documento XVI SEMANA DE MATEMÁTICA (páginas 180-183)

do IX Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul – ANPED SUL Universidade

VESTÍGIOS EM RONDÔNIA

4. Apresentação e análise prévia dos dados

Considerando que esta pesquisa encontra-se em face inicial, procuraremos tecer aqui uma análise prévia, dos documentos coletados até o momento.

Os primeiros cursos parcelados foram implantados no início dos anos 1990 nas cidades de Pimenta Bueno, Ouro Preto do Oeste e Ariquemes. Segundo Albuquerque, Pinto e Neves (2016, p. 03):

Em Rondônia, os primeiros cursos de licenciaturas parceladas foram criados na UNIR, por meio da Resolução nº 85 do Conselho Universitário (CONSUN) em 7 de outubro de 1992. O referido documento aprovou o Convênio denominado UNIR/ESTADO que tinha como objetivo a cooperação financeira, administrativa e pedagógica na realização de Cursos de Licenciatura Plena Parcelada, inicialmente em Matemática, Pedagogia e Letras.

Ao ler este documento emergiu a seguinte inquietação: Qual era a finalidade desses cursos? A fim de responder essas interrogações nos debruçamos sobre os documentos e o Parecer 002/92-CONSUN, nos ajudou a entender a situação quando esclarece que:

[...] frente às necessidades de mão de obra qualificada no ensino de 1º e 2º graus, vimos como pauta primordial o atendimento das reivindicações dos municípios do interior no tocante a qualificação docente via processo parcelado, que atenderá no primeiro momento aos reclamos da clientela que está impossibilitada de frequentar cursos regulares por não serem oferecidos nos municípios onde residem (1992, p. 03).

Os cursos foram criados para atender à necessidade da população que habitava as cidades do interior do Estado, já que não tinham condições de fazer o curso regular, por não serem ofertados nos municípios onde viviam.

O ingresso para esse curso ocorreu através de processo seletivo em 1992, dividido em três etapas: trabalho escrito, prova de redação e na última etapa foi realizada uma entrevista com os candidatos. Uma parte das vagas de cada curso era destinada a professores leigos da rede municipal e estadual de ensino, a outra, a comunidade local (RUEZZENE, 2012). Todavia, o que chama atenção no processo seletivo em questão é o fato dos candidatos fazerem um trabalho escrito para adentrar no curso, já que essa forma de seleção não é tão habitual. No Parecer 002/92, o conselheiro alega que:

Sobre o processo de seleção, ainda que se possa reconhecer que deixa lugar ao trabalho escrito ter sido feito por outra pessoa, foi considerado uma experiência válida e inovadora, podendo ser repetida. Algumas sugestões foram apresentadas: incluir uma prova específica para cada curso, quando couber, proibir inscrição de quem já tem curso superior; limitar a inscrição aos professores da área específica do curso (1992, p. 07).

Mesmo, não sendo uma forma habitual de seleção, o conselheiro demonstra achar interessante a proposta, porém adverte que ao usar o trabalho escrito como forma de seleção, não é tão seguro, uma vez que o trabalho possa ter sido feito por outra pessoa, e não pelo próprio candidato à vaga. Outra proposta feita pelo conselheiro foi proibir a inscrição de quem já tinha curso superior e limitar as inscrições aos professores das áreas específicas dos cursos, assim, pressupomos que isso ocorreu em virtude que os cursos abertos tinham que dar mais oportunidade para quem estava atuando em sala de aula, pois, para o público externo já haviam o curso regular. Podemos observar que o curso passa a atender apenas aos

professores leigos12 que estavam atuando na rede de ensino dos municípios que o curso estava

sendo ofertado.

O PROHACAP, como os Cursos Parcelados também tinham como objetivo qualificar os professores leigos que estavam em exercícios na rede pública de ensino do Estado e Municípios de Rondônia. Albuquerque, Pinto e Neves (2016, p. 04), fornecem informações sobre a trajetória da implantação do mesmo:

Historicamente surgiu face às exigências mínimas para o magistério trazidas pela Lei de Diretrizes e Bases para a educação (LDB) nº 9394/96, que no seu artigo 62, preceitua: “A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de Licenciatura, de graduação plena, em Universidades e institutos superiores de educação [...]” (LDB, 2010, p. 46).

Para atender as exigências da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) promulgada em 1996 e qualificar os professores que não possuíam habilitação, foi implantado o PHOHACAP. Por ter a sua estrutura parecida com os cursos Parcelados, Ruezzene (2012, p. 93) traz o seguinte argumento:

Os Cursos Parcelados de Licenciatura Plena eram destinados a habilitar professores leigos no Estado de Rondônia. Esses Cursos eram realizados em períodos de férias letivas escolares das redes estadual e municipal. Entendemos que esses cursos foram um “ensaio” para a implantação do Programa de Habilitação e Capacitação de Professores Leigos - PROHACAP, visto que seu formato era semelhante ao mesmo.

Tanto o PROHACAP, quanto os Cursos Parcelados, tiveram suas aulas ministradas no período de férias, a fim, de não atrapalhar o ano letivo das escolas dos municípios e do estado. Mas, a semelhança entre os dois cursos não se reportava apenas o período em que ocorreram suas aulas, o critério para inscrição e escolha do curso também eram similares. Podemos perceber ao confrontar as informações com o relato de uma aluna do curso de Matemática da

12Considera-se professor leigo aquele com formação apenas no ensino médio, em efetivo exercício do

magistério, envolvido na atividade de ensino e aprendizagem, e não possuem habilitação para tal (CONSEPE, 1999).

turma do PROHACAP localizada na cidade de Alvorada do Oeste:

Para fazer o curso, tinha os pré-requisitos, a pessoa só poderia fazer Matemática, se tivesse dando aula de matemática, porque esse foi um acordo que o governo fez com a universidade, para que os professores que não eram habilitados, fossem se habilitando. [...] Como eu estava trabalhando com essa turma de matemática, aí (quando saiu à inscrição, fiz para Matemática (GOMES, entrevista concedida em julho de 2016)).

A narrativa da nossa testemunha ocular vem ao encontrado do que está posto na

Resolução 303/CONSEPE, em seu Art. 5º quando afirma que: “no ato da inscrição, o

candidato deverá escolher 01 (um) curso, dentre os demais ofertados para o munícipio de abrangência, em que o candidato é professor leigo” (1999, p. 02).

O programa contou com um grande contingente de alunos matriculados, e no ano de 2003 o PROHACAP contava com 8095 alunos matriculados, desse total 592 eram acadêmicos dos cursos de Licenciatura em Matemática, distribuídos entre os polos de Ji- Paraná, Rolim de Moura, Vilhena e Porto Velho (RUEZZENE, 2012), contribuindo de forma significativa para o aumento de professores com formação superior, uma vez que essa era uma necessidade eminente no estado.

O curso funcionava com uma carga horária presencial de 8 horas por dia. Cada aula durava cerca de cinquenta 50 minutos, de segunda a sábado. O professor ficava responsável por ministrar a parte teórica (fazer a introdução dos conceitos referentes a matéria), enquanto os educandos desenvolviam a parte prática (trabalhos escritos, apresentação de seminários e resolução de exercícios). Nesse aspecto, Gomes (2016) argumenta que:

O processo avaliativo era muito puxado, o professor chegava e deixava uma lista com vinte ou trinta exercícios, para o próximo dia, corrigir e avaliação normal, [...] o horário do curso era muito cansativo, entravamos as sete e meia e íamos até as onze e meia, retornado, a uma e meia e saindo as cinco e meia (GOMES, entrevista concedida em julho de 2016).

Mesmo sendo, um processo cansativo a mesma alega que: “[...] a gente acabava se divertindo, era muito gostoso, porque a gente construía uma família” (GOMES, entrevista concedida em julho de 2016). O curso contava com uma carga horária presencial muito extensa, no entanto, os alunos que faziam o curso, não desanimavam perante os obstáculos, pois, sabiam que essa era uma oportunidade ímpar que tinham e queriam deixar para traz, o rótulo de professores leigos.

professores com habilitação específica. O número de alunos beneficiados pelo programa contou com cerca de 8440 alunos entre homens e mulheres (BORGES, 2011) distribuídos por todo o estado de Rondônia.

No documento XVI SEMANA DE MATEMÁTICA (páginas 180-183)