• Nenhum resultado encontrado

Entrevistas e transcrição

No documento XVI SEMANA DE MATEMÁTICA (páginas 53-57)

Desempenho da Primeira Avaliação

MATEMÁTICA, EM SERVIÇO, NA REGIÃO CENTRAL DE RONDÔNIA

3. Entrevistas e transcrição

A entrevista é uma ação e efeito das testemunhas oculares, “[...] principalmente nas entrevistas dos tipos semiestruturada e não-estruturada, que são as entrevistas passíveis de serem transcritas, é conveniente que essa atividade seja realizada pelo próprio pesquisador (MANZINI, 2006, p.1)”.

Os pesquisadores Silva e Garnica (2014) salientam que na realização de entrevistas, para uma pesquisa, é necessário que o entrevistador conheça muito bem o assunto, para não fazer perguntas desnecessárias, que poderiam ser encontradas em outras fontes. Reiteram ainda que tanto a entrevista, quanto o questionário, são instrumentos para se conseguir respostas.

O pesquisador que opta pela História Oral, deve estar atento as etapas e aos procedimentos inerentes a este tipo de pesquisa.

[...] isso nos remete a refletir ainda sobre a ética no desenvolvimento de pesquisa com História Oral, em todos os momentos do processo de desenvolvimento da pesquisa, desde o processo de entrevistas, passando pela transcrição, textualização e análise do texto e imagens, até a assinatura da “carta cessão”, isso para que se possa não pôr em risco juridicamente o pesquisador e a própria validação do trabalho (GAERTNER; BARALDI, 2008, p. 47).

Vale ressaltar, entretanto, que a entrevista traz várias informações que vão além do que foi verbalizado pelo depoente, por exemplo: tom de voz, as expressões faciais, o riso, a emoção, o desvio de olhar, as mensagens corporais. Cada uma dessas ações deve ser interpretada pelo pesquisador, dentro da conjuntura que está se desenvolvendo a entrevista, afinal, “A diversidade de testemunhos históricos é quase infinita. Tudo que o homem diz ou escreve, tudo que fabrica, tudo que toca pode e deve informar sobre ele” (VALENTE, 2013, p. 38). Portanto, o pesquisador deve estar atento a tudo que ocorre durante a entrevista, de tal

forma que traduza para a historiografia, detalhes que não seriam encontrados em outras fontes.

4. Metodologia

A presente pesquisa está sendo desenvolvida com a pretensão de construir uma trajetória histórica a luz da oralidade das testemunhas oculares dos cursos de Licenciatura em Matemática, que foram realizados pelo programa do Governo do Estado de Rondônia, sob a responsabilidade do Campus de Ji-Paraná e que ocorreram nos municípios de Alvorada, Jaru, Ji-Paraná e Ouro Preto, promovendo uma análise critica nos depoimentos dos sujeitos, para que possam dar sustentação para essa historiografia.

Os dados serão coletados por meio de depoimento das testemunhas oculares, através de entrevistas semiestruturadas, gravadas em áudio. Os sujeitos serão alguns professores e alunos da época, que estiveram presentes nos cursos objeto de pesquisa.

A análise da narrativa das testemunhas traz para o historiador melhor compreensão acerca da trajetória vivida pelos professores e alunos dos cursos pesquisados. É de suma importância a fala daqueles que vivenciaram aquele momento, haja vista que cada narrativa do presente sobre o passado possibilita construir histórias, e não de reconstruir algo (SILVA e GARNICA, 2014). Por meio desta pesquisa teremos dados para conhecer a história local através do olhar daqueles que participaram de um período que modificou a vida profissional destes professores-leigos do curso de Matemática na região central do estado de Rondônia.

É imprescindível o zelo do pesquisador no tocante a transcrição, como nos relata (MANZINI, 2006, p. 4) “Às vezes, logo após uma entrevista, uma imagem é idealizada sobre as informações que foram coletadas e, ao realizar a transcrição, essa imagem pode ser totalmente desfeita. Em outras, essa imagem é ampliada ao realizar a transcrição”. A transcrição da entrevista deve ser realizada pelo próprio pesquisador, pois pôde presenciar durante a entrevista, elementos que comporão o documento final, o texto de cada entrevista.

O momento da transcrição da entrevista é delicado. Faz-se necessário ouvir a gravação atentamente, varias vezes, e mesmo assim a transcrição pode não conseguir absolver toda a entrevista. Em geral, “Mesmo que a transcrição seja fiel e consiga apresentar uma boa reprodução do material gravado, a transcrição não conseguirá captar todas as informações

apresentadas na entrevista” (MANZINI, 2006, p. 5).

A transcrição será realizada logo após a realização das entrevistas, em seguida, a textualização para parte formal, documental que será devolvido aos depoentes, para que façam a leitura e, quando julgarem necessário, poderão acrescentar ou retirar parte do texto, contribuindo com suas considerações. Ao final, será solicitada à autorização do uso deste documento gerado a partir da entrevista, para fins de pesquisa e posterior publicação.

Numa pesquisa historiográfica que pretende “[...] pesquisar a criação e implementação de um curso que formou professores em determinada região, a fala daqueles que participaram desse momento pode nos trazer inúmeras contribuições, diferentes perspectivas e múltiplas leituras de mundo” (SILVA e GARNICA, 2014, p. 6).

A voz daqueles que vivenciaram os fatos, são atores vivos, testemunhas oculares que trazem as emoções e diversos sentimentos para o presente de um passado que marcou suas vidas.

5. Problematização

A No estado de Rondônia, como em todo país, a formação de professores teve que atender as exigências da nova da LDB nº 9394/96, artigo 62, tornando como obrigatoriedade que todo professor tivesse formação em nível superior, para atuar na Educação.

A presença do professor leigo era algo comum em Rondônia, a contratação desses

docentes geralmente era de forma bem simples bastava ter a “[...] pessoa indicada para o ser o professor. O delegado comprovava se o candidato sabia ler e escrever e imediatamente contratava. A maioria tinha a terceira série do primário. Quem tivesse a quarta série, era qualificadíssimo” (ARCARI, 1995, p. 39).

A Universidade Federal de Rondônia, criada no início da década de 1980 com seus poucos cursos regulares não tinha condições, nem infraestrutura, para atender toda a demanda de formação de professores-leigos no Estado.

No começo da década de 1990, começaram as primeiras discussões entre UNIR e Governo de Rondônia com a perspectiva de celebrar convênio para a formação de professores e as primeiras turmas tiveram início aos seus estudos em de 1995, por meio de um projeto

denominado de Cursos Parcelados. Em 2000 teve início um projeto bem maior, em todas as regiões do Estado, este denominado de PROHACAP, que qualificaria esses docentes para atuarem no ensino Fundamental e Médio.

A falta de professores sem qualificação em nível superior é bem antiga, “[...] a condição de professor leigo é bem anterior à criação desses primeiros cursos, a exemplo [...], quando houve a abertura da primeira escola em Ji-Paraná na década de 1970, tanto no que concerne ao espaço físico, quanto no exercício da docência” (ALBUQUERQUE, PINTO e NEVES, 2016, p. 8).

As condições de precariedade na Educação, em Rondônia, levaram anos a serem

resolvidas. Todavia os cursos de formação de professores, em serviço, contribuíram para que

a qualidade do ensino melhorasse, a exemplo do que afirma GOMES (2016), egressa do PROHACAP: “[...] todas as disciplinas contribuíram. Quando saí do curso PROHACAP,

trabalhei do quinto ano (Ensino Fundamental) até ao terceiro ano (Ensino Médio), e percebi que todas as disciplinas que eu estudei no curso me ajudaram, todas!” (GOMES, entrevista

concedida em Julho de 2016).

Nesse sentido a também egressa Pinho (2016) contribui:

Hoje, após 19 anos [exercendo a docência] tenho bastante conhecimento, não tenho mais assim, tanta insegurança de entrar em uma sala de aula, de iniciar com uma turma nova para trabalhar, não tenho mais receio, eu tenho uma certa segurança. Eu vejo que o curso (PROHACAP) proporcionou essa segurança: de buscar conhecimento, do saber aonde vai buscar (PINHO, entrevista concedida em de julho de 2016).

Pressupomos que, com esses depoimentos, serão respondidas algumas das indagações que norteiam a presente pesquisa que tem como pergunta central: De que maneira as

testemunhas oculares, por meio de seus depoimentos, constroem a trajetória da formação de professores nos cursos objetos do presente estudo?

A coleta de dados já foi iniciada, até o momento realizamos duas entrevistas que estão recebendo tratamento de textualização e transcrição que serão devolvidas aos seus depoentes, para a devida autorização de seu uso. A análise documental também está sendo realizada por uma colega do GROEPEM. Ademais estamos realizando diversos estudos e leituras de trabalhos da área de História da educação Matemática de tal forma que os trabalhos desta pesquisa já estão apresentando dados concretos.

No documento XVI SEMANA DE MATEMÁTICA (páginas 53-57)