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Diálogo Teórico

No documento XVI SEMANA DE MATEMÁTICA (páginas 187-193)

do IX Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul – ANPED SUL Universidade

MUNICIPAL DE ENSINO (1997-2001)

2. Diálogo Teórico

Ao propormos uma pesquisa voltada a História da Matemática escolar, devemos inicialmente destacar o que entendemos pelo termo História e para isso, recorreremos aos escritos de Le Goff.

Segundo Jaques Le Goff (1990), a Ciência Histórica explicasse não como algo que se constrói ou se observa, mas sim como uma ciência na qual se pode indagar, e, se testemunhar. Ou seja, a Ciência Histórica se diferencia das outras ciências, como as exatas e humanas, por ser uma ciência que pode ser montada ao longo do tempo, e isto se dá por meio de testemunhos daqueles que vivenciaram os fatos históricos. A História iniciou-se, em forma de um relado, no contar de um acontecimento feito por aquele que fez parte direta do acontecimento histórico.

De acordo com Le Goff (1990), com o passar do tempo ocorreram algumas limitações na transmissão oral do passado, e após a criação de bibliotecas que ofereciam materiais históricos, ouve então a necessidade da constituição da crítica científica. E no fim do século XVII, esta crítica cientifica que já vinha fazendo com que a história ganhasse um aspecto cientifico com relação à ciência, começou a se desenvolver mais significantemente.

Le Goff (1990) nos diz que, ainda em relação ao tema crítica, também surgiu, a crítica de fato histórico, pois este não é algo pronto, mas que pode ser montado pelo historiador, como também a crítica aos documentos. E nos dias atuais são tidos, como documentos: os gestos e as palavras. Mas apesar desta nova noção de documento ser adotada, isto fez com que o historiador tivesse de ser ainda mais crítico em relação aos documentos, por ele estudado, procurando saber se os mesmos são verdadeiros e se contam a história como realmente

15 Ao nos referirmos ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, utilizaremos as

aconteceu e não a história que favorecia os interesses somente de quem a contou. Pois a história não pode ser inventada, mas, pode ser remontada através de elementos de teor verídicos adquiridos por meio de pesquisas e análises.

Ao falarmos sobre o termo história, de acordo com os conceitos de Le Goff (1990), não poderíamos deixar de relatar um pouco sobre a Cronologia, pois a história é a “ciência dos homens no tempo” (MARC BLOCH, 2001). Deste modo, podemos destacar que desde os tempos da antiguidade, a Cronologia já vinha desenvolvendo um trabalho de grande importância na construção da história, e também era tida como uma espécie de ciência que auxiliava a história. E o seu principal material utilizado é o calendário, que foi um instrumento desenvolvido pelas sociedades humanas durante uma tentativa falha de se poder dominar o tempo natural. Mas apesar disto conseguiu êxito na elaboração de hora e a semana.

Le Goff (1990) também relata que o calendário pode ser considerado como um instrumento que rege a vida humana, juntamente com as horas, pois estão ligados a tudo o que realizamos nas tarefas do cotidiano. O tempo coordena tudo o que fazemos no nosso dia-a- dia, seja, para trabalhar, em momentos de lazer, na realização de festas comemorativas, entre outros.

O antagonismo passado/presente segundo Le Goff (1990) se dá, por meio de uma construção ao longo do tempo e não pelo meio natural. Porém, o passado não é igual em todas as épocas, e o historiador está preso ao tempo em que vive e ao qual tem conhecimento, diferentemente do passado ao qual não sabe, não o viveu. Por meio dos seus acontecimentos, o passado, pode de certo modo explicar o porquê de certos fatos do presente e este é uma consequência do passado, e também por meio do que acontece no presente, o passado se modifica, pois pode ser remontado.

Segundo Le Goff (1990), a relação entre passado/presente nos leva ao passado mais longínquo, ao qual ninguém viveu, o qual é tido como a origem do mundo. Quando se trata do início e fim da história do mundo e da humanidade, a história é considerada incapaz e perde o seu teor cientifico. Pois o início dos tempos é remetido ao misticismo, e sua explicação se dá por teorias religiosas e a teoria do big bang. Já quando o assunto é o fim dos tempos, somente a religião de salvação tem sua explicação definida.

Segundo Le Goff (1990), com o surgimento da nova concepção do tempo histórico, o historiador tinha como objetivo, identificar os ritmos aos quais a história era feita. E deste

modo, os acontecimentos das “longas durações” (Braudel apud Le Goff, 1990), que eram as realidades vividas que se modificavam lentamente (estruturas da sociedade), começaram a se tornarem mais importantes do que os eventos, que eram acontecimentos de tempo mais rápido. Ao realizar diálogos com outras ciências, alguns dos historiadores da longa duração desenvolveram a ideia de uma história “quase imóvel” (Braudel, Le Roy Ladurie apud Le Goff, 1990).

Le Goff (1990) ainda destaca que, os historiadores da antiguidade acreditavam desenvolver a história do homem, mas com o passar dos anos, por meio dos historiadores que os sucederam, essa ideia foi sendo modificada, através de novos pensamentos sobre a história do homem. Porém foi somente com os historiadores modernos que se passou a perceber que a história é uma ciência, e que estuda a evolução da humanidade ao longo do tempo. E isso fez com que posteriormente fossem criadas novas concepções sobre história que estão relacionadas ao homem, proporcionando sua extensão como área da ciência. Nos tempos atuais, a história se tornou mais apreciada, em todas as suas vertentes na sociedade do ocidente, já as nações tidas pertencentes ao Terceiro Mundo, preocupavam-se somente na utilização de uma história, isso pode ser o fato que possibilita a elaboração de histórias diferentes dos ocidentais.

3. Análise dos dados

Por se tratar de uma pesquisa desenvolvida no âmbito da História da Educação Matemática envolvendo diretamente a análise de dados escolares, necessitaremos construir

gráfico para ter-se uma visão mais didática e que facilite a compreensão. Inicialmente foi

realizado um levantamento do número de alunos devidamente matriculados no PROJAMS, conforme mostra o gráfico 01:

694 993 1518 1767 1393 691 854 1210 1706 1045 181 146 302 426 219 0 1000 2000 1997 1998 1999 2000 2001 Qu an ti da de de al un os Anos

Números de alunos matriculados no PROJAMS nos anos de 1997 a 2001.

Alunos matriculados

Figura 1: Gráfico 01 – Números de alunos matriculados no PROJAMS nos anos de 1997 a 2001

Ao analisarmos o gráfico 01, pode-se verificar a quantidade de alunos matriculados no PROJAMS compreendidos entre os anos de 1997 a 2001. Nota-se que o ápice de alunos matriculados ocorreu no ano de 2000. Ao se examinar o gráfico 01, observasse no ano seguinte um declínio acentuado em consequência da saída e duas escolas participantes do projeto e, além disso, no ano anterior, os alunos das turmas da então 8ª série, que hoje é chamada de 9° ano, concluíram seus estudos e assim deixaram o projeto.

Neste gráfico 02, podemos observar a quantidade de alunos matriculados nas escolas da rede municipal de ensino do município de Ji-Paraná nos anos de 1998 a 2001(o ano de 1997 não está no gráfico 02, em função de que no site do INEP ele não se encontra catalogado). Tais dados foram obtidos por meio dos censos escolares realizados todos os anos pelo INEP. Levando em conta que esta análise ocorreu de maneira geral, pois nos anos de 1998 e 1999 o INEP recolhiam os dados escolares de uma maneira mais abrangente, que englobava todo o ensino fundamental de 1ª a 8ª série e somente após o ano 2000 o instituto passou a detalhar as informações de maneira mais especifica.

4517 5214 5454 5397 0 2000 4000 6000 1998 1999 2000 2001

Número de alunos matriculados na rede municipal de ensino de 1ª a 8ª série de 1998 a 2001

Quantidade de alunos

Figura 2: Gráfico 02 – Números de alunos matriculados na rede municipal de ensino da 1ª a 8ª série nos anos de 1998 a 2001

Fonte: Autor.

Observando o gráfico 02, nota-se um crescimento significativo em relação ao número de alunos matriculados nos anos de 1998 a 2000. Vale ressaltar, que no ano de 2001, ocorreu um leve declínio no número matriculas no Município.

Realizando o comparativo entre os gráficos obtivemos que dos 20.582 alunos de 1ª a 8ª séries matriculados em toda a rede municipal de ensino, 6.502 destes alunos pertenciam ao PROJAMS, ou seja, colocando esses números em porcentagem temos que o total de alunos matriculados no projeto durante este período, equivalem aproximadamente a 32% do total de alunos existente em toda a rede municipal de 1ª a 8ª série, sendo um percentual significativo e

que mostra a importância que o projeto teve na educação Municipal, como mostra o gráfico 03. Alunos da Rede Municipal 68% Alunos do PROJAMS 32%

Comparativo entre o número de alunos pertencentes a rede municipal de ensino e ao PROJAMS nos anos de 1997 a 2001.

Figura 03:Gráfico 03 – Comparativo entre o número de alunos pertencentes à rede municipal de ensino e ao PROJAMS nos anos de 1997 a 2001

Fonte: Autor.

Tal percentual, demostra o quanto foi significativo à existência deste projeto na formação escolar dos alunos nos anos finais do Ensino Fundamental no município em questão.

4. Considerações Finais

Conclui-se que, durante o período analisado, o PROJAMS desempenhou um papel de significativa importância na formação escolar dos cidadãos ji-paranaense possibilitando aos mesmos à oportunidade de iniciar ou concluir seus estudos, e tal importância está descrita por meio de números, de todos os 20.582 alunos matriculados na rede municipal de ensino de Ji- Paraná, 6502 desses alunos estudavam por meio do projeto, ou seja, num total de 32% de todos os alunos matriculados nas escolas municipais deste Município nos anos analisados, estudavam graças ao PROJAMS.

Pela observação da análise realizada no decorrer deste artigo, pode-se constatar a importância da realização do presente trabalho, pois conhecer a história local, sendo essa uma história expressiva no âmbito educacional do Município, tem grande relevância na formação

de profissionais da educação que terão a oportunidade de conhecer a História da Educação local.

5. Referências

INEP – Sistema de Consulta a Matrícula do Censo Escolar – 1997/2015. Disponível em:

<http://portal.inep.gov.br/basica-censo>. Acesso em: 10 out. 2016.

LE GOFF, J. História e Memória. Tradução: Bernardo Leitão et al. Campinas- SP: Ed. UNICAMP, 1990.

MARC, B. Apologia a história ou oficio do historiador. Tradução: André Telles. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2001.

MATOS, J. S. et al. História Oral como Fonte: Problemas e métodos. Historiae. 2011. Rio Grande.

SEMED. Diários de classe 5ª a 8ªséries das escolas do PROJAMS, de 1997 a 2001. Secretaria Municipal de Educação do Município de Ji-Paraná – Rondônia.

VALENTE, W. R. História da Educação Matemática: interrogações metodológicas.

REVEMAT – Revista Eletrônica de Educação Matemática. v. 2, p. 28-49, UFSC: 2007.

Disponível em:

<https://periodicos.ufsc.br/index.php/revemat/article/download/12990/12091>. Acesso em: 28 set. 2016.

OFICINAS PEDAGÓGIGAS: ESTRATÉGIAS APLICADAS PARA O ENSINO DE

No documento XVI SEMANA DE MATEMÁTICA (páginas 187-193)