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Apresentação e análise de resultados

No documento Relatório de Estágio: (páginas 70-79)

2. I NTERVENÇÃO EM CONTEXTO EDUCATIVO

2.1. D IMENSÃO INVESTIGATIVA

2.1.4. Apresentação e análise de resultados

Neste capítulo serão apresentados e analisados os resultados obtidos através da realização de inquéritos por questionário (pré-testes e pós-testes), que poderão ser consultados no Anexo A 1.6 para auxiliar a interpretação dos resultados. Far-se-á, sempre que possível, a relação entre estes e os dados

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obtidos através das narrações multimodais das duas sessões de intervenção (cf. Anexo A 1.7), que serão citadas sempre que se considere oportuno.

A tabela seguinte apresenta os resultados obtidos na primeira questão dos pré e pós-testes.

Tabela 4 – Categorização das respostas dos alunos à primeira questão dos pré e pós-testes

Questão A Inc. Inad. NR

Ao fim de 5 anos qual das plantas pensas que existirá em maior número?

14 1 2 1 Pré-teste

18 0 0 0

Pós-teste +4 -1 -2 -1 Evolução

Legenda: A – aceite; Inc. – incorreta; Inad. – inadequada; NR – não responde.

Nesta questão as respostas inseridas na categoria A – aceite foram as que indicavam a planta correta (a planta Pinta), as respostas inseridas na categoria Inc. – incorreta foram as que indicavam a planta incorreta (a planta Boina) e as respostas incluídas na categoria Inad. – inadequada foram as que não indicavam nenhuma das plantas, assistindo-se a respostas como “Não.”.

Através dos resultados explanados na tabela 4 é visível uma evolução positiva na compreensão desta questão, uma vez que no momento de pós-teste todos os alunos responderam corretamente (18). No momento inicial a maioria dos alunos já responde corretamente (14), mas é essencial realçar o facto de o desenvolvimento das sessões terem contribuído para o esclarecimento de dúvidas existentes. É importante referir que esta questão se fazia acompanhar também de um cariz mais matemático, sendo necessária alguma compreensão do texto introdutório e ainda algum raciocínio lógico-matemático para responder corretamente.

A evolução observada poderá dever-se, também, à existência de um episódio semelhante no decorrer de uma das sessões narradas:

- Então o que quer dizer nativa?

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- É o país dela – disse o Luís.

- É o país, diz de onde é… exatamente… então e o que é que aconteceu? Os investigadores da Universidade de Coimbra descobriram que esta espécie já se estava a reproduzir de duas formas e que podia causar impactos em quê? Nas culturas agrícolas, fala ali da couve por exemplo. E então o que é que acontece? Se nós tivermos só uma couve e tivermos estas plantas, a couve só se vai reproduzir de uma forma e uma planta destas de duas formas, qual é que vai existir mais ao fim de algum tempo?

- A que tem duas formas – disse a Isa.

A Tabela 5 apresenta os resultados obtidos na segunda questão nos dois momentos, pré-testes e pós-testes.

Tabela 5 – Categorização das respostas dos alunos à segunda questão dos pré e pós-testes Desenhas duas plantas Pinta; D2> - Desenha duas plantas Pinta maiores; D3 – Desenha três plantas Pinta; D3 (1>) – Desenha três plantas Pinta e uma maior; D4 - Desenha quatro plantas Pinta; D5 – Desenha cinco plantas Pinta; D6 – Desenha seis plantas Pinta; D= - Desenha igual à primeira ilustração.

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As respostas à segunda questão foram diversas, uma vez que se pedia aos alunos que fizessem uma ilustração, o que potencia a liberdade de resposta e consequentemente a sua diversificação. No momento inicial a resposta com mais frequência foi o desenho de uma planta Pinta (8). Entende-se que a maioria dos alunos compreendeu que esta espécie tem características de resistência a incêndios. Desta forma, interpreta-se que os alunos acreditam que a planta já existente seria resistente à combustão e por esse motivo se iria manter igual no terreno, desenhando exatamente no mesmo sítio em que se encontrava.

No momento de pós-teste, a resposta com maior frequência foi o desenho de 5 plantas Pinta (8), opção inexistente no pré-teste. Compreende-se que estes alunos entenderam o texto introdutório, as condições de germinação apresentadas para esta espécie e que as características de resistência a incêndios se encontram nas suas sementes.

Figura 1 -Exemplo de respostas dadas em comparação com a ilustração inicial para a categoria D1

Figura 2 - Exemplos de respostas dadas para a categoria D5

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Contudo, importa referir que existem alunos que compreendem que a existência do incêndio contribui para o crescimento do exemplar da espécie já existente, verificando-se a segunda maior frequência no desenho de 1 planta Pinta maior (5). Este facto pode dever-se à realização da atividade experimental, uma vez que o resultado obtido foi o crescimento acentuado de apenas uma das sementes queimadas. Poderá ainda interpretar-se esta resposta, de desenho de 1 planta Pinta maior, como o reconhecimento das vantagens que apresenta em relação a outras, por aproveitar melhor as condições ambientais ou por ser de alguma forma mais apta.

A tabela seguinte apresenta os resultados obtidos para a terceira e última questão dos pré-testes e pós-testes.

Tabela 6 – Categorização das respostas dos alunos à terceira questão dos pré e pós-testes

Questão Sim Não Inad. NR

O Sr. António deveria ter levado a planta Pinta para um sítio onde ela nunca existiu?

9 8 - 1

Pré-teste

8 9 1 -

Pós-teste -1 +1 +1 -1 Evolução

Legenda: Inad. – inadequada; NR – não responde.

Figura 3 - Exemplos de respostas dadas para a categoria D1>

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Nesta questão a resposta considerada como Inad. – inadequada foi

“Porque a pinta podia como não podia”, desta forma, como não defendeu nenhum ponto de vista foi inserida na categoria indicada.

Quando pedimos aos alunos que respondam com Sim ou Não, as frequências não sofreram grandes alterações do momento de pré-teste para o momento de pós-teste, verificando-se apenas uma evolução de +1 na resposta que se pretendia que fosse a mais referida (Não). Contudo, importa observar os resultados acerca das justificações dadas a estas respostas, presentes na tabela seguinte.

Tabela 7 – Categorização das justificações das respostas dos alunos à terceira questão dos pré e pós-testes

Categorias Questão

O Sr. António deveria ter levado a planta Pinta para um sítio onde ela nunca existiu? Porquê?

É uma planta com maior produção de

sementes - 1 +1

É uma planta invasora - 1 +1

Não justifica 1 3 +2

Não

É uma planta resistente 1 1 0

Deveríamos conservar o habitat natural 3 3 0

É uma má prática 2 - -2

Poderia acontecer algo inesperado 1 - -1

É uma ameaça às outras espécies - 1 +1

É uma planta invasora - 3 +3

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Não justifica 1 1 0

As justificações apresentadas pelos alunos para a opção de resposta Sim, no momento inicial, apresentava maior frequência na categoria que engloba a referência às características de resistência da planta (É uma planta resistente, (3)) e em igual número na categoria É uma recordação (3).

No momento de pós-teste, a frequência na categoria É uma planta resistente manteve-se, deixando de existir a categoria É uma recordação.

Passou a verificar-se uma frequência maior na categoria Não justifica (3).

Ainda como justificação a esta opção passam a existir duas novas categorias, É uma planta com maior produção de sementes e É uma planta invasora, contudo cada uma foi apenas referida por um aluno. Realça-se ainda o desaparecimento de categorias que não apresentavam preocupações ambientais.

Apesar dos alunos continuarem a defender o Sim como resposta, é visto de forma positiva o facto de alguns não o conseguirem justificar. Acredita-se que de alguma forma tenham permanecido dúvidas em relação às vantagens de introduzir esta planta num habitat diferente, gerando conflitos de ideias. A existência de um aluno que justifica o Sim com É uma planta invasora, também poderá ser entendido com algo positivo, pois entendeu as vantagens que as espécies invasoras possuem, embora não tenha compreendido o impacto da introdução destas espécies noutros locais.

As justificações apresentadas para a opção de resposta Não, no momento de pré-teste, que mostraram maior frequência foram Deveríamos conservar o habitat natural (3) e É uma má prática (2), compreendendo que alguns alunos já possuíam conhecimentos prévios sobre a temática. No momento de pós-teste, a frequência da categoria Deveríamos conservar o habitat natural manteve-se e surgiu uma nova categoria com a mesma frequência, É uma planta invasora (3).

O surgimento de uma categoria que refere o conceito de espécies invasoras, apesar de não se poder considerar uma planta como invasora

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apenas pelas informações fornecidas pelo texto introdutório, é visto de forma positiva, entendendo que poderá ser uma boa atitude por parte destes alunos, que no máximo poderão apresentar excesso de zelo em situações problema como esta.

Contudo, esta generalização errónea foi referida por mim em sala de aula quando definimos vários conceitos:

- São nativas – disse o Luís.

- Sim, então as autóctones são também nativas, porque são nossas e têm capacidade de se reproduzirem sozinhas, então ligamos estas a estas – e desenhei uma seta de um conceito para o outro – então e as exóticas podemos ligar a quais?

- Às invasoras – disse o João.

- Nem todas as espécies exóticas têm comportamento invasor, mas algumas podem ter, então ligamos estas aqui – e desenhei novamente a seta (…).

Porém ao desenhar também a seta no quadro a ligar os conceitos de espécie exótica com espécie invasora poderei ter induzido em erro, uma vez que não se verifica sempre, era pertinente registar de uma forma diferente.

Ainda num momento de síntese esta questão foi referida mais uma vez:

- As que não são de cá são?

- Invasoras – disse o João.

- Mas antes disso são…

- Exóticas – disse o Ricardo.

- Exatamente, exótica vocês podem associar a estrangeiras também começa por E, então dentro das exóticas que trazemos para cá temos?

- Invasoras – disseram vários alunos.

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- Podem existir algumas invasoras.

Verificou-se ainda o aparecimento de uma nova categoria, que apesar de ter uma frequência baixa é importante realçar, É uma ameaça às outras espécies (1). O aparecimento desta categoria pode dever-se à forma como definimos espécie invasora em sala de aula:

- Então vocês dizem que espécie nativa é? Onde vive… - e escrevi no quadro – e tivemos ali também espécie invasora… o que é que vocês acham que é uma espécie invasora?

- É uma espécie que invadiu o espaço – disse o João.

- Invadiu o espaço português – disse o Luís.

- Pode prejudicar outras plantas – disse o Ricardo.

E escrevi no quadro “invade o espaço e pode prejudicar outras plantas”.

Relativamente às metas que se pretendia que os alunos alcançassem:

a) Compreender o conceito de espécies exóticas invasoras – apenas no momento de pós-teste é feita referência ao conceito, tendo 16,6(6) % dos alunos utilizado este para justificarem a sua resposta à terceira questão. Contudo, 11,1(1) % referem características de espécies invasoras.

b) Compreender o impacto que a introdução de espécies invasoras podem provocar na biodiversidade e consequentemente no Património Natural; e

c) Optar pelo comportamento mais correto, em situações problema, baseando-se no conhecimento adquirido – no momento de pré-teste 44,4(4)% dos alunos corresponderam positivamente a estas duas metas, evoluindo para 50% no momento de pós-teste.

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A análise revelou que não existiram diferenças significativas do pré para o pós-teste, estes resultados poderão dever-se, entre outros, à necessidade de ajustar as atividades e o questionário, para tornar mais claro os pontos de vista de cada aluno e compreender na globalidade as suas respostas. O ajuste do questionário poderá ainda ajudar a compreender, de forma mais explícita, se os alunos entendem o conceito de espécies exóticas invasoras mesmo que não o refiram para justificar as suas escolhas.

No documento Relatório de Estágio: (páginas 70-79)