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3.1 Rotina e estrutura de um telejornal

3.1.2 Apuração e edição

Saem os profissionais que vão para rua e os que ficam na redação começam a apurar os fatos do dia. Por meio de rádio, TV, blogs, jornais online, impressos,

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Espelho é o nome da lista de todos os assuntos aprovados para exibição, batizados com suas respectivas retrancas, com uma estimativa de tempo que será destinado a eles, na ordenação que o editor-chefe julgou mais apropriada. O espelho tem este nome porque ‘reflete’ uma filosofia editorial, um plano de voo, uma intenção. (BONNER, 2009, p. 82)

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Trechos de entrevistas selecionados, recortados, para compor a matéria.

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O repórter fala, geralmente, do local do acontecimento. Recurso usado para passar de um enfoque, de uma informação para outra, por isso passagem.

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A Nota coberta é composta por uma cabeça do apresentador, seguida de sua narração em off. O áudio do texto é encoberto por imagens.

redes sociais, nas mais variadas fontes, porque “o jornalismo é uma atividade profissional que se alimenta também dela mesma” (BONNER, 2009, p. 69). Muita coisa surge ao longo do dia, que não constava na pauta da manhã. E se for importante pode merecer uma equipe para cobrir, uma entrevista ao vivo, ou uma Nota coberta ou mesmo só uma nota seca27. O editor redige os textos e coloca no

prelim28 à espera de aprovação. Quando é a produção que apura, ela repassa para o editor.

Repórter e editor se comunicam diversas vezes ao longo da apuração. Conversam sobre tudo, do entrevistado grosso, ao que falou bem. O repórter comenta sobre um determinado trecho da entrevista, sobre as sonoras e imagens feitas, sobre o texto da passagem, sobre a melhor abordagem (porque depois da entrevista pode mudar o enfoque). Juntos verificam se há necessidade de incluir histórico do assunto no VT29 ou arte, caso precisem detalhar uma informação graficamente. É importante o editor pedir ao repórter que escreva o texto com a passagem e lhe envie por e-mail, ou pelo menos leia por telefone. Porque ele confere a concordância, a gramática, o melhor estilo de dizer e passar a informação. O editor pode modificar parcialmente, trocar a ordem ou pedir outro texto que se encaixe melhor na pauta combinada. Geralmente isso não acontece, porque foi tudo acertado durante o dia. Em suma, o editor sugere alterações e/ou aprova o texto.

Esse momento é uma troca de opiniões entre editor e repórter, e é bom que exista uma 'boa vontade' dos dois lados para que se escreva um texto adequado: de fácil entendimento, com coesão, sem palavras difíceis, pensando se haverá imagens para cobrir o texto, e principalmente, se a história está bem contada. Mas a palavra final é do editor.

Para Vera Íris Paternostro (2006) a televisão se impõe pela informação visual, mas prende a atenção do telespectador pela informação sonora, e por isso um texto para TV além de ser na ordem direta, claro, com frase curtas, bem pontuado, sem rimas, tem que ser um texto para ser lido e compreendido imediatamente. Mas deve ter também

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Nota seca ou pelada é a informação lida pelo apresentador, sem acompanhamento de imagens.

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Prelim (preliminar) é o espelho só que em fase de produção.

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VT (videotape) é o termo ainda usado para uma matéria que geralmente possui diversos recursos como off, entrevista e/ou sonora e, principalmente, a passagem do repórter.

palavras bem escolhidas, frases estruturadas, ritmo, emoção, com estrutura simples, sem rebuscamento, com harmonia, nuances, clareza; um texto inteligente, rico, bonito, informativo, escrito com a cabeça e com o coração. (PATERNOSTRO, 2006, p. 74)

Texto aprovado, é hora do editor pesquisar as imagens de arquivo, caso precise, e pensar na arte, se for necessária.

Já de posse das mídias trazidas da rua, pelo repórter ou motoboy30, e do OFF31 gravado pelo repórter, o editor começa a ‘montagem’ do VT. Seleciona trechos das sonoras, sobe som32, imagens e vai para ilha de edição. Lá o editor terá auxílio do editor de imagem, que limpa o áudio (às vezes o repórter erra, grava de novo, do meio de uma frase etc.), encaixa as sonoras (o editor traz as marcações do TC, time

code33). A partir desse momento faz-se a magia e as imagens vão casando com o texto e vão criando os sentidos da matéria. A jornalista Célia Ladeira Mota (2012) explica que.

A narrativa da TV é uma narrativa híbrida, ou semiótica, onde textos, palavras e imagens contribuem e reforçam um argumento principal [...] Palavras e fotos, imagens em movimento, textos escritos, desenhos, todos produzindo sentidos que nem sempre convergem para uma única representação e significação da realidade. [...] (LADEIRA MOTA, 2012, p. 197-200)

As imagens podem ter vindo da rua (produzidas pela equipe de reportagem, esta é a melhor situação), pescadas do arquivo ou ainda, em casos extremos, da internet ou compartilhadas por outra empresa de comunicação.

VT pronto é hora de colocar a lauda no iNews. Os dois jornais estudados orientam suas rotinas por meio do programa de edição de textos e troca de mensagens instantâneas chamado iNews

3.1.3 Organizando o telejornal – laudas e espelhos no iNews

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Às vezes o repórter precisa permanecer na cobertura do evento, ou tem outra pauta para realizar, aí então, as mídias já gravadas (com sonoras, passagem e OFF) são enviadas para a emissora, por um motoboy. Tudo para que o editor possa finalizar a matéria sem transtornos de tempo.

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OFF é o texto coberto por imagens.

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Quando no transcorrer de uma matéria permite-se que entre o áudio do ambiente (externo) da gravação.

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Time Code é o código de tempo exato que se quer retirar do tempo total de uma mídia. Por exemplo, uma entrevista de quatro minutos pode estar no meio de uma mídia que já tenha duas horas de gravação, então como saber os exatos 20’ que se quer dessa sonora? Simples, pelo código daquele trecho.