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C ARACTERES EPIDEMIOLÓGICOS RELATIVOS À PESSOA Quando analisamos dados segundo características das pessoas, podemos

No documento vigilancia saude (páginas 66-71)

Fatores do hospedeiro

C ARACTERES EPIDEMIOLÓGICOS RELATIVOS À PESSOA Quando analisamos dados segundo características das pessoas, podemos

utilizar diversas categorias. Algumas delas lhes são inerentes (sexo, idade, etnia), outras, adquiridas (situação conjugal, estado imune); temos, ainda, algu- mas que são derivadas de suas atividades (lazer, profissão) ou de sua condição (situação sócio-econômica, acesso a serviços de saúde), etc.

De um modo geral, essas categorias determinam, em amplo número de situações, quem está submetido ao risco mais elevado de ser atingido por even- tos adversos à saúde.

Ao analisarmos dados segundo características da pessoa, devemos buscar entre essas várias categorias aquela ou aquelas que se mostram mais relevantes para a mensuração e comparação de riscos. Freqüentemente analisamos ao mesmo tempo mais de uma categoria.

Tomemos como exemplo as figuras 11 e 12, as duas referentes à evolução da mortalidade por AIDS no município de São Paulo durante o período de 1988 a 1996: na primeira, verificamos que a curva relativa às mulheres apresenta um aumento gradativo da mortalidade, com elevação contínua até 1996. Por outro lado, a curva dos homens apresenta uma mortalidade bastante elevada em rela- ção às mulheres, mas com tendência à estabilização a partir de 1994.

Na figura 12, chama-nos a atenção o aumento contínuo e em níveis seme- lhantes da mortalidade em ambos os sexos entre os menores de quinze anos.

Foge aos objetivos deste texto analisar, em detalhe, esses dados, porém não é difícil verificar que à medida que estratificamos os dados em um número maior de variáveis, segundo os atributos da pessoa, maior facilidade teremos em identificar possíveis grupos e fatores de risco envolvidos, permitindo, num segundo momento, a elaboração de hipóteses e o posterior desenvolvimento de estratégias de controle.

Figura 11

Mortalidade por AIDS em todas as faixas etárias Município de São Paulo, 1988 – 1996

Fonte: Fundação SEADE

1988 60 Coeficiente por 100.000 habitantes 50 40 30 20 10 0 Mulheres Homens 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996

A figura 13, relativa à distribuição etária dos casos de sarampo nas décadas de 70 a 90, mostra-nos uma nítida modificação da participação relativa dos dife- rentes grupos etários, com um contínuo decréscimo proporcional dos casos entre as crianças de um a quatro anos e elevação nos menores de um ano e entre os maiores de quinze anos.

Figura 13

Distribuição percentual dos casos de sarampo por faixa etária Município de São Paulo, 1970 – 1990

Fonte: Museu Emílio Ribas (1950 – 1980); Centro de Informações de Saúde/Centro de Vigilância Sa- nitária Alexandre Vranjac (1981 – 1990)

Feitas as críticas cabíveis aos dados, devido às características das fontes de informação utilizadas, é possível levantar hipóteses a respeito de mudanças na estrutura imunitária da população em relação ao sarampo e, ainda, de suas repercussões no comportamento futuro do sarampo. Por exemplo, tais mudan- ças podem, de alguma forma, estar envolvidas na característica principal da epidemia dessa doença, ocorrida em 1997 no município de São Paulo, quando Figura 12

Mortalidade por AIDS em menores de 15 anos Município de São Paulo, 1988 – 1996

Fonte: Fundação SEADE

1988 3,5 Coeficiente por 100.000 habitantes 2,5 3,0 2,0 1,5 1,0 0,5 0 Mulheres Homens 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1970 – 1975

% dos casos < 1 ano

1 – 4 anos 5 – 9 anos 10 – 14 anos 15 e mais 70 60 50 40 30 20 10 0 Anos 1976 – 1980 1981 – 1985 1986 – 1990

houve claro predomínio de menores de um ano (um terço deles em idade inferior a seis meses) e de adultos entre os atingidos.

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ARACTERES EPIDEMIOLÓGICOS RELATIVOS AO ESPAÇO

A descrição da ocorrência de uma determinada doença ou evento adverso à saúde segundo a distribuição espacial dos casos nos oferece uma visão da dis- persão do problema em determinado território, assim como a localização de áreas de maior incidência.

Para a localização dos casos no mapa podemos utilizar como ponto de refe- rência o local de residência, local de trabalho, escola, unidade hospitalar, sempre com o objetivo de identificar locais ou grupos populacionais de maior risco para a ocorrência da doença. Da mesma forma, podemos usar unidades geo- gráficas, tais como países, Estados, municípios, setores censitários ou ainda áreas rurais ou urbanas, etc.

Para analisarmos a ocorrência de doenças segundo sua distribuição espacial, é importante conhecer as prováveis fontes de infecção e a forma de dissemina- ção do agente etiológico. Quando é possível verificar uma associação entre a ocorrência da doença e determinado local, geralmente podemos inferir que os fatores de risco para a elevação da incidência da doença encontram-se nas pes- soas que lá vivem ou no ambiente ou, ainda, em ambos.

Figura 14

Evolução da incidência da encefalite por arbovírus Vale do Ribeira, São Paulo, 1975 – 1978

Fonte: L. B. Iversson

Na figura 14, apresentamos os resultados da investigação da epidemia de encefalite pelo arbovírus Rocio, investigada por Iversson, no vale do Ribeira, São Paulo. A evolução da incidência nos municípios atingidos durante a epi- demia permite formulações de hipóteses a respeito da forma de disseminação e mesmo acerca de possíveis fatores que estariam envolvidos na determina- ção da epidemia. 1975 1977 1976 1978 300 – 2.000/100.000 habs. 100 – 300/100.000 habs. 30 – 100/100.000 habs. < 30/100.000 habs. Ausência de casos

Deve-se levar em conta as características geográficas da área, assim como o fato de a doença ser transmitida por vetores e, ainda, que seu agente tem como reservatório, provavelmente, roedores silvestres ou aves. A infecção humana decorre do contato do homem com a floresta ou quando há o desmatamento seguido da ocupação desse espaço alterado por ele. Sem nos aprofundarmos na discussão do comportamento dessas viroses, mas como hipótese funda- mentada na distribuição dessa encefalite no tempo e no espaço (figura 14), poderíamos sugerir que a evolução da epidemia esteve relacionada com a invasão pelo homem do espaço alterado (desmatado), com possíveis corren- tes migratórias de reservatórios silvestres e com o progressivo esgotamento ou significativa diminuição da proporção de suscetíveis entre a população exposta ao risco de infecção.

Exercício de epidemiologia descritiva Tuberculose no município X, em 1997

A. Informações disponíveis:

1.

Listagem dos casos novos de tuberculose pulmonar diagnosticados em 1997 no município X, segundo idade, sexo, local de residência, nível sócio-econômico da família e mês em que se fez o diagnóstico.

Casos novos de tuberculose pulmonar no município X em 1997 CASO IDADE SEXO DISTRITO NÍVEL SÓCIO- MÊS DO

(ANOS) ECONÔMICO DIAGNÓSTICO

1 43 M 2 Baixo Janeiro 2 13 F 3 Baixo Janeiro 3 45 M 3 Baixo Janeiro 4 67 M 5 Baixo Janeiro 5 64 M 3 Baixo Janeiro 6 70 M 10 Médio Fevereiro 7 29 M 7 Baixo Fevereiro 8 2 F 2 Baixo Fevereiro 9 48 M 4 Baixo Fevereiro 10 17 M 6 Baixo Fevereiro 11 51 M 2 Baixo Fevereiro 12 1 F 1 Baixo Março 13 26 M 6 Baixo Março 14 41 M 8 Baixo Março 15 3 M 9 Baixo Março 16 32 F 6 Médio Abril 17 28 F 4 Alto Abril 18 19 M 2 Baixo Abril 19 40 M 9 Baixo Abril 20 52 M 10 Baixo Abril 21 22 F 7 Baixo Abril 22 81 M 2 Baixo Abril 23 2 M 4 Baixo Maio 24 63 M 2 Baixo Maio 25 43 M 2 Baixo Maio 26 29 F 3 Baixo Maio 27 34 F 9 Baixo Maio 28 8 M 2 Baixo Maio 29 62 M 6 Baixo Maio 30 48 M 6 Baixo Maio 31 4 F 2 Baixo Maio 32 61 M 10 Baixo Maio 33 60 M 1 Baixo Junho 34 49 M 4 Baixo Junho 35 47 M 5 Médio Junho 36 59 M 7 Alto Julho 37 67 M 1 Alto Julho

No documento vigilancia saude (páginas 66-71)