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Reservatório ambiental

No documento vigilancia saude (páginas 87-92)

As plantas, o solo e a água podem comportar-se como reservatórios para alguns agentes infecciosos. Como exemplo, podemos citar: o fungo (Paracoccidioides brasiliensis) responsável pela blastomicose sul-americana, cujos reservatórios são alguns vegetais ou o solo; a bactéria causadora da doença-dos-legionários (Legio- nellae pneumophila) tem a água como reservatório, sendo encontrada com cer- ta freqüência em sistemas de aquecimento de água, tais como na água de torres de refrigeração existente em sistemas de circulação de ar, umidificadores, etc.; o reservatório do Clostridium botulinum, produtor da toxina botulínica, é o solo.

Vias de eliminação

Via de eliminação é o trajeto pelo qual o agente, a partir do reservatório ou fonte de infecção, atinge o meio ambiente. Os tratos respiratório e digestivo são as principais vias de eliminação, cabendo citar também a urina, sangue, pele, mucosas e secreções.

Fatores do agente

Os agentes apresentam uma série de características que interagem com o meio e o hospedeiro, influenciando o comportamento das doenças infecciosas na comunidade; entre eles destacamos:

• Infectividade: capacidade de o agente etiológico alojar-se e multipli- car-se no organismo do hospedeiro e transmitir-se deste para um novo hospedeiro.

• Patogenicidade: capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro suscetível.

•Virulência: grau de patogenicidade de um agente infeccioso que se expressa pela gravidade da doença, especialmente pela letalidade e proporção de casos com seqüelas.

• Poder imunogênico (ou imunogenicidade): capacidade do agente bio- lógico de estimular a resposta imune no hospedeiro; conforme as características desse agente, a imunidade obtida pode ser de curta ou longa duração e de grau elevado ou baixo. Dependendo também das características do agente, a imunidade conferida pode ser:

a. tipo específica: quando a imunidade produzida protege somente contra um dos tipos do agente. Por exemplo, a imunidade conferi- da pela infecção pelo poliovírus tipo 1, selvagem ou vacinal, não nos protege contra os poliovírus tipos 2 e 3.

b. grupo específica: quando a imunidade produzida protege somen- te contra um dos grupos do agente. Por exemplo, a imunidade con- ferida pelo meningococo A não protege contra as infecções causa- das pelos meningococos B, C, X, Y, etc.

• Valência ecológica: capacidade de um agente sobreviver em um ou mais reservatórios. Quanto maior sua valência ecológica, maior será sua capacidade de perpetuação no ambiente; por decorrência, na mes- ma proporção crescerão as dificuldades de eliminação do agente. • Resistência às condições do meio: capacidade de sobreviver nas con-

dições do meio ambiente. Essa característica condiciona, até certo pon- to, as formas de transmissão. Por exemplo, um agente de baixa resis- tência às condições do meio, como é o caso do meningococo, somen- te poderá ser transmitido de forma direta pessoa a pessoa. O bacilo da tuberculose, por sua vez, resistindo por vários dias no ambiente, quan- do na presença de umidade e ausência de luz solar pode ser transmiti- do por via indireta.

• Inóculo ou dose infectante: é a quantidade do agente que penetra no novo hospedeiro suscetível. Quanto maior o inóculo, maior a gravida- de da doença e, geralmente, menor o período de incubação.

Fatores do ambiente físico e social

As doenças infecciosas são significativamente influenciadas pelo ambiente, seja em seus aspectos físicos, biológicos ou sociais. O ambiente físico, como, por exemplo, a temperatura média e umidade relativa do ar, influencia a eficiência do contato na transmissão pessoa a pessoa, além de favorecer a transmissão de alguns agentes veiculados por vetores.

Quanto aos aspectos biológicos do ambiente, podemos citar como exemplo o grau de adaptação de determinadas espécies em sua função de parasitar o homem. Quanto maior essa adaptação, maior será a proporção de casos subclí- nicos da doença infecciosa por ele causados.

distribuição das riquezas, está intimamente ligado aos níveis endêmicos das doenças infecciosas. Como exemplo, podemos citar a doença meningocócica, cujas epidemias são, geralmente, causadas pela introdução na comunidade de uma cepa mais patogênica; no entanto, os patamares a serem alcançados por essa epidemia dependerão, principalmente, das condições de aglomeração dessa população, especialmente de aglomeração no domicílio.

Transmissão

Entendemos transmissão como a transferência de um agente etiológico animado de um reservatório ou fonte de infecção para um novo hospedeiro suscetível. A transmissão pode ocorrer de forma direta ou indireta.

1.

Transmissão direta (contágio): transferência rápida do agente etiológico, sem a interferência de veículos. Ela pode ocorrer de duas formas distintas:

•Transmissão direta imediata: transmissão direta em que há um conta- to físico entre o reservatório ou fonte de infecção e o novo hospedeiro suscetível.

•Transmissão direta mediata: transmissão direta em que não há conta- to físico entre o reservatório ou fonte de infecção e o novo hospedeiro; a transmissão se faz por meio das secreções oronasais transformadas em partículas pelos movimentos do espirro e que, tendo mais de 100 micras de diâmetro, são dotadas da capacidade de conduzir agentes infecciosos existentes nas vias respiratórias. Essas partículas são deno- minadas “gotículas de flügge”.

2.

Transmissão indireta: transferência do agente etiológico por meio de veícu- los animados ou inanimados. A fim de que a transmissão indireta possa ocor- rer, torna-se essencial que:

• os agentes sejam capazes de sobreviver fora do organismo durante um certo tempo;

• existam veículos que transportem os microrganismos ou parasitas de um lugar a outro.

Entende-se por veículo o ser animado ou inanimado que transporta um agente etiológico. Não são consideradas como veículos as secreções e excreções da fonte de infecção, que são, na realidade, um substrato no qual os micror- ganismos são eliminados.

Transmissão indireta por veículo animado (ou vetor) é aquela que se dá por meio de um artrópode que transfere um agente infeccioso do reservatório ou fonte de infecção para um hospedeiro suscetível.

Este artrópode pode comportar-se como:

• vetor biológico: vetor no qual se passa, obrigatoriamente, uma fase do desenvolvimento de determinado agente etiológico; erradicando-se o vetor biológico, desaparece a doença que ele transmite. Os anofelí- neos que transmitem a malária são exemplos desse tipo de vetor; • vetor mecânico: vetor acidental que constitui somente uma das moda-

lidades da transmissão de um agente etiológico. Sua erradicação retira apenas um dos componentes da transmissão da doença. São exemplos as moscas, que podem transmitir agentes eliminados pelas fezes, à medida que os transportam em suas patas ou asas após pousarem em matéria fecal.

Transmissão indireta por veículo inanimado é aquela que se dá por meio de um ser inanimado que transporta um agente etiológico. Os veículos inani- mados são: • água • ar • alimentos • solo • fômites

Vias de penetração

Entende-se por via de penetração o trajeto pelo qual o agente introduz-se no novo hospedeiro. A via de penetração oferece acesso a tecidos nos quais o agente pode multiplicar-se ou local onde a toxina, por ele produzida, pode agir. Freqüentemente, as vias de eliminação e de penetração são as mesmas. As vias mais importantes, como já salientamos, são:

• trato respiratório • trato digestivo • trato urinário

• pele, mucosas e secreções

Fatores do novo hospedeiro suscetível

O elo final da cadeia do processo infeccioso é o novo hospedeiro suscetível. A suscetibilidade do hospedeiro depende de fatores genéticos, de imunidade específica adquirida e de outros fatores que alteram a habilidade individual de resistir à infecção ou limitar a patogenicidade.

A compreensão dos fatores envolvidos na resposta do novo hospedeiro à infecção importa no conhecimento de alguns conceitos que passaremos a apresentar:

• Suscetibilidade: situação de uma pessoa ou animal que se caracteriza pela ausência de resistência suficiente contra um determinado agente patogênico que a proteja da enfermidade na eventualidade de entrar em contato com esse agente.

• Resistência: conjunto de mecanismos específicos e inespecíficos do organismo que servem de defesa contra a invasão ou multiplicação de agentes infecciosos, ou contra os efeitos nocivos de seus produtos tóxicos. Os mecanismos específicos constituem a imunidade humoral e os inespecíficos abrangem os desempenhados por vários mecanismos, entre eles: pele, mucosa, ácido gástrico, cílios do trato respiratório, reflexo da tosse, imunidade celular.

• Imunidade: resistência usualmente associada à presença de anticorpos específicos (imunidade humoral) que têm o efeito de inibir microrga- nismos específicos ou suas toxinas responsáveis por doenças infecciosas particulares. A imunidade pode apresentar-se de duas formas:

a. Imunidade ativa: imunidade adquirida naturalmente pela infecção, com ou sem manifestações clínicas, ou artificialmente pela inocu- lação de frações ou produtos de agentes infecciosos, ou do próprio agente morto modificado, ou de uma forma variante, na forma de vacinas. A imunidade ativa natural ou artificialmente adquirida pode ser duradoura ou não, dependendo das características do agente e/ou vacina.

b. Imunidade passiva: imunidade adquirida naturalmente da mãe ou artificialmente pela inoculação de anticorpos protetores espe- cíficos (soro imune de convalescentes ou imunoglobulina sérica). A imunidade passiva natural ou artificialmente adquirida é pouco duradoura.

Além dos acima citados, um importante aspecto para compreendermos os fatores envolvidos na resposta do novo hospedeiro à infecção são os mecanismos de ação patogênica dos agentes infecciosos ou de seus produtos. Os principais mecanismos encontrados são:

• Invasão direta dos tecidos: esse mecanismo é comum à grande varie- dade de parasitas e microrganismos patogênicos para o homem. Vale citar, entre eles: amebíase, giardíase, meningites bacterianas, arboviroses responsáveis por encefalites, etc.

• Produção de toxina: algumas doenças infecciosas resultam primaria- mente da produção de toxinas, entre elas a difteria, o tétano e as infec- ções causadas pela Escherichia coli toxigênica. Em outras situações, como na infecção pelo Staphylococus aureus, com a invasão direta dos tecidos pode ocorrer a produção de toxina, como acontece na síndro- me do choque tóxico.

• Reação alérgica ou imunológica exacerbada: em algumas situações as doenças infecciosas resultam de mecanismos imunoalérgicos; entre elas, vale citar a tuberculose, a glomérulo-nefrite pós-infecção estrep- tocócica, o dengue hemorrágico, etc.

• Infecção latente ou persistente: infecções bacterianas crônicas ou per- sistentes ou infecções virais latentes constituem importante mecanismo patogênico de uma variedade de doenças infecciosas. Certas bactérias, em alguns casos, podem persistir assintomaticamente ou após a doen- ça na faringe (exemplos: Hemophilus influenzae, Neisseria meningiti- dis, etc.). Alguns vírus como herpes I e II, a varicela zoster, o vírus do sarampo na pan-encefalite subaguda esclerosante, entre vários outros, podem determinar infecções persistentes.

A

LGUNS CONCEITOS BÁSICOS PARA A

COMPREENSÃO DO PROCESSO INFECCIOSO

Período prodrômico

É o período que abrange o intervalo entre os primeiros sintomas da doença e o início dos sinais ou sintomas que lhe são característicos e, portanto, com os quais o diagnóstico clínico pode ser estabelecido. Pródromos são os sintomas indicativos do início de uma doença.

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