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ANÁLISE E DISCUSSÃO DA ADMINISTRAÇÃO SOBRE A SITUAÇÃO

T ARIFAS DE D ISTRIBUIÇÃO

As nossas distribuidoras cobram tarifas reguladas e seus resultados dependem significativamente de atos regulatórios. Seus respectivos contratos de concessão definem reajustes anuais, revisões tarifárias periódicas e a possibilidade de eventuais revisões tarifárias extraordinárias. Para maiores informações vide “O Setor de

Energia Elétrica no Brasil”.

Reajuste Anuais – (IRTs)

Os reajustes anuais são eventos com ocorrência em datas estipuladas nos contratos de concessão das nossas distribuidoras. O reajuste da Bandeirante ocorre em 23 de outubro de cada ano, o da Escelsa em 7 de agosto e o da Enersul em 8 de abril.

Os reajustes anuais são definidos pelo IRT – Índice de Reajuste Tarifário. O reajuste leva em consideração a correção de duas parcelas da receita da distribuidora:

• Parcela A: composta por itens não gerenciáveis como compra de energia, encargos de uso da rede e encargos regulatórios; corrigidos dentro dos limites estipulados pelo regulador; e

• Parcela B: parcela da receita relativa a custos gerenciáveis, incluindo custos de operação e manutenção e o retorno dos investimentos relativos às nossas concessões e à sua expansão, corrigidos pelo IGPM, subtraindo-se o fator X, que é um índice referente a ganhos de produtividade aplicado nas tarifas de distribuição. A forma de cálculo do fator X está descrita na Seção “O Setor

de Energia Elétrica no Brasil – Tarifas de Distribuição de Energia”.

A partir de 2002, foi introduzido o instrumento da CVA – Conta de Variações da Parcela A, o qual complementa o IRT de forma a reconhecer variações positivas ou negativas em alguns componentes de custos da Parcela A.

Revisão Tarifária Ordinária

As revisões periódicas têm como objetivo manter condição de equilíbrio econômico financeiro de uma concessionária, estabelecer adequado retorno sobre os investimentos, determinar o fator X utilizado para fins de cálculo dos custos da Parcela B. O processo de revisão respeita ciclos estipulados em cada contrato de concessão, que no caso das nossas distribuidoras estão descritos a seguir:

• Bandeirante: a cada quatro anos a partir de 2003; • Escelsa: a cada três anos a partir 1998; e

• Enersul: a cada cinco anos a partir de 2003.

As últimas revisões tarifárias têm utilizado como metodologia a definição de um novo valor para a Parcela B, sendo composta por:

• Custos operacionais de uma empresa de referência, em que a ANEEL simula quais seriam os custos de uma empresa virtual atendendo a mesma área de concessão da distribuidora avaliada;

• Remuneração e depreciação dos ativos da concessão. A taxa de remuneração e depreciação regulatórias são aplicadas sobre um valor de ativos – chamada de Base de Remuneração Regulatória. Esta base é definida de acordo com critérios pré-estabelecidos pela ANEEL e deve contemplar todos os ativos necessários para a prestação de serviços da concessionária; e

• Definição do fator X.

As últimas revisões tarifárias da Bandeirante e da Escelsa permanecem provisórias. A cada reajuste anual subseqüente à revisão periódica, a ANEEL pode ajustar suas revisões provisórias passadas, o que pode resultar em ajustes tarifários complementares. Para fins de cálculo dos resultados de nossas distribuidoras, reconhecemos os ajustes tarifários no exercício fiscal em que eles ocorrem. Portanto os resultados de um determinado exercício podem ser influenciados por ajustes tarifários referentes a exercícios anteriores.

Durante o exercício de 2004, a ANEEL alterou o índice de reajuste tarifário para o ano de 2001 em caráter definitivo para a Escelsa e ainda em caráter provisório para a Bandeirante e Enersul. Essas alterações resultaram em redução das receitas na Bandeirante, no montante de R$116,0 milhões, e na Escelsa, no montante de R$56,7 milhões.Na Enersul, as alterações causaram um aumento de R$7,6 milhões nas receitas, registrados no resultado consolidado do exercício findo em 31 de dezembro de 2004.

Revisões Tarifárias Extraordinárias

No caso da ocorrência de eventos que coloquem em risco o equilíbrio econômico das concessionárias, a ANEEL pode ajustar as tarifas através de revisões tarifárias extraordinárias.

Em 1999, a ANEEL concedeu uma revisão tarifária extraordinária às distribuidoras, para compensá-las dos efeitos da desvalorização cambial ocorrida naquele ano. Em 2001, as tarifas de distribuição tiveram uma nova revisão tarifária extraordinária, desta vez em decorrência das perdas financeiras com o racionamento de energia ocorrido naquele ano (vide item “Ativos Regulatórios – RTE” abaixo). Este aumento tarifário (RTE) será excluído da tarifa após terem cumprido seu efeito, conforme determinado pela ANEEL.

Realinhamento Tarifário

Até 2002, os índices percentuais de reajuste eram aplicados de maneira uniforme sobre toda a tabela de tarifas, que continham um subsídio ao consumidor industrial. Em 2002, iniciou-se um realinhamento tarifário que reduziu e continua reduzindo os subsídios cruzados entre consumidores em diferentes níveis de tensão de atendimento. Espera-se que os subsídios aos consumidores industriais sejam eliminados por estes realinhamentos tarifários até 2007.

Tarifa de Uso da Rede de Distribuição (TUSD)

Alguns consumidores das nossas distribuidoras têm a possibilidade de escolherem o seu fornecedor de energia (clientes livres). Caso estes consumidores exerçam a opção de se tornarem livres, eles passarão a pagar uma tarifa de uso da rede de distribuição (TUSD) à concessionária em que estiverem conectados. A TUSD não inclui o custo de energia comprada (com exceção da parcela de energia comprada referente a perdas da rede de distribuição). Desta forma, a TUSD permite que a distribuidora continue a ser remunerada pelo uso de seus ativos. A ANEEL tem realizado, de tempos em tempos, ajustes na metodologia de cálculo da TUSD com o objetivo de não impactar as concessionárias com a passagem de clientes cativos para livres.

Evolução Tarifária - 2002-2004

Apresentamos nos quadros a seguir a evolução tarifária dos clientes cativos nos períodos indicados e o reflexo destas variações nos resultados das empresas. A tabela abaixo reflete os reajustes tarifários efetivamente pagos por nossos consumidores, levando em consideração revisões iniciais e demais revisões subseqüentes determinadas pela ANEEL.

A Bandeirante tem as suas tarifas revistas a cada quatro anos. Destaca-se na Bandeirante a ocorrência da revisão periódica em 2003, a qual permanece provisória. Em 2004, devido a um ajuste na Base de Remuneração Regulatória, a ANEEL retificou provisoriamente o valor da revisão de 2003, reduzindo-a para 10,51%.

Bandeirante

2004 2003 2002

Ocorrência na data Reajuste Revisão Reajuste

Aumento verificado 15,95% (a)

14,68% (b)

19,09%

Fator X 2,89% N/A 0,00%

Realinhamento aplicado no ano sim sim não

Situação ultima revisão Provisória Provisória N/A

(a)

Reflete a revisão provisória realizada em 2003 para 10,51%, que será aplicada em anos subseqüentes. Vide “Negócios da Companhia – Atividades de Distribuição”.

(b)

A revisão previa um aumento de 18,08%, que seria reconhecida nos 3 anos subseqüentes, mas foi subseqüentemente ajustada. Vide item (a) acima.

A Escelsa tem as suas tarifas revistas a cada três anos. Em 2001, os valores de sua revisão periódica foram estipulados como provisórios, já que a ANEEL ainda não havia definido a metodologia de apuração da Base de Remuneração Regulatória. Em 2004, juntamente com a segunda revisão, a ANEEL arbitrou, de forma definitiva, a Base de Remuneração Regulatória de 2001, mas ainda manteve a Base de Remuneração Regulatória de 2004 como provisória.

Escelsa

2004 2003 2002

Ocorrência na data Revisão Reajuste Reajuste

Aumento verificado 4,96% (a)

17,30% 15,97%

Fator X N/A 0,63% 0,51%

Realinhamento aplicado no ano sim sim não

Situação última revisão Provisória Provisória Provisória

(a)

O aumento em questão deveria ter sido de 10,07%, mas em agosto de 2004, foi revista a BRR de 2001, o que reduziu o aumento para 4,96%.

No caso da Enersul, verificou-se em 2002, além do IRT, uma recomposição financeira de custos com o racionamento e outras variações de encargos setoriais. Em 2003, a revisão periódica refletiu defasagens históricas até então não contempladas na tarifa, implicando em um ajuste tarifário de 42,26%. A ANEEL decidiu diferir a aplicação da revisão tarifária, limitando o aumento tarifário de 2003 aos valores de IRT, o que levou a um aumento de 32,59% em 2003, sendo os restantes 9,67% reconhecidos em 4 parcelas anuais de R$55,2 milhões, corrigidas pelo IGP-M. Em 2004, além do reajuste anual, ocorreu o reconhecimento desse diferimento juntamente com um novo ajuste no índice de revisão. Em 2005, a ANEEL finalmente estabeleceu a Base de Remuneração Regulatória para 2003 como base definitiva tendo alterado o percentual da revisão para 50,81%.

Enersul

2005 2004 2003 2002

Ocorrência na data Reajuste Reajuste Revisão Reajuste

Aumento verificado 20,69% (a)

17,02% (b)

32,59% (c)

12,25%

Fator X 2,68% 1,35% N/A 0,0%

Realinhamento aplicado no ano sim sim sim não

Situação última revisão Definitiva Provisória Provisória N/A

(a)

Reflete a revisão no reajuste tarifário de 2003 para 50,81%, que será aplicada nos dois anos subseqüentes.

(b)