• Nenhum resultado encontrado

ARRANJO CATÓLICO ÁRVORE DA CRUZ

No documento Download/Open (páginas 46-61)

O Conselho Administrativo

3. ARRANJO CATÓLICO ÁRVORE DA CRUZ

Situada em um bairro da periferia urbana de São Bernardo do Campo em vila Nova Devinéia a casa de missão e vida “Santa Teresinha do Menino Jesus” é o locus central das atividades do Arranjo Árvore da Cruz. Entre pequenas vielas asfaltadas e entrecortadas, o bairro residencial consolidado de média vulnerabilidade social é notadamente pobre e formado por habitações com alvenaria à mostra:

Figura 31 – Fachada da Comunidade Árvore da Cruz

Fonte: foto realizada por Vlademir Ramos

Figuras 32 e 33 – Rua da Comunidade Arvore da Cruz – travessa Vista Alegre, Bairro dos Casa, São Bernardo do Campo

Na Vila, nota-se a presença de pequenos mercados caseiros que dinamizam o comércio local e uma população que não só lida com sua própria pobreza ficando refém da política de algumas milícias e do tráfico de drogas atuantes neste território, mas também com o isolamento social que lhes foram impostos pelo crescimento urbano desigual. O bairro parece imune à intervenção de políticas públicas ou iniciativas privadas ou, na linguagem de Milton Santos (2008) tornam-se “espaços opacos” que se iluminam apenas em momentos de campanha política grampeados pelo oportunismo de candidatos da região. É dentro deste espaço que uma das vertentes deste catolicismo alternativo constrói seu network e viabiliza sua “missão”. O fundador, de personalidade forte, possui algumas características que marcam sua moral rígida: discorda da posição de alguns padres de tendência liberal apoiando outros que não “denigrem” a imagem do catolicismo, por exemplo, o padre midiático de Cuiabá, Paulo Ricardo, assume contrariamente a relativização da doutrina católica vendo-a como uma

verdade senão um sacramento e exerce, segundo os seus próprios relatos, o método de

ovulação Billings. Fundador deste Arranjo, de 34 anos, pai de três filhos, casado cuja esposa é a co-fundadora, ensino médio completo e com “sonho” de estudar “teologia católica” atuou por vinte anos na área de usinagem em empresas situada no grande ABC - Wheaton Plásticos, Proem-engenharia, mas abdicou não sem conflitos à mudança de vida em decorrência da sua decisão:

Assim, a gente trabalhava normal, com a mesma responsabilidade, que tem que ter no trabalho só que, querendo ou não, eu identifiquei quem me atrapalhava por que? porque você não tava se dedicando ali ao chamado, aquilo que deus moveu, então, aquilo sempre dentro de mim..., as vezes, eu falo, eu fiquei os quatro anos me questionando, ‘eu devo ou não devo abandonar o emprego’? A minha esposa sempre, concordou com esse abandono, essa saída do emprego, e eu, não! Eu não queria desistir porque eu fui educado, na família, que meu pai aposentou, trabalhou vinte e seis anos dentro de só uma empresa, então, pra mim ali é uma cultura muito forte onde, eu precisava me confrontar com essa ideia de viver com o que Deus dá através de benfeitores, os amigos, né? Realmente, esperar em Deus, eu fiz um retiro de nova comunidades, né? O retiro da comunidade Oásis, que são seis módulos, da escola. Aí, participando de alguns módulos, não tinha como. Foi uma coisa que eu tinha que ficar perguntando – ‘Senhor, só que eu me sinto sem coragem de tomar essa decisão’, e lá, eu senti forte esta decisão, mas o tempo que eu trabalhei foi muito difícil, até mesmo, muitas coisas, não caminharam na comunidade devido a isso. (Idem- grifo nosso)

Duas coisas aqui chamam a atenção, a primeira é o fato da sua angústia em desistir daquilo que considera a “normalidade” da vida: estudar, trabalhar, ter sucesso, casar, aposentar, assim como foi com seu “pai”. E o outro fato, a influência recebida da esposa e a

experiência advinda da sua participação de outro Arranjo, chamado Oásis95 consolidado e criado há 25 anos por uma mulher catarinense. Enquanto algumas decisões parecem óbvias, “crescer na empresa e tornar-se líder de sessão”, o fundador, à custa de grande ansiedade, sua indecisão cresceu vertiginosamente na medida em que ele teve a “oportunidade” de realização profissional.

O primeiro indício de que a escolha seria importante não adveio de uma consequente insatisfação suficiente para superar a resistência à mudança. Ao contrário, não foi a sua consciência que o provocou, mas Deus mesmo. Este o “testou” mesmo sendo um “funcionário padrão”:

[...] Porque eu sempre me dediquei. Nessa, última atuação, nesta parte de logística, eu me encontrei enquanto profissional, por que eu sei, sempre trabalhei na área de usinagem, fiz três Senai’s, mas não era aquilo, aquilo que me agradava. Quando eu entrei na parte de logística, eu me encontrei, então eu creio que até o Senhor permitiu, que eu fosse para essa área, pra eu realmente sentir falta. (Idem, grifo nosso)

Desligado da empresa, o fundador passou por um processo decisório correspondente a três fases. Primeiro, houve por sua parte, uma análise exploratória de conhecer as “experiências” já efetivadas de outras “novas comunidades”. Em seguida, a fase de incubação ou avaliação racional pesando os “prós e contras” e, finalmente, efetuar sua decisão, mesmo que residisse um paradoxo entre sua vontade e a de Deus. Retirando-se da sua zona de conforto profissional, atualmente dedica-se “totalmente à obra” vivendo sob a lógica da Providência. Ainda dentro de uma atuação paroquial teve um insigth divino para

aprofundar melhor a sua fé.

Auxiliado pelo pároco à discernir sua experiência mística e sob influência de caminhos propostos por outros Arranjos, o fundador oficialmente constitui a comunidade em 2003 e, atualmente se encontra vinculado à paróquia em stand by, mas a dedicação exclusiva concentra-se na organização que criou. Devido ao respaldo positivo emitido pela ICAR incentivando a criação de “novas comunidades eclesiais”, o fundador da Árvore organizou-a livremente mediante suas necessidades e carisma. Residindo com sua família em outra casa no mesmo bairro, ele relata que até chegar a “casa de missão” atual fez algumas experiências em 2003 em locais diferentes desenvolvendo atividades oferecendo cursos de inglês, espanhol e artesanato. Opinião equivalente é emitida também por um membro da comunidade de Vida da Árvore: [...] “Antigamente a gente tinha este trabalho social, tinha curso de violão, Rh, de

desenho de crochê de ginástica as pessoas faziam, hoje a gente não mantém mais esses trabalho, né? Até por questão de espaço, né, a gente acabou não continuando, né?” [...]

As atividades supracitadas eram oferecidas gratuitamente ao “povo” intercalando com atividades religiosas de oração e aconselhamento. Desta experiência, surgia a “comunidade de Aliança”, mas desejando “um dia ter a comunidade de vida”. Os efeitos destas atividades se fizeram notar e, em 2005 somaram-se à comunidade mais cinco membros que se dispuseram a “fazer esta experiência”, restando atualmente três garotas em estado de “dedicação exclusiva”. Mas, estas ações não lhe satisfizeram levando-o a morar em uma chácara alugada num período de três anos e meio foi então que lhe surgiu um insight de criar a atual “casa de missão” na vila Nova Divineia, antiga moradia do seu pai e cedida por ele ao filho, onde residem apenas as três garotas celibatárias mencionadas com faixa etária entre vinte e quatro e trinta anos.

Fato importante é que o Arranjo Árvore da Cruz apresenta um mínimo de rotatividade do seu pessoal tanto da Aliança quanto a de Vida o que indica a fidelidade às regras e ao carisma do Arranjo. A pergunta que dirigimos a este tópico é: quais são os critérios pelos quais os participantes são recrutados? Este Arranjo é uma organização tipicamente normativa, uma comunidade moral. Confiam na comunicação e socialização entre seus membros e a partir deste pressuposto é que elaboram seus meios de recrutamento de novos membros. Há regras que são vividas pelos membros veteranos e a aposta recai nesta normatividade porque não força os membros a “aderir” a ela. Ao contrário, o acento recai no aspecto moral o que amplia a possibilidade dos seus membros permanecerem envolvidos na comunidade. A participação inicial de alguém que deseje ingressar no Arranjo concentra-se num “encontro vocacional” realizado todo final de ano:

Então hoje, a gente ainda tá definindo porque isso ainda tá acontecendo, mas hoje o é encontro vocacional, né? Depois deste encontro geralmente em novembro, ele fica (o neófito) o outro ano no vocacionado. Ele, aceitando isso, ele faz uma carta de ingresso, ele seja de, deseja, então ele começa a participar de encontros ocasionais é um encontro por mês, e nesses encontros o que acontece ele vai conhecendo o carisma, uma hora vai ser dito pra ele como vive a oração, a Palavra, o conhecimento da fé. (homem, casado, 34 anos).

A socialização feita posteriormente, no “vocacionado” é gradativa e a experiência agregada pelo neófito podem mudá-lo acentuadamente. Após intensa socialização na chamada inserção na “comunidade Aliança” identifica-se no interessado a sua disposição mínima de aceitação normativa da comunidade. Obviamente, este recrutamento moral não está isento de um mínimo de coação, pois exige do voluntário a renúncia dos seus desejos, interesses e se

subordine aos interesses do Arranjo. Mesmo que, após um estágio demorado de inserção comunitária, o neófito desista da sua opção de “celibatário”, por exemplo, não poderá agir indiscriminadamente, mas é convidado a preservar os ensinamentos para manter-se uma pessoa “correta”. O fundador elucida com um caso emblemático de uma pessoa que começou num “estado de vida” e migrou para outro, mas sem perder a ética:

[...] Se no meio do caminho existir algum desejo, olha teve uma menina, com o desejo de ser celibatária. Foi até umas das primeiras, e depois ela viu que não era ai ela partilhou, a gente conversou muito, ela saiu dessa situação de celibato.[...] Ela poderia ser Vida, ela ficou um pouco, mas ela depois discerniu que tinha que ser Aliança, hoje ela namora com uma pessoa que não é da comunidade, é orientado por uma vivencia, mas a pessoa é da igreja, porque tem que ser, né? (Idem,)

O Arranjo Árvore da Cruz – não muito diferente dos demais arranjos – se envolve em algum tipo de atividade de angariação de fundos gerando renda para sustentar os programas e atividades da organização. Há modestos projetos de captação de recursos, como por exemplo, a confecção de cruzes de madeira de tamanhos e formas variadas elaboradas em uma das salas da “casa de missão” (um ateliê peculiar), reservadas somente para este intuito e a confecção de trufas vendidas também no grupo de louvor ministrado às sextas-feiras pelo fundador. Por sua vez, os usuários são convidados ou incentivados a dar ofertas regulares de apoio ao “trabalho missionário” incluindo a forma como a contribuição é solicitada e as consequências da doação, tanto para o doador e a organização beneficiária. Segundo o relato, a doação feita à Árvore não diminui necessariamente o dízimo paroquial porque a propaganda é no sentido de sensibilizar os usuários do fato de que os proventos acumulados serão administrados para “amparar” a comunidade, criando um fundo de reserva que ajude inclusive na “aposentadoria” do fundador:

[...] Não era o que ganhava, no trabalho, com certeza, bem menos, mais no futuro a gente tem pensado, nos amparos da vida pública vida civil normal, no INSS então até novembro (2012) eu vou recebendo o seguro até setembro agora, e em novembro no mais eu vou começar a depositar, eu vou ver também,... um dia pra se aposentar. (homem, casado, 34 anos)

A comunidade é sustentada por doações e estas são vistas como um “dom gratuito” sendo que os membros da “comunidade de Aliança”, as pessoas que são “evangelizadas”, a capela de São Francisco – próximo à casa de missão da comunidade -, grupo de oração da paróquia, doam regularmente ou em dinheiro ou espécie para manter a comunidade. Desde a formação da Árvore da Cruz e com recursos mínimos realizam-se

algumas atividades distribuídas em cada dia da semana. Às sextas-feiras acontece o “grupo de louvor” localizado numa sede de bairro “cedida” ao grupo:

Hoje é assim, a gente tem o trabalho com o grupo de oração, todas as sextas-feiras sete e meia tem o grupo de oração, é onde a gente reuni o povo. É uma capela próxima daqui, a gente tem as visitas nas famílias, que é missão famílias restauradas, é uma missão aonde a gente vai, leva a palavra do evangelho do dia, procura ouvir a famílias. As famílias vai partilhar ali suas lutas seus sofrimentos, e a gente faz um grande clamor pedindo ao Senhor que, derrame seu Espírito que cure que aja naquela família, naquela estrutura, né? (Homem, casado, 34 anos)

Nestes momentos de “louvor, oração em línguas” criam-se laços com as famílias que visitam e participam do culto carismático. Os cultos oferecidos pelo Arranjo são momentos oportunos de propagar suas atividades e um espaço propício para a captação de novos membros ou futuros benfeitores. Ao final do culto é “sorteado” uma “capelinha de Nossa senhora” para as famílias que estavam presentes e, na semana seguinte, a equipe missionária da Árvore irá à casa desta família. No entanto, é igualmente importante considerar que a captação e a retenção de novos membros é inseparável dos esforços de recrutamento, de

educação espiritual oferecida às famílias. Através deste “plano de marketing”, o Arranjo tenta

ativar novos membros utilizando uma combinação de adoração e atendimento mediante uma atividade estruturada e organizada estabelecendo uma relação informal entre os membros já existentes e os novos. A seguir descreveremos as demais atividades e networks estruturados pelo Arranjo, que em nosso entendimento, são construídos e mantidos estrategicamente por estes cultos realizados pelo grupo de louvor às sextas-feiras.

A “casa de missão”, além de servir de alojamento para as três mulheres “consagradas” oferece assistência e apoio familiar do tipo “orientação matrimonial”, sobre drogas, no sentido de atendimento espiritual: aconselhamentos e orações. Um casal, por exemplo, é acompanhado pelos “consagrados” no que diz respeito aos seus interesses e necessidades específicas a fim de responder de forma eficaz quanto possível essas necessidades. Aconselhamentos e visitações fazem parte da rotina empreendida por este Arranjo, sinalizam as formas de resolução de problemas, indicando um senso de direção e propósito para o público – geralmente católico - que ali se aproxima. A seguir, verificaremos o perfil de um agente missionário, mulher, “consagrada” há seis anos no Arranjo. Atualmente está sob dedicação exclusiva vivendo de “doações” e que nos indicou as principais atividades realizadas.

Pernambucana e caçula de seis irmãos, com ensino médio completo e “sonhando” cursar Enfermagem, mas que pratica violão porque “gosta”, a “consagrada” de 25

anos que nunca pensou em ser freira migrou à São Paulo com dezoito. Em São Bernardo do Campo residiu na casa de familiares em uma região próxima à comunidade Árvore, a fim de “passar férias” sofrendo a influência de sua tia – devota e praticante do catolicismo – apresentando à sobrinha as atividades do Arranjo deixando-a, como a “consagrada” mesma relata, “fascinada”. Volta à Pernambuco, “pede” autorização aos pais e regressa a fim de efetivar o seu desejo:

Ai ela me convidou, né? Pra participar, conhecer o trabalho, né? Eu assim, de inicio não fiquei com medo, a gente não tinha costume lá onde a gente morava. A gente era católico, mas não praticava né? De maneira alguma, né? Pra conhecer, que não conhecia, minha tia conhecia, aí ela me levou né? E na hora que vi assim, a comunidade, né? Eu lembro como se fosse hoje a acolhida que a comunidade me deu, me fascinou! (mulher, solteira, 25 anos)

Atualmente, este processo de identificação com o Arranjo, a fez internalizar as regras, os objetivos e a missão da comunidade, assim como, identificar-se com o seu papel e com suas funções compartilhando valores estabelecidos pelo fundador. O grau de dedicação da “consagrada” às atividades da casa requer dela uma medida de controle dos seus desejos, vontades, isto é, de uma mudança de mentalidade e isso se faz não sem conflitos:

Se eu disser que não existe dificuldade eu vou mentir, né? A dificuldade que eu vejo assim é a renuncia de si mesmo, eu renunciar aqui pra viver a vontade de Deus. [...] eu vejo que crescer, que eu preciso melhorar, até a cultura de tudo que a gente aprende é Deus, né? Deus, ele tem uma forma de agir com a gente, eu tenho muito respeito... e tenho que me dobrar diante da vontade de é difícil, porque você tem que morrer pra si mesmo e morrer pra si mesmo, deixar suas vontades dói, né? (Idem)

Há de se considerar aqui que o relato expõe que a “carga emocional” a qual ela se submete devido à necessidade de controlar a expressão de suas emoções para satisfazer as exigências da opção que fez é compensada pelo ritmo de atividades e horários presentes na agenda da comunidade. A dedicação à comunidade não faz pensar sobre o futuro, o importante é a intensidade do momento. Nota-se que a consagrada, nestes seis anos de convivência comunitária foi absorvida pelo entusiasmo do trabalho realizado enquanto liderança ativa, o que demonstra minimamente o seu envolvimento afetivo fazendo da organização seu projeto de vida. Embora as posições de controle majoritário estejam nas mãos do fundador, as atividades instrumentais ou operacionais realizadas, a coloca numa posição de controle das suas ações. Por outro lado, a sua participação no conselho geral, em se apoderar de algumas atividades intracomunitárias (aconselhamento e artesanato), sem

contar os treinamentos sistemáticos realizados pelo fundador colaboraram na sua integração dentro do quadro estruturante da comunidade.

Os serviços religiosos de consultoria e assessoria planejados semanalmente e oferecidos aos usuários garantem também a participação, a colaboração e a manutenção das “consagradas” no Arranjo. As residentes estão submetidas não somente ao regramento moral assim como os horários de reza foram estipulados previamente pelo fundador:

[...] Terminou o café a gente vai pra capela fazer a nossa oração pessoal, porque oração comunitária é outra coisa, a gente vai orar por você pela sua dificuldade, pela sua limitações dentro da comunidade, pela comunidade se você precisa crescer, então tem essa momento, depois a gente faz a leitura da palavra, né, Ler um livro, né?, é indicado um livro pra tá lendo, né? sobre igreja sobre depressão, né? cada um fica lendo um livro, e começa a ler, dá as dez horas, ai a gente começa a arrumação da casa deixa tudo organizado. [...] (Idem).

O ajuste de horários da oração do Arranjo é muito similar ao das ordens religiosas – franciscanos, dominicanos, beneditinos, apenas como exemplo. No entanto, o Arranjo carrega características comuns que são a marca registrada da vida religiosa: oração comunitária, pequena refeição matinal (café) somente entre os membros, oração privada, estudo e, obviamente, os votos de pobreza, castidade e obediência. A prática da oração96– fixada pelo fundador - se repete durante toda a semana mesclando momentos de contemplação e militância. Todos(as) da comunidade dividem um componente fundamental que é a dedicação a uma vida de auto-conversão e renúncia para a santificação da religião e dos próprios consagrados. Nessa troca rítmica de oração, trabalho e descanso, o fundador, embora residindo com sua esposa em outra casa, participa alternadamente das orações feitas pelas consagradas na “casa de missão” e o mesmo relata os momentos de reza conjunta, com certo grau de conhecimento do teor das orações e dos horários:

O nosso cotidiano é oracional, a comunidade toda, principalmente. A Vida Aliança não tem esta obrigação. Acordam cinco e meia vão pro oratório às seis, dentro da casa, não é todo dia que venho aqui é em dias alternados, a gente vem rezar com elas, a gente faz as laudes, que é das orações das horas, que é diferente da liturgia das horas. É como um resumo, mais simplificado, mas contém toda essa unidade da igreja, que é a oração universal, né? É a gente faz às seis horas essa oração das horas. Depois da oração das horas, tem o café da manhã, que é por volta das sete e meia. A oração das horas vai das seis até seis e meia, seis e quarenta. Sete e meia, o café, né? Aí, oito horas termina o café. Das oito as nove é feita a Lectio Divina, que é a meditação da palavra e depois, a outra meia hora é uma oração pessoal, onde

96 A liturgia das horas é a oração oficial da ICAR. É composta de cantos, salmos, hinos com adição de ração e

leituras das Escrituras judaico-cristãs. As orações são ajustadas em diferentes períodos do dia, também chamadas horas canônicas. O arranjo Árvore da cruz faz uso de parte desta liturgia oracional, isto é, a Laudes, oração da

No documento Download/Open (páginas 46-61)

Documentos relacionados