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FUNDADOR VIDA

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O Conselho Administrativo

FUNDADOR VIDA

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O Arranjo foi fundado em 2009, por um pernambucano de nascimento de 34 anos e conta atualmente com aproximadamente trinta integrantes formando uma Comunidade de Aliança, apenas. O Arranjo foi precedido por um grupo – também erigido pelo fundador - denominado

projeto Sabaoth ou em hebraico, Deus dos Exércitos, cujo objetivo era “formar um exército

de Deus na luta pela evangelização dos jovens”99 através de encontrões em finais de semana, cristotecas, palestras oferecidas em paróquias da região, mas se concentrava principalmente na cidade de Ribeirão. O sabaoth é fruto de uma experiência mística do fundador logo após deixar o seminário100 há doze anos, ainda como diácono católico, da Canção Nova. Tal assertiva é ratificada por dois dos membros do Arranjo. O primeiro relato advém de uma jovem mulher, que não participava ativamente do Sabaoth, mas veio conhecer sua história após a inserção no Arranjo. O outro relato advém do próprio co-fundador que conviveu desde a fundação do projeto referindo ainda que as “pessoas” o ridicularizavam sem entender seu objetivo:

Por ter um berço católico, ele foi pro seminário canção nova, inclusive até uns que estudaram com ele hoje são padres mesmo de lá. O que acontece depois de sair do seminário, ele sentiu um chamado a mais, ai ele criou o projeto Sabaoth, que o projeto Sabaoth era o intuito de trabalhar com os jovens. Eu participava da capela do Belém Valentina, então eu nunca participei a fundo, eu nunca praticava. Eu ia no evento que eles promoviam, mas eu não fazia parte da comunidade. (Mulher, casada, 25 anos – grifo nosso).

[...] Acho que Deus nos uniu, cada vez mais, e tem nos unido cada vez mais nessa obra, nessa palavra, e de lá pra cá, Deus só tem mostrado e acrescentado aquilo que faço. O primeiro projeto que Deus deu no coração do fundador, é o projeto Sabaoth, todo mundo tirava o sarro: “- Porque projeto sabaoth?” “- Sabão, não sei o que?”, e Sabaoth quer dizer, Deus dos exércitos, né? Em grego. (Homem, casado, 47 anos)

O projeto sabaoth, além de divulgar seus produtos evangelizadores promoveu também suas lideranças - o fundador e co-fundador - construindo assim, interações estáveis e continuadas entre os jovens que participaram deste projeto. O resultado desta empreitada de oito anos foi a aproximação de alguns jovens que se tornaram fieis ao fundador e às suas premissas. Este, por sua vez, obteve deles, razoável lealdade capacitando-o a criar uma “nova comunidade” mantendo a mesma proposta, mas com outro nome e Logotipo.

Um dos sujeitos entrevistados e componente importante desde a fundação do Arranjo e que mantém fidelidade ao fundador é o co-fundador. Permitiu-nos, através dos seus relatos, analisar os contratempos que obteve em sua vida até “descobrir Deus” novamente no

99 Conferir site: www.coracaosagrado.com.br. Acesso em 02/04/13. 100

O próprio fundador assume esta decisão por descobrir “verdadeiramente sua vocação” de continuar sua missão agora como leigo casado e pai de família.

catolicismo carismático por meio de um grupo de oração anterior ao Sabaoth, denominado

ministério Jovem de Luz, liderado pelo fundador do Arranjo no ano de 2001.

O co-fundador, cearense de origem, chegou em São Paulo com cinco anos, fixando-se em Ribeirão Pires. Possui dois filhos do primeiro casamento. Após o divorcio, casou-se pela segunda vez. Atualmente com 47 anos de idade, reside com a esposa e dois filhos na “casa de missão Coração Sagrado”. Colabora com algumas despesas da casa, como parte do aluguel, contas de telefone, água, luz e internet. Exerce a atividade de motorista numa empresa na mesma cidade. Em sua militância afirma ter recusado salários convidativos que o forçariam a trabalhar nos finais de semana, pois “não troca a folga de Deus por nada”.

Foi membro da Assembléia de Deus próximo à Vila Prudente em São Paulo, onde residiu por cinco anos. Entretanto, se desencantou com a comunidade religiosa por motivos pessoais relacionados ao divórcio, como também por não ter sido respeitado em seu

jeito de ser:

[...] E nessa trajetória de vida, eu... devido não ter dado certo o primeiro casamento, eu me afastei das igreja, da caminhada eu... eu...eu.... Praticamente falei para mim mesmo, mas Deus houve tudo o que a gente fala que eu não queria saber mais de religião nenhuma, né? Devido tantas coisas que aconteceu, e as decepções da igreja evangélica que eu via né? ... uma coisa que mais me chateava lá é... que hoje mudou muito, né? A personalidades das pessoas hoje numa igreja, o modo de vestir, né? Naquele tempo que eu servia lá na Assembléia de Deus você não podia usar bermuda... você tinha que andar de calça social camisa, né? (Homem, casado, 47 anos, grifo nosso)

O entrevistado não resiste à dupla imposição moral assembleiana, uma a que diz respeito ao divórcio e outro, ao comportamento moral dos seus membros, mormente no que se refere à modéstia física. Por um lado, a posição religiosa da Assembléia desencoraja o divórcio acentuando uma forte doutrina sobre a santidade e a permanência do matrimônio, por outro, enfatiza o cuidado apropriado com o corpo, de forma a estabelecer um padrão visual que não chama a atenção para si por meio de exposição inadequada do físico. Não encontrando mais plausibilidade neste sistema religioso, se distancia criticando-o. Sob pressão psicológica volta para Ribeirão, conhece sua atual esposa e firma um primeiro contato com o futuro fundador do Coração Sagrado. Embora afastado do circuito religioso, já dentro do seu segundo casamento, sua sogra convence-o a participar de um encontro de oração de “um rapaz que veio do Paraná”. Duvidando se adaptar novamente, foi ao encontro estabelecendo uma competição com Deus:

[...] E minha sogra, muito católica ficou sabendo que eu era evangélico e tal, e a minha mulher não pois obstáculo nenhum, não! ‘eu tô afastado, não tô a procura de igreja nenhuma’, essa era a minha conversa... só que minha sogra falou assim: ‘há tem um rapaz ai, ele veio do Paraná e vai fazer um momento de oração ai no salão daqui do bairro e, se você quiser ir lá’, eu falei: - ‘não tem problema nenhum, posso ir acompanhar vocês’... Só que eu desafiei Deus naquele dia... foi eu tava de bermuda, de regata, falei comigo mesmo no meu coração, comigo mesmo: - ‘se deus me visitar do jeito que eu to, vou seguir essa e Deus veio e renovou muito forte e... me renovou, me renovou mesmo, e. foi quando eu comecei a abraçar e comecei a conhecer a renovação carismática, aqui mesmo em Ribeirão, comecei a conhecer um outro lado da religião, um outro lado da igreja católica que eu não conhecia, né? (Idem)

Podemos notar claramente o uso que faz da sua autonomia. A primeira questão a ser considerada é que Deus não pode coagi-lo. Ao contrário, a coação advém do co-fundador: é ele que quer barganhar contanto que satisfaça suas necessidades. Entende que Deus não pode discriminá-lo, pois tal condenação reforçaria e agravaria seus sentimentos de suspeita da religião. Isto é particularmente verdadeiro para ele, que se encontra em um estado de fragilidade e reorganização simbólica na vida. Atribuindo a Deus o fato de se tornar novamente “renovado” constrói a sua própria hermenêutica do texto bíblico. Por sua vez, este é utilizado para ordenar e justificar sua vida de acordo com a moral que ele mesmo acredita, exceto coações que lhe impedem o exercício da sua liberdade. Sua autonomia foi preservada através da interpretação do texto bíblico explicitamente reformado adaptando-o aos seus próprios interesses. Percebe-se aqui que o catolicismo, tipo carismático, lhe dá possibilidades de exercê-la e tranqüilizá-lo em relação sua prática religiosa e sua vida privativa. Neste novo ambiente de plausibilidade, o co-fundador afasta-se provisoriamente do fundador dado que o mesmo ingressara no seminário da Canção Nova. No entanto, conhece outra “nova comunidade” em Ribeirão intitulada Rosa de Saron, comunidade de Vida, mas que não teve muita durabilidade histórica (1993-96) devido a certos burburinhos criados por seus membros. Diante da nova decepção, tem uma recaída e volta a beber – prática que já possuía antes mesmo do vínculo com o catolicismo – ao mesmo tempo em que “tem uma queda pelo time do Corinthians”. Por um breve período de tempo, o entrevistado se afastou da religião, mas não da sua rede de amizades incluindo o atual fundador do Arranjo, que lhe incentivava a “voltar para a Igreja”. Ao assistir “um jogo” no estádio do Morumbi percebeu que ali não era o seu lugar. Recebe uma “revelação” do Espírito Santo por três vezes num momento tenso do jogo em que a “polícia” tentou controlar um “reboliço” no meio da torcida onde ele se encontrava. Esta ocorrência influiu sobre sua percepção incitando-o à estagnação momentânea:

[...] Tava todo mundo sentado, assim, eu não sei o que aconteceu no meio daquele povo ali, começou aquele reboliço ali, e os PM começaram a subir, né? Tipo, na nossa direção, na minha direção e eu fiquei meio assim, nossa agora vai sobrar pra todo mundo e, no mesmo instante que eu vi todo aquele reboliço o Senhor veio tocar no meu coração, por três vez, o Espírito Santo veio falar no meu coração: ‘o que eu tava fazendo ali, se ali não era o meu lugar? nas mesma hora eu fiquei estagnado, eu devia tá ouvindo vozes alguma coisa, né? (Idem)

A sua reação se fez sentir entre os colegas, mormente do irmão - que posteriormente “passado um tempo” deixou de ir a estádios ou em suas palavras “largou essa loucura” para ir a cultos evangélicos. Utilizando inconscientemente seu grupo de referência religioso anterior externou sua vontade: “aqui não é o meu lugar” e “eu só tô esperando acabar, eu quero ir embora pra casa”. Tal grupo lhe serviu de função normativa que o fez ser representado pelo Espírito Santo usando-o como referência para avaliar a si mesmo. Ao chegar em casa manifestou sua experiência mística à esposa dizendo que descobrira qual, de fato era seu objetivo: “voltar para Jesus” por meio da participação do grupo de oração

Ministério Jovem de Luz em Ribeirão Pires. Ao voltar para o grupo, o co-fundador discorre

que realiza um “pacto definitivo com Deus”.

Foram nestes encontros de grupo de oração que “nasceu” a ideia de formar uma comunidade estreitando laços cujo trabalho focasse a evangelização da juventude e não em

trabalhos sociais. A primeira casa alugada para a realização desta empreitada na cidade de

Ribeirão Pires foi próximo à paróquia São José:

[...] “

Deus deu as casas pra, nós, a primeira casa que Deus deu foi atrás do ENAU tem a matriz são José, o ENAU, é aquele colégio lá, na rua de traz Deus nos deu a primeira casa, se pode deixar assim por que as casas,... a casa toda comunidade precisa ter uma casa um local”[...]. Devido ao aumento de membros, a necessidade de mudança foi sentida como necessária. Em novas buscas, o fundador encontra em um bairro próximo a ETEC de Ribeirão uma casa na rua Áustria em bairro residencial. Diferenciada pela sua estrutura de estilo muito similar a arquitetura colonial alemã possui dois andares e um subsolo onde o co-fundador reside com sua família. Construída com o intuito de ser um bar noturno ficou embargada por cinco anos antes da chegada deste Arranjo devido à reclamação da vizinhança em relação ao “barulho” emanado deste local. O relato abaixo, revestido pela crença da divina providência indica que a atual casa de missão é reconhecida pela direção de uma Providência que exerce controle supremo sobre assuntos inclusive, os de contrato de aluguel:

[...] Deus falou assim que a gente precisava sair de lá e vir pra um ligar melhor... e dentro dessa palavra, dentro dessa profecia, o fundador, incomodado começou a procurar outra casa. Foi quando ela passou aqui em frente e viu essa casa fechada, Nem placa não tinha. Porque ela ficou fechada cinco anos e o atual dono, não queira alugar mais porque teve algumas decepções, né? [...] O fundador passou aqui uma vez e viu essa casa fechada, é de um senhor que mora no centro de Ribeirão. Quando o fundador ligou marcamos uma reunião. Foi eu e o fundador que conversamos com ele, foi providência irmão, providência porque o homem é católico, é da caminhada também, de Deus também sabe né? (Idem – grifo nosso)

Expondo suas necessidades de ser uma comunidade católica sem fins lucrativos, o fundador e sua testemunha ocular, o co-fundador, firmaram contrato informal com o proprietário, mas o processo exigiu dos locatários o cumprimento de alguns passos menos rigorosos no tocante ao que se referia ao valor do aluguel e o seu pagamento flexível. Este acordo foi entendido pela liderança do Arranjo não como um negócio, mas um apoio caridoso do proprietário devido ao fato de ser da família católica.

Segundo ainda o co-fundador, mesmo que findando o contrato, não deixa de

sonhar com um jeitinho de comprar o atual estabelecimento101 – aproveitando a bondade do proprietário católico – com o dinheiro do aluguel. Outra possibilidade acenada por ele em uma das reuniões semanais com o conselho da comunidade foi o da compra de um terreno dotado de um galpão amplo com espaço suficiente para um eventual crescimento da demanda de fieis.

O Arranjo desenvolve um trabalho de recuperação espiritual dos jovens com um acento forte na transformação da conduta moral deles. Neste sentido, utilizam-se alguns dispositivos de atração como, por exemplo: 1) Cristotecas, que nada mais são encontros públicos de música eletrônica ao vivo ou playback com estilos que vão desde o rock até samba, mas retrabalhadas a partir de repertórios religiosos/gospel. Em outras palavras, preserva-se a ideia de entretenimento, porém acrescentado o revestimento religioso; 2)

Projeto Sabaoth: aulas de violão com preços acessíveis para todas as idades; 3) Aulas de dança country e inglês: ministrados pelo fundador; 4) Noite da pizza: a casa de missão possui

uma cozinha apropriada para a confecção de pizzas elaboradas pela própria liderança do Arranjo cujo objetivo é arrecadação de fundos para os trabalhos de evangelização. Outro dispositivo atrativo é 5) Dia da feijoada: confecção de marmitex com o mesmo intuito do item anterior, mas com acréscimo de um detalhe. Parte da renda adquirida é voltada para o retiro; 6) Retiros de jovens: também chamado de “Decida-se”. Isolando-se por três dias

consecutivos comumente realizado na “casa do cursilho” no parque das nações, em Santo André, os jovens partícipes são submetidos a um encontro intensivo de impacto emocional de louvores e pregações organizados pela própria comunidade Coração Sagrado. Existem alguns mecanismos de atração juvenil utilizados pelo Arranjo. Um deles é a evangelização por

celulares e as chamadas redes sociais e também do “boca a boca”:

A gente também tem evangelização por celular. Então os que não tem Facebook, os que não têm e-mail, a gente manda sms, agente liga, pergunta como tá. Então não que a gente fica em cima, mas... se a gente voltar e não tiver presente com o jovem... “- A gente tá aqui. Com problemas que você tiver, pra conversar, pra chorar, pra louvar juntos”. Então a primeira coisa que o mundo lá fora vai oferecer é: vamos pra balada sexta-feira à noite encher a cara de beber e afogar as mágoas... afogar as magoas, ou então vamo fumar um beck... (Mulher, casada, 24 anos)

Outra forma de divulgação da comunidade é o fato dos consagrados se unirem pra participarem de algum show com a camisa personalizada do Coração. Outra estratégia é visitar lugares públicos, o shopping, por exemplo, com a camisa da comunidade:

Show católico, show gospel, por exemplo, eu vou no shopping com a minha camiseta passeando, o pessoal dá uma olhada, a turma vai perguntar. A gente explica que é da igreja, do movimento, explica o que é mais ou menos. – Onde é que fica? - Tal em Ribeirão. - Tem grupo? - Começa seis e meia. A pessoa vem, vem até nós e ai começa a descobrir o que é a comunidade. (Idem)

A outra é o “Decida-se” que segue um padrão de encontros previamente elaborados pelo Arranjo e que envolve uma quantidade de voluntários consagrados solicitados para este evento. A 10ª edição cujo tema versou sobre Por suas Chagas fomos curados, foi realizada em março de 2013 e contou com 132 jovens de 20 a 25 anos inscritos e oitenta consagrados ou “servos” que colaboraram desde a organização administrativa: cozinha, banheiros, palestras.

Tem todo um preparo. A gente se prepara, tem ensaios, né? Quem vai pregar então tem passado o nome de oração de escuta a Deus, daquilo que Deus quer, por que tudo é direção de Deus, né? Porque assim, levar cem jovens lá, imagina! Levar cem jovens numa casa, passar três dias com esses jovens, porque o primeiro dia, irmão, é terrível quando eu chego lá no primeiro dia, eles vêm de qualquer jeito, né? Eles vêm com a cabeça bagunçada, com a cabeça daquele jeito, os vícios na flor da pele, tudo ali daquele jeito, quando é no sábado, você já não conhece mais ninguém. (Idem)

São realizados dois encontros de jovens anuais e é praticamente deles que alimenta, mesmo que de forma incipiente, a demanda do Arranjo. Consciente de que uma das

armas para atrair jovens reside na música ou “rock católico”, o co-fundador entende que estes encontros são importantes para reintegrar o jovem na religião, mas ter a possibilidade deles pensarem em sua vida moral de forma a deixarem de lado “sua cabeça bagunçada”. O jovem compreendido desta forma, isto é, desorientado e irreverente precisa ser “moldado” até se tornar, na linguagem de Foucault, um “corpo dócil” e disciplinado:

Porque é assim, a pessoa chega lá como se fosse descontrolada. Aí ela começa a entrar na vida espiritual, no momento de oração, mas no sábado é o momento mais forte de oração que têm pregadores fortes, que levam pregações forte mesmo, entendeu? Só pra você ter uma idéia, no sábado nós fomos dormir quase duas hora da manhã, na oração do Santíssimo e fusão do Espírito. Então você que vê que no sábado ninguém é mais o mesmo... Vem pregações fortes que mexe com a parte emotiva, que traz à tona o que a pessoa é, seus erros, seus pecados, né? Seu pai, sua mãe, né? Aquilo que eles tão vivendo, então tudo aquilo acaba borbulhante, e acaba todo mundo vomitando, né? (Homem, casado, 47 anos)

O contato com os possíveis jovens encontristas se dá via e-mail “agradando-os”, cativando-os para o retiro. A maioria dos jovens encontristas são da cidade de Ribeirão, porém devido a propaganda nas redes sociais, celulares e missas atingem também regiões de Suzano, Ouro Fino e alguns bairros de São Paulo, por exemplo, Ipiranga.

O retiro segue um cronograma de orações, músicas, palestras, teatros tentando permitir que os encontristas se fixem no ritmo daquilo que lhe é proposto. Apresentaremos a seguir brevemente o cronograma de um dos cujo objetivo principal é a maximização do marketing da comunidade: sua estrutura organizacional (valores, visão e missão) e sua maneira de pensar a juventude. Segundo a liderança entrevistada, o primeiro dia de encontro é pautado por encenações, palestras e músicas eletrônicas. O primeiro dia é dividido em quatro momentos:

[...] eles já chegam num momento todo diferente. Esse último retiro ele passaram por um corredor cheio de soldados romanos, né? Num ambiente escuro, eles passaram pra entrar numa sala de palestra, o ambiente todo de soldado romano, ai eles sentaram [...] Gente fantasiada de soldados romanos, nossos... nossos (integrantes da comunidade) mesmo, fantasiados de soldados romanos, e fizeram um corredor e os jovens passavam por esse meio de corredor, entravam na sala, sentavam nos lugares e tudo em silêncio absoluto, ai começou... ai a bateria começou a fazer um barulho... pá! pá! pá! como um coração batendo, sabe? Entrou! Ai depois... é... os soldados gritando e todo mundo gritando crucifica! crucifica! Enfim a gente começou o retiro com uma mini encenação da crucificação, e a partir dali depois que o retiro acabou a gente já teve testemunho de que falou: “- Gente na entrada do retiro eu já senti uma coisa diferente, ambiente, só pela batida da bateria.”Então a gente começa dali, a partir dali. (Idem – grifo nosso)

No segundo momento o Arranjo apresenta sua “bagunça santa” dando ênfase

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