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Arteterapia e a Dança

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Capítulo I: Revisão da Literatura

1.4 Arteterapia e a Dança

A respeito dos descritores “Arteterapia” e “Psicologia”, 20 artigos foram encontrados, selecionando-se posteriormente apenas dois. Em relação aos descritores “Dança” e “Psicologia” foram levantados 144 artigos, resultando em sete artigos selecionados por esta pesquisa. Assim sendo, concernente aos descritores anteriormente mencionados, a presente pesquisa obteve, ao final de seu refinamento, nove artigos.

Quanto à tipologia dos artigos a respeito de Arteterapia e Dança, três são pesquisa de cunho teórico e seis referem-se à pesquisa de caráter empírico. Desses seis artigos, cinco tiveram suas pesquisas desenvolvidas em diferentes estados brasileiros e um em

âmbito internacional. Concernentes ao aporte de pesquisa, todos os artigos elencados por essa revisão dizem respeito à metodologia puramente qualitativa.

Quanto à autoria, a maioria dos artigos que tratam sobre a dança foi produzida por três autores ou mais, sendo deles quatro artigos. Produzidos por dois autores contam-se dois artigos. E três artigos são de autoria única.

As técnicas de coleta de dados de pesquisa utilizadas nos artigos elencados nesta revisão foram muito distintos entre si: pesquisa documental (dois); observação (quatro); relato de experiência (um); pesquisa-ação (um); e aprendizagem inventiva (um).

No tangente ao tratamento e à análise dos dados coletados nas pesquisas, destacam- se: análise de conteúdo, análise documental e análise comparativa. Os locais que mais aparecem para condução de pesquisa são: grupos independentes ou institucionais (quatro), Universidades (um) e Oficinas Arteterapêuticas (um).

Segundo a definição da Associação Brasileira de Arteterapia, citado por Reis (2014) arteterapia é “um modo de trabalhar utilizando a linguagem artística como base da comunicação. Sua essência é a criação estética e a elaboração artística em prol da saúde” (p.143). Utiliza-se de variadas formas de expressão artística com a finalidade terapêutica.

Trazendo questões a respeito de diferentes linguagens artísticas cabíveis ao mecanismo da arteterapia, Reis (2014) discorre especialmente a respeito da relevância de produzir novas metodologias que sirvam como alternativas ao trabalho com as vítimas de violência dentro do campo de ação da Psicologia.

Oliveira (2014) cita as linguagens desconstrutivas, como por exemplo a arte, como uma das alternativas de ação junto à prática dos Psicólogos, ampliando a comunicação de diferentes áreas de atuação a serviço desse universo.

A importância da comunicação interdisciplinar com a equipe de Psicologia é trazida pelas bibliografias pesquisadas (Gonsalves, Moura, Santos, Messina & Carvalho,

2017; Perez, María, Cuadrado & Santiago, 2015; e Rodrigues & Menezes, 2014). Pois, “tanto na arte, quanto na clínica, o exercício é o de alargar a relação com as formas e passar a se relacionar com elas como forças” (Resende, Macerata, Barbosa, Moraes & Fractal, 2017, p. 142).

Em especial, a dança surge em meio a essas pesquisas como uma linguagem artística que, fundamentada sob a prática terapêutica, contribui, para “a construção da imagem corporal da pessoa que a pratica” (Perez, María, Cuadrado & Santiago, 2015, p.37). Segundo Monteiro e Paletta (2016), os resultados das pesquisas corroboram a asserção de que a dança é um dispositivo artístico que permite a produção de corpos e subjetividades de seus praticantes, sendo um dos meios responsáveis por efetivar mudanças significativas nas vidas dessas pessoas, tornando-se “um veículo potencializador de ações de mudanças sociais” (Rodrigues & Meneses, 2014, p.713).

Nenhum corpo se movimenta como o outro, por mais que a técnica utilizada seja a mesma e as repetições se realizem (Monteiro & Paletta, 2016). Sendo ele, o corpo, o aspecto físico e palpável da personalidade ele se manifesta por meio do movimento; no caso desse agente artístico, do movimento dançante.

Uma das autoras (Farah, 2016) afirma em sua pesquisa ser a dança, utilizada como recurso terapêutico, uma linguagem artística que possibilita a seus praticantes reafirmar a nossa condição corporal, “seja para tratar dos processos corpo-raiz ou para tratar dos processos psíquicos, ou ainda, ambos simultaneamente no imbricamento de suas relações” (p. 542).

A pesquisa conduzida por Gonsalves, Moura, Santos, Messina e Carvalho (2017) apontou que o trabalho com a dança sendo conduzido em grupo possibilita a troca e a partilha de situações que as mulheres vítimas da violência quase não falavam: “À medida que os encontros avançavam, os assuntos se desenvolviam e as falas e lembranças de

episódios de violência ou privações financeiras, bem como seus anseios e frustrações diante da vida, apareciam” (p. 21).

Aplicada em seu caráter arteterapêutico, a dança se apresentou eficaz quanto aos trabalhos de condução grupal (Monteiro & Paletta, 2016; Perez, María, Cuadrado & Santiago, 2015; Liberman, Maximino & Fractal, 2017; Rodrigues & Menezes, 2014; Gonsalves, Moura, Santos, Messina & Carvalho, 2017; e Resende, Macerata, Barbosa, Moraes & Fractal, 2017) e de correspondência com outras áreas de atuação e intervenção aos casos de violência contra a mulher e também a outros casos distintos.

A dinâmica de condução a respeito da intervenção arteterapêutica da dança para sujeitos em situação de risco, seja em instituições sociais ou de saúde, também se mostrou eficaz quanto à formatação grupal. O grupo em funcionamento com ações similares quanto à técnica de condução, à estética proposta e os objetivos esperados exige um esforço coletivo empático. Na pesquisa conduzida por Resende, Macerata, Barbosa, Moraes e Fractal (2017), foi corroborado que:

Este esforço pode ser análogo ao esforço do espectador ao se deparar com uma obra de arte contemporânea, do crítico de arte ao abordar ações artísticas ou de um psicanalista no processo de escuta e registro das dramaturgias múltiplas construídas por seu paciente (p. 142).

Cada encontro dos grupos e das oficinas conduzidas nos estudos pesquisados possibilitou um avanço quanto à percepção de si mesmo, o refazer de si a partir do contato consigo e com o outro, o ajuste de novas possibilidades, e inclusive ampliando a comunicação verbal.

Contemplando o que os resultados das pesquisas sinalizam a respeito dos efeitos produzidos pela dança como agente arteterapêutico, o presente estudo utiliza-se das palavras de Farah (2016), que diz que o sujeito é “um sujeito-corpo que fala. E se a palavra trocada entre analisando e analistas pode tocar o corpo, o corpo em movimento pode impulsionar o verbo” (p. 550).

Sendo assim, como apresentam as bibliografias pesquisadas, a dança, utilizada como método de intervenção em casos específicos, pode servir a seu praticante como um recurso que possibilita o sujeito a se reinventar diante de alguma problemática social. Aliado a outras áreas de conhecimento, principalmente à Psicologia, esse mecanismo artístico adquire forças de ação ratificando ser um método de intervenção eficaz também ao caso de mulheres em situação de violência.

Apesar de ainda haver poucos estudos correlacionando arteterapia e a dança aos casos de violência contra a mulher é pertinente a execução desta pesquisa, tendo em vista os muitos benefícios que estas modalidades possibilitam às suas praticantes.

Capítulo II

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